O Apple Watch SE 2 é a melhor opção para quem está no ecossistema da Apple e não quer gastar mais de R$ 2.000 em um relógio ou simplesmente não quer mais ter uma experiência medíocre com smartwatches de outras marcas custo-benefício. Eu passei algumas semanas testando esse relógio e trouxe as minhas impressões para te ajudar a decidir se ele é a melhor opção para você.
Apple Watch SE 2
- Tela: 1,78″ Super AMOLED
- Resolução: 394 x 324 px
- Conectividade: Bluetooth 5.3;
- Proteção: resistência à água até 50 m
- Peso: 26,4 g
- Tamanho: 40 mm
- Bateria: 245 mAh
- Sistema: WatchOS 11
Construção e design
O Apple Watch SE de segunda geração foi apresentado em 2022 e ele tem um design muito próximo dos modelos mais antigos da empresa, com seus 40 mm, no caso dessa unidade que estamos testando. Ele também tem uma opção com 44 mm e que tem mais espaço na tela e mais bateria.
A construção segue o padrão que temos desde o primeiro Apple Watch com a caixa em alumínio, mas com a parte de baixo em plástico, o que evidencia um dos cortes de custo.
Ele também não traz alguns sensores como o de eletrocardiograma e o de temperatura e essas três são as maiores diferenças que o Apple Watch SE 2 traz com relação aos modelos mais completos.
No restante ele é igual com a coroa digital para usar o sistema operacional, o botão de energia, que também é o do Apple Pay e a pulseira com esse encaixe padrão Apple que também estamos familiarizados desde o primeiro relógio da empresa.
Para quem nunca teve um relógio da maçã e está preocupado com a experiência que eles oferecem, bom, você não vai notar muita diferença entre esse cara e os modelos mais poderosos.

A não ser que você coloque eles lado a lado, daí você consegue perceber que esse não é melhor, já que o Series 9 tem 41 e 45 milímetros, e dependendo da opção que você escolher, acredite em mim, um milímetro em um produto tão pequeno vai fazer diferença.
A tela tem painel retina LTPO OLED de 1,78 polegadas, com taxa de quadros variável e até 1.000 nits de brilho. A resolução de 448 x 368 px e a densidade por polegada desses pixels é a mesma dos iPhones com resolução HD da empresa, como o iPhone 11, por exemplo.
Ou seja, ele tem qualidade HD na tela e dificilmente você vai conseguir enxergar esses pixels no painel. A resposta ao toque é muito precisa no centro do relógio, mas eu tive alguma dificuldade para tocar alguns comandos na extremidade. Não é que ele seja menos sensível, é mais a dificuldade em controlar um relógio no pulso mesmo, que exige precisão.
Ele traz resistência a água, podendo mergulhar em até 50 metros de profundidade, sendo ideal para nadar na piscina e no mar sem mergulhos muito profundos, por conta da variação de pressão.
Não tem registro de certificação militar e também não há menções no site da empresa ou em outros lugares a respeito de proteção contra poeira.
Desempenho
No hardware ele traz o SiP Apple S8, dual-core, com um 1 GB de RAM e 32 GB de armazenamento interno. O sistema é fluido, mas eu tive um problema específico ao usar o controlador da câmera no relógio, que o preview fica preto na primeira vez que eu tento usar. As demais funções do relógio estão funcionando bem.
O sistema operacional do Apple Watch SE 2 é o Watch OS 11, a versão mais recente do momento e, diferente do que você pode pensar, ele não tem as mesmas funções dos outros modelos. Talvez sejam coisas que para você sejam irrelevantes ou para quem nunca usou um Apple Watch.
Por exemplo, a Apple introduziu os gestos de pinça no relógio que permite você atender ou encerrar chamadas, dar play ou pause nas suas músicas, ou controlar a Apple TV e desativar o alarme. Até então, esse recurso é exclusivo dos modelos Series 9 em diante. Nada de Watch SE com gestos de pinça.

Outra coisa que ele não faz é o ECG e eu também não senti falta no dia a dia, apesar de saber que é um recurso muito importante para muita gente e também por ele verificar silenciosamente algum tipo de anomalia nas suas atividades cardíacas. Tanto no Brasil, como ao redor do mundo, temos muitos casos de pessoas que receberam uma notificação no relógio, procuraram um cardiologista e descobriram um problema antes que se tornasse algo grave.
Agora, uma coisa que eu já precisei e não só na época da pandemia, mas em alguns outros momentos também, foi o oxímetro. Para quem tem bronquite, asma, ou algum outro problema respiratório, em uma crise é importante ter uma noção de como está a saturação.
Claro, por ter uma necessidade, eu tenho oxímetro em casa, mas eu paguei quase R$ 2.000 no Apple Watch, ele deveria fazer ao menos o mínimo que outros modelos baratos já fazem.
Outra coisa que o relógio não tem e que eu não senti falta é a tela sempre ativa, já que ao levantar a mão, a tela do relógio acende e ao abaixar a mão ele apaga a tela.
E, para o público feminino, se você estava interessada em acompanhar alguns dados mais profundos do seu ciclo menstrual, não vai ser com o modelo SE, já que ele não faz a medição de temperatura, por abrir mão desse sensor.
O app existe, você pode adicionar os dados manualmente, mas não vai receber dicas e dados com base na mudança da temperatura, já que ele não tem como fazer isso. Com o Series 9, por exemplo, você consegue medir variação de temperatura, principalmente durante a noite e acompanhar a ovulação.

Mas, como todo Apple Watch, eu também consegui fazer muitas coisas, como rastrear minhas caminhadas, atividades físicas e sono. Na lista de exercícios temos vários, assim como a possibilidade de baixar aplicativos que para outras marcas não existem, ou que armazenam menos dados durante a atividade.
Uma delas é o tênis, que aqui eu consigo rastrear tanto de forma nativa, como com o Swingvision, que permite você saber até a intensidade dos passes. Ele é um dos melhores que eu já encontrei e só tem no Apple Watch.
Outro que eu uso na academia e que só agora está chegando no Galaxy é o Hevy, ideal para quem curte muitos dados além da possibilidade de estabelecer metas que podem ser comparadas com a dos seus amigos, como uma competição mesmo.
No acompanhamento de sono o relógio faz o arroz com feijão, o mesmo que todo mundo faz, mas ele é um pouco prejudicado pela bateria, que promete 18 horas de uso, mas que pode acabar antes de você ir dormir.

Eu mesmo não estou conseguindo dados suficientes para o app Sinais Vitais, que exige pelo menos sete dias consecutivos de uso do relógio para te dar uma métrica sobre a sua saúde, com base no seu sono.
O relógio faz o acompanhamento dos batimentos cardíacos, ajudando nesse acompanhamento noturno e também durante seu dia.
Seus outros sensores incluem o altímetro sempre ativo, giroscópio de alto alcance dinâmico e acelerômetro de força G de alta intensidade, para conseguir medir as suas atividades.
Por exemplo, no ciclismo você acompanha velocidade média, ganho de elevação e distância para saber se sua atividade física está alcançando o resultado que você quer. Também dá para medir cadência e potência.
Esses sensores também rastreiam a forma como andamos e diz se estamos precisando ficar atentos para não sofrer um acidente na rua, uma queda, por falta de equilíbrio, um lado mais caído do que o outro e situações desse tipo.

Caso aconteça, e eu espero que não, o Apple Watch SE também tem a detecção de acidentes, que chegou via software para os modelos mais novos e ele foi um dos contemplados.
Se você cair ele vai entender isso, a Siri vai perguntar se você está bem, através de uma notificação e caso não tenha uma interação sua com o smartwatch, ele vai ligar para seus contatos de emergência.
Em caso de colisão, não fica claro se essa função já está disponível no Brasil, mas eu consegui ativar tanto no Apple Watch, quanto no meu iPhone. Qualquer modelo de 2022 para cá traz essa novidade que é bom saber que existe, mas que ninguém quer contar se testou e se deu certo.
Ecossistema
Além de tudo isso, o que me fez gostar do Apple Watch SE, e isso vale para todos os modelos de relógio da Apple, é a integração profunda entre eles.
Quer um exemplo? Desbloquear o computador só de estar usando o relógio perto dele. Durante o dia o meu MacBook fica fechado, conectado no monitor e eu não preciso ficar colocando a senha a cada vez que eu vou usar e muito menos ter que tirar o notebook do suporte, abrir e colocar a digital.
Com o iMac é a mesma coisa, é só sentar aqui na frente e ele sabe que sou eu, com meu relógio e desbloqueia.

Uma outra opção boa, que pode ser mudada nas configurações do smartwatch, e que vem ativa por padrão é o despertador no pulso e não no celular. Você pode até programar tudo pelo iPhone, mas quando for a hora de acordar é o relógio que vai tocar e vibrar e não o smartphone.
Por fim, outro ponto positivo é concentrar as notificações no relógio e não no celular.
Quem não usa o Apple Watch pode estar se perguntando: como assim, as notificações não chegam mais no meu celular?
Sim, elas chegam, mas não ativam a tela, nem vibram ou fazem qualquer coisa, o som, vibração e ativação da tela ficam no relógio. Isso economiza a bateria do celular e te ajuda a manter-se mais focado.
Sempre que eu pego o celular para ver uma notificação eu acabo me distraindo e vendo outras coisas que são desnecessárias para aquele momento.
Bateria
Com 296 mAh de bateria, o relógio da Apple tem durado entre um dia e um dia e meio comigo e o tempo de carregamento pode chegar até duas horas e meia, dependendo da tomada que você usar.
Atualmente estou usando a fonte de 30 W do MacBook Air junto com o cabo USB-C que veio com o Apple Watch para carregar o relógio. Com isso estou conseguindo atingir os 80% em uma hora e meia que a empresa promete.
Eu confesso que esse tempo de espera me incomoda bastante, mas eu também sei que já foi muito pior, mas, uma dica que eu dou é, sempre que você for tomar banho, coloque o relógio para recarregar, se você toma mais que dois banhos no dia, melhor ainda, assim seu relógio estará sempre carregado, tanto para te acompanhar nas atividades do dia, como para aferir seu sono durante à noite.

E você não tem a sensação de que o Apple Watch SE está demorando uma eternidade na tomada. Eu tenho colocado ele no carregador sempre que eu acordo e antes de dormir e está funcionando para mim.
Vale lembrar que a duração da bateria é menor quando estamos fazendo atividades físicas e usando o GPS. Numa caminhada leve ele gastou 15% da bateria em uma hora, o que reduz bastante o tempo de uso dele com atividades mais intensas.
O ideal é deixar ele carregado para sua rotina de treino e depois carregar mais um pouco para acompanhar seu dia fora da academia ou das atividades físicas, para não ser pego de surpresa com um smartwatch desligando antes de você voltar para casa.
Concorrentes como o Galaxy Watch FE também trazem uma bateria tão ruim quanto, mas os modelos como o Watch 6 e 7 já duram dois dias com uso leve, sem treinos.
O TicWatch Pro 3 Ultra também consegue durar de 2 a 3 dias de uso moderado e até dez dias se você usar só a tela monocromática dele.
A verdade é que a bateria do Apple Watch SE ainda é uma das piores durações em um smartwatch.
Conclusão
Quanto está custando esse relógio? No Mercado Livre, a versão de 40 milímetros está R$ 1.579 e o modelo maior, com 44 milímetros, sai por R$ 1.789. O seu concorrente, o Galaxy Watch FE está R$ 1.169 no site da Samsung e em outros varejistas, mas é garantido que ele vai cair mais ainda nos próximos meses. No entanto, esse cara só é compatível com smartphones Android, enquanto o Apple Watch SE só é compatível com iPhones.
Se você está procurando um relógio barato para os padrões da Apple, o Watch SE ainda é uma boa opção para quem não exige tanto de um relógio inteligente.
Agora, se você quer sempre ter o maior número de informações sobre a sua saúde, qualidade do sono e de exercícios, vai precisar de um Series 9 ou mais recente.
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