Notebook gamer é sinônimo de luz vermelha, design de carro esportivo, desempenho e uma ligeira vergonha de levar para o trabalho, mesmo que todo mundo jogue LOL depois. Pensando em um público intermediário, que precisa de desempenho e discrição, a Lenovo trouxe o Legion Y530 que tem essa cara de quem escuta música madura.
Só que nós sempre temos de fazer uma troca para ter mais de algo pelo mesmo preço. Será que essa troca vale e pra quem? Deixa comigo que hoje vamos passar por tudo isso!
Design e construção
Não é todo mundo que busca um notebook com aparência modesta, mas existem ambientes como a sala da faculdade ou em uma reunião, onde designs chamativos ficam cansativos demais. Essa é uma necessidade que o mercado tem reconhecido, e que até a gente do EscolhaSegura já estava indo atrás. Será que tem como ser potente pra edição ou pra arquitetura sem parecer uma nave?
A Lenovo entra nessa onda com o Legion Y530, que é bem diferente do Y720. No geral, eu gostei da experiência com o teclado – que já vem no padrão brasileiro -, que viaja bastante no seu formato, colocando o teclado numérico logo acima das setas para dar mais espaço e do trackpad que em nenhum momento me deixou na mão. Só o clique dele que parece meio frágil e que é provavelmente uma das poucas falhas de construção que encontrei.
Outro detalhe é o acabamento emborrachado que rapidinho ficou com a oleosidade das nossas mãos. Ele é bonito, mas com o tempo não vai tão bem assim.
Tela
Além da carcaça, o primeiro ponto que mais me chama atenção é a tela LCD IPS que é claramente superior às de outros notebooks gamers de entrada que testamos. Ela é mais brilhante que a do Dell Gaming 7567, com 250 lux e apesar de ter brilho parecido com o Avell que temos no estúdio, oferece uma melhor taxa de contraste e alcança um maior espectro de cores, chegando a 95% do sRGB, segundo o pessoal do ultrabook review.
Pra quem mexe com Photoshop ou vídeo e quer fazer correção de cor, é um belo de um avanço usar isso daqui e a experiência é melhor do que a média, já que grande parte das bordas laterais e do topo foram retiradas. Com isso, o notebook ficou até que compacto para o segmento. São 2,3 kg, e 15,6 polegadas em corpo de 14. O que o coloca como menor gamer que temos por aqui. É mais lance compará-lo com o Inspiron 7000 nesse caso, onde aí sim perde um pouco em peso e tamanho.
A tela abre 180 graus e parece que aguenta ficar assim de verdade, já que o relevo na traseira onde se localiza a maioria das entradas dele, acaba dando um suporte mais firme.
Conectividade
E já que estamos falando dela, da “bundinha”, pode parecer besteira mas ter todas as entradas na traseira ajuda a deixar a mesa bem mais organizada, principalmente se você usa o computador como um dock.
Estão presentes a entrada de carregamento, RJ45 para conexão cabeada, HDMI, USB-A, DisplayPort e finalmente um USB-C. Em cada uma das laterais você também encontra mais um USB-A. Sendo que do lado esquerdo tem a P2 para fone de ouvido.
O estranho é que apesar de ser voltado para performance, o Legion Y530 eliminou o leitor de cartões de memória, que usamos pra transferir os vídeos da câmera. Dá pra usar um adaptador tanto no USB-A quanto no USB-C, e sim, a gente até tem esses adaptadores, mas é chato precisar carregar para todo lado.
Essa parte de trás, não só é “diferentona” quando comparada com outros modelos como também serve pra dar suporte às 4 saídas de ar do sistema de resfriamento. Ficar um pouco pra fora assim ajuda os 2 coolers a direcionar o calor pra longe de você.
Em cima do teclado, todas as regiões ficaram ligeiramente abaixo dos 50 graus com o centro-topo do aparelho como parte mais quente. Na parte de baixo a temperatura é um pouco maior, mas de forma alguma incomoda.
Por dentro ele também conseguiu segurar bem, e a temperatura se manteve entre 75 e 85 graus durante trabalho pesado, pra ir além dessa marca tivermos que dar uma forçada e ligar o stress test junto com um joguinho pra temperatura passar de 90ºC, quando começa a ocorrer throttling, reduzindo a frequência para proteger a CPU.
Dá para falar que nesse ponto ele está sim melhor que a média, e também que é silencioso mesmo com as ventoinhas em velocidade máxima.
Desempenho
Isso me fez pensar que o Y530 provavelmente conseguiria aguentar uma GTX 1060 logo de cara, e sim, ele está recebendo esse upgrade, pelo menos lá fora. De qualquer forma, com a sua fonte de 135 watts ele optou por trazer o i5 8300H, um Intel de oitava geração que é ligeiramente superior ao i7 7700HQ que vemos em muitos outros equipamentos, e a GTX 1050 de 4GB.
Com isso, conseguimos editar vídeos em 4K no Premiere Pro com a resolução do preview em ⅛ e renderizar nosso teste padrão em 31 minutos contra 28 do Dell Gaming e 23 minutos do Avell que é um pouco melhor. Autocad e revit rodam sem problemas.
Com relação aos jogos, o desempenho é condizente com a configuração, então nem preciso falar que LOL e Fortnite rodam de boa né? Alguns jogos mais pesados como o novo Tomb Raider e o Batman requerem uma visita às opções, mas não vai afetar sua jogatina de maneira significativa.
O grande gargalo desse notebook no entanto está no HD, que tem 1TB e possui a velocidade de escrita e leitura inferiores a 100 megabytes por segundo, longe de qualquer SSD. Com isso o boot inicial e pesquisas no windows dão uma pequena engasgada, o que pode incomodar na produtividade.
Felizmente, existe a possibilidade de fazer upgrade com uma conexão m.2 na base do equipamento e também da memória RAM que começa em 8GB e através de um segundo slot livre pode chegar até 32GB. Não é a tarefa mais fácil acessá-las, mas estão ali.
No dia a dia o Y530 vai bem, consegui trabalhar sem problema algum, e como disse, fazer edição de vídeos de boa. O chato é que como todo gamer a bateria vai embora rápido, ficando logo acima de 4 horas de uso em produtividade. Bem rápido porque a bateria dura muito pouco, não chega nem a 5 horas navegando pela web, e se for usar algum software que demanda mais vai precisar encontrar uma tomada.
Eu não esperava muito mesmo da bateria, você vai conseguir assistir uma aula na faculdade, mas é bom deixar desligado ou carregando durante o intervalo.
Os alto falantes tem qualidade razoável que você normalmente encontra num notebook intermediário, só o posicionamento na parte da frente direcionados para baixo que não me agrada, deixando o som abafado na mesa ou indo para o chão. O ideal seria ficar na parte superior, mas eu entendo que pode ser difícil liberar espaço nesse notebook mais compacto.
Ficou faltando um leitor de digitais ou o reconhecimento facial via Windows Hello para um login mais fácil, mas dificilmente um notebook gamer tem tal característica. Vale lembrar que a Lenovo tem poucos bloatwares, sendo o principal o Vantage, que permite checar drivers, atualizar o notebook e entrar em contato com a assistência.
Conclusão
Se você está disposto a abrir mão de descer um nível de configuração na maioria dos jogos, passar do high para o medium ou do medium para o low com o intuito de ter uma tela mais bonita, construção e aparência melhor, bem, essa é uma boa opção, até porque modelos similares como o Dell G3 estão chegando com preços bem parecidos.
Para mais desempenho, modelos do ano passado entregam a 1050ti as vezes até com SSD pelo mesmo preço e se precisar de portabilidade tem outras opções mais leves, mas com menos desempenho.
Deixe um comentário