O Dell 13 7000 foi um dos primeiros notebooks do país a receber um processador da decima geração. Extremamente portátil, ele é basicamente uma versão custo benefício do XPS 13, mas ficou um pouco esquecido no meio de tanta coisa que aconteceu e que foi lançada durante o ano. A ideia desse review é explicar se esse notebook faz sentido para quem precisa trabalhar de qualquer lugar.
Construção e tela
Para começar, o Inspiron 13 7000 cobre todas as bases para ser considerado um legítimo ultrafino premium. Seu design é atraente, principalmente para quem gosta de uma aparência mais limpa, e a liga de magnésio é um material de alta qualidade, que ajuda a manter o corpo leve – bem leve – seu peso total não passa de um quilo.
Mas esse tipo de material, como já vimos lá no Style S51 antigo da Samsung, também tem uma carinha de plástico e não deixa o equipamento com uma cara de premium. O XPS 13, por exemplo coloca uma textura em seu tampo para dar uma escondida nisso.
Esse modelo é o primeiro dessa série a ser tão pequeno. Sua tela diminuiu para 13,3 polegadas, num corpo de praticamente 20 por 30 centímetros, tornando o modelo realmente super portátil.
Ele foi no caminho contrário do lançamento do ano passado para essa linha, o Inspiron 15 7000, que tinha ganhado 1 polegada e 2 centímetros em cada dimensão quando comparado com o ano anterior, enquanto que em 2020 ele perdeu 2 polegadas.
Pessoalmente, eu acho que teria sido melhor manter uma opção grande de 15 polegadas, e criar uma nova série para essa de 13, pois começa a faltar espaço para algumas características e o conceito muda. A série 7000 sempre foi conhecida por ser a premium do dia a dia, e não uma ultrafina. A transição para quem acompanha a marca não fica tão clara.
Felizmente, as mudanças que rolaram na tela não afetaram a sua qualidade. Em algo tão pequeno, podia ser tentador usar a resolução 720p para sua tela, mas ela continua Full HD, de tecnologia LCD, que deixou o IPS e passou a ser WVA.
Essa é uma espécie de melhoria dos painéis VA, que chega perto dos ângulos de visão oferecidos por uma tela IPS, mas que mantém o bom contraste de uma tela VA normal.
É uma opção boa, principalmente porque nesse tamanho, o ângulo de visão não é tão importante, e os tons mais escuros ficam melhores. É uma tela de alta qualidade, e não poderia ser diferente para um ultrafino premium, já que isso é basicamente um requerimento para ser competitivo.
Teclado e conectividade
Além disso, o teclado também não foi tão afetado. São 82 teclas, o que significa que ele possui todas as teclas F no topo, mas dispensa o teclado numérico. Faz um pouco de falta para quem usa Excel, mas é aceitável para um notebook de 13 polegadas.
O importante é que as teclas possuem um espaçamento legal, é retro iluminado, com um clique firme e confortável, algo essencial num notebook onde os principais usos envolvem horas e horas de digitação.
Por aqui você encontra também uma tecla dura, e no canto direito, estão localizados os botões de ligar/desligar e o leitor de digitais. O sensor costuma ser certeiro, mas eu recomendaria cadastrar umas duas vezes o mesmo dedo, porque diferente do celular, que você sempre pega mais ou menos do mesmo jeito, o notebook varia um pouco, e com esse truque, as chances de não pegar de primeira são mínimas.
Um pouco mais para baixo fica o touchpad, que também funciona muito bem, tem todos os comandos do Windows, drivers de precisão, bom tamanho, e uma textura legal.
A quantidade de entradas nas laterais é onde ele te deixa um pouco na mão. O Inspiron 13 7000 possui apenas uma entrada USB tradicional mais uma entrada P2 no lado direito. Enquanto que no lado esquerdo está presente uma USB-C, um leitor de cartão microSD e, algo que não costuma aparecer com frequência em ultrafinos, o HDMI – além de claro, a entrada de carregamento.
Até aí ele é melhor do que a média, por ter uma variedade legal, mas a entrada microSD é menos útil que o SD comum, e o USB-C não tem todas suas funções, faltando infelizmente a possibilidade de recarregar o notebook. No fim, o Inspiron 13 7000 fica no meio do caminho, quase que na dúvida, e na necessidade de ter alguns itens inferiores ao Dell XPS 13.
Desempenho
Até o momento, eu acredito que o tamanho não foi problema, foram escolhas, mas quando falamos de resfriamento, não tem como um ultrafino entregar muito, e esse corpo quase que único dele faz o favor de piorar a situação.
A entrada de ar fica na parte de baixo, com saída na parte de cima, virada para a tela, que até recebe certa ajuda das dobradiças retroprojetadas. O problema é que a ventoinha é barulhenta e pequena, assim como o dissipador, que conta com uma distribuição ruim, esquentando bastante todo o teclado.
Isso deixa o note bem desconfortável de usar enquanto o processador trabalha muito, inclusive em atividades básicas como escutar música enquanto baixa um programa e com o Chrome aberto assistindo a um vídeo. Esse acaba sendo o grande preço que você paga para ter uma máquina tão portátil quanto essa.
A grande novidade quando o 13 7000 lançou por aqui foi a presença de um processador de décima geração da linha Comet Lake da Intel. Você pode escolher entre dois modelos: o i5 10210U e o i7 10510U.
Não é a coleção fresquinha de 10 nanômetros, mas ainda estão bons. Os dois possuem 4 núcleos, com 8 threads. O i5 é até melhor que o modelo com i7 do ano passado, e o mais potente adiciona alguns Gigahertz na brincadeira.
Você ainda tem a opção de adicionar uma placa de vídeo dedicada da Nvidia, a MX 250, e escolher entre um SSD NVMe M2 de 256 ou 512 GB. A única parte chata é a memória RAM, que é soldada e apenas de 8 GB a 2133Mhz, sem opção de upgrade.
No papel, essa configuração até conseguiria rodar alguns joguinhos e quem sabe editar, mas na prática ele só vai bem para o uso de “produtividade”, sem muitos softwares mais pesados. É de boa colocar ele em até 2 monitores externos e fazer o trabalho do dia a dia, até por conta do SSD que tem boas velocidades.
Dá para você abrir o software de edição e fazer alguns testes em 1080p, ou até mesmo jogar alguns indies, mas a verdade é que qualquer situação que segura o processador a mais de 60%, já gera todo aquele problema de calor, e mesmo com o i7, você irá sentir o processador diminuindo o rendimento em pouco tempo. Tudo que é mais pesado começa bem e perde rendimento com o tempo, além de esquentar sua perna.
Então sendo bem sincero, não vai dar para extrair muita potência daqui, pois essas são as versões com foco em economia de espaço. Acho até complicado recomendar a presença da MX250 por aqui, já que ela estaria capada e consumindo mais energia. Mais fácil ficar com mais tempo de uso.
Esse lance de menos espaço trazer menos desempenho não é novidade, é uma escolha que o próprio XPS 13 fez e que rendia um desempenho 10% inferior utilizando o mesmo processador quando comparado com o Lenovo S740, que é mais pesado, maior, e melhor refrigerado – e o mesmo ocorre aqui.
Isso significa que a bateria dura bastante tempo então? Até que sim. Ele possui uma bateria de 45Wh, que no primeiro dia, quando eu fiquei baixando vários programas e testando tudo, ela durou umas 5 horas longe da tomada.
Já no segundo dia, apenas trabalhando, com o brilho mais baixo, e com um perfil de energia um pouco mais econômico, a duração da bateria chegou a 8 horas, com alguns ajustes, talvez até chegue nas 10 horas anunciadas.
Infelizmente esses são valores mais baixos do que o 1065G7 ou 1035G4, que também são décima linha da Intel, oferecem e que estão presentes em outros ultrafinos. Essa é outra escolha estranha da Dell, já que a linha U, de clock mais alto nem consegue ser aproveitada por aqui. O Inspiron 13 7000 parece fruto de um momento de lançamento ruim, onde ainda não dava para usar os Ice Lake, ou de uma estratégia de capá-lo o suficiente para não atrapalhar o XPS 13, que veio com produção local e preço reduzido.
Conclusão
O Inspiron 13 7000 tem todos os pontos positivos e negativos que você espera de um ultrafino premium super portátil. Ele é leve, dá para levar para qualquer lugar sem muito esforço, tem uma belíssima tela e entrega o suficiente para trabalhar. Só que ele ainda esquenta bastante, o que limita bastante o seu uso, além de cobrar caro por upgrades que não alteram tanto o seu uso, justamente por conta desse problema do tamanho.
Ele ainda pode ser uma opção razoável numa promoção, porém, uma alternativa de ultrafino de 13 polegadas, e que está um pouco mais barato, pode ser o Style S51, que ainda por cima esquentava um pouco menos, sem alterar praticamente nada do seu uso.
Mas se tamanho não é problema, o Yoga S740 traz uma carcaça mais espaçosa, que lida ainda melhor com calor, o que o deixa um pouco mais potente, mesmo que de forma indireta, mas que já consegue se aventurar em softwares mais pesados.
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