Depois de muito tempo – quase dez anos – sem nenhum lançamento, a Motorola voltou ao mercado de tablets, e trouxe em Janeiro para o Brasil o Moto Tab G70, um modelo com tela 2K, um processador mais intermediário e um design bem elegante. Pra qual público ele faz sentido, e por quanto? A gente passou um dias com ele e te conta o que achou nesse review.
Motorola Moto Tab G70
- Processador Helio G90T
- 64GB com 4GB RAM
- Tela de 11″ 60Hz (1200 x 2000 px)
- Câmera de 13MP f/2.2 (traseira) e 8MP f/2.0 (selfie)
- Bateria de 7700 mAh
- Android 11
Não é por acaso que a Motorola escolheu Janeiro para lançar seu novo tablet, já que a ideia é que o Tab G70 seja um equipamento pensado para as aulas online e também para o consumo de conteúdo.
Nada tão avançado ou caro, a ideia é que ele seja um equipamento custo-benefício, e até por isso ele entra no guarda-chuva da linha Moto G, que pode ter mudado no último ano, mas sempre foi a linha da Motorola voltada a entregar algo bacana cobrando pouco.
Construção e design
Aliás, no quesito entregar algo bacana, não dá pra não começar falando do design dele. E caramba, como a Motorola acertou na construção. A traseira, que mistura alumínio com um material com pegada mais áspera, meio aveludada, é muito elegante.
A gente recebeu para testes o modelo na cor verde e a pegada fosca, que atrai poucas marcas de dedo, e um módulo de câmera simples sem nenhuma invenção estética me agradaram demais. Aliás, poderiam servir de inspiração pra próxima linha Moto G, não acham?
Nas laterais, os botões são bem discretos e não tão saltados, o que eu achei ótimo. Você quase nem percebe a presença deles ali, e a altura não faz com que ele fique meio solto, como um celular intermediário, por exemplo.
Ainda tem os quatro alto-falantes que ficam nas duas laterais, dois microfones que ficam centralizados e próximos à câmera frontal para te ajudar em vídeo-chamadas.
Ele foi pensado para ser usado na horizontal, até por isso a câmera fica nessa posição centralizada, para que você não precise fazer esforços pra se enquadrar enquanto faz uma chamada de vídeo. Na outra ponta tem a entrada com pogos, para uma futura capa com teclado. Isso, aliás, é algo que ficou no ar se a Motorola vai trazer, mas eu falo disso depois.
Porque eu ainda preciso falar da parte frontal deles. É de se esperar que tablets tenham mais bordas que um smartphone comum, mas aqui elas tem um tamanho bem adequado, nem tão pequeno que não dê espaço pra segurar e nem tão grande pra comprometer a experiência.
Tela
Mas eu preciso mesmo falar do quanto eu gostei da tela do Tab G70. Com suas 11 polegadas e resolução 2K, ela talvez tenha sido uma das melhores que eu já vi em um dispositivo móvel da fabricante. A proporção é de 5:3, bem próximo do 16:9 das TVs.
Não é aquele LCD que escurece as bordas, além de ter uma calibração de cores bem equilibrada, nem lavada e nem saturada demais, mas dá pra alterar isso nos modos de cor e deixar mais vibrante.
Eu mesmo me senti muito confortável em assistir vídeos mais longos e até Netflix nessa tela sem a fadiga que eu costumo sentir vendo streaming fora da TV. Só não conte com taxa de atualização alta por aqui, até porque nem é essa a intenção dele. Então os 60Hz aqui fazem sentido.
Inclusive, a Motorola aposta tanto nessa tela que aqui tem o Google Entertainment Display, que concentra seus aplicativos de vídeo e mídia. Muito melhor do que aquele feed de notícias, aqui você consegue pesquisar e navegar com mais facilidade por conteúdos em vídeo e também em jogos.
Eu não posso deixar de falar no único recurso que vem escrito no próprio Tab G70, que é o suporte ao Dolby Atmos. Somado aos quatro falantes, a experiência de áudio fica muito boa. Ponto pra Motorola aqui!
É confortável para ouvir música, ver filmes e ainda na barra de tarefas dá para escolher a melhor equalização de acordo com o que você estiver consumindo de conteúdo. O som não distorce em volume máximo e cada preset joga o foco para um lado, seja a voz, ou um som mais encorpado, mas sempre com equilíbrio entre os graves, médios e agudos.
Acessórios de fábrica
Aqui finalmente faz sentido falar do que vem na caixa. Aliás, sejamos francos, a Motorola vem resistindo bem a esse “minimalismo” das fabricantes, que só mandam o celular e um cabo. Eles capricharam aqui, porque além do tablet, vem uma capa folio, daquelas parecidas com os iPads mais antigos, que se conecta de forma magnética ao Tab G70.
Ela não conta com teclado e, no evento para os jornalistas e influenciadores que apresentou o modelo, eu senti a Motorola meio reticente, esperando a reação dos consumidores antes de trazer mais acessórios, e aqui vai a minha opinião pessoal que tablet sem teclado perde muito da funcionalidade, e é um acessório que não pode faltar.
Além da capa, outra adição bem vinda foi a película protetora da tela. Sim, por melhor que seja a tecnologia do display, ele é feito de vidro. E vidro quebra, arranha e risca, então qualquer camada a mais de proteção vai bem. Só poderia ter sido pré-aplicada, né? Nem todo mundo tem a destreza necessária pra aplicar película sem deixar bolhas ou errar a posição.
E ainda sobre o que vem na caixa, a gente está se surpreendendo de ver ainda chegarem carregador e cabo USB Tipo-C em uma das pontas. E aqui o carregador é de 20W, que vai carregar mais rápido esse carinha aqui com seus 7700 mAh.
Desempenho e software
A primeira coisa que eu fiquei curioso enquanto conhecia o Tab G70 era o seu desempenho, especialmente quando a Motorola falou que ele teria o Helio G90T como chipset, que não é lá tão novo e tem performance perto do Snapdragon 730. Afinal, ele dá conta exatamente do que? Ainda mais vindo combinado com 4GB de RAM e 64 GB de armazenamento interno, mas com espaço para cartão microSD.
E essa dúvida veio porque no último ano a empresa deu uma turbinada na linha Moto G, que passaram a usar chipsets de topos de linha, ou topo de linha de entrada, e ganharam mais funções, como o Ready For – que faria sentido aqui – e mais memória interna.
Mas aqui a empresa adotou um tom mais conservador, e é de se imaginar que ela prefira estudar o mercado , ainda mais depois de tanto tempo depois do seu último lançamento, o Motorola Zoom 2, lá de 2012.
A resposta é que o Helio G90T ainda dá conta da maioria dos aplicativos da Play Store, mas sofre um pouquinho quando a exigência é maior, como num Genshin Impact, que ele precisa baixar a taxa de quadros para poder rodar.
Dá pra perceber algum lag, mas não deixa a experiência de jogo impossível. Mas dá pra rodar um Asphalt 9 ou Call of Duty com gráficos no médio sem sofrer tanto. É muito pessoal, mas eu não penso num tablet pra jogar, porque em algum momento minha mão vai cansar de ficar segurando algo mais pesado, mas se a ideia é jogar, minha dica é escolher títulos menos pesados ou diminuir os gráficos.
Pra quem gosta de números frios, foram 281 mil pontos no Antutu Benchmark, e no Geekbench ele fez 483 pontos no Single Core e 1532 no Multi Core.
Eu falei de jogos e de números frios, mas sendo bem prático, ele vai cumprir muito bem as funções do dia a dia, como ver redes sociais, assistir a streaming e ainda algumas tarefas corporativas mais simples, como documentos, planilhas e e-mail e ainda vai guardar energia, porque seu processador tem essa característica. Acho que merecia mais memória RAM, mas entendo o foco total no custo-benefício.
No software, a Motorola já explica que ele vem com Android 11 de fábrica com promessa de Android 12 e dois anos de atualização de segurança. Eu sou um crítico dessa medida da Motorola especialmente pelo fato de ela ter o Android mais próximo daquele pensado pelo Google.
Ele tem reconhecimento facial, mas não tem sensor de impressões digitais. Aliás, fazer o sensor encontrar o seu rosto para desbloquear não foi tarefa das mais fáceis. Várias vezes ele desistiu e pediu o PIN.
Outra coisa que a gente reparou nesses dias de teste é que a interface não está tão parecida como a que a gente vê nos celulares. E por que? Porque o Moto Tab G70 é uma adaptação do Lenovo P11 Pro, e eu já explico como a marca vai trabalhar os dois modelos.
Por outro lado, como infelizmente acontece no mundo Android, nem todos os aplicativos se aproveitam dessa tela maior. O Facebook, por exemplo, usa a mesma interface da versão pra celulares, apenas colocando duas barras cinzas enormes para completar a tela.
E talvez isso já seja motivo para empurrar vários usuários para os iPads, já que os aplicativos estão mais otimizados por lá e há um sistema operacional próprio pra isso. Mas não tem iPad no preço de Moto Tab G70, então quem quiser um tablet pagando pouco, tem que lidar com essa falta de otimização dos aplicativos.
Câmeras
Eu deixei esse tópico por último porque é até complicado falar de câmeras e tablets, porque na prática, eles nem precisavam tirar fotos. Mas elas estão lá, só que não espere muita coisa.
É um conjunto simples: 13MP na traseira e 8MP na frontal, e assim, a câmera traseira tem algumas dificuldades de foco, apesar do flash e do HDR, mas o que vale mesmo num tablet é a câmera frontal, e ela vai bem naquilo que ela precisa, que é ser um apoio pra você fazer uma chamada de vídeo.
Ela vai ser quase aceitável em boas condições de luz, mas vai sofrer com perda de detalhes em ambientes fechados não tão bem iluminados, e fazer vídeo com ela não vai te oferecer uma qualidade tão legal.
Conclusão
O Moto Tab G70 é um irmão do Lenovo P11 Pro, e vou explicar melhor como vai funcionar. O tablet da Motorola vai ser vendido exclusivamente nos canais de venda da fabricante, enquanto o modelo da Lenovo será vendido no varejo em geral.
Por fim, é bom saber que a Motorola voltou para um mercado que estava bem restrito apenas a Samsung e Apple. E é bom que a linha Galaxy Tab A tenha, por exemplo, um concorrente com a qualidade do Moto Tab G70.
Porque ele é realmente muito consistente, podendo ser um bom competidor para o Galaxy Tab S6 Lite. O conjunto chipset e RAM é satisfatório, ele tem um design realmente marcante e acessórios na caixa que ajudam de verdade o usuário. Mas o preço ainda não ajuda.
A gente testou a versão Wi-Fi, que sai por R$ 2399, enquanto a 4G custa R$ 2599. Ele ainda precisa cair um pouquinho de preço para fazer sentido, mas a Motorola tem o costume de abaixar bem os preços dos smartphones depois de algum tempo do lançamento, e a gente espera que aconteça isso com os tablets.
Elaine Bertin diz
Bom Dia! Motorola Tudo Bem Estou Com Problema Com Tablet moto g70 Toque Fantasma 👻 Não Sei o Que Fazer o Tablet Está na Garantia….