O Galaxy A80 chegou ao Brasil com sua câmera giratória e design um pouco mais requintado, e junto dele, veio a dúvida se vale a pena o upgrade ou pagar menos no Galaxy A70 com sua tela enorme e de mesmo tamanho já é o suficiente. Pode parecer óbvio que o principal diferencial seja a câmera frontal, mas será que ela está tão melhor assim? É o que vamos ver no review de hoje.
Design e tela
A primeira diferença entre os dois aparelhos está na relação entre tela e tamanho. A moldura é minúscula nos dois casos, mas o A80 dispensa a necessidade de um entalhe ao implementar o mecanismo de câmera giratória, te deixando com toda a tela livre para curtir o que quiser no seu smartphone.
Tirando essa característica, temos basicamente o mesmo display. São 6,7 polegadas com resolução Full HD Plus, tecnologia Super Amoled e com o A80 saindo um pouco na frente na questão de brilho. Isso significa que, se você não se importa com a pequena franjinha do A70, não tem nenhum ganho relevante nesse quesito ao optar pelo aparelho mais caro.
Isso no papel, né? Eu realmente gostei mais de assistir séries pelo A80. O entalhe nunca me incomodou muito, e é até uma forma a mais de dar um estilo próprio para cada aparelho. Porém, mesmo pequena, a bolinha lá no alto do A70 acaba ficando na frente de alguma coisa, e quanto mais tela você tiver à sua disposição, melhor. É preciosismo da minha parte, mas é mais legal.
Outra evolução é na construção do aparelho, o A70 veio em glástico, ou seja, plástico reflexivo, que não é feio e tem seu charme, mas claro, não é tão resistente quanto a armação de metal do A80, que também traz vidro verdadeiro na traseira.
O A80 também é bem mais grosso, graças a câmera giratória, e pesa quase 40 gramas a mais, deixando a pegada bem diferente entre eles. Principalmente depois que você coloca a capinha um pouco mais bem construída que já vem na caixa no A80. Afinal, vai ser um pouco mais difícil achar uma opção legal para ele no mercado. Ponto para a Samsung em considerar isso.
De resto os dois estão parecidos, ambos tem som mono, aceitam 2 chips de operadora, entrada USB Tipo C e NFC, junto de todos os sensores de navegação. Só que o aparelho mais caro abandonou o P2 e a possibilidade de adicionar cartão microSD.
O fone que vem junto também utiliza o USB-C para facilitar um pouco e o carregador também tem um cabo duplamente USB-C. Apesar de legal e mais “atual”, nada de carregar a bateria e escutar música ao mesmo tempo.
Câmera
Como esse é o foco, deixa eu pular então logo para as câmeras, e vamos começar falando da traseira. Os dois possuem 3 sensores, o A70 vem com 32MP na principal, 8MP na ultrawide e 5MP no sensor de profundidade, enquanto o A80 sobe para 48MP megapixels na principal, repete os 8MP na ultrawide e traz uma câmera 3D, que além de fazer o desfoque nas fotos, ainda aplica o efeito em vídeos e começa uma brincadeira mais interessante com realidade aumentada.
Falando das fotos em si, a ultrawide é bem parecida, variando mesmo só no pós processamento, que no A70 é mais azulado em todas as câmeras, enquanto o A80 deixa as cenas um pouco mais quente. Essa lente aberta também não vai tão bem à noite, mantendo o padrão de toda a linha A.
O modo retrato fica mais natural no A80, graças a esse sensor complexo, e erra menos que o A70. Na resolução máxima de cada um, vemos alguns problemas com luzes fortes, só que os dois conseguem aplicar o reconhecedor de cena, recurso da One UI que ajusta cores e contraste para destacar o “tema” das fotos.
De qualquer forma, o HDR resolve boa parte desses problemas, e eu não tive problemas de nitidez ou chiados em nenhum dos dois. Basicamente, a escolha aqui é baseada no pós processamento, já que nas questões mais técnicas, a diferença é pequena, a menos que você tenha o olho bom para isso.
Partindo para as selfies, o A70 traz um sensor na frente de 32MP para competir com a câmera giratória. Porém, a expectativa de que o A80 traria fotos exatamente iguais na frente e na traseira foi por água abaixo. Eu me aprofundei bem mais nas diferenças entre elas lá no review completo, mas para resumir, as selfies do A80 possuem foco fixo, cortam um pouco a resolução para fazer uma foto mais fechada, e aplica um pós processamento um pouco diferente, que o deixa mais parecido com uma selfie normal.
Com isso, as fotos frontais ficam com resultados parecidos entre os aparelhos. Você nota que as luzes e sombras ficam bem mais elevadas quando comparada com a traseira, e se a situação complicar, dá até para aparecer uma aura em torno de você.
O foco dinâmico, no entanto, sai um pouco mais natural no aparelho mais caro, com um pouco mais de profundidade por conta da lente de abertura um pouco maior e aquela questão da temperatura se repete aqui, onde o A80 deixa seu rosto mais amarelado, mas um pouco mais natural quando você está debaixo da luz do sol.
Por enquanto, a melhor maneira de contornar esse problema de pós em fotos é com o port da GCam, que vai bem para te deixar mais corado, mas que vai super mal em cenas contra a luz. No fim, quem sabe a própria Samsung não dá mais umas ajustadas na câmera frontal em uma atualização.
Então sim, temos um salto na qualidade das câmeras, mas não é tão significativo. Os maiores ganhos foram em outra frente, nas filmagens. O A80 traz, para a câmera frontal, gravações em 4K ou a 60 frames por segundo na resolução 1080P, com estabilização melhor, além do modo superestável.
Se repetir o que rola na traseira, o foco da câmera frontal provavelmente será melhor que do A70 assim que o update que adiciona essa função chegar no aparelho. Além disso, temos o efeito de desfoque em vídeos apenas no A80, que apesar de apresentar alguns erros de vez em quando, e não parecer nem um pouco natural, é um bom primeiro passo.
Desempenho e bateria
Existe um salto entre a série 600 para 700 da Qualcomm, sendo que o avanço mais perceptível fica nos ganhos em jogos mais pesados. Agora, no dia a dia, dificilmente você notaria alguma diferença. Como a gente sempre fala, o nível de maturidade do hardware dos smartphones está alto, e apenas usos específicos realmente precisam da potência extra desses chips.
Esses dois, inclusive, já chegam quase no desempenho do Galaxy S8, que é de apenas 2 anos atrás e já era mais do que capaz de rodar de tudo. Por outro lado, como estamos falando de intermediários, ficam faltando alguns recursos mais “nobres” como carregamento sem fio e suporte ao DEX, o que, dado a proximidade de preço entre esses 3 aparelhos, pode te levar a preferir o topo de linha de gerações passadas.
Os dois aparelhos vem com 128GB de armazenamento, mas só o A70 aceita um cartão MicroSD, para expandir essa memória inicial. Esse é o segundo corte meio que sem bom motivo que o A80 fez, e esse faz ainda menos sentido, já que se você utilizar o A80 para gravar bastante coisa em 4K, com certeza se beneficiaria de ter um MicroSD especifico só para isso. A desculpa é provavelmente falta de espaço por conta do mecanismo da câmera.
Na bateria foi onde o A80 deixou a desejar quando comparado com o A70. A capacidade de carga é menor, são 4.000mAh contra 3.700mAh. O que deixa mais evidente a diferença é a mecânica que envolve a câmera. Você realmente sente que a bateria vai embora mais rápido se estiver acionando bastante o motorzinho.
Além disso, em uso padrão, o consumo também é maior, mesmo que o chip seja mais econômico por conta de uma litografia menor. No geral, faria mais sentido colocar mais bateria no A80 que no A70, mas como eles já está mais pesado e grosso, poderia piorar a ergonomia.
Por outro lado, o A70 precisa do dobro do tempo para chegar em 50% mesmo tendo carregador de mesma potência. É o fast charge presente no Snapdragon de maior número funcionando e você realmente sente o A80 esquentar mais do que o modelo mais barato. Até por isso, a recarga desacelera bastante quando passa dos 80%, para proteger a bateria. Foi uma forma de compensar a carga menor e o consumo maior do aparelho mais caro, mas que pode diminuir a vida útil da bateria no longo prazo.
Conclusão
Para fechar, a escolha para os amantes de fotografia é fácil, a vantagem do A80 é expressiva, tanto para tirar uma selfie quanto para gravar para o seu futuro canal de YouTube, mas não vai tão longe nas câmeras traseiras. Fora isso, a diferença no desempenho para jogos é até grande, mas a bateria menor pode afastar esse tipo de usuário.
Para quem só quer algo bonito, cheio de engrenagens e para consumir conteúdo, ele é um aparelho legal, mas que vale esperar por uma queda expressiva de preço.
Deixe um comentário