A linha G, da Motorola, sempre foi querida pelo público. O Moto G85 é a aposta da empresa para tentar competir contra o A55, da Samsung, Redmi Note 13 Pro da Xiaomi e mais alguns intermediários do mercado. Será que, sob a liderança da Lenovo, a linha G consegue brigar como uma igual no mercado intermediário? Fica comigo que eu te conto tudo no review do Moto G85.
Motorola Moto G85 5G
- Processador Snapdragon 6s Gen 3
- 128GB com 8GB de RAM e 256GB com 8GB e 12GB de RAM
- Tela: Super AMOLED de 6,67″ (1080 x 2400px)
- Câmera principal: 50MP (f/1.8) + 8MP (f/2.2)
- Câmera selfie: 32MP (f/2.4)
- Bateria: 5000 mAh
- Android 14
Construção e design
Esse ano o design do Moto G85 continua bem próximo da linha Edge, da Motorola, com algumas edições focando no couro vegano, mas a nossa unidade é toda em plástico, com a região das câmeras polida, enquanto todo o resto segue fosco.
Ainda sobre esse módulo de fotografia, dá para notar que a empresa colocou dois anéis numa cor acobreada para dar mais destaque para essa área, enquanto a logomarca da Motorola e as inscrições estão na cor prata.
Tudo isso ornou muito bem com o tom grafite do celular e lembrou do finado Moto X, que permitia personalizar esses detalhes no site da fabricante.
Está claro que o foco da subsidiária da Lenovo tem sido o design dos aparelhos e até conseguimos distanciar essa linha dos smartphones da Realme, Xiaomi e outras chinesas, que usam traços bastante semelhantes.
O smartphone também é leve e fino, o que ajuda muito na pegada, mas as laterais de plástico me preocupam, porque na minha experiência, essa área costuma riscar e descascar bastante com esse tipo de material. Porém, só o tempo dirá se estou certo ou errado e eu espero muito estar errado.
Agora, uma coisa interessante e que eu achei que foi pouco divulgado, desde o G84, é que esse smartphone pode usar um Dual-SIM com um chip físico e outro virtual, o chamado e-SIM.
Como ele tem dois IMEI, você vai ter que decidir se ativa duas linhas no chip virtual, ou faz esse uso híbrido, que funciona de qualquer forma.
Mas, voltando a falar de construção e detalhes de projeto, mesmo com o mercado seguindo para smartphones com linhas retas, sem curvas suaves e com quinas bastante acentuadas, o G85 segue o caminho oposto.
Tanto a tampa traseira, como a tela, fazem uma curva no encontro com a lateral do aparelho, que tenta trazer um pouco desse padrão chapado, mas que some diante de tantas curvas.
Mais uma vez, eu gosto da Motorola estar indo contra essa maré, porque isso está permitindo ela gerar sua identidade mais uma vez, assim como foi na época da linha X e linha Z, que tinham o módulo tampa de bueiro para as câmeras e a pílula como sensor de digitais.
Tela
Além de ser curvo, esse painel frontal traz algumas outras especificações boas, como painel P-OLED, 120 Hz de taxa de atualização, 1.600 nits de brilho e um bilhão de cores, com 6,67 polegadas e resolução 1080 x 2400 pixels, que resulta em 395 ppi.
Na geração anterior tínhamos um painel muito semelhante, mas um pouco menor e menos brilhante, com 6,5 polegadas e 1.300 nits.
A qualidade e as cores da tela estão realmente boas, além da tela curva não apresentar distorção nas cores, o que era muito comum em telefones mais antigos.
Com a tecnologia das telas dobráveis avançando, a qualidade do painel está muito melhor que há três ou quatro anos.
E, para quem está se perguntando o que uma coisa tem a ver com a outra, é que para fazer essa curva nas laterais, o painel usado por baixo do vidro é o mesmo usado nos telefone dobráveis. E a diferença é essa mesmo, a cobertura sobre o OLED.
Que, por aqui é o Gorilla Glass 5. Eu penso que já poderia ser o Gorilla Glass Victus, mas, como o foco desse cara é ser mais barato, ainda dá para aceitar.
Eu só senti falta de uma certificação Dolby Vision, ou de um HDR10, que melhoraria ainda mais a experiência que é boa, porém, a Motorola resolveu cortar gastos onde não devia.
Desempenho e bateria
Outro ponto que a empresa não poderia ter economizado era na parte de processamento, mas parece que foi isso que aconteceu.
Não sei se você sabe, mas o mercado de chips está com uma mania muito feia de renomear processadores antigos, para deixar coerente com a linha mais atual.
Algumas vezes eles fazem isso mudando algum processo de fabricação, melhorando RAM, ROM ou até mesmo a litografia dos chips, mas não parece que é o caso do Moto G85.
Se você não está ligado no que eu estou falando, o assunto é o seguinte, o Moto G84, de 2023 veio com o Snapdragon SM6375, mais conhecido como 695 5G, com 2 núcleos Kryo 660 de 2,2 GHz e seis núcleos iguais, com frequência um pouco menor, 1,7 GHz.
E, o smartphone de 2024 foi lançado com um suposto novo chip, o Snapdrago 6s Gen 3, que tem o código interno de SM6375!
Ou seja, a Qualcomm manteve o mesmo SoC, com um nome diferente, o que quer dizer que a Motorola lançou duas vezes o mesmo aparelho, com algumas melhorias simples, que se resumem às telas, que eu citei antes, porque nessa parte de processamento, tudo permanece igual.
Aliás, temos mais uma diferença, que agora o G85 também traz opção de 128 GB de armazenamento, enquanto o G84 partia dos 256 GB, com 8 GB ou 12 GB de RAM.
Essas últimas opções aparecem também no G85, mas isso também causa outro conflito, que é o preço. Mas eu detalho isso mais na frente.
Falando então da performance desses smartphones, o G84 e o G85 vão desempenhar da mesma forma e, fica difícil recomendar o modelo de 2024, se o de 2023 faz as mesmas coisas.
Para rodar SpeedStorm, o aparelho mais novo deu muito problema, congelando o jogo muitas vezes e forçando a reinicialização.
Nos demais jogos ele foi como esperado, com gráficos bem fracos e performance razoável, mas nada que salte aos olhos. Pelo contrário, o Genshin Impact ficou bem ruim de jogar, pela má qualidade gráfica. Porém, deu para fazer algumas batalhar sem o smartphone travar, ou congelar o jogo.
O novo Asphalt rodou bem, mas a taxa de quadros ficou baixa e, por falar em quadros por segundo, o LoL está configurado para 120 fps, mas ficou travado nos 90 fps, o que é ruim, porque mostra que o SoC não dá conta de usar todos os recursos disponíveis no aparelho.
Entretanto, o gasto energético está bem controlado, já que o SoC não exige tanto dos 5.000 mAh de bateria.
Foram 10% em uma hora de gameplay com Asphalt, 17% no Wild Rift, 13% no SpeedStorm e 14% com Genshin Impact.
No uso comum, como YouTube e redes sociais ele foi ainda mais econômico, com 5% e 7%, além dos 17% por hora de vídeo, já que o smartphone não faz vídeo em 4K, o que é um problema para quem quer apostar num smartphone para filmar.
O que eu não gostei foi o tempo que o carregador de 33 W demorou para completar a recarga, precisando de 1 hora e 45 minutos. Smartphones com carregadores menos potentes conseguem tempos melhores, como os da Samsung, com a fonte de 25 W.
Câmeras
Agora, voltando a falar de câmera, não só o sensor principal grava em apenas Full HD, como a ultrawide e a lente frontal, graças a uma limitação de hardware. A Qualcomm poderia ter dado um jeito de resolver isso com a mudança de nome do SoC.
No conjunto, a Motorola colocou 50 MP na principal e 8 MP na ultrawide, com autofoco, para fazer macro também. A frontal vem com 32 MP, porém, por padrão, as fotos são registradas em 8 MP, com o quad-pixel em ação.
O HDR não funciona bem e o balanço de branco está um pouco estranho, então, nada de tentar fazer fotos contra uma fonte de luz, ou em lugares muito iluminados, porque isso vai enlouquecer o G85.
Eu fiz algumas fotos e o resultado está bastante ambíguo, por causa desses problemas que eu acabei de citar.
Tentando deixar as fotos bonitas, as fotos ficaram bastante saturadas e artificiais, bastante diferentes do real. Algumas vezes ele também escurece muito o assunto principal, para favorecer o plano de fundo.
Para um smartphone que custa quase R$ 2.000, ele deveria oferecer um conjunto fotográfico melhor.
Conclusão
Mas, com isso eu vejo duas situações distintas: a Motorola não investe tanto na linha G, como ela tem investido no Motorola Edge, porém, se eles fazem isso, o G85 pode competir com o próximo Edge intermediário.
No ano passado tínhamos o G84 e o Edge 40 Neo, que eram praticamente o mesmo celular, com processadores diferentes. Esse ano também vemos uma situação parecida, com o Edge 50 Fusion copiando o mesmo design do G85, porém, com o Snapdragon 6 de primeira geração aqui no Brasil.
O ruim dessa estratégia confusa da Motorola é que o Moto G85 está R$ 1.800, tanto no canal oficial da Motorola, quanto no varejo online. O Edge 50 Fusion, que é bem próximo, sai por mais de R$ 2.400.
E, sabe o que piora ainda mais para a subsidiária da Lenovo? Ainda é possível encontrar o G84 à venda no mercado. Sim, ele ainda está a venda e por menos de R$ 1.400. Uma boa diferença entre a geração passada e a atual.
E, mesmo que eu tenha comparado o Moto G85 com o Edge 50 Fusion e Moto G84, da própria Motorola, também preciso lembrar que esse hardware é inferior a vários smartphones das concorrentes diretas, como o Redmi Note 13 Pro e o Galaxy A25. Também poderia citar o Galaxy A55, por estarem na mesma faixa de preço, mas daí seria bater demais do Motorola.
Se esse modelo cair para uns R$ 1.200, nos próximos meses, ele vai ser um bom smartphone para comprar. A tela dele é a mais bonita que temos em um intermediário até o momento, mas faltam tecnologias, como o HDR10+ ou Dolby Vision.
Ele é todo em plástico, enquanto concorrentes já usam vidro, metal e o A55, que eu estive evitando durante esse review, traz IP67, junto do A35, que também é um concorrente de peso para o G85.
Se o Moto G85 tivesse sido lançado no ano passado, ou em 2022, ele seria um ótimo intermediário, mas, veja só, ele foi. Só vai valer a pena pegar esse cara se o G84 sair de linha e ele ficar na mesma faixa de preço ou menos.
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