O Multilaser H chegou no final de 2019 como uma grata surpresa para o público brasileiro. Um smartphone com desempenho superior e preço competitivo, comercializado por uma empresa brasileira. Se no papel o aparelho parece ir bem, falta testarmos e colocarmos nesse review os pontos em que a empresa teve de fazer cortes para encaixá-lo no orçamento. Será que a Multilaser fez boas escolhas?
Multilaser H
- Processador Snapdragon 710
- 128GB com 6GB de RAM
- Tela: LCD IPS de 6,3″ (1080 x 2220 px)
- Câmera principal: 16MP + 8MP + 5MP
- Câmera selfie: 16MP
- Bateria: 4000 mAh
- Android 9.0
Preço de tabela: R$ 1.399,00
SUBMARINO LOJA MULTILASERConstrução e tela
Para começar, o Multilaser H não investe pesado em construção, mas também não deixa ela passar batido. Seu corpo é todo de plástico reflexivo, bem fino e leve, dando uma cara moderna, igual basicamente todos os outros intermediários dessa faixa de preço. Certamente não vai ganhar nenhum prêmio por criatividade, mas também não erra em nenhuma frente.
Até porque, ele está bem completo, com o USB-C e entrada de fone de ouvido para te salvar do som mono bem ruim, um dos pontos onde certamente economizaram.
Para quem adora ter duas contas do WhatsApp e precisa de mais espaço para fotos e vídeos, poderia ter problemas já que a bandeja é híbrida e suporta apenas dois chips ou um chip e cartão micro SD. Felizmente, decidiram trazer esse modelo com 128GB que é o suficiente para a maioria dos usuários.
A tela foi um outro ponto onde apesar de a empresa ter claramente economizado, o resultado final agradou. Falo isso porque ela tem resolução FullHD, coisa que outras empresas como a própria Xiaomi no Mi A3 deixou passar.
É legal ter uma resolução maior, principalmente se você tem 6,3 polegadas, embora o consumo de mídia fique legal.
Por aqui, optaram por um tela LCD que obrigou o leitor de digitais a ser físico e ficar na traseira do aparelho, e claramente tiveram de limitar o brilho total, tornando-o apenas mediano para usar em áreas externas.
Mesmo assim, eu achei bom o fato da empresa ter escolhido um entalhe e com um contorno bem fino para deixar o aparelho mais enxuto. Olhando de frente, esse aparelho parece melhor do que o Moto G8 Plus e suas grandes bordas que já deveriam ter sido limadas. No geral, o display agrada nessa faixa de preço.
Configuração e desempenho
O que chama a atenção por aqui mesmo é a utilização do processador Snapdragon 710 em um celular com preço de lançamento de R$1.399,00. Esse é um chip pouco usado mas bastante potente, capaz de colocar esse aparelho à frente do Galaxy A70, que apesar de ter sido lançado com preço sugerido mais de 1000 reais acima, ainda está mais caro atualmente.
Para você ter uma base, outro celular que também usa o 710 é o Xiaomi Mi 9 Lite, que nem no mercado cinza está saindo mais barato que esse aqui, que paga todos os impostos e tem garantia.
Além disso, como já comentei, o Multilaser H traz 128GB de armazenamento e 6GB de RAM. É quase um Pocophone na versão brasileira.
Ele foi capaz de rodar todos os jogos jogar mais populares, e como dessa vez o celular usa chip da Qualcomm, e não um Mediatek como de costume, os problemas de compatibilidade serão raros. Então sim, dá para baixar Fortnite e jogar no médio sem problemas.
O que mais me impressionou foi o fato dele não esquentar tanto enquanto eu jogava. O Galaxy A50, por exemplo, que também tem esse corpo de plástico, não precisa de mais de 20 minutos para já começar a esquentar a sua mão, enquanto que por aqui dá jogar umas três partidas de COD e mais seis corridas no Asphalt 9 sem nem ultrapassar a marca dos 40º C.
Isso é bom, porque além de deixar a jogatina mais confortável, ajuda no gerenciamento de energia, que é outra vantagem do chip da Qualcomm. O suficiente para passar umas 4 horas e meia jogando Call of Duty, e um pouco menos no Fornite, que é mais pesado.
É um consumo bem equilibrado em todas as tarefas se considerarmos a bateria de 4000 mAh. No dia a dia é fácil chegar no final do dia com uma boa sobra. Com relação ao carregamento, ele é finalizado em pouco mais de 2 horas com o carregador de 15W que vem na caixa.
Software e Android
Como nem tudo são flores, uma das minhas preocupações com esse equipamento é o seu sistema operacional. Ele vem da caixa com o Android 9, que agora no começo do ano já começara a se tornar defasado com a maior cobrança da Google em atualizações.
A Multilaser também não é conhecida por sua agilidade na hora de atualizar seus aparelhos. O Multilaser MS80X, lançado quase que exatamente um ano antes do H, chegou na versão 8.1 e pelo menos até onde eu encontrei, ainda não atualizou.
Pode ser que esse modelo receba mais atenção, caso ele seja bem sucedido, mas as chances de você ficar preso no Android 9 até o meio do ano ou infinitamente me parecem grandes.
Seria interessante se ele estivesse no programa Android One da Google. A interface já praticamente não faz alterações do Android padrão, então só ganharia um ritmo de atualizações mais confiável, tanto de recursos quanto de segurança.
Por outro lado, houveram avanços na conectividade do aparelho. O Multilaser H é o primeiro da marca a suportar bluetooth 5.0, além de se conectar a redes Wi-Fi de 5,0 GHz e já vir com todos os sensores de navegação, oferecendo assim toda a gama que você espera de um smartphone em 2020. Seriam recursos fáceis de justificar um corte, mas escolheram deixá-lo o mais completo possível, algo que eu realmente aprecio.
Câmeras
No entanto, quando vamos para as câmeras, vemos que é onde a Multilaser preferiu economizar. E não foi só nos sensores não, uma vez que o aplicativo já mostra logo de cara uma interface menos trabalhada, com navegação pouco clara e que é lento nos disparos.
Só para exemplificar, você tem que dar uma volta desnecessária para ativar a câmera de zoom e é praticamente impossível tirar várias fotos seguidas. Isso não quer dizer que as fotos são ruins.
Aliás, elas são bem melhores do que o aplicativo de câmera em si. Na frontal você encontra um sensor de 16 MP, e na traseira um conjunto triplo com um sensor de 16 MP na principal, 8 MP para o zoom, e 5 MP para o efeito desfoque para o modo retrato.
O rosto fica mais pálido nas selfies do que de costume, e eu não sou muito fã do ângulo da lente, já que você tem que esticar bem o braço para não ficar com a cara deformada nas fotos.
Tanto nas selfies quanto atrás, o HDR tem bastante dificuldade em resolver qualquer problema, e a luz nem precisa estar tão baixa para o Multilaser H começar a sofrer.
A traseira resolve um pouco dos problemas de cor, e nos ambientes certos, você até consegue tirar fotos boas. Só que faltou definição, um software melhor e um sistema mais inteligente para ele conseguir competir com outros aparelhos da sua faixa de preço.
A qualidade do modo retrato é até que boa, mas tem de estar com um nível de luz bom. Como esse não é o foco desse aparelho, achei bem aceitável.
Conclusão
Se você busca um smartphone apenas focando em desempenho, o Multilaser H pode ser uma das melhores opções desse comecço de ano, principalmente se cair um pouco mais de preço com o tempo.
A Multilase não deixou de lado a construção e usabilidade do aparelho. O único fator que deixa ele um pouco para trás de outros da mesma categoria foi a câmera, e mesmo assim não é um baita de um downgrade.
Ter uma opção como essa no mercado é realmente algo atípico, porque ele tem um conjunto bem competente e já foi lançado com um preço competitivo e vale a pena ser comprado já no lançamento, uma vez que a queda de preço não deverá ser a mesma de outras marcas por conta da decisão de não cobrar de forma exagerada no lançamento.
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