Você precisa ficar de olho no novo Apple iPad Air M2. Eu falo isso porque assim como nos notebooks, apesar de todo mundo querer a linha Pro, a verdade é que quem vende mais e faz mais sentido é o modelo Air. Será que agora com a opção de dois tamanhos, ele vira uma escolha ainda melhor do que já era? Vamos responder essa e outras perguntas nesse review.
Apple iPad Air 11 M2
(6ª geração)
- Processador Apple M2
- 128GB, 256GB, 512GB e 1TB com 8GB RAM
- Tela IPS de 11″ 60Hz (1640 x 2360 px)
- Câmera de 12MP f/1.8 (traseira) e 12MP f/2.4 (selfie)
- Bateria de 28,93 Wh
- iPadOS
Construção
Criado para ser o intermediário da marca, o primeiro iPad Air fez sua estreia em 2013 e onze anos depois já pode ser considerado tão poderoso quanto um MacBook Air, graças ao chip Apple Silicon, acessórios como o teclado e a caneta, além da possibilidade de se conectar a um monitor externo.
O iPad Air de 2024 chega em sua sexta geração e dessa vez traz dois tamanhos de tela, o de 11 polegadas – que estamos testando – e o de 13 polegadas.
E, para quem pensou que isso iria mudar alguma coisa para o tamanho tradicional, não mudou nada. Claro, a Apple do Tim Cook é a empresa que visa lucros e corta gastos o máximo que pode e isso significa reaproveitar o design de seus produtos o máximo que os usuários suportam.
Claro, não há problema nisso, já que o iPad é um produto confortável, bonito e que ditou tendência no mercado, quando todos os demais o seguiram tanto no quesito estético, como no material.
Todo e qualquer tablet que você vê no mercado vem com estrutura de metal e uma frente com borda de aproximadamente um centímetro.
O que difere o iPad dos demais tablets é o formato quase quadrado, 4:3, que ele usa na tela e que o mantém com essa cara desde 2018.
O que muda nessa geração então? O carregador da Apple Pencil, que está mais fino e não dá mais suporte para a segunda geração, o que é um problema para os donos de iPad que trocavam só os aparelhos, mantendo os acessórios.
Agora quem quiser um conjunto completo, precisa desembolsar mais e comprar a versão Pro do lápis da maçã, no entanto, se você já tem alguma capa, elas vão funcionar.
Mas, em 2024 a galera ainda vai precisar gastar um pouco mais com produtos da maçã e isso é uma péssima notícia para nós, brasileiros, já que os produtos da empresa quase sempre ganham um lugar no pódio de preços mais caros no mundo.
Tem um detalhe que é novidade e eu quero destacar, já que eu reclamo disso há umas três ou quatro gerações. Na frente, a Apple moveu os sensores e a câmera frontal de lugar, deixando tudo na parte mais longa do tablet, onde todo mundo dizia que não dava pra ficar, porque era onde a empresa tinha o carregador de indução.
Pois bem, eles resolveram esse obstáculo e agora dá para fazer videochamada com o tablet no modo paisagem, na horizontal e essa é a forma correta para qualquer tablet, já que na maioria das vezes, nós apoiamos ele em algum lugar.
Seja num suporte, numa capa com teclado, no travesseiro enquanto estamos na cama. Para uma tela tão grande, essa é a melhor maneira de usar.
Tela
Por mais que o iPad Air tenha sido nomeado como iPad Air 11, para referenciar sua tela, ao comparar esse cara com outros modelos, a Apple colocou um alerta para dizer que, ao medir o iPad Air de 2024 na diagonal, ele vai ter 10,86 polegadas, ou seja, o campo de visão é um pouco menor que o da versão anterior.
O restante das especificações não mudou nada, como os 500 nits de brilho, a resolução de 1640 x 2360 do painel IPS LCD e os 60 Hz de atualização.
Essa tela é boa, dá para usar tranquilo dentro de casa, mas ela pega muita marca de dedo, fica suja muito rápido e fica bastante complicado usar na rua, sob a luz do sol forte, principalmente.
Assim como foi com o design, eu esperava que a Apple trouxesse a taxa de quadros mais alta para essa geração. O modelo Pro de 2018 também usava tela IPS e vinha com 120 Hz e eu acho que essa é uma das duas coisas que não tem no Air ainda. A outra é o sensor LiDAR, que é exclusivo da linha Pro de iPads e iPhones.
Bom, eu sei que as mudanças entre uma geração e outra está pouca, mas parece que as coisas melhoram na parte de dentro do tablet. Vamos ver.
Desempenho
Como já estava sendo falado desde o ano passado, o tablet da maçã veio com o Apple Silicon M2, o mesmo que temos em alguns notebooks da empresa.
Ele tem 8 núcleos de CPU e 9 de GPU, que é uma das maiores diferenças entre ele e o iPad Pro M2, que tinha 10 núcleos na unidade de processamento gráfico.
Na memória RAM, o iPad Air 2024 vem com 8 GB, diferente do Pro M2, que dobra esse número nas versões de 1 TB ou 2 TB.
O armazenamento começa finalmente em 128 GB – diferente do Air de dois anos atrás – e agora existem outras duas opções extras, 512 GB e 1 TB, mas a RAM não muda em nenhuma dessas opções.
Para quem gosta de números de benchmark, no GeekBench6 ele fez mais de 2633 pontos no single-core e 10074 pontos no multi-core. No Antutu os números são ainda mais impressionantes, batendo quase dois milhões de pontos, sendo meio milhão em CPU e oitocentos mil com GPU.
Eu também rodei o 3D Mark no modo Extreme Stress Test e o tablet esquentou um pouco, fazendo 6261 pontos na primeira volta e 3608 na pior volta.
Mas o que mais me deixou impressionado foi a facilidade que eu tive de rodar jogos AAA no tablet. Rodei a demo do Assassins Mirage e coloquei os gráficos no máximo e ele se comportou super tranquilo.
Genshin Impact, que é o jogo mais pé no chão e que está disponível para qualquer celular ou tablet do mercado, já abriu com todas as configurações no máximo e rodou lindo.
Outras tarefas como editar vídeos, usar o tablet conectado em um monitor e usar o organizador visual (Stage Manager) para trabalhar é uma das coisas que ele desempenha melhor.
Eu lembro que eu reclamei muito do iPad 10 por conta da falta de armazenamento para fazer coisas básicas e o dobro de memória faz muita diferença, caso você seja um usuário menos exigente, como eu.
Eu ainda prefiro fazer muitas coisas com o meu notebook, mas se eu preciso resolver algo rápido, claro que eu vou no que está mais acessível.
Qualquer tarefa que eu queira fazer, eu sei que vou conseguir com o iPad, mas de uma maneira um pouco mais difícil do que no MacBook, por limitações do iPadOS.
E, sim, o sistema operacional faz o tablet perder o sentido por trazer um SoC tão poderoso como o Apple Silicon M2.
Ele poderia, facilmente, vir com o A17 Pro. Como ele não tem a intenção de concorrer pela atenção do mercado e tudo o que o M1 faz o SoC do iPhone 15 Pro também é capaz de fazer.
Bateria
Certamente a Apple ainda planeja algo para seus tablets e por isso ela deixa tanto poder de fogo sobrando, mas isso também está impactando no consumo da bateria.
Pra começar a falar disso, precisamos falar do quão demorado pode ser recarregar a bateria dele. Foram três horas, com o acessório de 20 W que vem na caixa e metade do tempo com um carregador de 60 W.
Mas, durante o meu uso, principalmente jogando, a bateria estava indo embora muito rápido. No início eu achei que fosse porque algum processo em segundo plano estivesse afetando o desempenho, mas ele continuou assim no decorrer dos dias.
E, para que você entenda, eu coloquei o brilho da tela no máximo, como fazemos com todos os aparelhos e também desativei o ajuste automático, para eu conseguir comparar um tablet com o outro, principalmente entre as gerações.
Por isso que os números estão lá em cima, como Asphalt 9, que é um jogo mais simples, porém, com gráficos muito bons e que acabou levando 30% da bateria com apenas uma hora de jogo.
LoL também não economizou e ficou em 28% de consumo, o que eu achei bastante, principalmente por não termos as taxas de quadros tão altas por aqui. Por fim, Call of Duty acabou sendo o que menos gastou energia, mas rodou tão bem quanto o dos outros, consumindo apenas 21%, como é comum ver nos smartphones.
Agora, quem não mediu esforços para drenar a bateria do iPad Air M2 de 11 polegadas foi o Genshin Impact, consumindo “apenas” 42% por hora! Isso dá pouco mais de duas horas de jogatina.
Por outro lado, se você conectar o iPad no monitor, vai conseguir aproveitar o desempenho do M2 numa tela ainda maior e jogar com um controle, tendo a experiência bem próxima da galera que joga no PC ou no console. De preferência, faça isso com ele conectado na tomada, para aproveitar um pouco mais o tempo de jogo, sem ele desligar na sua cara.
O consumo com YouTube, Safari, redes sociais e gravação de vídeo 4K foram bem mais condizentes com o que estamos acostumados com os smartphones, tanto da Apple, quanto de outras marcas do mercado Android. Foram 13%, 16% e 26% de consumo, respectivamente.
Se você usar o tablet com brilho mais baixo, por volta de 50%, esse uso pode quase dobrar de tempo em tarefas simples, mas eu duvido que o Air 11 consiga economizar nos jogos, já que a GPU de 9 núcleos do M2 exige um pouco mais da bateria.
Agora, se você acha que precisa de mais tela e mais bateria, o jeito vai ser pagar mais caro no iPad Air 13 de 2024, que traz bateria e tela melhores e maiores.
Software
Já que eu falei bastante de hardware, de M2 e possibilidades, eu quero falar um pouco de como foi o meu uso com ele nos últimos dias, porque desde que a Apple lançou as novidades do iPadOS 16, principalmente o Stage Manager para dispositivos M1, que eu posso usufruir melhor desse cara, como se fosse um computador.
Ao se conectar a um monitor externo, tudo vai parecer como antes, formato 4:3, bordas nas laterais, mas agora, nas configurações, você pode trocar para o modo de tela externa. Dependendo do cabo que você usar, dá até para ajustar a resolução da tela e frequência da taxa de quadros.
Com isso, eu consegui usar o iPad Air como eu uso meu MacBook e, apesar de algumas coisas funcionarem muito bem, outras fazem muita falta, como um gerenciador de arquivos decente.
No entanto, eu estou gostando cada vez mais de usar o tablet para fazer alguns trabalhos simples, que antes só era possível com o notebook.
Só pelo Safari abrir as páginas na Web no modo desktop e não mais no modo Mobile, já é um mega avanço e poder usar vários apps na tela é um baita upgrade. Claro que isso só vale quando estamos numa tela grande, porque o Stage Manager na telinha de 11 polegadas fica muito ruim.
Outro ponto muito positivo foi conseguir fazer minha aula de inglês usando o tablet no modo paisagem, sem ficar torto na vídeo chamada.
Uma simples mudança na posição das câmeras já fez muita diferença na minha experiência, que era péssima nesse aspecto e agora está melhor.
Com o palco central ele se torna ainda mais interessante, permitindo que você se movimente e continue enquadrado na chamada.
Conclusão
Nessa versão de 11 polegadas, dependendo da loja que você comprar, tem lugar oferecendo o produto por menos de R$4.000, no entanto, são lojas menos confiáveis. Em lojas mais conhecidas, ele começa em R$5.500 e pode bater facilmente mais de R$9.000 na versão de 13 polegadas.
Já o modelo Air com M1 sai por R$3.500, oferecendo a mesma construção, tela e recursos de software, deixando de fora a câmera frontal no lugar certo, mas eu não acho que isso vale a diferença.
O iPad é um produto muito maduro e, por conta disso, só resta para a Apple começar a ouvir os pedidos dos seus clientes. Como não trocamos de iPad todos os anos, é até bom essa janela de 2 anos que a empresa tem estabelecido para atualizar cada modelo e, nem por isso ele deveria ter vindo com o chip M3, como algumas pessoas sugeriram nas redes sociais.
A tela precisa avançar, ter um pouco mais de brilho e, se possível, ir ao menos para o Mini LED, entretanto, assim como nos iPhones sem a nomenclatura Pro, eu duvido muito que isso aconteça nos próximos anos.
Mas, toda a linha de iPhones hoje é OLED, então, não é impossível de acontecer uma melhoria, só acho que ainda vai demorar.
Fora isso, o que eu faço no modelo Pro, eu faço no Air de 11 e 13 polegadas, assim como também consigo fazer na geração anterior. A Apple já disse que os recursos do iPadOS 18 estarão disponíveis para os processadores A17 Pro e M1, assim como para chips mais recentes que esses.
Por enquanto a dica é para você tentar economizar ao máximo e ficar com o M1 mesmo, caso você não consiga esperar. Se der, deixa o iPad Air M2 cair um pouco mais de preço e, daí sim vai ser uma boa compra.
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