A segunda geração do iPhone SE demorou, mas chegou, e promete oferecer o desempenho e camera que os seus celulares atuais tem com componentes antigos e um precinho mais básico! Será que ele consegue mesmo manter o “padrão iPhone de qualidade”, e, mais importante, será que em algum momento ele será barato de verdade aqui no brasil? é o que vamos discutir no vídeo de hoje.
Construção e tela
A principal forma que a Apple encontrou para baratear o custo do iPhone SE 2020 foi copiar basicamente tudo do iPhone 8, afinal, para que mexer em time que está ganhando, não é mesmo?
Por isso, o SE ficou bem pequeno, até quando comparamos com os menores aparelhos de hoje em dia. Só que como a gente não teve nenhum grande salto tecnológico na construção dos celulares nesses 3 anos, sua armação de alumínio com traseira de vidro, continua sendo um padrão bem premium para um aparelho do seu preço, pelo menos lá no exterior.
Além disso, o SE herdou várias características boas do 8, como o alto falante estéreo de boa qualidade, o NFC, usado principalmente para habilitar o Apple Pay, e o bluetooth de versão 5.0, que não é mais o melhor do mercado. Ele é mais estável que versões passadas e bastante relevante por aqui, já que o 8 não tinha a entrada de fone de ouvido, então o SE também não tem.
Outra característica compartilhada entre eles é a tela, que utiliza um painel LCD IPS Retina, com resolução de 750 x 1334px e 4,7 polegadas, alcançando os mesmos 326 pixels por polegada que você também encontra no iPhone 7, no iPhone XR e até no iPhone 11.
Essa é densidade para as telas “HD Retina” da Apple, por assim dizer, que é um pouco melhor que um HD normal de outros aparelhos. Eu utilizo uma assim no dia-a-dia e acho mais do que suficiente para quase todas as atividades, exceto em vídeos, que acabam rodando em 720p mesmo, e não tem uma qualidade tão legal assim.
O único ponto por aqui que não é mais tão legal, é que o SE acabou ficando apenas com a certificação IP67, o que significa ser resistentes à respingos de água, mas que não pode ser submerso em líquidos, algo que evoluiu no iPhone 11.
No geral, então, não é um grande problema o SE copiar praticamente toda a parte externa do iPhone 8, pois, além de poupar o tempo de seus designs, e reaproveitar, de certa forma, as sobras de produção do iPhone 8, a grande maioria das características de construção daquela época se mantém boas para os dias de hoje.
A desvantagem mesmo é ficar com um aparelho de aparência defasada, isso se você não gostar dessa cara antiga do iPhone.
Bateria
No entanto, eu já vou pular a ordem aqui que costumamos fazer para ir direto à pior característica herdada do iPhone 8, que é a bateria.
Primeiro que o iPhone SE vem com aquele velho carregador de 5W, realmente um absurdo para um aparelho desse preço, e segundo que ele também utiliza exatamente a mesma bateria de 1821 mAh de carga, que não só era pouco para 2017, não chega nem a metade do esperado para um aparelho moderno.
Se você gosta de sempre ver o lado bom das coisas, o ponto positivo aqui é que ela é tão pequena que não demora muito para ir de 0 a 100%, mas a realidade é que as chances de você conseguir passar mais de um dia sem carregar, ou mesmo de chegar no final do dia com carga, caso você use o aparelho minimamente, são praticamente nulas.
Durante nossos testes, uma hora de YouTube, com o brilho no máximo, que nem é tão forte assim, consumiu mais de 20% da carga, enquanto que 30 minutos jogando já foi quase 25%.
O maior problema aqui nem é o fato de que praticamente qualquer Android seja mais econômico que isso, a questão é que outros iPhones sendo vendidos pelo mesmo preço, como o XR ou o 8 Plus, conseguem durar muito mais tempo longe da tomada.
A recomendação então é: além de sempre colocá-lo para carregar antes de dormir, ter certeza que você sempre terá como carregar seu celular, caso realmente precise dele sempre funcionando.
Desempenho
Por outro lado, o grande ponto positivo do iPhone SE 2020 pode superar bastante esse ponto negativo, isso porque, apesar do preço reduzido, ele utiliza o mesmo chip Bionic A13, que também alimenta o iPhone 11 Max Pro, o aparelho mais caro da empresa.
Na verdade, o desempenho deles não são exatamente iguais, rolou uma pequena limitação da velocidade por aqui, justamente para dar um respiro maior para a bateria, mas mesmo assim, quando olhamos para a realidade do exterior, o iPhone SE é vendido pelo preço de um Galaxy A71, mas é tão forte quanto um Galaxy S20 que utiliza chip Exynos.
Ter um chip potente é especialmente importante para um aparelho da Apple, pois além dele conseguir jogar a grande variedade de jogos do Apple Arcade, Fortnite e qualquer outro software pesado hoje, o iPhone SE tem que ser forte o suficiente para continuar funcionando bem em 5 anos.
Diferente dos aparelhos Android, que na melhor das hipóteses são atualizados por dois anos, os iPhones continuam recebendo atualizações do iOS por muito mais tempo. Nessa última versão, o iOS 13.5 chegou até mesmo para o iPhone 6S, lançado lá em 2015.
É mais provável que ele quebre nesse meio tempo, ou que a bateria desista de funcionar, do que ele começar a travar, mas usando os preços de hoje, a substituição da bateria de um iPhone 6S custa 329 reais, quase metade de um aparelho de entrada de 2019.
Outra vantagem do iPhone SE é que ele já começa com 64GB de armazenamento, que é quantidade suficiente para a maioria dos usuários hoje em dia, diferente dos 16GB do iPhone 8, provavelmente estará de bom tamanho daqui alguns anos.
Câmera
A última semelhança com o iPhone 8 são as câmeras. Por conta do Bionic A13, elas estão melhores que no passado, mas ainda não chegam exatamente no mesmo nível do iPhone 11. Por aqui são apenas duas lentes, a frontal de 7MP e a principal de 12MP.
Nas selfies, o maior problema durante o dia são com alguns brancos estourados, pois nem sempre o HDR consegue controlar luzes mais fortes ou ambientes diferentes.
Tirando essas situações contra a luz, o resultado é muito bom, e consegue trazer aquele céu bem azul para a foto, um bom nível de detalhes, principalmente no rosto, que também fica bem corado, e não há perdas por conta de saturações excessivas, um problema bastante recorrente nas selfies da Samsung.
Comparando com o iPhone 11, a resolução ajuda um pouco durante o dia, mas é nas fotos noturnas que há certa discrepância, principalmente por conta da falta do modo noturno, que faz com que seja até injusto comparar as duas câmeras.
Já nas fotos com a lente principal, o iPhone SE tira ótimas fotos, no nível de um topo de linha, porém fica um pouco mais para trás por ter um sensor menor que o 11, que captura menos luz e perde informação.
Claro que estamos comparando celulares de duas faixas de preço diferente, porém o chip, teoricamente, seria capaz de tirar fotos melhores por aqui. O que mais faz falta é, novamente, o modo noturno, que resolveu os problemas que a Apple costumava ter nessa situação, mas voltou a ser sua principal fraqueza por aqui.
O SE também não tem a câmera ultrawide, o que não é o fim do mundo, até porque não faria sentido alterar o projeto do iPhone 8 só para incluir uma terceira lente. A alternativa para quem quer uma foto mais aberta é o “modo panorama”, porém, o resultado não é o mesmo, então não serve para substituí-la, apenas um quebra galho se você realmente precisa.
E em gravações de vídeo, os iPhones costumam ser os melhores nesse quesito, e aqui não é diferente. As vantagens e desvantagens são as mesmas que nas fotos, apresentando certa dificuldade com luzes fortes nas selfies, e uma lente menor que o 11 na traseira. Só que não tem muita competição nesse quesito, gravando ainda em 4K a 60 fps na traseira, e com ótima estabilização.
Conclusão
O iPhone SE de segunda geração tem potencial para ser um aparelho que te serve bem por muitos anos. Mesmo com algumas melhorias em bateria, ele ainda fica para trás do padrão de mercado Android em duração e pode não chegar no final do dia com nosso atual uso mais pesado dos celulares.
Talvez lá fora, com planos de operadora e preços mais em conta, o SE seja um baita de um sucesso, trazendo câmera e desempenho para um segmento que ainda não tinha isso. Mas aqui no Brasil, perto dos 3 mil reais, fica difícil falar que uma tela desse tamanho com pouca bateria e apenas 64GB de armazenamento vale o preço.
Se o iPhone SE saísse, como lá fora, na mesma faixa do A71, que está quase 1000 reais mais barato por aqui, daria para pensar duas vezes em quem escolher, mas por enquanto só dá para recomendar para aqueles que não largam o iPhone de forma alguma e que procuram um aparelho pequeno com o melhor desempenho e câmera possível.
Mesmo assim, um iPhone XR pode ser uma opção bem mais interessante por conta do seu tamanho de tela e bateria, já que em questão de câmera, as diferenças são bem pequenas.
No fim, fico feliz de termos um aparelho pequeno e potente de novo no mercado, mas ele precisa ficar mais barato.
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