O Moto G8 Power é um dos mais novos intermediários focados em bateria da Motorola para 2020. A empresa decidiu tornar esse produto nichado o topo da linha G8 após boa resposta dos usuários na última geração e parece que ele vem para salvar a família, já que a primeira leva de equipamentos chegou bem fraca e confusa no final do último ano. Será que vale a pena considerar ele na sua próxima compra?
No final do ano passado, quando chegaram os primeiros aparelhos da oitava geração da linha Moto G, a Motorola deu início a uma espécie de reestruturação no posicionamento dos seus modelos.
Antes, o Moto G7 Power ficava no meio do caminho, um pouco melhor que o Play, só que com algumas características mais simples que o mantinham como um aparelho de entrada, o que causava uma situação estranha, onde o mais barato era uma opção melhor do que os mais caros, por conta da sua grande bateria, deixando o Moto G7 padrão num limbo, onde praticamente nunca valia a pena.
Agora não rola mais nada disso, o G8 Power passou a frente de todos os outros, se firmando como a melhor opção, não importando qual a característica que você mais valoriza, com exceção de uma que nós já vamos entrar em detalhes nesse review.
Construção e tela
A carcaça do G8 Power é praticamente igual ao resto da nova geração, todo feito em plástico e com as câmeras dispostas em forma na vertical, perdendo o design anterior arredondado.
A Motorola também manteve a entrada de fone de ouvido, algo que tem desaparecido aos poucos dos smartphones, exceto nesse segmento mais de entrada e intermediário, onde não dá para esperar que uma pessoa pague metade do preço do celular em um fone bluetooth.
Algo que me impressionou nessa questão de som foi o fato do G8 Power ter alto falantes estéreo. O som é até que bem balanceado entre os dois falantes, sem sair muito mais alto por baixo do que por cima, e a qualidade é satisfatória, sofrendo um pouco no grave, mas já está ótimo considerando que seus principais concorrentes possuem apenas uma saída e que ainda é bem fraca. Gostei bastante e é um baita diferencial para a sua faixa de preço.
O corpo em si é relativamente pequeno, no entanto, isso não o impede de ter a maior tela dentre os novos Moto G, alcançando 6,4 polegadas, e que também subiu para resolução Full HD, algo que era um ponto fraco no G7 Power.
Essa façanha foi possível graças ao abandono daquele entalhe em forma de U, optando pelo furo no canto esquerdo da tela, algo parecido com o que a Samsung anda usando e que consegue aumentar bastante a porcentagem de ocupação da tela.
Como o G8 Power utiliza painel LCD, as bordas em torno desse furo tiveram que ficar um pouco mais grossas, para evitar vazamentos de luz pelos cantos. A questão é que qualquer luz a mais nesta região poderia atrapalhar as fotos com a câmera frontal, deixando um esbranquiçado indesejável.
Além disso, as bordas no entorno da tela estão um pouco menores que no G7, mas ainda não são tão finas quanto vemos nos aparelhos da Samsung, o que pode ser um ponto negativo para o G8 Power, se você é uma pessoa que prefere telas que ocupem o máximo possível da frente do aparelho.
Por outro lado, a qualidade da tela não deixa a desejar. Ela tem a saturação um pouco diferente dos painéis AMOLED, um pouco mais realista talvez, mas ficando para trás em contraste e nos níveis de preto. É um típico painel LCD de um aparelho mais barato, mas também não tem nenhuma falha grave.
Desempenho e bateria
Pensando em hardware, a estratégia foi a mesma do ano passado, colocar o mesmo chip em quase todos os aparelhos, subindo do Snapdragon 632 para o 665 na linha G8. O novo chip aumenta bastante o desempenho do celular, que antes já era possível rodar praticamente qualquer coisa, e agora só melhora.
Para dar alguns exemplos de jogos, o Arena of Valor fica estável no alto, e o Call of Duty Mobile pode até chegar no muito alto, se você preferir. Além disso, os aplicativos vão abrir mais rapidamente, e ao subir de 3GB para 4GB de RAM, te permite manter um pouco mais de aplicativos abertos na memória.
A Motorola praticamente não tem uma interface própria, mesmo nessas versões que não utilizam o Android One, só colocando um aplicativo diferente aqui e ali e de resto é até mais básico que o sistema utilizado nos celulares da própria google.
Agora com o Android 10, só o Moto Actions são mesmo um diferencial, e ainda assim pequeno, já que a maioria das funcionalidades foram absorvidas pelo Android, ou implementaram algo melhor. A Motorola tem se mostrado uma das poucas empresas que ainda são opção para quem quer o Android mais puro possível.
No geral, esse chipset serve o G8 Power muito bem, tendo sido lançado no começo do ano passado, como uma versão ajustada do Snapdragon 660 – sem aumentar a performance, mas melhorando bastante a gestão de energia -, algo extremamente relevante para esse aparelho.
Isso porque, assim como no ano passado, o seu principal atrativo é a sua enorme bateria. São 5000mAh de carga, chegando a durar mais de 6 horas gravando e entre 12 e 13 horas de YouTube direto, com o brilho no máximo.
Claro que, quando comparados com o G7 Power, esses são valores um pouco piores, porém, a gente tem que lembrar que a tela agora é Full HD, e o desempenho subiu consideravelmente, e tudo isso vai puxar mais energia. Ainda é um resultado muito bom.
Porém, o carregador na caixa não acompanha toda essa quantidade e você precisa passar umas boas horas com ele na tomada, chegando a passar de duas horas e meia, mesmo com o turbo charger de 15W da Motorola.
Por um lado, isso pode ser melhor para a saúde da bateria, mas por outro, você provavelmente vai precisar deixá-lo carregando durante a noite, e é bom não esquecer, se não pode ficar sem o celular no começo do dia.
Câmera
Em câmeras, o G8 Power preferiu maior versatilidade contra melhor desempenho quando comparado com a linha Motorola One – Vision, Hyper e Zoom -, mas conseguiu superar o Moto G8 Plus, no geral. Na traseira, temos 4 lentes: principal de 16 megapixels, ultrawide de 8, zoom ótico de 2 vezes e uma lente macro.
Como já falei em outros vídeos da marca, a Motorola tem uma tendência estranha de deixar a pré-visualização das fotos pior do que o resultado final. Isso passa uma impressão ruim para quem está manejando o celular, mas mesmo depois do processamento dá para ver que elas são de um intermediário.
Outro problema comum à todas as lentes foi na dificuldade em focar direito no que eu queria, sempre demorando alguns segundos para acertar. Tive um pouco de problema também em alguns momentos onde a câmera decidiu focar em outra coisa aleatória.
A única câmera que pode ficar acima da média da concorrência é a ultrawide, que em outros aparelhos mais baratos costuma perder bem mais qualidade em comparação com outras lentes. Ela ainda perde um pouco de cor, e não espere bons resultados em fotos de noite, mas fora isso, fica bem próxima da câmera principal.
Também sem muitas novidades na câmera zoom de 2 vezes que é praticamente nada nos dias de hoje, com a mesma qualidade mais ou menos, mas aqui temos outra diferença, pois é ela quem faz as fotos com o desfoque.
Por conta disso, ela se aproxima bastante da pessoa ou do objeto quando você muda para esse modo, o que deixa a pessoa com a cara mais cheia, mas você perde um pouco da qualidade de foto, e, para ser bem sincero, o recorte não é nem um pouco legal.
Nem aqui, nem no desfoque com a câmera frontal de 16MP, que também, merecia um HDR um pouco melhor. Aliás, ela não é exatamente uma câmera ruim, e conseguiu um pouco mais de texturas do que qualquer Samsung que adora me deixar um boneco de cera, mas realmente, se está muito claro ele pode errar um pouco em HDR, mostrando que o sensor do G8 Plus ou do Vision, de 25MP são realmente melhores.
Voltando para as lentes traseiras para falar sobre vídeo, temos um ponto interessante: o sensor principal já grava em 4K e com uma estabilização boa. Além disso, o aplicativo de câmera é bem legal, com várias funcionalidades úteis, como o disparo por gestos, e alguns modos novos, como o destaque de cor.
Para resumir essa história toda, o G8 Power não tem o melhor sensor principal ou frontal pelo preço, mas tem uma consistência melhor entre câmeras do que outros modelos da marca, que tem menos opções ou algumas trocas estranhas, como a ultrawide que não tira foto no G8 Plus.
Por aqui, você consegue fazer algumas transições de cena que vão agradar o usuário que só precisa de um intermediário mesmo, e tomara que a Motorola corrija um pouco dessa dificuldade de foco em atualização posterior.
Conclusão
Seria muito difícil não colocar o Power como o melhor intermediário barato do mercado hoje, mesmo que suas câmeras não sejam realmente as melhores. Mas pelo menos, esse não era o foco por aqui, e sim bateria, onde ele vai bem.
Se a empresa promete uns 2 dias de uso, dá pra confirmar que sim, ele pode chegar nessa marca. Sabendo disso, o Snapdragon 665, boa bateria, tela legal, cameras razoáveis e preço competitivo fazem desse uma opção que realmente deve estar na lista de quem quer um intermediário, principalmente se ele cair mais de preço abaixo dos 1200 reais.
No passado seria fácil dizer que isso aconteceria nos próximos meses, mas o aumento do dólar deixa tudo isso bastante incerto e ressaltamos que você deve aproveitar caso ele apareça em alguma promoção boa.
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