Esse é o ASUS TUF Gaming A16, um notebook com uma proposta um pouco diferente. Ele é um dos únicos modelos que traz processador AMD, e é logo um Ryzen 9, que vem junto de uma placa de vídeo NVIDIA RTX 4060. É uma combinação bastante inusitada, que o posiciona como um dos mais potentes da sua categoria – e também com ótimo preço. Será que é uma máquina que vale a pena?
Construção
De certa forma, a linha TUF Gaming é a mais “acessível” da ASUS. O TUF F15 compete contra os mais populares para jogos, como Nitro 5, Dell G15 e Ideapad Gaming.
No entanto, como o hardware do A16 é bem potente, isso deixou ele mais perto do sol. Seu preço atual é bem próximo do Alienware M16 e do Legion Slim, por exemplo, porém com a identidade visual, a carcaça, bem parecida com o TUF F15.
Isso deixa o A16 numa posição arriscada. Ele compete por espaço contra um Alienware, porém com corpo de notebook mais fraco e mais barato? À primeira vista, gera preocupações.
Apesar de ter alguns pontos que eu acho que poderiam ser diferentes, felizmente não tive problemas graves. Vou adiantar isso já. A questão é que muitos pontos do F15 são, vamos dizer, exagerados para um notebook de entrada. Quando subimos o A16, eles ficam coerentes.
Por exemplo, a sua durabilidade. O TUF A16 é um notebook bem construído, com tampa, corpo e teclado bem resistentes. A ASUS sempre gosta de sempre anunciar que seus notebooks passam no teste militar e tudo mais.
Mas, enquanto que o F15 podia ter economizado um pouco nisso, o A16 é um notebook caro, então sua durabilidade tem que ser de melhor mesmo.
E não é algo invisível. Você toca nele, escreve com o TUF A16, e sente que é um produto de qualidade. O plástico não dobra fácil, a dobradiça da tampa parece ser forte, e o teclado parece que aguenta o tranco.
Para ter certeza, precisamos ficar com o notebook por mais tempo, mas geralmente é fácil perceber quando essas características, não estão tão legais.
Tela
Outra semelhança é no tamanho, e aqui a ASUS fez algo legal. Ambos são quase idênticos em tamanho, porém, ao invés da tradicional tela de 15,4 polegadas e 16:9, o TUF Gaming A16 tem 16 polegadas, na proporção de 16:10.
A tela é um pouco mais alta, mas é bem pouquinho. Olhando, você não percebe diretamente, mas sente que algo mudou. O que o A16 faz é “comer” um pouco da borda de baixo.
Aumentaram a tela sem deixar o notebook maior. Colocando em números, é algo entre 1 e 2 milímetros na altura e na profundidade.
Visualmente, a área de trabalho fica agradável, apesar de não ser um baita ganho de espaço.
E mais polegadas, também renderam resolução um pouco maior devido ao aspecto de tela também diferente, com 1920 x 1200 pixels. Um ganho pequeno, que não deve afetar a performance.
O painel possui frequência de 165 Hz, que para jogos competitivos, é ótimo. Sempre falamos que alta frequência é uma exigência para jogos, principalmente para os jogos de tiro. Isso porque, além de melhorar os movimentos, ela afeta seu tempo de resposta. Você vê o inimigo mais cedo, e pode reagir mais rápido.
Agora, quando falamos de qualidade, ela tem nível médio. É uma tela com cobertura de 97% do espaço de cor sRGB. No entanto, nos padrões de cores mais completos, o alcance é baixo. Apenas 73% do DCI-P3, por exemplo. A ASUS ainda indica que o painel é um “nível IPS”, o que sugere que não é um IPS de verdade.
No entanto, o ângulo de visão é bom, o contraste fica em 1050:1, mas o brilho é bem baixo. Eu não consegui medir mais de 200 nits. Fora da tomada, o brilho é de 120 nits.
Mas o que eu considero mais limitante aqui é a resolução, que poderia ser Quad HD. Pensando no valor atual, o principal concorrente do A16 é o Alienware M16, e apesar dele ser mais caro, a tela é bem melhor.
Independente do que outras marcas fazem. O que pega aqui, é que o hardware aguenta rodar muita coisa em Quad HD, então seria um ponto positivo, ter essa resolução maior. Um painel melhor seria bom também, só que mais resolução, melhoraria já a situação do A16. Acho que esse foi o ponto mais negativo que encontrei durante a análise.
Conectividade e resfriamento
O notebook traz de um lado a entrada de energia, o RJ45, HDMI, duas portas USB-C, USB-A e o fone de ouvido. Do outro lado, outra USB-A, para algo que fique ruim de conectar na esquerda.
Todas as portas USB-A possuem o símbolo de super speed, e uma tipo C também. Essa mesma tipo C possui também o Displayport 1.4, então você pode utilizá-la para passar energia, sinal de monitor, ou então conectar uma placa de vídeo externa.
Escolheram não utilizar o thunderbolt, mas trouxeram o USB com as mesmas utilidades. O que pode gerar um pouco de dúvida é a posição delas. Não que seja tecnicamente ruim, estar do lado, mas é algo sobre o arrefecimento do corpo.
Aliás, refrigeração foi o motivo da minha preocupação, da semelhança entre o F15 e o A16. O corpo do TUF mais barato foi projetado para um Intel i5 ou i7 – um corpo bem fino.
Aqui, as dimensões são todas parecidas, mas o processador é um Ryzen 9, então é um hardware que tende a esquentar mais. Isso é um assunto importante, então vamos falar de todo o esquema de resfriamento do A16.
Na parte externa, vemos o mesmo movimento de outros notebooks ASUS. O ar quente sai pela traseira e pelas laterais, e é coletado pela parte debaixo. Algo legal é que a tela é bem separada do corpo.
Ela está longe, principalmente, dos pontos mais quentes, e o formato das saídas traseiras, direcionam o ar para baixo. Isso evita que a parte de baixo da tela fique muito quente, o que preserva ela.
Na parte superior, existe uma pequena abertura também, que se tornou popular entre os notebooks mais caros. Só não está muito claro qual o papel dela no resfriamento aqui. Explico isso melhor quando abrirmos o notebook.
A traseira ficou toda livre, para saída de ar, e é por isso que as portas de comunicação estão todas na lateral. Mas é aqui que eu começo a não gostar tanto da ideia.
Primeiro, o exaustor da placa de vídeo é na esquerda, e o ar sai todo bem em cima do cabo de energia. Não deve gerar problemas, de acordo com a ASUS, só que eu ainda não gosto. Mas o principal aqui, é que o vento sai muito mais rápido pela lateral do que pela traseira.
Dois fatores podem afetar a velocidade do vento, a direção que a ventoinha expele o calor e o tamanho da saída. Esse segundo ponto, que eu acho que é o problema.
A lateral precisava ser mais larga. Era melhor jogar algumas das portas para trás – tem espaço ali – enquanto que a lateral ficaria com uma saída de ar maior. Além disso, eu gostei bastante da estratégia de várias outras marcas, de colocar uma terceira ventoinha na parte debaixo.
Bom, aqui eu e a ASUS teremos que concordar em discordar, porque realmente não é um baita problema. Essas mudanças que eu sugeri, poderiam diminuir um pouco mais a temperatura interna, e também reduzir um pouco do ruído, mas o desempenho geral do A16 é bom.
Pensando na parte interna da refrigeração, aqui, felizmente, temos mais mudanças. As ventoinhas não parecem ganhar mais espaço. Elas são pequenas, a ASUS, inclusive, batizou o design de Arc Flow. É menor, de propósito, mas a promessa é de funcionar tão bem quanto as maiores. Realmente transportam bastante ar, apenas a exaustão que eu estranhei.
A diferença mais significativa é nos heat pipes. Eles ocupam mais espaço, o que melhorou a cobertura. Estão mais longos também, avançando para “frente” da ventoinhas, e passando por baixo também das duas.
Apesar dos meus apontamentos, como a lateral apertada e o cooler não tão grande, a realidade é que esse sistema deu conta do recado.
Configuração e desempenho
Conhecemos o sistema de arrefecimento, só falta conhecer quem ele resfria. O TUF A16 utiliza o Ryzen 9 7845HX, junto da placa de vídeo dedicada RTX 4060. Não é uma combinação muito comum, isso se não for única aqui para o Brasil.
Antes de falar de desempenho, deixa eu passar as especificações completas, pois o A16 tem dois espaços de memória RAM. Vimos com o notebook aberto que apenas uma delas está preenchida, mas é uma memória DDR5 de 16 GB. O máximo que ele aguenta são 32 GB.
Nós fizemos o teste no passado, do dual channel do DDR5 versus o single channel, e o que encontramos é que a diferença é bem pequena. Não é um baita problema para jogos, aqui, mas se você tiver um dual channel de verdade, pode ser que você consiga um pouco mais de performance do notebook.
O SSD do tipo NVMe tem 512 GB. A leitura foi rápida, mas na comparação com outros da mesma categoria, ele fica um pouco para trás. Geralmente os seus concorrentes conseguem 7 GB/s, mas o TUF A16 parou em 5 GB/s.
No geral, um conjunto bem legal. Um pouco estranho na questão de CPU e GPU de marcas rivais, mas olha, já adianto que ela deu muito certo.
Começando pela questão do aquecimento. O Ryzen 9 se mostrou bastante controlado, mesmo no modo mais “desbloqueado” onde o processador extrai o máximo de performance.
Eu consegui medir temperaturas de até 95º C no stress test, com a placa de vídeo acompanhando ali perto dos 76 a 79º C. Já adianto que ele não tem uma vida útil de bateria muito boa, mas se mostrou um bom processador.
No teste de benchmark, no Cinebench R23, eu consegui na média de 24.500 pontos. Ficou ali entre 24.299 e 24.980. Isso para o teste em uma volta, e 10 minutos.
Na comparação com os processadores da rival Intel, o i9-13900HX tem uma média de 26.500, e o i7-13600HX ficou lá nos 17.000. É um pouco pior que seu concorrente mais direto, o i9, e bem melhor que o i7.
Mas, diferente dos modelos da Intel, esse Ryzen 9 tem 12 núcleos iguais, sem separação de eficiência e desempenho. Isso gera vantagens e desvantagens.
Como eu comentei, a bateria do A16 é bem fraca. Num período de 4 horas trabalhando direto, eu tive que plugar e desplugar o carregador umas 2 vezes. No Alienware, seria uma vez só.
Por outro lado, o Ryzen 9 foi bem mais estável no teste. Tanto nos sintéticos, quanto jogando de verdade. Para eu conseguir um valor bem diferente, eu tive que ligar o modo turbo, e deixar ele rodando no teste por 10 minutos. Aí ele caiu para 18.000 pontos.
Parece estranho eu falar que no modo turbo a pontuação foi mais baixa, mas aí entra a variável calor. Quanto mais ilimitado o processador, mais ele esquenta, e às vezes fica tão quente, que ele precisa parar para respirar.
Até por isso, nunca recomendamos ele. É um turbo momentâneo, que raramente se traduz numa jogatina mais legal. É só mais calor.
E para completar o desempenho, temos a placa de vídeo, a RTX 4060. Ela é uma placa de vídeo que aguenta até um Cyberpunk em Quad HD, como eu comentei, mas a tela não chega lá.
Por outro lado, isso facilita um pouco na hora de jogar, e eu também não tive problemas de instabilidade em nenhum dos jogos que testei.
Especificamente no Cyberpunk, eu fiz um teste mais a fundo em vários modos, para encontrar os limites do combo AMD + NVIDIA.
Na qualidade gráfica padrão, que o computador escolhe quando você instala, eu consegui uma média de FPS ótima, de 58 a 72 quadros por segundo. Em ambientes internos, esse valor subia para mais de 80.
Isso tudo no modo de Ray Tracing baixo, DLSS ligado, e aumentando para o Ray Tracing médio dá para jogar, mas aí você não vê valores acima de 60 quadros por segundo, tirando lugares bem tranquilos.
O que eu acho mais interessante, é tentar chegar nos 165 Hz da tela, e para isso precisamos diminuir a qualidade. E para resumir, não consegui.
Pelo menos sem apelar para a geração de quadros DLSS também. Mas essa é uma vantagem de combinar a AMD e a Nvidia. Você tem acesso as soluções da NVIDIA e da AMD, para encontrar qual funciona melhor, o DLSS ou o FidelityFX.
A melhor forma de jogar foi a primeira, com o Ray Tracing ligado no baixo, onde o notebook conseguiu equilibrar a qualidade gráfica com uma média acima de 60 quadros por segundo.
Será difícil conseguir usufruir dos 165 Hz da tela em jogos que não sejam o Valorant, mas no geral ele conseguiu rodar bem. E, o mais importante, com uma temperatura legal.
Durante uma sessão mais longa, o processador bateu 89º C, e a placa de vídeo 74º C. Qualquer receio que eu tinha com a carcaça foi embora, apesar de ainda achar que alguns detalhes diferentes, poderia deixar o A16 ainda mais frio.
Esses testes foram todos feitos no modo de desempenho de CPU, e no padrão para a GPU. Existem os modos de mais desempenho, porém eu realmente não achei necessário, e até senti mais problemas com eles.
Aliás, aqui entra um pouco de conversa sobre o Armoury Crate, que tem vários recursos legais, porém o mais relevante agora é o controle manual das ventoinhas e mais alguns parâmetros de energia.
O que eu recomendo, para quem tem paciência, é mexer no modo padrão. Por exemplo, eu não ligo tanto para ruído, mas prefiro um note mais frio.
A curva que eu escolho, então, ativa as ventoinhas em níveis bem mais rápidos, para temperaturas mais baixas, e o resultado final é uma média mais baixa de temperatura. E o ruído nem fica tão ruim assim. Já vi pior com meu Nitro 5.
Conclusão
Como eu comentei, para quem tem conhecimento, e quer explorar um pouco mais do notebook, dá para mexer aqui no modo manual, tanto da placa de vídeo, quanto do processador, e encontrar um perfil que te agrade.
No final, o maior problema do TUF Gaming A16, é que ele possui apenas uma versão, que é bem avançada.
O Ryzen 9 me impressionou, principalmente por conta da sua estabilidade. Você realmente consegue usar ele, como se ele fosse um Ryzen 9.
A RTX 4060 parece até um detalhe que só deixa ele ainda melhor. Para o meu uso, a combinação de performance e conforto no uso, tornou ele um dos meus favoritos do ano, até agora.
Mas ele está caro, para um note com tela Full HD+, enquanto que vários concorrentes, inclusive dentro da ASUS, estão próximos no preço, mas com um ou outro detalhe melhor.
Seria interessante ter disponível uma versão com processador Ryzen mais simples, que poderia ter um valor legal, mais em conta, e mais competitivo. Ótimo para entrar na briga contra Nitro 5 e Dell G3.
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