O MacBook Pro sempre foi sinônimo de uma máquina eficiente e durável. É fácil encontrar pessoas com modelos de 2011 ou 2012 que ainda funcionam bem. E o último lançamento da empresa, o Macbook Pro com Touch Bar veio para acentuar o lado bom e o lado ruim da estratégia da Apple, que sempre é um pouco controversa.
A experiência de ter um novo produto Apple sempre começa antes do unboxing para mim. Eu já vinha namorando o Macbook Pro há alguns meses nas lojas. O que é mais interessante pra mim, de longe, é o seu tamanho extremamente compacto associado a sua potência.
Quando eu falo que é compacto não estou brincando não, já que ele consegue ser menor do que o MacBook Air, uma máquina que eu levo pra todo o lugar.
Design e construção
Com 1,37kg, o MacBook Pro parece maciço e mais metálico que o próprio Air. Sei lá se é porque agora ele tem essa cor que é o space silver (além do típico prata), ou se é simplesmente porque ele tem mais coisa em um corpo menor, mas ele realmente parece melhor construído e claro, deveria, já que é também mais caro.
O que me agrada mesmo é o fato dele ser mais reto, chapadinho e clean, sem muita informação. Sinceramente, o MacBook Pro dita algumas tendências pra notebook e eu fico feliz por isso, já que esse chanfro logo abaixo do trackpad e a eliminação de características desnecessárias são bem mais bonitas que aqueles leds doidos.
O acabamento aliás, me agrada bastante e não temos algumas falhas estranhas como no Yogapad 920 que tem bordas pontudas.
Ele é no geral confortável e a única coisa que eu me incomodei foi que ele fica gelado no inverno, por conta de tanto metal.
Apesar de muita gente reclamar, eu adorei o teclado. O espaço que ele percorre é menor e a resposta dele é tão inusitada quanto a do trackpad, e eu simplesmente me acostumei em poucos dias.
O teclado é a forma como nos comunicamos com um notebook, então ter um feeling diferente nesse ponto é quase como uma marca registrada de um notebook.
Apareceram alguns problemas em teclados que travam teclas por conta desse sistema borboleta, seja em momentos que o notebook esquenta muito ou depois de alguns anos de uso. Segundo, que se der pau você tem de trocar tudo e vai um dinheirão.
A ideia da apple foi deixar tão fino que ela teve de colar tudo e bem, e depois que cola não descola né. Aliás, não é só esse componente que é soldado em conjunto. O SSD e a placa lógica do aparelho sempre tem de ser trocado em conjunto quando um deles apresenta problema, e olha, a empresa avisou que tinha um lote sim com problemas.
Conectividade
Já que estamos falando de problemas, deixa eu comentar sobre as conexões. Eu não sou um cara atrasado, mas foi o MacBook Pro chegar e eu tive de comprar acessórios para ser minimamente útil e poder fazer esse review pra vocês.
Esse dongle aqui saiu por 100 reais e foi necessário para conectar um monitor externo, meu mouse Bluetooth e pra liberar mais uma saída USB-C para encaixar mais adaptadores. Eu aliás, precisei de outro para conectar o cartão SD, que é por onde passamos nossos vídeos.
Sinceramente? Dois anos depois do lançamento do MacBook Pro já começou a ficar um pouco mais fácil encontrar acessórios USB-C, e olha só, eu já consegui usar esse mesmo dongle no meu Galaxy S9, então começa a valer a pena os adaptadores.
De qualquer forma, se você quer um MacBook Pro prepare-se para gastar mais uns 300, 500 reais em adaptadores pelo menos para fazer as tarefas mais básicas, porque ele sozinho ficou quase inútil pra nós.
Touch Bar
A Touch Bar é uma funcionalidade em que eu acredito e que pode ainda evoluir nos próximos anos. Encontrei uso para ela, mas precisei pensar em como usar, me esforçar pra isso, afinal são anos e anos usando o notebook de outra forma.
Eu não acho que é a coisa mais intuitiva e não encontrei muitas pessoas que gostaram dela, mas eu me esforcei e até que foi.
Infelizmente mesmo depois de 2 anos do lançamento alguns usuários relatam que ela trava em algumas situações e que a única solução é você reiniciar o sistema. Então ponto negativo pra ela.
Acho que essa não será a última forma da Touch Bar, que pode ainda melhorar. Gosto mais do conceito que do uso.
Voltando pra coisa boa, eu devo admitir que achei estranho o clique do trackpad, mas que de novo, achei uma marca registrada do modelo e algo fácil de se acostumar.
Todos os atalhos estão presentes e a área maior simplesmente não fez muita diferença pra mim não. Tal como no MacBook Air, muitas vezes eu me vi usando o Touchpad para trabalhar no photoshop ou transitar entre janelas, situação onde é mais conveniente do que o mouse.
Tela
O que me impressionou mesmo foi a tela do aparelho, que conta com resolução de 2560x1600px e densidade de 227 pixels por polegada.
Por si só resolução não faz verão, mas temos por aqui um painel IPS com uma boa acuracidade de cores e até 500 nits de brilho, uma marca bastante alta para notebooks e que ajuda esse modelo aqui a funcionar mesmo em locais mais claros.
O display tem também um mínimo de iluminação bastante baixo o que ajuda à usá-lo em locais bem escuros, ou deitado na cama com a luz apagada, provavelmente o uso mais prático.
Os ângulos de visualização são muito bons e a fidelidade de cores é muito boa, tornando essa uma ótima opção para profissionais, como já diz o Pro ai já aparecendo.
Aliás, o legal foi que eu pelo menos consegui usar meus monitores ultrawide sem precisar de um cabo display port, entrada necessária no MacBook Air.
Desempenho
Esse modelo já é a primeira atualização do equipamento e conta com um Intel Core i5 7267U e Intel Iris Plus 650, uma GPU integrada.
Esse é um processador com clock de 3,1ghz (turbo boost de até 3,5ghz), mas que infelizmente tem um consumo de 28 watts contra 15 watts dos modelos presentes no modelo sem Touch Bar.
Como sempre, desde o MacBook Air, que tem um processador inferior, o MacOS inicia de forma extremamente rápida.
Eu devo dizer que não sou muito exigente, então já andava bem feliz com o MacBook Air. O que dá pra perceber é que mesmo ainda sendo bem ruim em jogos, o MacBook Pro 13 polegadas já consegue rodar alguns títulos com um pouco mais de facilidade.
O League of Legends que eu vira e mexe jogo, rodou em 2K a 60 quadros no médio sem problemas. Coisa que só consigo em 720p no Air.
Segundo dados de benchmark, ele consegue também rodar Bioshock Infinite no high a 40 quadros ou um Overwatch no médio a 45 quadros por segundo. Esses são números bem fraquinhos para gamers, mas se você tem um Mac essa claramente não é a sua intenção.
O MacBook esquenta mais perto do Touch Bar, o que não é exatamente um incômodo, mas pode causar aqueles problemas de travar as teclas do teclado. O mesmo ocorre quando você quer fazer um render, então deixa eu comentar um pouco mais sobre isso.
Se você faz vídeos como nós, primeiro que você precisa de muito espaço para aproveitar a velocidade do SSD que é uma das maiores, atingindo cerca de 1,3GB/s de escrita em documentos maiores e sequenciais.
Infelizmente nem isso é suficiente para entregar uma velocidade de render decente no Premiere Pro. Eu não estou de brincadeira, esse MacBook demorou quase o triplo do tempo que o nosso Dell Gaming para renderizar um vídeo em 4K.
Para você ter um resultado melhor se torna necessário usar o Final Cut Pro, onde é possível extrair videos até 2x mais rápido que no nosso Dell. Muito legal, mas até pra testar foi complicado porque precisamos adaptar todo nosso fluxo. Como nosso trabalho consiste em bastante pós produção, todo mundo ia precisar migrar para um Mac e vocês sabem que não é barato.
Bateria
Apesar de eu usar bastante o notebook ligado na tomada, eu senti que o MacBook Pro deveria durar mais fora dela. Sem brincadeira – em uma hora de uso comum meu – com um monte de aba aberta, o Macbook Pro gastou 28% e basicamente eu não exigi nada dele.
Eu sinceramente uso a tela ali nos 65, 70% de brilho. Eu já consegui de 6 a 7 horas e meia horas de uso em mesma situação com MacBook Air, algumas vezes até mais.
O mais estranho é que esse modelo aqui com processador de sétima geração que consome mais e com a tela oled do Touch Bar que também consome mais, tem uma bateria menor do que o modelo de 13 polegadas sem Touch Bar.
Eu não estou de brincadeira não, esse modelo tem 39,2W contra 54,5W de capacidade do modelo mais “simples”. Ou seja, você provavelmente terá um desempenho melhor de bateria nele. Segundo o notebookcheck, a duração de bateria pode ser até 25% usando a tela na configuração padrão do teste deles de 150 nits. Por outro lado, o barulho da ventoinha é maior no modelo sem touchbar – coisa que não acontece aqui.
E para fechar, a webcam do MacBook Pro é bem ruim mesmo.
Conclusão
Sabendo de tudo isso o MacBook Pro vale a pena? Como não faço tarefas incrivelmente pesadas, não. Ele só é bonito, bem acabado e sonho de consumo mesmo, mas eu não preciso de um.
A grande vantagem de um MacBook é o seu sistema operacional, que roda liso mesmo em máquinas mais fracas e seus aplicativos dedicados, tal como o Final Cut Pro, que eu já consigo usar através de um HD externo, apesar do desempenho incrivelmente inferior.
Se você trabalha como designer, ilustrador ou coisa do tipo pode valer a pena ter uma tela dessa qualidade de forma portátil. Se você é músico ou editor de vídeo também.
Se você só quer ter a experiência de um MacBook Pro ele também pode valer a pena, principalmente se você já está usando um modelo antigo e está sentindo ele gargalar. Vale a pena dar uma olhada no modelo sem Touch Bar se você prioriza bateria.
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