Você é louco por Motorola e quer pegar um dos aparelhos mais potentes deles? O Moto Z3 Play e o Moto G6 Plus são os melhores equipamentos lançados em 2018 e podem ser uma opção. Mas será que vale a pena investir mais no Z3 Play? O que ele entrega para custar pelo menos R$700 reais a mais no seu lançamento? É o que eu vou tentar te explicar hoje.
Design
Se tem uma coisa que eu tenho de admitir é que a Motorola vem acertando muito no design dos seus aparelhos intermediários. Diferente de todas as outras marcas que foram correndo para o notch e para câmeras duplas em pé, uma clara referência à Apple, a Motorola se manteve fiel ao seus minions e c3pos na traseira, mas fez um upgrade de seus intermediários de alumínio para vidro.
Nos dois casos, eu achei que os aparelhos ficaram mais bonitos mas me incomodei muito com as marcas de dedos deixadas. Pela praticidade, eu ficaria no alumínio, mas o acabamento dos dois aparelhos está impecável.
A diferença mais notável dos dois fica mesmo na parte traseira, enquanto o G6 tem as bordas mais arredondadas e uma traseira levemente curvada e ergonômica, o Z3 Play é todo reto pra facilitar a conexão com os snaps. Ele é também mais fino e eu simplesmente adoro a pegada que isso traz. No fim, a mescla dos conectores com design mais reto faz o Z3 Play parecer mais premium, então eu daria um ponto pra ele.
Ainda na carcaça, vale ressaltar que somente o G6 Plus tem a entrada de fone de ouvido, já que nessa nova geração retiraram o conector P2 do Z3 e deixaram somente o conector USB-C na parte de baixo.
Pra completar, no Moto Z3 Play os botões de volume ficam na lateral direita, juntamente com o sensor de impressão digital e na parte esquerda, o botão de power. A posição do leitor é ergonômica e de muito bom gosto – mas não é novidade, a sony já fazia isso há um bom tempo. O botão de home na esquerda por outro lado é um pouco incomoda para canhotos como eu.
Enquanto isso, no G6 Plus os botões ficam todos na lateral direita e o sensor de impressão digital, na face frontal, localizado bem na parte de baixo da tela, no novo formato linguicinha que não me agradou. Pelo menos ele reconhece muito bem as digitais. Hoje em dia é dificil ter um celular que tenha problema nesse quesito.
Uma outra diferença dos dois aparelhos é que no Moto G6 Plus a bandeja de chip aceita dois chips de operadora mais um cartão de memória ao mesmo tempo, enquanto no Moto Z3 Play, ou você usa dois chips ou você usa um chip e um cartão de memória, a conhecida bandeja híbrida. Infelizmente, nenhum dos modelos conta com proteção IP68, trabalhando apenas contra respingos e poeira em um nível menor, coisa que o Moto X4 bem mais baratinho já tinha.
As saídas de áudio dos dois aparelhos ficam no melhor posicionamento possível, que é na parte frontal e no topo da tela. Infelizmente o espaço ali é pequeno e é mono. Você tem resultados melhores em modelos mais caros, mas tem a certeza de que nunca vai tampar o som pelo menos. No geral, devem ter usado o mesmo componente nos dois, porque é bem parecido. O microfone do G6 Plus parece um pouco mais direcionado, enquanto o do Z3 Play é mais aberto, mas no geral os dois servem bem pra ligações.
Tela
Aproveitando que estamos falando de conteúdo audiovisual, está na hora de comentar sobre a tela dos aparelhos. Os dois contam com a nova proporção 18:9 e uma taxa de brilho meio que equivalentemente. Em tamanho são também quase similares, com o Z3 ganhando por 0,1 polegadas. A principal diferença fica então para o fato do Z3 Play contar com uma tela AMOLED, também presente no Z2 Play.
Ambos trazem bons ângulos de visualização, com boa gama de cores e uma taxa de brilho parecida, mas o G6 Plus peca um pouco mais no contraste se comparado ao Z3 Play, que por trazer o AMOLED, deixa o preto mais preto e cores um pouco mais saturadas. Essa é uma característica um pouco mais subjetiva, já que depende do gosto de cada um, mas no geral, os dois são bem bons.
Desempenho
Em termos de hardware, o Z3 Play é uma pequena atualização se comparado ao G6 Plus, mas se considerar a geração anterior, o conjunto de processamento deveria ter subido em até 40% em rendimento. Digo deveria porque temos uma situação bastante estranha de mal gerenciamento de memória RAM que segura o desempenho desses celulares, fazendo uma segunda volta de abertura de aplicativos ser melhor no Z2 Play que nos modelos novos. Enfim, isso pode ainda ser corrigido via software, mas deixa eu falar um pouco mais do hardware.
O Z3 Play vem com um snapdragon 636 com oito núcleos Kyro 260 com clock de 1,8GHz e os mesmos 4GB de memória RAM da geração anterior, enquanto o G6 plus é equipado com um snapdragon 630 com oito núcleos cortex A-53 com clock de 2,2GHz e os mesmos 4GB de memória RAM.
Você pode até parar pra perguntar porque o processador com clock inferior se sai melhor nos benchmarks, mas por se tratar de uma nova tecnologia de fabricação, os núcleos Kyro 260 são melhores que os Cortex A53, é uma questão de otimização e não somente números.
Na parte gráfica, a vantagem também é do Moto Z3 Play, porque ao invés de uma GPU Adreno 508, como no G6 Plus, ele entrega uma Adreno 509, que por ser mais nova, traz tecnologias superiores e segundo as especificações da Qualcomm é 10% melhor no comparativo direto, mas nas nossas pesquisas, a diferença é quase imperceptível.
Até porque os dois estão meio estranhos. Eu demorei quase o dobro do tempo para carregar um Need For Speed No Limits no Z3 Play quando comparado com o Samsung A8, que utiliza um processador da Samsung que deveria ser equivalente. Não estou falando que é ruim, você não vai sentir tanto se só tiver o celular na mão, mas eu vejo por ter outros aqui no estúdio e por eu realmente esperar um desempenho melhor de um Android pouco modificado.
Software e bateria
Inclusive, o sistema dos dois equipamentos é basicamente o mesmo, com a interface padrão da Motorola que basicamente carrega o moto gestos, moto tela e o moto voz 2.0. Mas olha só, o Z3 play tem um downgrade, já que só o G6 Plus conta com o moto key, um app que guarda senhas e facilita o login em alguns serviços e que é uma mão na roda.
Provavelmente os dois seguirão com um calendário de atualizações parecido então esse certamente não é um diferencial para nenhum.
O que pode ser é o fato do G6 Plus contar com TV digital através daquela antena que já o acompanha na caixa e que precisa ser espetada no celular pra funcionar. No Z3 Play você só tem essa possibilidade se comprar separadamente a capinha de TV com bateria adicional. É legal porque você não vai ficar sem bateria por assistir TV, mas no G6 Plus é de graça.
Aliás, deixa eu aproveitar para falar disso. A bateria do G6 Plus é de 3200mAh, quase 10% maior que os 3000mAh do Z3 Play, mas isso não quer dizer muito, já que o Z3 Play consegue perto de oito horas e meia de tela contra sete e meia do G6 Plus. Grande parte disso devido ao seu processador melhor otimizado e a tela amoled.
A parte boa é que os dois equipamentos possuem carga rápida com um carregador de 15W já incluso na caixa e carregam de zero a cem em menos de duas horas, mas a vitória é certamente do Z3 Play tanto em sua bateria embutida como na possibilidade de acoplar uma capinha adicional que geralmente dobra sua capacidade.
Vale comentar que o Z3 Play tem a possibilidade dos snaps. Já comentei do de bateria e TV digital, mas é possível comprar o combo com uma caixinha de som, aquele controle muito legal que mostramos lá no vídeo de celulares que rodam PUBG que está na descrição, e o projetor, que foi um baita sucesso aqui em casa.
Isso dá uma versatilidade para o Z3 Play, mas poxa, eles estão saindo muito caros ainda e é difícil de achar alguns no mercado atualmente.
Câmera traseira e frontal
Na câmera, quer dizer, câmeras traseiras, temos basicamente o mesmo conjunto, com 12 megapixels no sensor principal de abertura f/1.7 e um segundo sensor de 5 megapixels e abertura f/2.2 que serve para ajudar no modo retrato, e naqueles outros modos de corte que sempre temos nesses modelos da Motorola.
Com relação ao modo retrato, eu vi pouca diferença entre os dois modelos com uma possível alteração em distância focal, mesmo assim, os resultados são mais ou menos, já que é provável que mesmo em boa luz você tenha uma parte do cabelo ou corpo mal recortada.
Em fotos, as diferenças parecem maiores quando você vê pela tela do smartphone, mas quando joga para um monitor, é basicamente a mesmíssima coisa. E sim, a qualidade dos dois modelos está bem boa para intermediários.
Na parte de vídeo, ambos fazem vídeo em resolução 4K com uma taxa de 30 quadros por segundo e caso você precise de um frame rate maior, dá pra baixar a resolução pra Full HD e gravar em 60 quadros por segundo. A estabilização eletrônica dos dois equipamentos funcionam de uma forma equivalente mas por ser feita somente com software, perde um pouco se comparado a modelos como o Zenfone 5 ou Galaxy A8.
Na câmera frontal as coisas mudam um pouquinho, porque mesmo os dois aparelhos tendo 8 megapixels de resolução, no Moto Z3 Play a lente possui uma abertura maior de f/2.0 que deveria sim ser mais clara, mas parece pegar uma faixa dinâmica menor quando comparado diretamente com a do G6 Plus.
Eu realmente achei estranho porque vai contra o que se espera. A câmera do G6 Plus tem muito contraste, o que me incomodou um pouco. As duas gravam em 1080P e tem uma boa estabilização de software que acaba por dar uma bela cropada.
Conclusão
Sabendo de tudo isso dá para concluir que o Moto G6 Plus é extremamente parecido com o Z3 Play, entregando alguns adicionais como saída de fone de ouvido, inclusão de TV digital e a funcionalidade do Moto Key.
O Z3 Play é pra mim mais bonito, possui uma tela mais bonita, um desempenho levemente superior em bateria, e claro, a possibilidades dos snaps. Ele vale entre 500 e 700 reais a mais só por isso? Pra mim, não.
Agora, pra você que já tem um Moto Z ou um Z2 Play e está cheio dos snaps pode fazer algum sentido.
Deixe um comentário