A Motorola tem mudado a sua estratégia, focando em vários lançamentos da linha Moto G, desde aparelhos de entrada, até o topo de linha, o Moto G100. Será que a estratégia da empresa tem dado certo? Será que esse smartphone será capaz de bater de frente com o Edge Plus, também da Motorola, e vale a pena o preço cobrado?
Motorola Moto G100
- Snapdragon 870
- 256GB com 12GB de RAM
- Tela: LCD IPS com 6,7″ de 90 Hz (1080 x 2520px)
- Câmera principal: 64MP (f/1.7) + 16MP (f/2.2) + 2MP (f/2.4)
- Câmera selfie: 16MP (f/2.2) + 8MP (f/2.4)
- Bateria: 5000 mAh
- Android 11
A Motorola está procurando trazer uma nova cara para os seus smartphones da Linha G, sendo que o G100 chega com essa proposta de topo de linha para os usuários que são fãs da marca, no entanto ele sofre alguns cortes que podem desagradar usuários mais exigentes.
Construção e design
Mesmo eu já tendo me conformado com o plástico invadindo a categoria, o material usado pela Motorola é muito simples. Pegando ele na mão dá pra perceber a economia que a empresa fez aqui, passando uma sensação de fragilidade muitas vezes, dando a necessidade do uso com a capa, principalmente para evitar arranhões no plástico da traseira fosca e também no plástico brilhante do aro.
Visualmente ele é bonito, principalmente nessa cor, que quando eu tirei da caixa parecia um branco perolado e agora parece bem mais rosado. O acabamento fosco deveria ajudar a esconder as marcas de dedos, mas depois de um tempo de uso, você vai precisar usar um paninho pra remover as manchas que se acumulam.
Indo para as bordas do G100, na lateral direita, a Motorola deixou os botões de volume e energia, que ficaram bem altos, dificultando um pouco o acesso a eles. Como o display tem proporção de 21:9, o smartphone acaba sendo mais esticado e mais estreito, o que fez com que as teclas ficassem altas demais.
O botão de energia abriga ainda o sensor de digitais e toda vez que preciso desbloquear o smartphone, tenho que abrir mão do apoio no mindinho pra evitar erros de leitura da biometria.
Com isso, eu praticamente não usei a função “Atalho Interativo” que exige dois toques rápidos no sensor de digitais, o que torna o uso da função menos intuitiva e prática. Se a Motorola tivesse posicionado os botões um pouco mais baixos, certamente esse atalho seria uma das funções mais úteis para o dia a dia.
Da mesma forma, na lateral esquerda, acima da bandeja híbrida para chip de operadora e cartão de memória, fica o botão exclusivo para o Google Assistente e, por um lado é até bom ele ficar tão lá em cima, pois evita toques acidentais durante o uso, só que ao mesmo tempo descaracteriza a funcionalidade de acesso rápido, pelos mesmos motivos das teclas de volume e energia.
Ativar o Google Assistente por voz ou pelo atalho de gestos na tela é mais prático, principalmente se você está com uma das mão ocupadas. Outra coisa sobre esse botão é que não é mais possível desativar ou remapear com outras funções. Se você curte, ele sempre estará lá, mas se não curte, vai ser fácil ignorar, já que alcançá-lo é mais difícil por causa da localização.
Na borda inferior temos a conexão de 3,5 milímetros, que está cada vez mais escassa nos aparelhos de categoria topo de linha, mas a Motorola tem tentado se redimir por ter sido a primeira a remover essa conexão de seus smartphones lá no primeiro Moto Z, trazendo tanto no topo de linha do ano passado, como nesse modelo.
Por outro lado, a empresa cometeu um erro ao implementar um som mono no flagship da Linha G. Praticamente todos os lançamentos de topos de linha estão chegando com som estéreo. Até mesmo smartphones intermediários tem essa característica, inclusive smartphones da própria Motorola.
O que me deixou mais frustrado foi essa moldura superior da tela ser mais larga, dando a ilusão de que houvesse a necessidade de um espaço maior para abrigar um alto falante na região. Mas não foi dessa vez. De toda forma o som é bom, tem volume alto, mas é facilmente abafado pela mão enquanto jogamos ou vemos um vídeo.
Tela e desempenho
Mesmo eu não gostando dessas bordas em excesso que poderiam ser evitadas, a Motorola conseguiu fazer um bom trabalho na qualidade de imagem da tela do G100, um painel IPS LCD, que tem resolução Full HD+ de 1080 x 2520 pixels.
Ela tem uma proporção em 21:9, por isso essa resolução um pouco estranha. O Brilho é bom, dá pra usar tranquilamente sob a luz do sol e as cores são vivas e não distorcem nos cantos, como em aparelhos mais baratos da marca, mas ainda dá pra notar uma leve perda de qualidade no canto onde as câmeras frontais estão localizadas.
Ele também tem suporte ao HDR 10 e taxa de atualização de 90 Hz. Felizmente a Motorola manteve a opção de usar em 60 Hz, diferente do que fez no Edge Plus, após a atualização para o Android 11.
Seguindo para dentro do Moto G100, temos o Snapdragon 870. Esse processador é uma versão melhorada do Snapdragon 865, da Qualcomm, que foi lançado em 2020, mas isso não quer dizer que o chipset seja ruim.
Muitas pessoas tem a tendência de pensar que no momento que a atualização de um chipset é lançada, a outra automaticamente se torna obsoleta, o que é um erro. O Snapdragon 870, assim como o Snapdragon 865 dá muito conta do recado, possibilitando o uso dos mesmos aplicativos e jogos que rodam em um smartphone com o Snapdragon 888, também da Qualcomm.
Porém, o que faz o Moto G100 ficar à frente do Motorola Edge Plus em processamento é o ganho de performance em torno de 10%, com um clock máximo de 3,2 GHz, contra os 2,8 GHz do antecessor e a correção do problema de aquecimento, que ainda é presente no Edge Plus.
Jogando alguns títulos como Wild Rift e PUBG com gráficos no máximo possível, quase não percebi aquecimento do telefone, nem mesmo na região próxima das câmeras. Só mesmo com Genshin Impact, daí não tem como mesmo, o jogo é extremamente pesado e é ótimo em estressar o processador, para arrancar o máximo que o aparelho pode dar, mas nem assim eu senti o smartphone engasgar.
Bateria
A bateria do Moto G100 também é potente, com capacidade de 5.000 mAh e carregador de 20 W, que consegue encher a bateria em uma hora e quarenta e sete minutos, levando 45 minutos para chegar aos 50%.
O consumo em jogos ficou entre 20% e 25% por cento, com uma hora de jogatina e também na gravação de vídeo em 1080p. O tempo de uso para navegação foi o mais baixo, gastando somente 8% em uma hora em redes sociais, navegador e mensageiros.
No uso com o modo desktop foi mais difícil acompanhar o consumo, já que depende muito da aplicação que está sendo utilizada. Usando só app de streaming no Modo TV, por uma hora, ele consumiu 35% da bateria.
Modo desktop
Para os que ficaram na dúvida, o ideal é ligar o Moto G100 no modo desktop ligado ao carregador que vem na caixa, pois o tempo de recarga dobra e no USB da minha TV ele nem chegou a carregar.
Esse recurso, inclusive é uma novidade do Android 11. A primeira característica que pude notar é que, usando o aparelho como mousepad, a fluidez no G100 é maior, independente se está sendo usado em uma tela Full HD ou 4K. O ponteiro sempre dá uma engasgada no Edge Plus, enquanto o G100 flui como se tivesse manteiga.
Percebemos algumas travadas no Edge Plus com o uso dos mesmos apps testados no Moto G100, principalmente ligando o flagship do ano passado na TV 4K.
O uso do G100 no modo desktop é bastante simples, já que a Motorola disponibiliza um kit que traz um cabo com uma ponta HDMI e outra USB-C para ligar o smartphone na TV ou monitor, sendo possível conectar teclado e mouse via bluetooth para que a experiência seja a mesma de usar um computador.
A Motorola também tem um terceiro pacote que inclui um suporte para o smartphone com conector Type-C e ventilador para manter a temperatura baixa por mais tempo.
Infelizmente o Android não dá suporte a aplicativos como Photoshop ou editores de vídeos mais complexos, fazendo com que o uso do Moto G100 seja limitado apenas à planilhas e várias abas no Chrome.
Infelizmente, a Motorola tem deixado de lado as atualizações de seus smartphones, prometendo apenas a atualização para o Android 12. Nesse caso, se você é um usuário que curte ver funções como o Ready For chegando no seu smartphone, vai precisar trocar ele depois de dois anos.
O preço de lançamento do Moto G100, no kit básico que vem somente o aparelho era de R$3599 à vista no site da Motorola e R$3699 com o cabo HDMI para USB-C. Atualmente ele pode ser encontrado com facilidade por menos de 3 mil reais parcelado, o que fica um valor bem mais realista.
Lembrando que o kit “básico” ainda é um dos mais completos da categoria premium, trazendo carregador de 20W, cabo USB-C, fone de ouvido e capinha. Enquanto Samsung e Apple trazem somente o Cabo USB nos aparelhos da mesma categoria e com preços mais altos.
Claro que, temos a opção de escolher outras marcas que deem suporte a mais atualizações como Samsung, OnePlus e Xiaomi. Partindo para o final desse review, sempre há uma parcela do público que escolhe pagar mais caro para ter boas câmeras, mas infelizmente não é o que você encontrará aqui.
Câmera
As câmeras do Moto G100 foram um dos pontos mais mornos na minha experiência com esse telefone. Não que eu esperasse uma experiência igual a de um Galaxy S21, mas esperava que tivesse algo mais equilibrado com o Edge Plus, pelo menos.
Na traseira temos um conjunto triplo de lente, sendo o destaque para a principal de 64 MP. Essa lente faz boas fotos com boa e média luz, tem o quadpixel e faz vídeos razoáveis.
O conjunto tende bastante para cores quentes, deixando as fotos com tons mais amarelados, acentuando essa característica conforme o ambiente fica menos iluminado. Em fotos com o dia claro, céu limpo e muito sol, ele até dá conta do recado, mas não é sempre que fotografamos com essas condições, não é mesmo? Em vídeos, os destaques estão para o 6K 30 fps e 4K 60 fps, sendo que as demais câmeras se limitam a Full HD 30 fps.
A lente ultrawide tem 16 MP e apresenta bastante ruído nas áreas mais escuras da foto ou vídeo, decepcionando nesse ponto. Não é preciso muito para notar o quanto esse sensor é inferior ao sensor principal, o que decepciona. Como eu disse, era esperado que a Motorola se dedicasse a, pelo menos, igualar essa câmera ao Edge Plus, que ainda é inferior aos concorrentes.
Para completar o conjunto, a lente macro tem apenas 2 MP e é bem mais escura que as lentes principais. A Motorola com certeza percebeu isso e resolveu colocar um ring light em volta do sensor, solucionando tanto esse problema, como a situação crônica das lentes macro em qualquer outro smartphone: a sombra gerada pelo próprio aparelho ao fazer fotos tão próximas dos objetos.
O uso do flash comum sempre estoura e estraga a experiência, mas com essa solução o smartphone se torna uma boa opção para quem curte fazer documentário de insetos por aí. Completando o conjunto, o quarto sensor é um ToF 3D, para auxiliar nas fotos com fundo desfocado e no foco da lente principal e ultrawide.
Na frente, o Moto G100 traz duas lentes, sendo a principal de 16 MP, enquanto a ultrawide tem 8 MP e ângulo de visão levemente superior a lente traseira do mesmo tipo.
Se a experiência com as câmeras traseiras não animou, as fotos com as lentes frontais muito menos. Me lembram muito as fotos que costumamos obter com a linha intermediária.
O balanço de branco é ruim, se o ambiente não tem uma iluminação perfeita a foto fica escura demais ou estoura as luzes, ficando ainda pior na lente de ângulo mais aberto, que puxa tudo para um tom mais amarelado e apresenta ainda mais ruídos.
Num modo geral a câmera do Moto G100 é bem fraca, com essa tendência de ficar sempre em tons mais quentes, amarelados, que incomodam bastante.
Conclusão
A Motorola poderia sim ter se dedicado em entregar um smartphone completo, para ser o melhor custo benefício nacional e que todo brasileiro deseja. Mas indo contra as expectativas, ela traz um smartphone com corpo e câmeras de smartphone intermediário que consegue rodar todos os jogos com seu processador poderoso.
Corrige problemas como o aquecimento, posiciona melhor a entrada do fone de ouvido, inclui o modo desktop com vários tipos de interface, facilitando o uso conforme a necessidade e também tem um mimo com o público indígena, incluindo 5 idiomas nativos e prometendo inserir mais outros.
Porém, mesmo que seu preço esteja caindo gradualmente, ele ainda fica atrás do Galaxy S20 FE que possui as mesmas possibilidades que ele, só que com câmeras e construção muito superiores, e ainda custando menos.
João Barbosa diz
Eu sempre usei Motorola para uso básico eu prefiro mas para o 5G creio que há aparelhos mais avançados com tecnologia avançada Samsung S20 FE ouço muitos comentários positivos iPhone X11 sonho de consumo preço salgado!
Orlando diz
O S20 fe não chega nem perto em desempenho do G100, muito menos na bateria que é um problema crônico da Samsung que faz seus aparelho no dia a dia para trabalho com a necessidade de serem carregados de 2 a 3 vezes.
Sempre fui usuário da linha S, e estou mudando para motorola sem medo. Principalmente devido a Samsung não melhorar nunca a bateria, preços exorbitantes em aparelhos e agora resolvem tirar o carregador e o fone.