Tem gente que precisa de um smartphone com bateria, muita bateria, e para casos como esse eu nunca encontrei um modelo que aliasse uma boa experiência com essas baterias enormes que só os chineses conseguem nos proporcionar, até hoje, porque o BL9000 da Doogee me surpreendeu bastante.
Mesmo não sendo uma maravilha em todas as frentes. Esse é o meu review completo do aparelho depois de testá-lo por 2 semanas com 2 cargas completas.
Design
Quando o Doogee chegou aqui no estúdio quem recebeu me disse: “cara, é grande esse celular hein”. Eu, sem saber exatamente do que se tratava abri a caixa e olha, ele parecia bem normal, até eu tirar da caixa. Isso porque o bicho é grosso!
Ele tem 14 milímetros. É como se tivessem feito um celular normal e acoplado uma powerbank nele. Para vocês terem uma noção, um moto z2 play que é realmente fino tem 6 milímetros de espessura. Um iphone 8 tem 7,3 milímetros.
Associe isso com o fato dele pesar 275 gramas e você já entendeu que realmente estamos falando de algo massudo. Mas tudo bem, porque essa é a intenção desse aparelho que tem um design mais esportivo. Eu não sei como explicar isso, mas ele tem esse lance de “couro” com parafusos e um suposto aço escovado.
Suposto, porque apesar de meio steampunk o BL9000 é totalmente em plástico – e não é um plastico ruim, mas é plástico. Não tinha como ser realmente couro por 200 doláres. Tirando isso, a construção é realmente muito boa, o design é bonito na minha opinião e como ele já é 18:9 até que a ergonomia não é das piores em um corpo tão robusto. Ah, e ele já vem com uma capinha legal mas que deixou ele ainda maior.
O que me incomodou mesmo foi a falta de uma saída de fone de fone de ouvido que é compensada com um adaptador para fones de ouvido para USB e um cabo USB-C para OTG que não só serve para você conectar outras coisas no celular como para carregar outros celulares – algo bem útil com 9000mAh de bateria.
Temos também uma bandeja hibrida só que o cartão SD que vai aqui não pode ser formatado para virar espaço interno e você instalar aplicativos, tá? É mais para guardar aquivos. Com 64GB de espaço interno eu não acho que isso vai ser um problema, mas é bom avisar. Acho que só um gamer hardcore iria querer instalar mais de 50GB de aplicativos.
Tela
A Tela de 6 polegadas, utiliza tecnologia IPS e foi um dos pontos que me chamou atenção, já que chega perto dos 530 candelas por metro quadrado que só os flagships tem e agora um intermediário ou outro como o Moto G6 Plus tem.
Com isso fica fácil de enxergar na rua mesmo que o sol esteja mais forte e claro, apesar de consumir mais bateria, esse não vai ser o problema por aqui.
Eu acho que isso foi um dos pontos que mais me chamou atenção, porque além da tela bonita que tem os cantos arredondados o Doogee BL9000 entregou uma experiência muito boa em usabilidade.
Desempenho
O próprio Helio P23 que é bem parecido com o conhecido Snapdragon 625 conseguiu uma sobrevida ainda maior com os 6GB de memória RAM de boa velocidade inserida por aqui, isso quer dizer que eu não senti nenhum travamento no dia a dia no uso de aplicações para produtividade e o sistema é bem fluido.
Onde você começa a sentir são em jogos mais pesados. Para jogar Arena of Valor por exemplo, o celular optou por reduzir os gráficos e com isso consegui uma experiência sem queda de frames.
O mesmo ocorre no Breackneck que dá aquela travada bastante comum no menu mas que no geral vai bem – com poucas ocasiões onde eu senti uma queda perceptiva.
Deadtrigger vai meio mal no médio por exemplo, tem de ser no simples. E o Need For Speed No Limits teve umas quedas bruscas em alguns momentos. Não é um topo de linha, não vai rodar os jogos pesados, mas até que dá pro gasto pra jogos medianos.
Ele não esquentou muito não enquanto jogava, só não é potente mesmo. E pra tarefas do dia a dia está otimizado. Até porque, temos um Android bastante limpo por aqui. A Doogee teima em chamá-lo de DoogeeOS 2, que é basicamente um Android stock com alguns ícones de aplicativos feios.
Temos algumas funções parecidas com as do Moto G que é de parar o toque ao pegar o celular, silenciar ao virar pra baixo, mas esse parece ser o Chinese Starter Pack que todo mundo coloca. Pelo menos já temos o Android 8.1 por aqui que já abre algumas possibilidades legais.
Gostei bastante do sensor de digitais que é rápido e o bloqueio via face até que vai bem também, mas sofre um pouco mais em baixa luz. Ele não é tão rápido quanto o dos modelos mais caros, mas é o que se espera de um celular nesse preço.
Bateria
Chegou a hora de falar da bateria que é o principal diferencial do modelo. Com 9.000mAh de capacidade, eu gastei 5.5% de bateria usando o youtube com brilho no máximo por uma hora. Isso dá umas 18 horas de uso nesse cenário. Proporcionalmente, eu consigo também jogar 15 horas direto com uma iluminação em 70%.
Para carregar vai ser uma perdição se você só tiver algum carregador chinfrim, mas a Doogee envia um de 25W que faz o trabalho em menos de 3 horas. Só de carregar uma hora e meia você já vai ter aí uns 2 dias de uso, então não tem com o que se preocupar.
Dá para carregá-lo também com o carregador sem fio que vem junto com o aparelho, mas com uma corrente de 10W vai demorar um bocado mais.
E já que acabamos de falar de coisa boa tá na hora de falar de uma mais ou menos.
Câmera traseira e frontal
A câmera traseira é supostamente dupla, mas desculpa, a segunda lente é fake. Nem o modo retrato que é sua principal função acaba usando a lente. Esse modo retrato é basicamente bordas circulares borradas.
A câmera principal tem 12 megapixels com abertura f/2.2, e é ok para modelos ali perto dos 150 dólares ou até um pouco menos. O modo HDR parece que ilumina e satura a foto mas não dá uma faixa dinâmica muito maior. E claro, apesar de em boa luz você conseguir resultados legais, a abertura não é grande o suficiente para conseguir um resultado legal em baixa luz.
O microfone é bom pra você gravar, mas certamente terá problemas com a estabilização e foco do vídeo que simplesmente são ruins. De novo, a ideia não é ter câmeras boas, é ter bateria, e isso ele tem.
Aliás, a câmera frontal, essa sim é triste. Com 8 megapixels e flash frontal, vai ser difícil você conseguir um resultado legal. Principalmente em baixa luz, onde você sente a câmera tentando demorar o maior tempo possível para captar mais luz e consequentemente perder totalmente o foco. Geralmente resultarão em fotos borradas.
Alto falante e GPS
O alto falante é mono e localizado na parte de baixo do celular, mas apesar de alto fica distorcido a partir dos 60% de volume. Então o melhor é usar mesmo os fones de ouvido – que não vem na caixa.
Para fechar vale a pena comentar que o aparelho encontrou facilmente os satélites de GPS, tem todos os sensores que ajudam a melhorar o direcionamento, mas teve problemas ao me guiar por aí.
Para quem pensava em ter o aparelho como sei lá.. Instrumento de trabalho para usar o GPS é bom achar algum modelo nacional ou um xiaomi da vida que geralmente vem com essa função melhor definida. Ele basicamente me jogou para ruas adjacentes em alguns casos.
Conclusão
A junção de desbloqueio rápido, tela de boa qualidade e sistema operacional fluido tornaram a minha experiência com esse aparelho bem boa, só que mais como um utilitário, já que o GPS se mostrou um pouco impreciso e as câmeras são bem fraquinhas.
Usaria ele como um celular roteador, ou até mesmo para algumas situações em que bateria é algo crucial. Você quer jogar por horas e horas em um avião e não quer ficar sem seu celular principal.
Pelo que eu pesquisei esse é provavelmente um dos smartphones de bateria melhor otimizados e que só vai perder em capacidade para o Ulefone Power 5 – que tem um design parecido mas mais exagerado – que sai um pouco mais caro apesar da configuração similar e de não possuir carregamento sem fio.
Por isso mesmo eu recomendo o Doogee BL9000, apesar de suas limitações.
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