O Acer Nitro V15 abre a nova geração desse modelo que é um dos preferidos da galera. Minha descrição favorita do Nitro, é que ele é o fusquinha dos notebooks – sempre lá, baratinho e bom, uma ótima opção para quem quer jogar sem gastar muito. Será que continua assim? O que atualiza nessa nova geração?
Apesar do nome “mais ou menos” novo, o Nitro V15 continua com o mesmo foco de gerações anteriores. E esse é um dos melhores focos, que é ser barato.
Eu começo o review já com essa descrição dele, pois muito do que vimos aqui, é um reflexo desse objetivo de ser um dos modelos mais em conta. A Acer não traz preços baixos porque ela é boazinha, ela quer esse mercado dos baratos para ela.
Mas temos uma questão aqui. Querendo ou não, estamos mais exigentes. O que classifica um “notebook gamer”, hoje, tem que ser uma máquina muito melhor do que era no passado. Basicamente, não dá para poupar no hardware. Então eles precisam poupar em outras características.
Aqui observamos limitações em quatro características: construção, tela, hardware e no software. Ou seja, em todos os aspectos do notebook, mas calma que não é tudo dentro deles.
São alguns pontos. Eles são bastante evidentes e algumas vezes incomodam no uso, mas comparado com gerações anteriores, o notebook sofre menos com esses cortes.
Construção
A mudança mais evidente é no design, que ficou muito melhor na minha opinião. Eu até gosto do Nitro 5, mas, convenhamos, é um design desesperadamente gamer. Aqui ele está melhor. Talvez não esteja bonito ainda, isso é questão de opinião, mas está menos desesperado.
Uma mudança técnica, que pode ser mais importante, é o remanejo das entradas e saídas de ar. Na parte inferior, as grades para coleta de ar estão maiores, ocupando praticamente metade da superfície disponível.
Está bem aberto mesmo. Você consegue ver claramente o que está ali atrás, o que pode levantar uma pequena preocupação com a poeira. É bom ficar de olho, e se acostumar em abrir e fechar seu notebook.
Depois, na hora de expelir o ar, as saídas da traseira praticamente sumiram. Existe uma pequena saída que joga ar um pouco para trás e um pouco para cima, e a saída tradicional na lateral direita.
Ambas são saídas pequenas, e eu não gostei tanto dessa da traseira. Por conta da forma que a tela abre, ela fica bem na frente da saída. Imagino que seja por isso que o recorte direcione um pouco do ar para cima – mas nos testes, bastante ar quente ainda vai para a tela.
Ficou ruim? É uma questão de longo prazo, difícil de atestar agora. Pode ser que não te afete em nada, ou pode acelerar a degradação da tela. A curto prazo, o sistema de arrefecimento não está ruim, mas eu vou deixar para falar em detalhes disso, quando a gente abrir o note e começar o assunto hardware.
Para a construção, o maior impacto dessas mudanças foi no seu tamanho. O Nitro 5 tinha uma traseira grande, mas agora ela sumiu.
Ela carregava algumas das portas de comunicação também, que agora foram todas para as laterais. A quantidade e a qualidade delas, no entanto, não mudou. São 3x USB 3.2, uma delas com carregamento, além da Thunderbolt 4. Na comunicação sem fio, Wi-Fi 6 e Bluetooth 5.1.
Comparado com o Nitro 5 com Intel de 12ª geração, está tudo igual, com exceção da posição. E isso é melhor ou pior para o usuário final? Bom, o Nitro V15 é, com certeza, melhor de carregar que o Nitro 5. Comparada essa geração com a anterior, o comprimento foi reduzido em três centímetros. Faz diferença.
Além disso, essa tampa, quando aberta totalmente, levanta um pouco mais o corpo da superfície. Isso já pode ser algo positivo para o arrefecimento, principalmente para quem vai usar a tela externa. Ocupa bastante espaço, mas o corpo fica com mais espaço para coleta de ar. É uma forma de olhar para a mudança de maneira positiva.
Ainda no corpo, onde a gente percebe que o Nitro economiza mais, é no seu teclado. Não é ruim. Ele é retroiluminado, com teclado numérico e até usa bem o espaço, mas a questão é a durabilidade.
Seu toque é emborrachado, bastante único. Bom de digitar, as teclas são bem leves também, mas ele parece mais barato, menos resistente.
Tanto é que eu tive problemas com isso, em um dos Nitros que testamos. Com o tempo, ele começou a ter uma espécie de mau contato. Não registrava a tecla tão bem.
Eu li vários relatos do tipo na internet. Pode ter sido má sorte minha, mas desde o começo essa impressão existe.
Tela
Pensando agora na tela, esse é um corte frequente para notebooks de entrada. Alguns concorrentes, como a Dell, investem numa tela melhor. Mas, geralmente, os gamers não veem isso como prioridade, então a Acer aproveita e economiza mesmo.
Nas especificações, tudo certo. Resolução Full HD, com 144 Hz de frequência. O painel é IPS também, algo positivo graças ao bom ângulo de visão, porém, quando testamos a qualidade dele, aí que a coisa pega.
Pelas cores, apenas 49% do sRGB. Não consegue nem 100% dele, o que pode deixar as cores sem graça. Mas o ponto mais negativo é o baixo contraste, apenas 1210:1. Esse é um valor até maior que o descrito pela própria fabricante, mas ainda não é grande coisa, e a profundidade dos pretos é bastante afetada. É um cinza escuro e nunca preto de verdade.
Já o brilho é suficiente para ambientes internos, 292 nits, mas contra uma janela, num dia ensolarado, ele pode perder. Caso você tenha curiosidade, essa é a mesma tela de pelo menos 4 gerações.
Ela bate o mínimo para uma experiência legal enquanto você joga. A taxa de atualização alta é essencial para competitivos, e as cores também não são tão apagadas assim. Podia ser uma tela TN afinal.
Mas, como eu comentei, você encontra alguns concorrentes com telas melhores, e às vezes, nem são muito mais caros. Ano passado mesmo, o Dell G15 chegou a ficar com preço mais baixo que o Nitro.
Não colocaria esse fator como um problema, afinal a tela é mesmo uma prioridade menor para games, mas é um ponto onde o Nitro economiza para chegar num preço mais interessante.
Software
O que pode ser fator de compra, é software e hardware, e eu vou começar aqui com o mais chato dos dois, que é o software.
Agora não é uma questão de desempenho, de durabilidade, é só chato mesmo, que é a quantidade de software pré instalado, que vem nos notebooks da Acer.
Aqui o Windows leva culpa também, mas basicamente, uma forma da Acer e da Microsoft reduzirem custos, é “vendendo” esse espaço para outros softwares. Aí vem com joguinho de celular instalado, antivírus e um monte de propaganda.
O Nitro Sense é um que a gente tolera, pois permite que você controle o desempenho do notebook, mas nessas horas ele só soma no tanto de coisas pré instaladas com o notebook.
É algo bem chato nas marcas em conta, especificamente Acer e Lenovo, e, numa dimensão menor, mas igualmente chata, em qualquer notebook com Windows. Parece que você passa 10 minutos na configuração inicial, e 30 minutos desinstalando programas depois, isso quando dá para desinstalar.
Ou seja, se você optar por um computador mais em conta, tenha em mente que essa economia tem um custo alternativo, na forma de softwares desnecessários, e talvez com sua informação, para te mostrar propaganda. É algo que, às vezes, você consegue fugir quando pula para uma categoria maior.
Desempenho
Mas agora, para a parte mais importante, que é o hardware. E aqui temos algo polêmico, versões diferentes. Não é um problema mesmo, mas o caso é que algumas versões piores estão circulando por aí, e às vezes até mais caras.
Aqui, no caso, estamos falando da placa de vídeo. Existe uma versão do Nitro V15 com a RTX 2050, o que não faz sentido. Essa é uma placa bem fraca, pior que a GTX 1650, apesar do nome. Em alguns jogos, ela tem um ganho de 3 quadros por segundo, mas pode chegar a 10 quadros a menos.
São modelos específicos que ainda utilizam ela. O Lenovo LOQ utilizou, por exemplo, mas lá é uma pegada mais produtividade com placa de vídeo, e não gamer. A versão que testamos não é essa, é a “correta” com a RTX 3050.
Agora, por que a Acer lançou um notebook gamer, com uma placa fraca igual a RTX 2050? Isso eu não sei, mas fujam dela.
Para piorar, o começo do código dos dois é igual, ANV15-51. Então tenha certeza que é pelo menos a versão com RTX 3050 no seu carrinho, antes de fechar a compra.
Temos também, no caminho contrário, modelos mais potentes. Procurando esse mesmo código ANV15-51, na loja da Acer, encontramos também um modelo com a RTX 4050 – que analisamos depois desse -, e pode ser que o futuro traga modelos AMD.
Aqui para RTX 3050, que é o mais em conta que vale a pena, o perfil completo de hardware traz o processador Intel i5-13420H, a placa de vídeo é igual a geração passada, 3050, porém esse é o modelo com 6 GB de VRAM, ao invés de 4 GB. A memória RAM é de 8 GB e o SSD possui 512 GB do tipo NVMe.
Para o processador, nos testes, o i5-13420H se saiu bem. É um modelo de 8 núcleos, com 4 eficientes e 4 potentes. Rodando Cinebench, como todo Intel nessa arquitetura, você precisa descartar a primeira volta – a pontuação sempre é mais baixa – mas depois ele pega no tranco e o V15 atinge marcas entre 9000 a 9300 pontos, no modo equilibrado.
No modo desempenho, esse valor sobe mil pontos, às vezes um pouco mais. O valor mais alto que vi foi 10358 pontos, o que não é uma grande evolução, comparado com o i5-12450H. Ele também ficava entre 9000 e 10200 pontos, dependendo do modo.
Essa 13ª geração da Intel não se preocupou tanto com desempenho, apenas algumas melhorias pequenas em suporte de memória e eficiência. Por isso as pontuações são bem parecidas.
Para jogos, isso é suficiente, mas aqui temos um probleminha. O grande corte de hardware que eu comentei, é a RAM. A Acer atualizou o Nitro para a DDR5, mas não mudou a quantidade. Ainda são apenas 8 GB.
Era ruim no DDR4, e é pior agora no DDR5. Não porque a performance é pior, mas por uma questão moral mesmo.
O que acontece, é que o DDR5 tem uma vantagem muito boa perante o DDR4, pois ele não precisa de dual channel.
Nós fizemos os testes e, sim, os jogos ficam melhores com duas memórias instaladas, mesmo na RAM atualizada. No entanto, na comparação da queda de desempenho, com apenas uma memória instalada, o DDR5 se sai muito melhor que o DDR4.
O DDR5 single channel fica pertinho ali do dual channel, enquanto que os quadros por segundo, na DDR4, caem pela metade.
A questão é que os jogos ainda precisam de um mínimo instalado, e hoje em dia, nem o Windows gosta de apenas 8 GB. É quase obrigatório ter 16 GB, mesmo que seja single channel.
Isso, então, joga pela janela a vantagem do DDR5. Na verdade, joga para o seu bolso, porque você vai precisar comprar uma memória RAM nova, para instalar aqui, como se fosse um notebook com DDR4. E achar uma memória DDR5 com só 8 GB pode ser chato.
Só para exemplificar bem a importância aqui dessa memória, o que acontece nos jogos não é necessariamente uma queda brusca de quadros por segundo.
Eu joguei bastante Cyberpunk aqui e ele vai rodar ali na casa dos 30 a 60 quadros por segundo, dependendo da situação que você está. Isso na configuração de Ray Tracing ligado, no baixo.
O problema é que de tempos em tempos, o jogo dá uma travadinha. É quase um soluço. Uma queda momentânea nos quadros por segundo, que pode não afetar tanto a média, mas incomoda bastante.
Memória RAM não aumenta FPS, mas ela pode diminuir, como nesses casos. E sabe o que é pior? Como eu comentei, o arrefecimento desse notebook é ótimo. Com ele aberto podemos observar o que ele fez.
Apesar do corpo menor, o Nitro ainda traz heatpipes bem largos, eles cobrem uma boa área. A ideia é levar tudo para esse mesmo lado do notebook, e com duas ventoinhas juntas, assoprar esse calor para fora. O espaço de saída reduzido realmente aumenta o ruído, e no modo desempenho você vai precisar de um fone de ouvido.
O Nitro V15 é desnecessariamente barulhento. Parece que ele liga a ventoinha no máximo só de sentir a CPU passando de 90%. O corpo nem precisa esquentar.
Isso pode ser configurado no Nitro Sense, mas não é um controle tão fino. São basicamente duas velocidades, “automática” e “máxima”, e dá para escolher uma porcentagem específica, mas não temos a curva de acionamento.
Dá para ajustar isso de acordo com o software rodando, mas é muito esforço, para pouca redução de ruído. A única solução boa mesmo, é comprar um fone com cancelamento melhor.
Ainda assim, o importante é segurar as temperaturas, e ele conseguiu. Elas mal passam de 70º C nos jogos, e na superfície, mesmo os pontos mais quentes, não passam de 45º C.
É uma combinação de fatores. Temos o processador um pouco mais eficiente, o design melhor das ventoinhas e dos dissipadores, além do notebook estar um pouco capado mesmo no modo desempenho.
Conclusão
Eu realmente fiquei surpreso, pois nem sempre os Nitros conseguem ser tão controlados – mas o V15 foi bem. Inclusive, isso deixa aquela versão com RTX 4050 mais atrativa.
Olha, se não fosse o problema da RAM, realmente não teria o que reclamar. O preço é legal, de 4 a 5 mil reais, entre as versões com RTX 3050 e 4050.
O V15 tem limitações de tela, o teclado é duvidoso, e o monte de bloatware incomoda. Mas a boa performance dele, tanto em velocidade como em temperatura, torna tudo isso bastante aceitável.
Só lembre-se que o preço real inclui aí entre 200 e 400 reais a mais, numa memória RAM extra, que é absolutamente necessária. Lembre-se disso, ao compará-lo com seus concorrentes. Principalmente o Dell G15.
Robson Pires diz
Seria importante citar a severa redução de TDP/TGP que todas as versões do Nitro V têm, o que apesar de “baratear” a construção o torna um dos notes com pior desempenho em suas respectivas placas de video.