Multilaser Legacy Air: o preço a se pagar pelo básico

Esse é o Multilaser Legacy Air, um dos poucos notebooks que você ainda consegue encontrar por menos de 1500 reais. Num valor desse, é obviamente difícil a máquina ser potente, mas será que o Legacy Air consegue entregar o suficiente para quem quer algo para trabalhos simples, estudar ou até jogar algo mais leve de vez em quando?

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Construção

O Multilaser Legacy Air claramente é “inspirado” no MacBook Air, seu corpo é fino, super leve, inclusive trazendo a tampa em alumínio, algo bem raro de encontrarmos em notebooks mais baratos.

Além de ser mais fácil de levar por aí, tudo isso lhe dá um certo charme, mas para o preço não subir demais, o resto do corpo teve que puxar para o lado econômico, resultando numa construção que no geral é mais barata, com todo resto feito em plástico, de qualidade mais baixa, sem dar uma sustentação legal para o corpo, principalmente no vão próximo da tela.

É normal um produto de entrada não ter uma construção premium, mas todo esse contraste entre as características de notebooks mais caros, com o resto super barato, deixa o Legacy bem desbalanceado, e esse é só o começo.

O teclado também sofreu um pouco por conta do preço final do notebook. Seu tamanho é bom, com teclas bem espaçadas, mas a qualidade lembra bastante aqueles antigos, até meio barulhentos, que não são confortáves de usar por muito tempo, pelo menos a gente se incomodou um pouco aqui enquanto escrevia o roteiro.

O touchpad segue mais ou menos a mesma lógica, tem um tamanho bom, boa sensibilidade, mas o botão resistente e também bem barulhento, o que acusa que se trata de um kit mais econômico.

Apesar disso, o Legacy traz uma tela de resolução Full HD, com boas cores e ótimos ângulos de visão. Ou seja, temos um notebook fino, com teclado ruim e tela boa, onde será que eu já ouvi isso antes? E tudo bem, esse não é o melhor painel do mercado, só que essa é a segunda característica meio deslocada.

Porque você precisaria de algo tão bom assim para um notebook tão simples? Parece que o objetivo foi mesmo ficar o mais próximo possível da aparência do MacBook, e para manter o preço baixo, ele sacrifica a usabilidade.

Outra herança lá do notebook da maça é a falta de entradas. Você tem um USB de cada lado, onde na direita ele está acompanhado da entrada da fonte e do mini HDMI, e na esquerda você o encontra o leitor de microSD e da entrada combo de fone de ouvido e microfone, que podia ser menos parecida com a entrada da fonte, pois algum desavisado pode conectá-la aqui sem querer.

De qualquer forma, é bem comum você ter uma quantidade menor de entrada nesses ultrafinos, até nos mais caros, pois nem existe muito espaço para mais coisa, só é meio chato que você precisa de um cabo menos comum para conectá-lo à TV.

Para compensar essas ausências, é importante, então, que o Notebook tenha boa conectividade, e o Legacy pelo menos se conecta a redes Wi-Fi de 5 GHz, mas por utilizar um módulo antigo, a velocidade não passou de 100 mega, enquanto que um notebook mais novo alcançou os 300 contratados com facilidade, pode ser que isso não te afete tanto, mas vale comentar para o caso de você notar que ele é mais lento que outros equipamentos pela sua casa.

Ainda nesse assunto, o notebook utiliza bluetooth versão 4.2, que muito provavelmente é inferior ao que você encontra no seu smartphone, mas é a versão mais comum de aparecer nos notebooks, até porque ele costuma se conectar com uma quantidade bem menor de dispositivos.

Hardware

Para ser bem sincero, até dá para tolerar um teclado ruim e um corpo mais ou menos, se a tela for boa, só que o motivo principal para essas escolhas não fazerem tanto sentido está no hardware.

O processador do Legacy Air é o Intel Celeron N3350, de dois núcleos, frequência base de 1,1 GHz, capaz de chegar até 2,4 GHz. Para resumir, ele é bem fraquinho, batendo em 100% de uso da CPU em praticamente qualquer atividade, o que o direciona totalmente para o uso o bem básico, como pacote office e outros softwares leves.

Até porque, com apenas 4 GB de RAM, não dá para ter esperança nem de abrir um software mais pesado, e o multitarefa sofre bastante. Aqui no nosso caso, só de ficar com o Notion aberto, mais umas 4 ou 5 abas no Chrome, pesquisando e escrevendo o roteiro, já foi suficiente para gente notar alguns engasgos no notebook.

Sem contar a paciência que a gente precisou simplesmente para instalar e usar o Adobe Cloud. A noticia boa é que o Photoshop abre, e depois que carrega, até dá para fazer um trabalho básico, só que é bom ir fazer um chá enquanto ele carrega.

A gente tentou jogar também, e o resultado foi o esperado. Jogos antigos ou 2D, de gráficos pixelados ou mais simples, até que rodam sem muitos problemas, o único problema é aquela demora para abrir.

No entanto, se o jogo utiliza bastante a CPU, mesmo um gráfico baixo não vai salvar a taxa de quadros, as vezes não conseguindo nem ficar minimante jogável, o que deixa a biblioteca disponível para o Legacy Air bem limitada.

Outro problema é que a versão desse notebook que vem com mais memória de armazenamento tem apenas um SSD de 128 GB, então você nem tem muito espaço para tentar algum jogo mais moderno. No entanto, o fato dele ser SSD praticamente salva o notebook, e já que você não vai jogar mesmo, porque não tentar resolver aquelas travadinhas enquanto trabalhava com um sistema operacional mais leve? Foi dai que surgiu a ideia de testar o Linux nele.

Linux e bateria

Existem alguns modelos da Multilaser que já vem com essa alternativa, mas aqui, além da gente poder escolher e instalar do zero qual versão a gente quer, dá para criar um boot duplo, ou deixar direto no USB, sem perder o Windows caso você precise dele para algo específico.

Nós resolvemos instalar o Ubuntu mesmo, que não é a versão mais leve de todas, mas é bastante popular e, pelo nosso teste, foi bem o suficiente para deixar o trabalho multitarefa mais ágil. Também não vou exagerar dizendo que o Linux deixou o notebook rápido, só que ele ficou sim mais fluido e melhor para trabalhar.

O Linux também não e aquele bicho de sete cabeças que foi antigamente. Você pode aprender a usar todos os comados, e eventualmente você pode precisar procurar um tutorial na internet para alguma coisa, mas no geral a interface esta bem mais amigável, bem próxima, inclusive do MacOS, deixando o Legacy ainda mais parecido com um MacBook Air.

A maior desvantagem ainda é o número menor de softwares disponíveis nesse ambiente, mas ele ainda serve como uma possibilidade interessante, pois o Legacy já é bastante limitado, então você nem vai sentir falta de tanta coisa assim.

Antes de concluir, só faltou a gente falar sobre a longevidade da bateria. Por um lado, o processador menos potente gasta menos energia, e pelo outro, a tela gasta mais e o notebook fino não tem espaço para uma baita bateria.

No final, fica tudo meio que no zero a zero, e ele vai ficar entre 3 e 6 horas longe da tomada, dependendo do seu uso, do brilho e outros detalhes assim. Pode ser então que ele não aguente um dia inteiro no trabalho ou faculdade, mas pelo menos a fonte é pequena e você consegue levá-la por aí com facilidade.

Conclusão

O Multilaser Legacy Air é um ultrafino barato, que investe pesado em beleza e em tela, seguindo de perto os passos do MacBook, quer dizer, seguindo em tudo, menos no preço, que acaba sendo o foco principal desse notebook, pois nos últimos tempos, o valor de uma máquina nova tem aumentado bastante, e para conseguir algo realmente mais potente, você precisa desembolsar um valor bem maior, o que não é viável para todo mundo.

Saber se vale a pena para você, então, depende do motivo que te faz querer um notebook. Se você quer mesmo uma máquina simples, só para ter acesso a um e-mail ou para preparar um Power Point para uma apresentação, pode ser que o Legacy satisfaça as suas necessidade, e lembre-se que pode ser legal dar uma chance para o sistema Linux.

Só que, se você está pensando em jogar, trabalhar com softwares um pouco mais pesados, ou simplesmente não está com paciência para uma maquina mais travada, então seria jogar dinheiro fora, mesmo que pouco, nessa máquina, que não vai entregar nem perto do que você precisa.