O Samsung Galaxy A9 é o primeiro grande lançamento de 2019. Sua chegada marca o que pode ser uma das tendências dos próximos anos: aumentar o número de câmeras, e por aqui, são 4 na traseira. É claro que ele tem outras qualidades, mas para saber se todas essas lentes melhoram alguma coisa ou se é só firula, nada melhor que tirar muitas e muitas fotos.
Como já vimos anteriormente no Galaxy A7, o Galaxy A9 tenta compensar as grandes limitações das lentes de celular aumentando o número de câmeras com diferentes funções. Retrato, Zoom e UltraWide são as escolhas feitas por aqui, e sim, é bom ter mais possibilidades. Mas, elas precisam ser feitas com boa qualidade.
Aparelhos mais caros já conseguem mesclar algumas das funções em uma quantidade menor de lentes. O Google Pixel 3 com sua lente única consegue fazer um dos melhores efeitos de desfoque e o zoom também ganhou funções de software pelas mãos da Google recentemente, que incrementou a resolução ao mesclar diferentes fotos.
Para fechar, a ultrawide seria a única que não pode ser substituída, se não fosse o fato de que o modo panorâmica já está presente até nos celulares mais básicos. O que eu estou tentando dizer aqui é que sim, é legal, mas não é necessário ter 4 câmeras.
Design
São 163 milímetros de comprimento por 77 de largura, o que o torna o maior celular da empresa – passando por pouco o Galaxy Note 9. Qualquer esperança de alcançar toda a tela é jogada fora com 6,3 polegadas de área útil mais bordas, mas pelo menos ele fica firme na mão e provavelmente será o primeiro depois da linha Note e S a receber o upgrade para a One UI, que prioriza o uso com apenas uma das mãos – o que basicamente soluciona um pouco desse problema.
Com relação à construção e acabamento eu não tenho do que reclamar. Aliás, tenho sim, mas é besteira – eu gostava do sensor biométrico do Galaxy A7 e achei que seria mantido. Esse leitor meio quadradinho na traseira quebra um pouco da beleza do degradê que eu particularmente achei um dos pontos altos do aparelho. Não parece aquele plástico mal pintado que algumas empresas chinesas mais baratinhas tentam nos empurrar.
Falando de painel, o Super AMOLED de resolução Full HD é bonito, mas não chega a ser um diferencial, ele parece ser o mesmo painel do Galaxy A7 e do Galaxy A8, que são boas para um intermediário, mas ficam pra trás quando pensamos que esse aparelho está acima dos dois mil reais. Some isso ao fato de que as bordas são um pouco mais grossas, e não dá para dizer que o A9 é realmente uma escolha que impressiona nesse quesito com o Galaxy S8 no mercado à preços tão parecidos.
Ainda falando das outras características externas, o aparelho utiliza entrada USB-C, não tem carregamento rápido nem proteção contra água e o alto falante mono é bem fraquinho. Eu realmente achei que o som deveria ser melhor, mas felizmente temos o P2.
O A9 possui também uma bandeja tripla para dois chips de operadora e uma expansão de memória, um adicional presente em quase todos os aparelhos da marca. Só que ainda falta uma proteção melhor, um IP68, que estava presente em versões anteriores e até mesmo em aparelhos de preço similar como o Galaxy S8.
Desempenho
A principal evolução do A9, quando comparado com o A7, foi no hardware. Dessa vez a Samsung preferiu o Snapdragon 660, um chipset de 14 nanômetros octa core capaz de lidar com o processamento das suas quatro câmeras numa boa.
Temos de lembrar que mesmo que esse seja um bom processador, não é um topo de linha, tanto que o desempenho fica um pouco para trás em funções mais atuais e processamento de fotos.
Ainda no hardware, esse aparelho possui modelos de 6 e 8 gigabytes de RAM, e 64 e 128 de armazenamento, algo que vai ficar cada vez mais comum nos intermediários. De qualquer forma, os dois modelos são suficientes para guardar bastante mídia e rodar em paralelo uma boa quantidade de aplicativos.
A bateria tem uma carga alta, de 3800 mAh, suficientes para fazer muita coisa. Você consegue resultados melhores do que a média, mesmo para uma tela grande como essa daqui. Para carregar, ele possui fast charge, mas falta suporte para carregamento sem fio. E mesmo carregando rápido, como se trata de uma bateria grande, ainda é preciso de quase 2 horas para chegar em 100%.
Câmera traseira e frontal
Mas vamos falar de câmeras, que é o grande destaque do Galaxy A9. A frontal é simples, única e sem maiores surpresas. São 24 megapixels de resolução com abertura f/2.0. As selfies ficaram boas, como era de se esperar com uma câmera com maior resolução.
Acho engraçado como apesar do hardware ser basicamente o mesmo, a imagem acaba diferente do A7, que parece ter menos contraste e ilumina melhor a face mesmo contra a luz. O problema para mim foi a estabilização fraca nessa lente quando fazemos vídeos.
Na traseira é que a história fica mais interessante. Os quatro sensores são constituídos por: ultrawide de 8 megapixels e abertura f/2.4; “Telephoto” ou Zoom óptico de 10 megapixels e abertura f/2.4 também. A principal de alta resolução, 24 megapixels e abertura f/1.7 e a lente de profundidade de só 5 megapixels, para o efeito de foco dinâmico.
A câmera principal tem uma qualidade bem legal, mas como é de praxe na Samsung, o pós processamento pode deixar tudo um pouco lavado, sem nitidez. Quando comparado diretamente com o Galaxy S8, o A9 fica para trás em HDR e parece ter um pouco menos de “profundidade”. Em ambientes internos as fotos começam a ficar mais pixeladas, então mesmo com a abertura maior, o ideal são fotos em boa luz.
O Zoom óptico no geral deixa as fotos mais bem definidas do que a câmera principal com zoom, mas ele só funciona em boa luz. É só diminuir um pouco que o próprio software escolhe manter o uso da lente principal e conciliar com zoom digital.
O sensor para ultrawide tem 8 megapixels e serve para aquela foto em família, no ano, churrasco de aniversário e etc. O ângulo é bem aberto, então o efeito olho de peixe acaba aparecendo, mas o A9, assim como o A7, consegue corrigir essa esticada e deixa a foto normal no próprio aplicativo nativo. O problema aqui é também a falta de resolução em fotos internas, mas o ângulo alto consegue esconder um pouco as imperfeições da foto.
E a última lente é a auxiliar para o foco dinâmico, que sim, também traz alguns resultados legais, mas que já vimos diversas vezes por aí.
No geral o conjunto não é ruim, mas talvez seria melhor focar em uma câmera só e deixar essa bagunça de câmeras para celulares mais baratos. Todos os modos tem dificuldade no escuro e o HDR, apesar de bom, não chega perto de topos de linha que saem na mesma faixa de preço que o A9 deve chegar.
Em vídeo, a traseira chega em 4K, mas sem estabilização e sem HDR. Na resolução Full HD a traseira implementa uma boa estabilização digital, além de funções como emojis e slow motion, o que abre um leque de possibilidades legal.
Mas sinceramente, fica claro que esse tanto de lentes foi uma maneira de compensar os problemas, em vez de trazer alguma inovação. A ideia pode até ter sido boa mas achei a execução falha. A qualidade foi baixa para um aparelho dessa faixa de preço.
Conclusão
A grande verdade é que o A9 é o melhor caso para demonstrar o problema de lançar tantos aparelhos por ano. No quesito câmera ele pode ser considerado uma evolução do A7. Ele é sem dúvida mais completo, mesmo que a qualidade não seja tão diferente.
Porém pensando num mundo de Pocophone e Galaxy S8, fica difícil competir pelo público que não liga muito para função de câmeras e prefere uma qualidade boa em um sensor único e principalmente desempenho, já que o preço de lançamento acima dos dois mil reais coloca ele competindo com muito produto bom.
Sabendo que em uma média de 40 dias ele estará com preço melhor, eu diria que perto dos 1800 reais ele começa a se tornar um aparelho competitivo. Antes disso, apesar de bom, é difícil recomendar.
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