A Lenovo está apostando bastante no mercado de tablets, diferente do que era esperado, já que ela abriu mão dos smartphones, para dar espaço para sua subsidiária Motorola. Nós já trouxemos review de alguns modelos do fabricante, mas hoje chegou a ver do Lenovo Tab M11, um modelo intermediário com caneta e modo desktop.
Lenovo Tab M11
- Processador MediaTek G88
- 128GB com 4GB RAM
- Tela de 10,95″ 90Hz (1200 x 1920 px)
- Câmera de 8MP (traseira e frontal)
- Bateria de 7.040 mAh
- Android 13
Construção e design
Na construção o Tab M11 não deve para outros tablets do mercado. O corpo é todo de metal, com esse módulo de câmera exagerado, que é bem comum nos telefones, porém, eu continuo achando um exagero.
Ele tem uma câmera única e não tem flash, o que me levou a questão: pra quê? Nessa mesma altura ele ainda conta com uma faixa que faz ligação desse retângulo com a marca da Lenovo em baixo-relevo, igual vemos nos notebooks.
Ele é muito bonito e disso eu não posso reclamar mesmo. Na parte de cima, temos os botões de volume, com um microfone e a gaveta para a expansão do armazenamento. Quase na lateral direita, está o conector de 3,5 milímetros, para acessórios, como fone de ouvido.
Vemos também dois alto falantes, com a porta USB-C no meio deles. No outro lado também existem outras saídas, mas com o botão de energia no topo, quase se encontrando com os de volume.
Na parte debaixo não tem nada e o que me preocupa é que essa quantidade de microfones não seja suficiente. Nos meus testes ele foi bem, mas isso é num ambiente tranquilo, controlado, sem muito barulho, sem ruídos.
Como todos esses espaços são caixas de som, eu imagino que a Lenovo foi esperta e escondeu mais microfones por aqui. Assim ela consegue parecer que está oferecendo mais qualidade, cobrando pouco, ao mesmo tempo que não tira a elegância do tablet.
Tela
Em questão de tela, o que temos aqui é o que já vimos em outros produtos da empresa. Um painel IPS LCD, frequência de 90 Hz, 400 nits de brilho, que eu já adianto que é pouco e por isso eu tive que usar no máximo, além da resolução Full HD, de 1200 x 1920.
Não dá para dizer que é a melhor tela de tablet que eu já usei, porém, eu devo reconhecer que está dentro do esperado para a faixa de preço.
O que eu não gostei mesmo é da caneta que acompanha, para usar nessa tela básica.
Não mencionei antes, mas esse cara traz uma capa de proteção, junto de uma caneta bem parecida com a da Samsung, exceto pelo fato de que essa daqui usa um tipo específico de pilha e que ela é bem mais atrasada no tempo de resposta.
Você consegue ver as letras e desenhos surgindo alguns segundos depois de escrever e isso incomoda um pouco, porque, quem já usou esse tipo de acessório sabe que a caligrafia é ruim.
Agora, imagina isso sem uma otimização de escrita e sem um tempo de resposta aceitável. Não precisa imaginar, porque esse é o resultado encontrado por aqui.
A Lenovo está tentando trazer para o mercado algo que a Samsung monopolizou por anos. Tem a Apple também, mas aí eu te pergunto: quando na vida que você vai comprar um iPad, mesmo que seja um dos mais antigos, por R$ 1.500, com capa e Apple Pencil?
Por isso que eu estou comparando o M11 direto com o tablet da Samsung, já que os dois estão chegando em preços muito próximos e trazem os mesmos acessórios na embalagem.
A tela dá para usar tranquilamente e não vai passar uma má impressão, longe disso, mas a caneta deixou a desejar, coisa que o Tab S6 Lite não faz.
Desempenho
Onde eu acredito que a Lenovo tenha errado com o Tab M11 foi na escolha do Hardware. Se ela tivesse colocado um SoC mais parrudo, talvez o sistema processasse essa função com mais tranquilidade.
Até porque, um MediaTek Helio G88, com 4 GB de RAM, sob a interface Z UI, não está se saindo bem não.
Esse SoC está mais voltado para dispositivos de entrada, do que para uma linha intermediária como esse modelo quer se apresentar e, pelo preço cobrado, ele deveria ter chegado pelo menos com o Helio G99, que rivaliza com o Snapdragon 695.
Entretanto, o que me deixou bastante surpreso e dessa vez de forma positiva, é que ele vem com um modo desktop que me atendeu bem no uso para escrever textos e fazer pesquisas na internet.
Assim que eu conectei o teclado Bluetooth ele mostrou uma mensagem avisando que eu posso escolher entre esses dois modos e a partir disso, sempre que eu estou com o teclado conectado, eu paro nesse modo.
Eu não senti que o tablet gastou mais bateria, porém, eu pude notar umas engasgadas de leve e uns atrasos como os que eu vi no Lenovo Slim 7X, com Snapdragon. Foi o mesmo comportamento.
Claro que aqui a culpa é do hardware fraco, enquanto que lá era uma mistura de sistema operacional ruim com software e aplicativos mal otimizados.
Já nas tarefas do dia a dia, com ele no modo tablet, foi tudo mais ou menos tranquilo. Para jogar ele vai bem, mas ao tentar ficar com o Facebook só no navegador, ele se comportou muito mal. Não reconheceu alguns comandos e fechou a página algumas vezes.
Isso se deve ao fato de que a CPU do G88 é mais potente que a CPU, e por isso ele engasga em coisas simples, enquanto vai melhor em tarefas que processam gráficos, no caso de jogos, por exemplo.
Mas, se eu puder elogiar algo no hardware desse cara, eu escolho dar pontos para a conexão Wi-Fi, porque ele consegue fazer downloads rápidos, quando conectado numa boa internet.
Já o próprio Tab S6 Lite, da Samsung, que eu estou comparando tanto, demorou duas horas para baixar Genshin Impact, enquanto aqui levou só quarenta minutos.
E, sim, nós rodamos Genshin Impact, Asphalt 9, Call of Duty e LoL, mas SpeedStorm, que é um título novo da Disney com a Gameloft para smartphones e tablets, não está disponível para esse processador.
Isso mostra que o tablet não está tão otimizado como deveria, já que o Positivo Tab Vision 10, com o Unisoc T606, roda o jogo e roda bem.
Bateria
E, como ele faz um esforço para rodar todos esses títulos pesados, a bateria acaba sendo prejudicada e vai embora tão rápido quanto num iPad Air M2.
Genshin Impact descarregou 23% da bateria em uma hora igual ao CoD, enquanto que Wild Rift e Asphalt 9 drenaram 19%, mas LoL conseguiu cravar os 90 Hz de tela – e foi o único.
No uso do YouTube o tablet decepcionou um pouco, levando 15% por hora, com o navegador e as redes sociais levando 17% e travando algumas vezes no Chrome, como eu já comentei.
Para gravação, o M11 drenou 19% por hora, mas com 15 minutos de chamada de vídeo no Google Meet, a bateria gastou quase 8%, o que daria uma média de 30% em uma hora de chamada. Consumo muito alto para tarefas simples.
Falamos tanto do consumo que eu quase esqueci de mencionar. que Tab M11 vem com 7.040 mAh de capacidade e traz um carregador na caixa de 20 W, porém, no site diz que ele suporta só 15 W de carregamento.
Eu tenho motivos para acreditar no GSM Arena, porque eu testei um carregador mais potente e ele demorou o mesmo tempo para completar a recarga, levando duas horas e trinta e seis minutos. Claro, tem uma diferença em minutos entre o carregador de 20W e 65 W, mas o resultado é próximo.
O consumo está alto, porém, se você pensa em usar o tablet no modo desktop, vale deixar ele conectado sempre no carregador, ou sempre deixar ele por perto.
Câmeras
E, por mais que eu tenha citado a câmera lá no começo, eu não detalhei o hardware. O conjunto é composto por uma lente traseira e uma frontal, com 8 MP cada. Existem versões pelo mundo com a lente traseira de 13 MP, mas nós fomos contemplados com essa pior.
Para escanear um documento, fazer um registro rápido, elas servem. Mas, não dá para exigir do tablet igual exigimos de um celular. Esse dispositivo não é feito para esse fim.
E, por falar em fim, deixa eu comentar um pouco da capa, porque é um acessório muito bacana para deixar passar batido. Ela não tem ímãs, não tem um ajuste mágico como as da Apple ou da Samsung e aqui é tudo uma questão de jeito mesmo.
Como dá para ver, existe uma faixa elástica para manter ele sempre fechado e uma abertura traseira, estilo Surface ou Switch OLED para você colocar essa parte da frente nas costas do Tablet, fazer um apoio e usar ele apoiado na mesa.
Ela protege bem, o berço de plástico envolve as laterais e o Tab M11 fica bem guardado. Agora, o que eu não curti é que ela não se ajusta muito bem a outras posições.
Se ele ficasse um pouco mais angulado seria tão melhor e mais confortável, e isso foi algo que eu pensei o tempo todo que eu usei ele. Algumas vezes eu preferi tirar da capa e colocar no suporte, para não sentir tanta dor no pescoço.
Conclusão
O tablet é simples, vem com a caneta que não funciona bem, com a capa que é muito bem vinda – já que esse acessório para tablets é bem caro -, mas eu gostei do conjunto todo.
Se a Lenovo seguir aperfeiçoando sua caneta, podemos ter um bom concorrente para a Samsung no futuro, mas, por enquanto eu vou ter que recomendar o Galaxy Tab S6 Lite no lugar dele.
A tela segue no mesmo padrão, sem os 90Hz, mas com o mesmo brilho, mesma resolução e qualidade. A S-Pen funciona melhor e ele também conta com o modo Dex, o desktop Android da Samsung e vem com mais poder de processamento, que ajuda quem quer brincar um pouco mais.
Se você não tem muita grana para apostar no iPad e não quer o Galaxy, mas quer uma caneta stylus, a opção é ir com o Lenovo Tab M11, porque os modelos da Xiaomi que vieram para o Brasil, não trazem o acessório na embalagem e são mais caros.
Agora, entenda que escrever rápido não é uma opção e fazer ilustrações ainda pode ser um desafio, apesar dele ir melhor nisso.
Para que o Lenovo Tab M11 fique competitivo mesmo, o ideal é uma redução no preço para se distanciar um pouco da concorrente coreana.
Se você decidir que vai comprar o tablet, não o faça só pela caneta, mas pelas características que ele traz, como boa construção, som estéreo e boa qualidade nas videochamadas.
O tablet está num bom caminho, assim como a fabricante, que tem se esforçado para isso, mas ainda existe muito espaço para crescer e eu quero acompanhar esse movimento.
Leandro diz
Esse tablet possui o recurso Palm Reject? Qual outro modelo da Lenovo teria, tirando esse M11?