Existia um buraco no mercado de intermediários mais potentes aqui no Brasil, daqueles capazes de rodar tudo no alto, por um precinho “mais camarada”. Felizmente, os lançamentos quase que simultâneos do Samsung Galaxy A50 e do Motorola One Vision adicionaram dois ótimos smartphones a essa lista, que apesar de terem desempenho e preço bem próximos, contam com outras características bem diferentes. Qual deles é o ideal para você e qual é o melhor celular? É o que vamos ver no review de hoje.
Design e tela
Para começar, temos uma divergência até que grande na construção de cada um. Ambos estão naquele formato mais arredondado, só que o One Vision sai na frente ao trazer vidro de verdade na traseira, enquanto o Galaxy A50 economiza ao optar por um polímero reflexivo, que lembra vidro, mas não é.
O aparelho da Motorola também é mais grosso e aparenta ser mais comprido, por conta de sua proporção 21:9, formato que pode aparecer a partir daqui com maior frequência. Esse formato mais esticado ajuda a manter a pegada próxima a de um celular pequeno, que eu gosto bastante, mas com um ganho de espaço vertical para redes sociais, leitura na web e esse tipo de coisa. Outro ponto interessante é o fato de alguns filmes e trailers ocuparem toda a tela.
Só que, comparando lado a lado com o Galaxy A50, na proporção mais tradicional de 19:9, a área útil para os aplicativos não adaptados é bem menor e como esse é um caso recorrente, principalmente em jogos, começam a aparecer barras pretas nas laterais do One Vision. O mesmo vale para vídeo de YouTube e séries do Netflix que são 16:9 em sua maioria.
Outro ponto que pode dividir opiniões é no entalhe do A50, contra o furo direto na tela do One Vision, parecido com o que você encontra no Honor View 20, popularizado por aqui pela própria Samsung, que dessa vez optou por não utilizar essa alternativa para o notch do próprio aparelho. De qualquer forma, você se acostuma rápido com os dois, e nenhum costuma atrapalhar algo na tela, mesmo no Vision, que tem o contorno bem mais grosso que o normal.
Um ponto de vantagem para o A50, na minha opinião, é na tecnologia utilizada. O Amoled não só tem um nível de contraste maior, como permite o desbloqueio direto na tela, feito aqui por uma câmera que lê a sua digital.
Apesar de interessante e prático, essa técnica ainda está dando os primeiros passos e além de demorar mais do que o normal, ainda falha bastante. São poucas as vezes que a leitura vai de primeira. Já o sensor físico, utilizado pelo One Vision, pode estar ficando antiquado, mas está num nível de maturidade maior, que te dá a certeza de sempre funcionar. A melhor opção no Galaxy A50 acaba sendo liberar a tela utilizando o desbloqueio facial, que pode não ser um método super seguro, mas funciona muito bem nos dois aparelhos.
A última diferença mais significante na construção fica na qualidade do áudio externo. Apesar de nos dois casos o posicionamento ser igual, apenas na base do aparelho, temos muito mais definição no alto falante do Motorola One Vision. Não é nada sensacional, mas como o Galaxy A50 é muito ruim, a distância entre os dois fica aparente.
Chega a ser estranho estar tão ruim, principalmente comparado com os celulares Galaxy do ano passado, só que na verdade, o que aconteceu foi uma mudança nas prioridades da Samsung, começando nessa ultima geração. O foco passou para características mais populares, cortando custos nos detalhes que um número menor de pessoas valoriza, como o áudio.
Hardware e software
Um desses enfoques passou a ser o desempenho, um aspecto do celular que realmente precisava de mais atenção nas duas marcas.
Entre o A50 e o Vision, praticamente não existe diferença de desempenho, já que os processadores são os Exynos 9610 e o 9609, respectivamente, sendo que a única diferença fica na velocidade total do processador, reduzida no 9609.
Essa diferença é tao pequena que os resultados em uso real são praticamente os mesmos. Dá para jogar Asphalt 9 no alto, o PUBG já te joga pro alto também, e não tem nenhuma queda de frame em Arena of Valor ou em Grand Chase, que costumam ter muitos efeitos e jogadores na tela ao mesmo tempo. Os dois modelos até chegam a esquentar um pouco mais que a média, mas nada preocupante, e o desempenho não parece cair com o tempo.
O Motorola leva vantagem no tamanho do armazenamento. Ele tem uma opção única de 128 GB pelo mesmo preço dos 64 GB do Galaxy A50. As opções que chegaram foram só essas duas mesmo, o que deixa o One Vision muito mais atrativo, mesmo que 64 GB seja o suficiente para a maioria das pessoas.
Além disso, por fazer parte do programa Android One, o Motorola tem uma interface bem perto do padrão stock e a garantia de receber mais duas versões Android, bem como 3 anos de atualizações de segurança. Apesar de a velocidade de atualização ser um ponto de compra importante para muita gente, ao utilizar sistemas mais completos, eu senti o Motorola One Vision meio vazio, sem muitos recursos. Eu gosto bastante do Moto Ações, mas achei a interface no geral meio engessada na hora de customizar.
Nesse ponto, eu preferi a One UI do Galaxy A50, que está bem legal. Infelizmente, por ser nova, não dá para saber se ela irá se manter com bom desempenho ou começar a engasgar dentro de seu próprio peso em alguns meses.
Uma coisa que ficou de fora do Galaxy A50 foi o NFC, impedindo o usuário de utilizar alguns recursos como o Samsung Pay. Por outro lado, falta a TV digital no One Vision, que muita gente gosta.
Bateria
O que não tem discussão é na bateria. O Galaxy A50 tem carga de 4000 miliampere-hora, contra apenas 3500 no One Vision, que inclusive vai embora mais rápido do que eu esperava.
Eu imagino que esse contraste tão grande veio das diferenças na tela Amoled versus o LCD, mas qualquer que seja a causa, você consegue passar bem mais tempo em todas as atividades no A50.
O lado bom é que a quantidade menor de bateria do One Vision significa 30 minutos a menos na tomada, precisando de 1:50 para ir de 0 a 100%, contra quase 2:30 (duas horas e meia) no aparelho da samsung.
Câmera traseira e frontal
As câmeras, são pontos importantes dos dois modelos. Tanto o One Vision como o A50 fizeram um belo de um alarde com as altas resoluções presentes por aqui. A frontal dos dois conta com 25 megapixels, e a principal traseira do Vision com 48 megapixels, uma tendência que aparece cada vez mais. Isso ocorre por conta do uso de sensores quadpixel, superpixel ou qualquer que seja o nome que transformam 4 pixels em um. Ou seja, apesar de ser possível fazer uma foto com toda essa resolução, a foto padrão, onde são aplicados todos os efeitos, é realmente de 6 e 12 megapixels respectivamente.
Com isso explicado, já dá para falar um pouco mais da câmera frontal de cada um deles. Basicamente, a resolução alta valoriza bastante os detalhes nas duas câmeras, mas infelizmente, o A50 aplica uma espécie de embelezamento mesmo com o modo desligado, que você enxerga com ainda mais facilidade quando colocado ao lado da foto mais realista do Motorola.
Outra vantagem dessa baita resolução são os recursos de inteligência artificial, como o identificador de cena, o HDR e o modo retrato, que quase sempre consegue fazer bons recortes. E claro, mais informação ajuda em fotos noturnas, onde o A50 fica na frente por deixar a composição mais clara, e perde nitidez por conta da falta de luz.
Para fazer stories e filmagens, eles vão bem, gravam em 1080p a 30 frames por segundo e tentam aplicar um HDR sobre o vídeo, mas luzes fortes ou ambientes muito escuros acabam atrapalhando de qualquer jeito.
Já na câmera traseira, ambos possuem dois sensores, que no Motorola One Vision tem 48 MP mais 5 MP para desfoque, contra 25 MP do A50, com secundária de 8 MP para o modo desfoque. O detalhe é que nenhuma das duas consegue chegar nessa resolução de verdade.
No caso do Vision é a tecnologia quadpixel, e no Galaxy, os 25 são só para o modo automático, sem HDR nem foco dinâmico. Apesar desses detalhes, no dois casos, existe um ganho considerável de qualidade, quando comparado com as tradicionais câmeras de 12 megapixels.
Entre eles, ocorreu uma inversão no balanço de branco, onde o Vision passou a trazer fotos mais quentes, coisa que se bem me lembro era a Samsung que fazia. O nível de detalhes é bem parelho, só que o HDR do A50 vai melhor nas fotos mais difíceis.
Aliás, o nome Vision vem justamente da função Night Vision, implementada pela Motorola e que promete melhorar e muito as cenas em baixa luz, no mesmo esquema do Night Sight do Google. Infelizmente, os resultados não são nem de perto parecidos. O Galaxy A50 consegu em algumas situações com iluminações mais complicadas, entregar um resultado melhor no modo automático do que o modo Night Vision. Espero que exista alguma atualização para aprimorar essa função.
Para fechar, as duas câmeras gravam em câmera lenta, a 120fps, e tem estabilização eletrônica até Full HD, só que apenas o Motorola chega a 4K, mesmo que o chip do A50 também permita essa resolução. Escolhas da Samsung para não entregar vídeos sem estabilização.
Conclusão
Sinceramente, os dois modelo são boas opções para quem quer um smartphone intermediário um pouco mais tunado, sem gastar mais de 2000 reais.
O tamanho diferente do Motorola One Vision pode ser um atrativo, já que ele oferece também mais espaço na memória, uma câmera frontal melhor e NFC, sem ficar atrás no desempenho.
O A50 no entanto, toma a frente quando o assunto é qualidade de tela, câmera traseira e bateria. Só lembrando também que é nele que está presente a TV digital. O preço dos dois deve flutuar mais ou menos junto, e sinceramente, eles são opções bem legais quando comparados com outros intermediários, então fique bem de olho e considere uma promoção na hora de fazer a sua escolha.
André Hernandez diz
O meu One Vision tem um mês de uso, a no site do Reclame Aqui vi que tem mais gente com problemas no GPS.
No meu caso eu reclamei que a bateria dura pelo menos 2 horas para recarregar, e que o touch está apresentando delay, ví lá também que existem outros usuários reclamando do delay. Delay no teclado é de deixar qualquer um muito irritado.