O Dell G3 3590 é a última atualização desse que é o notebook gamer de “entrada” da marca. Com processador e placa de vídeo atualizados, além de um novo design, o G3 claramente teve que fazer algumas concessões para conseguir se manter na faixa de preço esperada. Será que essas trocas fazem sentido? Esse é o assunto do review desse notebook.
Construção
O Dell G3 vai na contra-mão daquela tendência de design mais sóbrio que vários notebooks com placa de vídeo dedicada lançados recentemente tem adotado. Em vez disso, a aposta é num projeto mais agressivo, bem gamer mesmo, cheio de detalhes coloridos, texturas e desníveis que eu, sinceramente, achei mais interessante, ou pelo menos mais criativo do que um simples quadrado com uma tampa lisa.
Por outro lado, todo o corpo é feito de plástico, puxando a construção para o lado mais econômico. Você observa uma certa flexão em algumas partes, principalmente quando você abre o notebook ou força um pouco mais a região do teclado, o que era esperado desse material.
Só que o maior problema é a velocidade em que ele acumula marcas de mãos e dedos, principalmente na região onde você se apoia ao digitar e na tampa superior, que são as regiões onde mais passamos a mão.
Nem precisa esperar muito tempo para as manchas começarem a aparecer, algo que nenhum outro notebook de plástico, que eu testei recentemente, apresentava. Uma pena já que, fora isso, o G3 é bem bonito.
Mesmo assim, ele evoluiu ano a ano e não só reduziu medidas como parece mais atual e trabalhado. Ele também é bastante pesado e compacto, ao tentar colocar um sistema mais robusto em um espaço menor. Não que os modelos do ano passado fossem leves, é basicamente o mesmo em um pacote menor, e isso confunde.
A falta de espaço pode impactar de forma negativa o sistema de resfriamento do notebook, e eu já me aprofundo no assunto, mas em questão de fluxo de ar, o G3 traz o necessário.
O ar parece entrar pela parte traseira do notebook, que graças ao formato diferente do corpo, não ficam bloqueadas quando ele está aberto, e saem embaixo.
Conectividade, teclado e tela
Na traseira, você encontra a entrada de ar, que felizmente não é bloqueada quando a tela está aberta, graças ao formato diferente do G3, e nas laterais, temos a quantidade de entradas e saídas esperadas.
Junto do HDMI e da energia, você encontra um USB-C com suporte ao DisplayPort, uma porta USB 3.1 e para internet cabeada. Do outro lado são mais duas portas USB 2.0 e o leitor de cartões SD, o que facilita a vida de quem trabalha com esse formato de armazenamento.
O teclado é retro iluminado com LED azul, e o padrão é americano, algo menos ideal, mas que é fácil de se acostumar.
Se fosse para eu encontrar pelo em ovo, diria que a luz apaga muito rápido, dai se você estiver trabalhando no escuro, precisa bater em algum canto ali para acordá-lo e descobrir onde as teclas estão.
Fora isso eu gostei do teclado, o brilho é forte e a digitação é confortável. O touchpad também é bom, pelo menos para deslizar o dedo, ele tem uma textura bem legal e responde bem aos comandos e atalhos do Windows.
O único problema são os botões, que por aqui são duros e até desconfortáveis de se usar. Você ganha mais clicando duas vezes no touchpad, do que tentando se acostumar com esses botões.
Outra característica onde você nota uma certa economia é na tela. O painel antirreflexo até é do tipo IPS, e tem ângulos de visão razoáveis, mas definitivamente não serve para trabalhar com edição de vídeo ou design, que dependem mais de cor, porque ele alcança apenas 65% do espectro sRGB pelos nossos testes.
Onde você consegue tanto uma tela quanto construção melhor, na própria Dell, é no G5. Lá sim você vai ter uma tela com cores mais precisas e até de alta frequência, já que alguns dos novos modelos vem com painel de 144Hz.
O preço sobe bastante também, e com o que você economiza levando o G3, dá para comprar um monitor bom de 144Hz, e ainda sobra uma grana. Uma tela fixa pode ser uma alternativa se você não depende tanto de mobilidade, e tem um escritório para deixar ela montada lá.
Configuração e desempenho
Todas essas economias existem por um motivo simples, baratear o notebook, porque o seu foco principal é em desempenho. A GTX 1650 que temos nesse modelo aqui basicamente permite subir um nível de configuração em todos os jogos, quando comparado com a GTX 1050, que essa versão sucede.
Se antes você só conseguia jogar algo no médio, agora você roda no alto ou até mesmo sobe um pouco a resolução. Vale a pena para quem quer se manter um pouco mais atualizado com os jogos, já que o preço muda cerca de 600 a 800 reais, dependendo da época.
Esses ganhos de desempenho a colocaram bem perto da GTX 1060, onde você consegue jogar GTA V no alto sem problema, e até mesmo o Shadow of Tomb Raider ficou legal quando abaixei para o médio.
A 1650 não consegue ser uma substituta completa da 1060, porque ela ainda fica ligeiramente atrás, mas como o preço dos notebooks com a placa antiga ainda está maior, a nova geração meio que ajudou a diminuir o preço por performance das máquinas gamer de hoje em dia.
Quem acompanha essa placa de vídeo, sem gerar gargalo algum, é o Intel i5-9300H. Esse processador só teve problemas mesmo quando eu tentei jogar o que o notebook realmente não aguentava, como Tomb Raider ou Forza nas configurações mais altas.
Porém, assim como versões passadas do G3, o 3590 deixa a temperatura da CPU subir bastante, sendo bem comum ele chegar a 90ºC e começar a sofrer o power throttling, reduzindo a potência direcionada ao processador. Por conta disso, essa carcaça provavelmente não conseguiria aproveitar um processador mais forte, então esse conjunto é o ideal.
A Dell implementou também um botão para habilitar uma espécie de modo boost, parecido com o Odyssey da Samsung. Ele funciona jogando a velocidade da ventoinha para 100% da sua capacidade, liberando a CPU para rodar no máximo possível, e aumentando o limite de temperatura para 100ºC.
Só que os efeitos na jogatina são mínimos, já que ele ficará baixando a frequência para não esquentar demais, e o clock médio nem aumenta de forma significativa, não oferecendo ganho em FPS ou gráfico.
Inclusive parece que o jogo passa a travar mais, e o benchmark de Shadow of Tomb Raider, por exemplo, ficou pior com o modo ligado. Se você escolher esse notebook, eu recomendaria nem instalar os softwares necessários da Alienware, e simplesmente ignorar esse botão.
Isso tudo não quer dizer que o G3 é ruim, o seu desempenho na verdade é muito bom quando o preço está numa faixa que faz sentido, que ele costuma chegar. Porém, ele não tem muito espaço para melhorar, já que qualquer hardware mais potente precisaria de um sistema de resfriamento mais robusto, como o encontrado nos notebooks mais caros.
Abrindo a tampa para dar uma olhada mais próxima nesse sistema, podemos ver que ele até que é condizente com o seu hardware. As duas ventoinhas em lados opostos é um dos melhores designs, e o heatpipe tem um tamanho mediano.
Esse conjunto foi capaz de escoar bem o calor e você nem sente desconforto no teclado, pelo menos na área das teclas WASD. Só não tente usá-lo no colo quando ele estiver trabalhando no máximo. É um desenho legal, mas realmente precisava de ventoinhas mais potentes e mais caras, junto de mais heatpipes e umas saídas de ar nas laterais para controlar melhor o calor.
Ainda podemos ver o HD de 1TB e o SSD de 128GB, que você nem precisa pagar tanto a mais para ter, pelo menos quando comparado com a fortuna que o upgrade custava lá no G5.
Outra boa notícia são os 2 slots de RAM já preenchidos, nesse caso totalizando 8GB de memória a 2666 MHz, mas eles são compatíveis com até 32GB, caso você queira investir um pouco mais.
Seguindo para as questões energéticas, a bateria de 51 Wh aguenta o padrão de umas 3 horas fora da tomada, com o brilho no médio, enquanto você trabalha em tarefas básicas.
Esse acaba sendo o lado ruim dos notebooks com placa de vídeo, que precisam sacrificar mobilidade por potência, aumentando bastante o consumo, mesmo quando você não está usando nada.
E até dá para você jogar algo mais básico com a bateria, mas para os mais pesados, você vai precisar usar a fonte de 180W para usufruir de toda a força do notebook. Pelo menos ele também não demora mais de 2 horas para carregar toda a bateria.
Conclusão
O Dell G3 3590 abriu mão de algumas coisas para ser mais barato. A construção é um pouco mais robusta que a versão anterior e um pouco mais compacto, além de ter uma tela ligeiramente melhor que a média da faixa de preço.
Além disso, é legal já ter uma opção com SSD e HD perto dos R$4.000. Para quem quer trabalhar com um desempenho um pouco melhor ou não pretender jogar tanto triple AAA, o Dell G3 pode ser uma solução legal por já estar meio que pronto, mas esses gargalos no desempenho final podem incomodar um pouco e limitar o notebook.
Ficar com ele em uma mesa, ter uma base de refrigeração e quem sabe fazer undervolt podem ajudar bastante, mas não deveria ser necessário.
Alguns dos problemas como tela, aquecimento e acabamento são melhorados no Dell G5, mas você também vai gastar mais. No fim, em um mercado em que está difícil encontrar modelos com GTX 1650, o Dell G3 aparece como opção que definitivamente não é ruim se estiver com um preço legal.
Gabriel diz
Olá! Em primeiro lugar queria parabenizar o site e o canal do youtube, os melhores aqui no Brasil. Eu estou com uma dúvida em relação qual notebook comprar. Eu tenho acompanhado os preços desde março e só tem subido mesmo, tem ficado bem difícil de comprar um. Eu achei um Dell G3 3590-A50P no site da Submarino mas não sei se tá num preço bacana. As configurações dele são um processador 9ª Intel Core I5 8GB (Geforce GTX1650 com 4GB) 512GB SSD 15,6″ W10. Eu já queria um computador com Windows para não ter que mexer nele depois de comprado, como tem que fazer com a maioria dos Acer nitro 5 que estão disponíveis. O preço do Dell está R$ 6.228,99, vocês acham que vale a pena comprar??