Como nos últimos anos, o lançamento do iPhone 13 representa um incremento do que vinha sendo feito na geração anterior, sem quebrar e nem revolucionar nada. Com foco em bateria, tela e câmeras, será que faz sentido pegar esse modelo novo? É o que eu quero analisar depois de passar mais de 3 semanas com ele.
Apple iPhone 13
- Processador Apple A15 Bionic
- 128/256/512GB com 4GB de RAM
- Tela: Super Retina XDR OLED de 6,1″ (1170 x 2532px)
- Câmera principal: 12MP (f/1.6) +12MP (f/2.4)
- Câmera selfie: 12MP (f/2.2)
- Bateria: 3240 mAh
- iOS 15.1
Construção e design
Olhando para o novo iPhone 13, ele não mudou praticamente nada em relação ao iPhone 12. Temos os mesmos cantos retos, as mesmas linhas de antena na armação de metal, tudo é praticamente igual.
Esse é o verdadeiro iPhone de linha S que acabou sumindo com o tempo. E para não dizer que nada mudou, você ainda conseguirá reconhecer esse como um novo modelo, devido às pequenas alterações que foram implementadas.
O entalhe que abriga o Face ID diminuiu 20%, jogando o falante frontal para a linha da borda da tela e juntando um pouco mais as lentes, ou seja, eles apenas rearranjaram os componentes lá dentro e espremeram um pouquinho, e claro, as câmeras aumentaram de tamanho e estão na diagonal. E é isso, acabaram as diferenças estéticas.
Vale comentar que o espaço extra criado pelo notch menor ainda não é aproveitado por nada no iOS 15, que já vem de fábrica no novo aparelho.
Eu achava que esse notch estava com os dias contados por conta dessa redução, mas o lançamento do MacBook Pro 14 e 16 com entalhe – que deve perdurar por pelo menos mais 5 anos segundo histórico -, pode estar dizendo o contrário. Talvez a grande característica do iPhone continue sendo ter franja, mesmo que não precise mais. Enfim, só o futuro dirá.
Tela
No mais, temos também uma tela de 6,1 polegadas OLED, ou como a Apple gosta de chamar, Super Retina XDR, com mais brilho e uma qualidade muito boa.
O que falta aqui é uma taxa de atualização maior que os 60 Hz que a Apple traz em seus aparelhos desde sempre, mas que dessa vez ficou limitado apenas aos modelos Pro e deve chegar à esta linha convencional nos próximos anos.
Há bastante tempo que temos smartphones muito mais básicos e baratos com 90 Hz, 120 Hz e alguns mais caros que chegam em 144 Hz, e a Apple fazendo disso um recurso exclusivo dos modelos ainda mais caros na sua linha, é um tanto quanto questionável.
Há quem diga que isso é culpa da escassez no mercado de semicondutores e de componentes, mas eu não vou ficar passando pano pra Apple aqui, até porquê um paninho no site deles está custando mais de R$200.
Só que precisamos lembrar, que apesar de não ser 120 Hz, essa ainda é uma baita de uma tela, e que tem menos bordas do que qualquer outro modelo que não o iPhone 12.
A Apple traz suporte ao Dolby Vision, junto com o HDR 10 e tudo isso funciona bem, não só pra assistir vídeos, como pra fazer suas próprias gravações. O problema é que eles precisam ficar por aqui.
Se você tem um Samsung, Motorola, ou algum outro telefone mais simples que não tem suporte ao Dolby Vision e recebe um vídeo do iPhone do seu amigo, você deve saber do que estou falando, é como se tudo ficasse estourado ao extremo e o balanço de branco não soubesse fazer seu papel. E, às vezes, nem o HDR 10 consegue compensar isso.
O que eu posso concluir sobre essa tela é que, se você tem um smartphone mais antigo, como o iPhone XR, ou o 11, você vai sim notar a diferença, mas se você já usou o iPhone X, iPhone 11 Pro ou o iPhone 12, são praticamente as mesmas telas, só que sem contar com os picos de brilho em ambientes muito claros, que chegam até 1200 nits no iPhone 13.
Ou seja, se você está esperando encontrar de cara algo que te convença a trocar seu iPhone mais antigo para esse modelo, não é na tela do último aparelho da Apple que você vai encontrar isso.
Câmera
Mas, antes que você fique desanimado, deixa eu ir para a parte de trás do smartphone, pois o maior diferencial estético está aqui nas lentes. Elas precisaram mudar de posição justamente por que possuem sensores bem maiores que no passado.
É a junção da fome com a vontade de comer – nossa, as lentes precisam ficar maiores, não cabem no mesmo local que antes – e com isso, o pessoal de marketing fica feliz de ter algo pra mostrar.
Segundo o DXO Mark, o modelo de 2021 supera o iPhone 12 Pro e entrega a mesma pontuação que o iPhone 12 Pro Max, graças ao sensor maior na lente principal.
E ao colocar o iPhone 13 ao lado do iPhone 11 fica fácil perceber essa mudança no tamanho do módulo aqui na traseira do smartphone, assim como também foi fácil notar a melhoria em fotografia.
Mas não é só nessa parte que podemos notar a mudança, já que um sensor maior significa mais capacidade de capturar luz e fotografia é 100% iluminação. Por aqui ainda são os mesmos 12 MP, com abertura f/1.6 que permite bem mais entrada de luz que o iPhone 11 com abertura de f/1.8, mas que também supera o iPhone 12 por ter pixels maiores, de 1,7 microns.
Tem muita gente que reclama que a Apple não inova e mantém a mesma câmera nos iPhones há anos, quando isso não é exatamente verdade – exceto pela parte da inovação.
Como você pode notar, com um sensor maior ela pôde aumentar o tamanho do pixel, com isso ele captura mais luz e o resultado é esse que você está vendo aí na sua tela.
A Apple consegue trazer bastante detalhe para foto e ser fiel com as cores e texturas, mas eu percebi que faltou um pouco de saturação em alguns momentos.
Isso pode ser pelo fato de ter acostumado com as fotos saturadas das marcas asiáticas, ou mesmo por uma opção da Apple em não forçar tanto o pós processamento, o que é até bom para quem está querendo fazer fotos, editar e só depois publicar.
Agora, para quem quer tirar a foto e logo mandar para uma rede social, talvez essa falte cor e saturação, e possa te incomodar em alguns momentos, mas calma que não é sempre e pode ser que a Maçã resolva isso em atualizações futuras.
A lente ultrawide infelizmente não recebeu a mesma atenção, continuando exatamente a mesma que vimos lá no iPhone 11.
Em cenas onde o ambiente tem uma luz mais baixa, ele faz as mesmas fotos que qualquer outro smartphone com essa lente. Fotos com ruídos, alguns borrões e pontos escuros acabam ficando escuros demais.
O lado bom é que isso pode ser amenizado com um modo escuro mais eficiente, que não vemos nos smartphones da Xiaomi, por exemplo. Entenda que a Xiaomi até coloca o recurso lá, mas o resultado não difere entre ligado e desligado, já aqui sim.
Agora, sobre os recortes das fotos, em alguns momentos o telefone consegue acertar bem, mas em outros, ele erra bastante, principalmente em cabelos enrolados, orelhas ou alguns detalhes que não deveriam ser excluídos do recorte.
Na lente frontal ainda temos a mesma lente de 12 megapixels que está há 3 gerações, com os mesmos recursos e tamanho de abertura, o que é uma pena, porque mesmo que o iPhone seja um dos melhores telefones pra você fazer uma foto e botar direto na rede social, ele não mantém o mesmo padrão para você fazer uma selfie e imprimir.
Por mais que a Apple diga que todas as lentes são iguais, essa daqui sofre um pouco com ruídos mais aparentes e pouca iluminação.
Se a Apple colocasse um sensor com o diafragma mais aberto, ou com uns pixels um pouco maiores, isso já melhoraria bastante. Até porque, no iPhone 13 o recorte para o modo retrato está melhor que na lente traseira, graças aos sensores do Face ID, que fazem a leitura do seu rosto com um emissor de infravermelho.
O engraçado é que teve umas fotos que eu fiz em modo noturno que ele me deixou com um tom de pele muito esquisito, errando bastante.
Mas a novidade mesmo ficou para quem curte gravar vídeos com a câmera do iPhone. Com o novo modo “cinematográfico”, é possível fazer vídeos com o fundo desfocado, mas antes que a galera do “no Android também tem” se manifeste, o diferencial desse recurso é o modo inteligente que ele consegue mudar a perspectiva do vídeo reconhecendo o foco de atenção dos objetos na tela.
Por exemplo, quando estou gravando e tem outra pessoa de fundo, assim que eu olho para a pessoa e paro de olhar para a câmera, ela faz essa troca automaticamente, sem precisar que eu toque na tela ou mude o foco.
Isso também funciona com objetos, mas é um pouco mais lento. Mas a parte mais legal disso é que fez várias pessoas explorarem o vídeo em modo retrato no Android, que já existe há anos, desde o Galaxy S10, mas quase ninguém usava.
Também temos alguns perfis de cor para a câmera, que funcionam além do filtro. Por exemplo, no filtro você coloca uma camada de cor sobre tudo, inclusive sobre o tom da pele das pessoas na foto, o que muitas vezes pode fazer você parecer esverdeado, ou saturado demais, mas com o perfil de cor isso não acontece. O Resultado fica legal e você pode ir testando e personalizando a câmera do seu iPhone, deixando ela do seu jeito.
Desempenho e bateria
Sabendo que o iPhone 13 não mudou muito por fora, que as câmeras receberam um upgrade legal, mas que não compensa trocar se você tem um iPhone 12, precisamos falar de outros dois pontos importantes e que se misturam, sendo o processamento e a bateria.
Vamos começar pela bateria, porque essa geração ganhou um upgrade bacana e está aguentando firme.
Colocamos o iPhone 13 na tomada com 16% de bateria, pois ele entrou num modo imortal e não tinha nada que fizesse ele baixar depois que chegou nessa marca. Não que eu esteja reclamando, já que isso é ótimo pra quem tem medo de ficar abaixo dos 20% de bateria e o telefone morrer do nada na rua. Aqui pode ir sem medo.
Estando na tomada, a carga da bateria foi supervisionada a cada 15 minutos e no início ele até que foi bem, carregando 50% em 30 minutos, ou seja, ele saiu dos 16% para 66% de bateria. Com mais meia hora ele subiu para 89% e a partir daí a carga foi desacelerando.
E, pra deixar claro, usamos o carregador do iPad Air 4 para fazer esse teste, já que a Apple não manda o carregador na caixa, mas esse é o mesmo carregador que você compra na loja da maçã.
O tempo total para a recarga em 100% foi de uma hora e quarenta minutos, então se você descarregar seu iPhone a ponto dele desligar, pode colocar na conta aí pelo menos duas horas pra ele sair do zero ao 100% de energia, até porque ele esquenta bastante e isso acaba reduzindo a velocidade do carregamento como uma forma de proteção.
Pra quem é, está muito bom, já que a Apple nunca foi um sinônimo de rapidez no carregamento dos seus telefones. Mas, depois de carregado, chegou a hora de fazer os testes e saber quanto tempo esse carinha consegue durar num dia de uso intenso.
O que mais consumiu nos testes foi a gravação de vídeos em 1080p a 30 quadros. A bateria caiu 20% em uma hora, o que está de acordo com os smartphones mais caros da categoria premium.
Se formos ranquear, o segundo mais gastão foi Genshin Impact, com 16% por hora, que teve um ótimo desempenho de jogo com todas as configurações do jogo no máximo e sem engasgar ou aquecer demais. Asphalt 9 seguiu em terceiro e Wild Rift veio logo depois, com 14% e 13% consecutivamente. Esses jogos nem são tão pesados assim, mas os gráficos são tão bonitos, que com certeza demandam mais bateria que CoD, que gastou só 11%.
Mas o que realmente me impressionou foi o tempo de YouTube! Coloquei para rodar uma hora de vídeo com o smartphone em 100% e ele gastou só 2%. Mas aí eu lembrei que, assim como abaixo de 20% a Apple tem um pacto com alguma entidade para segurar a bateria do iPhone, nos 100% ele também faz a mesma coisa, daí esperei a bateria baixar mais um pouco e coloquei outro teste para rodar.
Mas o telefone gastou apenas 6% de energia, a mesma quantidade usada com uma hora alternando entre Twitter, Safari e Instagram. Ou seja, mesmo depois de tudo isso durante o seu dia todo, ainda te sobrariam 24% para fazer alguma outra coisa.
A Apple realmente melhorou a bateria do iPhone 13 e isso é notado no uso do dia a dia, então ao menos nesse ponto, é um upgrade que vale a pena.
Quanto ao A15 Bionic, a Apple está desacelerando a evolução que ela pode fazer nos seus processadores e isso ficou bem claro no evento de lançamento dessa linha.
A empresa geralmente destaca que a sua CPU é X% mais rápida que a geração anterior, com Y% mais poder de GPU, só que esse ano foi diferente, e eles disseram que o A15 Bionic é 50% mais veloz que a concorrência em CPU e 30% a mais em GPU, ou seja, eles compararam com o que já estava para trás.
Isso se deve ao problema de crise na cadeia de suprimento do mercado de chip, que já tirou muitos produtos do mercado e que ainda promete durar, pelo menos até o fim de 2022, atrapalhando as vendas da Apple para o Natal.
Mas, nem por isso, o A15 Bionic tem um desempenho ruim. Como eu já comentei, ele tem um excelente desempenho para abrir e rodar jogos pesados como Genshin Impact, LoL e Call Of Duty, sem engasgar ou apresentar travadas na sua jogatina.
O problema é que ele esquenta e isso começa a segurar o poder de processamento desse chip. Ele não reduz o poder, mas parece que o sistema segura ele num limite máximo para evitar algum tipo de problema futuro.
Tanto que, nos modelos do iPhone 13 Pro, o A15 Bionic tem um núcleo de GPU a mais, passando de 4 para 5.
Conclusão
O que incomoda mesmo por aqui é seu preço. O modelo mais básico com 4GB de RAM e 128 GB de armazenamento sai por nada menos que R$7.599! Se você precisa de mais armazenamento, vai precisar estar disposto a pagar mais por isso.
Ainda assim, mesmo sendo caro, os iPhones desse ano chegaram menos caros que os do ano passado, o que poderia ser uma boa notícia, se o dólar não ficasse flutuando tanto.
Se você tem grana e ainda usa um iPhone mais antigo como o XR, X, ou mais antigos ainda, essa troca vale a pena por diversos motivos. Uma tela melhor, bateria mais durável, câmeras mais competentes, serão todos grandes diferenciais para você.
Agora, se você tem um iPhone 11 ou 12, a troca não vai valer tanto assim. É melhor esperar um pouco mais e pegar a próxima geração.
Se você não tem problema em sair do iOS, eu também indico você esperar os próximos lançamentos da Xiaomi, Samsung e considerar também o novo Pixel, que mesmo importado, consegue ter um custo benefício bem legal, entregando câmeras muito boas para fotos.
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