O Motorola One Hyper é, de certa forma, o topo de linha da Motorola. Ele é o primeiro aparelho vendido em território nacional a trazer a câmera retrátil, junto de um corpo que chama atenção. Depois dessa queda vertiginosa de preço que ele sofreu, será que vale a pena?
Motorola One Hyper
- Processador Snapdragon 675
- 128GB com 4GB de RAM
- Tela: IPS de 6,5″ (1080 x 2340px)
- Câmera principal: 64MP (f/1.9) + 8MP (f/2.2)
- Câmera selfie retrátil: 32MP (f/2.0)
- Bateria: 4000 mAh
- Android 10.0
Construção
A Motorola foca bastante nas capacidades de câmera do One Hyper, mas para mim, o seu ponto mais forte é a construção. Para começar, passe longe daqui se você não gosta de smartphones grandes, já que esse é o maior modelo da linha One.
São 6,5 polegadas num corpo de proporção 19,5:9. Felizmente, as faixas pretas no entorno da tela são menores do que de costume para a marca, o que ajuda a aliviar um pouco a pegada, mas nem tanto.
Algo que geralmente é bem fraco nos aparelhos da Motorola nessa parte externa é o som, com alto falantes de volume alto mas sem qualidade. Isso continua aqui e também temos entrada para fone de ouvido.
Houve também uma certa economia nos materiais da construção. Ao contrário do Motorola One Zoom, que era de vidro, aqui o corpo é de plástico reflexivo, bem similar ao que vimos no Galaxy A50.
A aposta aqui para aumentar o valor aparente foi no design extravagante que certamente faz com que o Hyper seja o aparelho mais chamativo da marca. Além de uma variedade interessante de cores, e o degradê, popularizado no ano passado.
O corpo traz também uma estampa – tendencia que deve pegar em mais aparelhos de 2020 – que vai de uma ponta a outra, terminando no logo mais discreto que eu já vi em um Motorola.
Na outra extremidade do desenho, o nicho da câmera é bem saltado e comprido, feito num material diferente, adicionando mais texturas e mais camadas ao aparelho. Para complementar, no centro, um circulo de LED sinaliza notificações e adiciona um ar futurístico ao Motorola One mais estiloso até o momento.
Só que, se existisse um prêmio de celular mais bonito que fica mais feio com a capinha, o Hyper seria o campeão disparado. Toda essa complexidade é bem legal, mas eu achei que ficou muito estranha, principalmente por um calombo que tira todo o charme.
Mas esse espaço não é assim sem motivo nenhum, porque ali fica a câmera retrátil, junto de todo seu sistema mecânico. Para quem não conhece, isso significa que o celular tem um pequeno motorzinho controlando a câmera frontal, revelando ela quando você precisa, e escondendo nos demais casos. Ele não precisava ter essa parte mais grossa que o normal, já que outros aparelhos com sistema similar costumam ser lisos.
Aliás, acho que vale comentar um pouco mais a fundo sobre a durabilidade desse mecanismo. O primeiro celular assim foi lançado há quase dois anos, e desde então, algumas marcas adaptaram algo parecido ao seu repertório. Nesse tempo todo, as reclamações de problemas com a câmera foram mínimas.
Mas o Hyper em específico, tem um ponto que me incomodou bastante. Por algum motivo, quando você desliga a tela do aparelho, a câmera demora muito para descer, até mais que o Xiaomi Mi 9T, que eu já achava que poderia ser mais rápido.
É fácil visualizar porque isso pode ser um baita problema. Você tira uma selfie, desliga o celular, vai por ele no bolso e ele enrosca ali porque a câmera nem começou a descer ainda. Deixá-la exposta assim é um risco desnecessário, que eu espero que a Motorola consiga arrumar em uma atualização futura.
Até porque, nas outras situações, como numa emergência quando o aparelho cai, a velocidade fica dentro de uma margem mais aceitável, então ela é capaz de ser mais rápida, só faltou um ajuste adequado.
Tela
Mesmo com esse tipo de risco, eu super recomendo celulares com câmera retrátil, já que por conta disso você ganha espaço na tela. O painel LCD IPS ainda é de boa qualidade, com boas cores, brilho bem forte e resolução de 1080 x 2340px, culminando no que para mim, é uma das melhores experiências para assistir uma série no Netflix.
Para melhorar, a tela podia ser AMOLED, uma mudança possível dentro dessa faixa de preço, mas isso é mais uma opinião própria, pois eu sei de muitas pessoas que não gostam muito das cores exageradas desse tipo de painel, e preferem o LCD.
Por conta dessa escolha, o leitor de digitais teve que ser físico e não pôde ir para debaixo da tela. Depois de passar um tempo utilizando ele, eu até fiquei com saudade da agilidade do leitor antigo, não necessariamente por conta da velocidade, só porque era mais prático colocar o dedo atrás.
Porém, hoje em dia, eu costumo utilizar o leitor facial com bem mais frequência, algo que o One Hyper, infelizmente, não trouxe. A câmera retrátil não seria motivo para impossibilitar esse tipo de desbloqueio, afinal, o próprio OnePlus 7 Pro consegue sem problemas. Mas optaram não incluí-lo, provavelmente para não estressar tanto o motor.
Câmeras
Agora sim, vamos falar das câmeras. O conjunto duplo da traseira traz uma lente principal de 64MP que utiliza a tecnologia quad pixel, e a ultra-wide de apenas 8MP. Aparentemente, não é possível tirar as fotos na resolução máxima por aqui, as escolhas são apenas entre 16 e 12, o que não é um problema, geralmente as fotos maiores não tem pós processamento tão bom, e o HDR tem que ficar desligado.
A qualidade é certamente boa, podendo ser até o melhor Motorola do momento, mas no escopo geral, as fotos são bem típicas de um aparelho intermediário. Apesar delas serem boas para capturar bastante luz, mostrando o ponto forte do quad pixel. E de noite, o Hyper tem o modo noturno com resultados razoáveis. As fotos ficam bem expostas mas os chiados são bem presentes por toda a imagem, e falta nitidez.
Onde a situação piora um pouco é na câmera ultra-wide, que perde ainda mais vida e definição do que é esperado desse tipo de lente.
A história melhora com a câmera frontal, de 32MP. Ela também trabalha com o quad-pixel, mas aqui você pode escolher livremente entre fotos de 32MP e 8MP. A qualidade é muito boa, principalmente por conta do pós processamento, que sempre deixa o rosto bem corado e sem pele de porcelana.
A temperatura acaba variando um pouco, indicando talvez uma inconsistência no reconhecimento de cena, mas ela costuma acertar e deixar seu rosto bem iluminado e definido.
Na hora de gravar, a lógica se mantém. É uma câmera boa, com suas limitações. Ele ao menos consegue gravar em 4K na traseira, e Full HD na frontal. O único problema é que a estabilização aparenta dar pequenos solavancos, principalmente durante filmagens mais escuras. Parece ser algum bug, então pode ser que depois desse review eles consigam arrumar.
Para concluir essa parte de fotografia, o Motorola One Hyper é um pouco mais limitado que o One Zoom, trazendo apenas duas lentes, mas tira fotos com mais qualidade. Ainda assim, é uma câmera de celular intermediário, e não conseguia de jeito algum competir com um Galaxy S10e que estava na mesma faixa de preço em seu lançamento.
Desempenho
Seus 128GB de armazenamento e 4GB de RAM são valores ótimos, mas que nós vemos desde o Motorola One Vision. O chipset Snapdragon 675 combina ainda menos com seu preço de lançamento, fazendo mais sentido agora abaixo dos R$1.700,00.
Ele tem um desempenho no meio do caminho entre o mais potente Snapdragon 730 e o mais discreto Snapdragon 636. É capaz, por exemplo, de rodar Fortnite no mínimo, enquanto que os mais populares como Call of Duty, jogo mais leve, chega quase no nível gráfico máximo.
A tela grande e sem obstáculos ajuda na jogatina também, mas acaba consumindo muita energia, e chega até a deixar o aparelho bem quente. Pelos nossos testes, todas as atividades consumiram mais do que o esperado para uma bateria de 4.000mAh com esse chip.
No Call of Duty mesmo, comecei a jogar com a carga cheia, e depois de 2 horas e meia ele estava abaixo dos 50%, provavelmente não aguentaria mais 2 horas de jogo, já que a bateria começa a ser consumida mais rapidamente depois desse ponto.
Algo que talvez compense esse uso exagerado é o tempo de recarga. O carregador enorme tem 45W de potência e utiliza um cabo USB-C nas duas pontas, igual ao Galaxy A70.
Para dar uma carga completa, ele precisou de pouco mais de 1 hora, e conseguiu mesmo carregar 70% em 30 minutos. Você então vai precisar levar o carregador para todo canto se você quiser jogar, mas pelo menos qualquer carga de 15 minutos já é o suficiente para você chegar em casa.
Felizmente no quesito software a Motorola voltou para o Android One com o Hyper, garantindo pelo menos duas atualizações ao aparelho, com praticamente a mesma experiencia de qualquer outro Motorola.
O Hyper já sai da caixa atualizado para o Android 10. Essa nova atualização trouxe melhorias interessantes para a usabilidade do aparelho, principalmente o tema escuro e gestos de navegação que fazem muito mais sentido.
Conclusão
O Motorola One Hyper é quase que o intermediário dos intermediários, cortando em algumas frentes para entregar mais em outras. A câmera é retrátil, mas o corpo é de plástico. O carregador é super potente, mas a bateria poderia ser melhor. E as câmeras estão entre as melhores entre os celulares da Motorola, mas no geral, sem nenhum grande destaque.
O preço de lançamento, como sempre, foi bem mais alto do que deveria. Agora que ele está em um valor mais competitivo, pode ser um aparelho bem legal para quem quer algo um pouco diferente. E vai por mim, a tela sem entalhe vale muito a pena.
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