A GoPro foi certamente a primeira câmera de ação à ser relevante no mercado, e apesar do cenário de câmeras 360 estar se desenvolvendo nos últimos anos, parece que uma das melhores soluções é novamente da empresa americana, a GoPro Fusion. Mas, ela não é pra todo mundo. E eu vou explicar o porquê!
O mercado de câmeras 360º se aqueceu bastante em 2017, apareceram alguns acessórios para celulares que geram uma imagem pronta para redes sociais como o snap da Motorola, uma nova versão da Gear 360 da Samsung e por aí vai.
Eles são portáteis e rápidos, mas carecem de qualidade de imagem. Os equipamentos dedicados por sua vez esperam entregar mais funcionalidades em detrimento de agilidade.
Esse é bem o caso da GoPro Fusion, que como sempre trouxe um equipamento todo de linha para o segmento. Falo isso porque a experiência já começa muito bem na hora de desembalar o produto.
Na caixa, temos a Fusion, uma capinha bem honesta, dois suportes padrão GoPro (que funcionam com os outros adaptadores da marca), um tripé bastante robusto e o cabo USB-C.
Design e construção
A construção é primariamente em um material emborrachado que é característico das câmeras GoPro e que serve para deixar o equipamento mais resistente.
Isso a torna uma das únicas câmeras 360 a ter proteção contra água. São até 5 metros de profundidade, e eu já vi gente levando ela até para a praia.
Agora, a lente fica um pouco embaçada com o uso, então o melhor mesmo seria conseguir um case aquático pra ela. Outro ponto de atenção é que as lentes ficam bastante saltadas, então apesar do corpo ser bem robusto, se ela cair com a lente pra baixo ou pra cima, pode quebrar.
Eu gostei do estilo dela, da portabilidade e do fato de cada lente estar um pouco para o lado, o que pode ajudar a pegar ângulos maiores com menor distorção.
Conectividade
Achei engraçado o fato dela precisar de dois cartões de memória e são gerados dois arquivos em formato de olho de peixe que são “abertos” ou espalhados para formar em conjunto a imagem 360º no próprio software da Fusion.
Do lado direito temos o espaço para a bateria e os dois cartões SD, um para cada lente. Ela só grava se os dois estiverem inseridos.
Do lado esquerdo temos uma portinha para ter acesso à entrada USB-C que é provavelmente a melhor forma de transferir o seu conteúdo para um computador. Embaixo temos o espaço para prender a tipica garra da GoPro e parafusos para abrí-la se tiver algum problema.
Funções e desempenho
Cada uma das lentes conta com um sensor de 18 megapixels que captura fotos e vídeos em uma resolução de até 5,2K, é possível tirar fotos únicas, ligar o modo burst para pegar cenas de ação, usar o modo timelapse em variados tempos para conseguir resultados diferentes em formato de foto ou optar por um timelapse de vídeo.
Dá até mesmo para ativar o modo de maior tempo de exposição para lugares escuros. Tudo isso pode ser definido através do botão lateral que também liga e desliga a câmera e o botão frontal vermelho que serve para tirar a foto ou começar o vídeo.
É um processo bem comum na maioria das GoPros que sempre tem poucos botões mesmo. Eu achei de bom tom o fato de que as fotos e o vídeo começam alguns segundos depois de você realmente ter apertado o botão, te dando tempo para ajeitar. Mas você nem precisa usar o botão!
Isso é bem bacana: dá para falar para a câmera começar a gravar e felizmente temos o português habilitado. O único problema, que é pequeno, é que você não pode estar tão longe assim para detectar bem.
Com esse tanto de opção dá para criar muita coisa diferente, mas faltou o mais importante: qualidade de imagem.
A imagem da GoPro Fusion é boa pra caramba, mesmo. Eu dei uma olhada em alguns comparativos lá de fora porque eu não tinha outro equipamento em mãos para fazer isso e putz, ela é a mais definida, ganhando na maioria dos quesitos.
Tem também uma das melhores estabilizações, que pode ser aprimorada na pós edição no próprio software, tipo esse planetinha aqui que eu fiz.
Mesmo em filmagem onde você não consegue mexer na exposição ela é a câmera que menos granula, tornando-a provavelmente a melhor câmera 360 para uso profissional ou semi profissional, já que conta com resistência de 5 metros abaixo d’água e gravação de aúdio espacial, ou seja, que te dá uma impressão de onde o som está está vindo.
Achei essa função legal, mas fica horrível se tiver algum vento, o que é o caso na maioria das situações. Ou seja, é melhor que as outras, mas você ainda pode precisar de uma solução externa para um vídeo mais bem produzido.
Aplicativo e edição
Essa câmera realmente apela para um público mais profissional, porque o processo de edição é bem abrangente mas um teco complicado. Primeiro que o aplicativo Overcapture que traz algumas funções legais como a mudança das configurações da câmera remotamente e editar, por enquanto só funcionam no iOS.
Depois, o editor de fotos e vídeos que claro, só está presente no iOS não tem a interface mais acolhedora, já que na hora que você vai montar planetinhas, seu dedo mexe de forma bastante imprecisa e em mais do que duas dimensões.
Ele tem um bom número de opções e permite você fazer muita, mas muita coisa. Você pode gravar o vídeo em 360º, deixar uma imagem flat para vídeos e seguir a ação que está ocorrendo em cena como se fosse uma panorâmica. Você deixa a ação rolar e depois pensa em como usar essa filmagem.
Assim que você pega o esquema de editar no celular a experiência melhora, mas no computador essa edição sai bem mais fácil. O problema? A transferência de arquivos é realmente lenta e renderizar vídeos em 360º exige bastante do PC ou do celular, então pode esperar sentado.
O lado bom é que existem bons aplicativos tanto para Mac quanto para Windows e os plugins para trabalhar com vídeos em 360º para o Premiere Pro e After Effects funcionam bem. Então dá sim para fazer uns vídeos mais elaborados.
Existem outras câmeras que já transferem e deixam o conteúdo pronto para o Instagram ou redes sociais de uma forma um pouco mais fácil e com presença forte no Android, mas claro, tem menos qualidade de imagem e por vezes, menos opções.
Se você estiver fora de casa em um dia ensolarado vai perceber que a Fusion esquenta bastante quando está gravando vídeos, mas segundo testes de outros canais ela chega perto de uma hora de uso contínuo em situações comuns – praia a 40 graus deve dar menos.
A bateria 2.620mAh chega perto de 1 hora e 15 minutos de gravação. Para fotos, vixe, demora para a porcentagem descer. Acho legal comentar também que ela é removível, trazendo versatilidade.
Conclusão
A GoPro Fusion é a melhor câmera 360º atualmente. Se você tem um iPhone consegue ter uma experiência boa e um grande número de possibilidades. Se tem um Android, vai ter de se contentar em passar tudo para o PC e editar no aplicativo proprietário.
Ela tem provavelmente a melhor imagem atualmente e é a mais estabilizada, principalmente depois de passar pelo software, mas claro, para isso você paga mais caro.
Se você é um profissional, eu realmente recomendo esse modelo. Qualquer percalço será superado a favor de um vídeo com qualidade melhor e mais opções.
Agora, como ela pode ser encontrada abaixo dos R$4.000,00 por aqui, se você quer uma câmera 360 para algo mais casual e tem um Android, uma Gear 360 da Samsung pode te servir melhor e custar muito menos. No celular fica bom que a tela é pequena, mas em uma tela maior a Fusion ganha.
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