O Dell Inspiron 15 3530 é o modelo de entrada da empresa americana, equipado com a décima terceira geração de processadores Intel. Ele traz uma atualização necessária para a conectividade do aparelho, além de manter diferenciais do modelo anterior. Não são tantos avanços, mas será que é o suficiente? Será que ele vale a pena?
Não costumava ser algo comum, a gente falar Dell e barato numa mesma frase. Mas essa é a terceira geração que o Inspiron veste a camisa, de verdade, de um produto de entrada.
Está confirmado, então, os Inspirons querem ser competitivos, e por conta da popularidade da marca, ele pode se tornar um dos mais vendidos da categoria.
Mas como eu comentei lá no review do Inspiron 3520, para chegar nesse ponto, ele precisou abrir mão de algumas características.
Construção
Eu senti bastante a queda na qualidade da construção desse notebook, especificamente, o material dessa versão carbono. Não que esteja ruim, mas está no nível de modelos mais em conta, com um material plástico nem um pouco refinado. Você pega e pensa, “ok, esse é um produto de entrada.”
A linha 3000 nunca foi tão trabalhada como os produtos da linha 5000, no entanto, antes você via um esforço maior em simular algo melhor, principalmente com as texturas. Agora, o foco é todo na usabilidade e competitividade dele.
Ainda assim, a queda no material não aconteceu no design. Ele tenta ser mais interessante, com o esquema de tampa que levanta o notebook. Isso aumenta o vão entre a parte inferior e a mesa, e realmente fica numa altura boa, que ajuda na coleta do ar.
Não consideraria um diferencial para compra, mas ainda assim, não é algo comum em outras marcas. Seus principais rivais, como o Aspire 3 e o Ideapad 1i, são todos retos, quadradões.
O que pode ser um diferencial de compra é a melhoria na comunicação. Na análise do 3520 eu realmente reclamei que o notebook estava muito desatualizado, apenas com portas USB tipo A.
Isso mudou agora, e, dependendo da versão, o Inspiron ganhou o USB-C “completo”. São duas versões, essa, carbono, para as configurações mais básicas, e a prata, mais avançada, quase com cara de linha 5000.
As duas receberam o USB-C, mas no carbono, ela serve apenas para transferência de dados, enquanto que o prateado consegue passar dados, energia e sinal de vídeo.
Fora ela, o Inspiron 3530 continua com a saída HDMI, duas portas USB padrão – uma de cada lado – e um leitor de cartões SD. A entrada para energia está presente nas duas versões, apesar do prata carregar também pelo USB-C. Para as conexões sem fio, módulo Wi-Fi 6 e Bluetooth 5.
A grande mudança é apenas o USB-C, e seria muito bom ter os dois modelos “completos”. Mas, é o que eu já comentei, cortes na construção para deixar o modelo mais barato e mais competitivo.
Só vale falar que esse USB-C do carbono não é um diferencial. Era o modelo 3520 que estava atrasado sem ele, pois todos os seus concorrentes traziam a porta com esse encaixe, apenas para dados.
Outro ponto onde a versão prata parece da linha 5000 é no teclado. Nele, as teclas são retroiluminadas e com o leitor de digitais, enquanto que aqui, temos o conjunto básico.
Mas minha experiência com ele, no carbono, foi positiva. As teclas são leves e baixas, sem ser muito molenga, ou com toque emborrachado. Pode ser um pouco barulhenta de vez em quando, mas está dentro do padrão para um modelo mais em conta. O trackpad poderia ser maior, mas sem reclamações por aqui também.
Tela
Independente da versão, o grande diferencial do Inspiron 3530 é o mesmo do 3520, sua tela. Esse modelo possui 15,6 polegadas, com resolução Full HD, num painel do tipo WVA. Só pelo painel, ele já leva vantagens contra grande parte do mercado, que ainda adota a tela TN.
O principal diferencial do WVA, nessa comparação, é o ângulo de visão, que é ótimo. Você pode abrir a tampa do notebook em qualquer ângulo, que dá para usar. Não fica com aquela cobertura esbranquiçada, que você vê em todo TN.
Além disso, o WVA tem uma imagem mais bonita. Pelo teste do colorímetro, o Inspiron 3530 consegue exibir 63% das cores do DCI P3, com contraste de 1220:1. A gama de cores não impressiona, mas por conta do contraste melhor, que chega a ser o dobro do TN, esse painel consegue desenhar melhor os elementos da tela.
A profundidade de pretos também é um pouco melhor, então não é aquela tela ótima para design, mas é bem aparente a vantagem perante outras telas de entrada.
E imagem mais bonita nem é o diferencial número um. O que destaca ainda mais o 3530 é a taxa de frequência, de 120 Hz. Isso deixa o movimento na tela mais suave. Parece pouco para quem nunca experimentou, mas é um mundo sem volta. Depois de ver como é, depois de se acostumar com ela, é até difícil voltar para uma tela comum, de 60 Hz.
Nesse modelo, como a frequência maior pode gastar mais energia, ele possui um ajuste diferente, de taxa variável. Ao escolher ela, a tela varia de 60 para 120 hertz, de acordo com o conteúdo da tela.
Para o sistema, para jogos, ele pode ir para o máximo, mas se você estiver assistindo um vídeo em tela cheia, que geralmente está numa taxa de 30 Hertz, aí a frequência do painel cai automaticamente para 60 Hz, para você não gastar energia à toa.
É um sisteminha bem legal, que podemos encontrar em monitores, TVs, smartphones e notebooks mais caros, que agora está presente num modelo muito mais em conta.
O Inspiron 3530 não será o modelo mais em conta com 120 Hz, porque o Inspiron 3520 ainda está no mercado, e ele utiliza a mesma tela. Porém a diferença de preço entre os dois não é tão grande, e tende a diminuir. Talvez você possa pagar um pouco a mais, menos de 100, 150 reais, para levar algo com hardware melhor.
Desempenho e bateria
Por aqui temos muitas opções, como sempre é o caso da Dell. São três versões de processadores no notebook cor carbono: o Intel i3-1305U, Intel i5-1334U, e o Ryzen 5 7520U com a nomenclatura Inspiron 3535. No notebook cor prata, apenas uma opção, o i7-1355U.
Nossa versão aqui possui o i5. Na verdade, o nosso notebook possui o i5-1335U, não o 34. Teve essa mudança nos modelos atuais produzidos no Brasil – por questões de fabricação – mas os testes de velocidade, serão iguais ou muito próximos.
Nos testes de benchmark, o maior valor que eu consegui foi de 8314 pontos, mas como sempre é o caso nos modelos Raptor Lake da Intel, esse valor varia bastante, de acordo com o uso do processador.
Esses modelos possuem dois tipos de núcleo, eficientes e potentes. Isso é algo bom, mas causa essa bagunça de vez em quando nos testes.
Para o dia a dia, o i5 é certamente o mais indicado. Se a gente pensar apenas em desempenho, tudo que esse notebook se propõe a fazer, o i5 já faz com maestria. Pense aqui em produtividade simples. E-mail, planilhas, navegador, e aquele sisteminha próprio da empresa.
O modelo com i7 melhora um pouco, mas não o suficiente. Ambos possuem 10 núcleos, com 2 potentes e 8 eficientes. O que muda no chip é a sua frequência, que sobe de 4,6 GHz para 5 GHz. Não é por isso que você vai gastar mais.
Já o i3 e o Ryzen 5, estão bem distantes desse. Pelo teste do Geekbench, que é melhor para comparação, o i5 e o i7 estão a 5% um do outro, mas os dois pontuam 50% mais que o i3. Os mais básicos ficam ali no nível do antigo 1135G7, que era um processador legal, porém entra aqui a questão do preço.
A economia pode ser de apenas 300 reais, para uma queda brusca na performance do notebook, então precisa analisar qual versão você busca, e qual a distância dela para a versão “base” com i5.
Mudando para o assunto GPU, aqui temos, de certa forma, 4 opções também. O i3, o i5 e o Ryzen 5, possuem apenas opções de placa de vídeo integrada, porém cada uma traz uma versão diferente. O i3 possui apenas o Intel UHD Graphics, o i5 vem com UHD Graphics ou Iris Xe. E o Ryzen 5, utiliza a Radeon Graphics.
O processador i7, além da Iris Xe, possui também uma versão com a GeForce MX550, que chega a ser 4 vezes melhor que a placa integrada. A questão é que, a adição da MX, além de aumentar muito o valor do notebook, transforma ele num modelo diferente.
Aliás, o i7, de forma geral, não tem só a cor diferente. Ele é um outro notebook, para uma categoria de uso muito mais próxima do XPS, que só mantém o mesmo nome Inspiron 15 3530.
Por isso, vamos voltar aqui para o i5, e focar na Iris Xe. Ela prometeu bastante, e realmente melhorou a situação dos notebooks – comparado ao UHD Graphics – mas ainda dá conta apenas do básico. O foco não é jogar nem editar vídeo, então, usando jogos como exemplo, você até consegue jogar Valorant, mas nem chega perto de um Baldur’s Gate 3.
Em memória RAM, temos opções também, 8 ou 16 GB, mas o melhor aqui é a possibilidade de upgrade.São dois slots de RAM, que alcançam até 16 GB. Ao lado, o SSD NVMe M2, que começa em 512 GB e vai até 1 TB. Ele vem nessa quantidade no i7, no entanto, as outras possuem 8 GB, que você pode aumentar depois.
Não existe espaço para um segundo M2, mas você pode instalar um disco SATA, caso queira aumentar o espaço. Pode ser necessário para algumas pessoas, mas no geral, para aquele uso de produtividade, eu acho legal que ele começa em 512 GB.
Seria mais barato com 256 GB? Sim, e não seria tão ruim, para quem tem a vida toda na nuvem. Mas 512 GB é o ideal para um uso legal.
A bateria tem capacidade de 41Wh, que não é uma quantidade muito grande, e o cooler é realmente pequeno. No caso do cooler, quando eu vi ele, fiquei com receio dele esquentar muito. No entanto, não senti temperaturas altas durante o uso com o i5.
Esse era o esperado mesmo, mas vale comentar aqui que, nas pontuações de benchmark do processador, encontradas na internet, o que eu consegui aqui está menor. A minha média foi mais baixa, num nível maior que o esperado.
Pode sugerir que o i5-1335U, aqui desse notebook, está com a potência limitada. Só não fica claro se esse será o caso com o i5-1334U. O caso é que a Dell não quer nem que ele fique morno, o que só deve afetar seu uso, num uso mais extremo, com a CPU no máximo.
Sobre a bateria, 41 Wh é o suficiente para um uso básico. Esse chip se mostrou bem eficiente, e se você não abusar, consegue passar um pouco de 4 horas com ele, fora da tomada. Geralmente conseguimos até 4 horas, então tem essa vantagem.
Conclusão
O Inspiron 3530 pode ser encontrado, hoje, por 2799 reais, na versão i3 com Linux, que é a mais barata. A versão “base”, i5, começa em 3399 reais, com 8 GB de RAM. E o Intel i7, que eu comentei que é um notebook diferente, vai de 4699 até 5699 reais. Entendeu como é um notebook diferente?
Nas versões realmente de entrada, até i5, o valor inicial é bom. A expectativa é sempre dele diminuir, mas analisando o valor hoje, ele está em média, 300 reais mais caro que seus concorrentes diretos, como Acer Aspire 5 e Lenovo Ideapad 1i.
A grande vantagem da Dell, é a tela de 120 Hz, porém isso é algo que o 3530 compartilha com o 3520. Entre as versões “base” dos dois, i5-1235U tem a opção ainda mais barata, com SSD menor de 256 GB.
Ela pode ser mais interessante se você não precisa de tanto espaço, fora isso, o modelo de décima terceira geração pode ser mais legal por ser mais atualizado. Isso porque os dois seguem com preço próximo.
Deixe um comentário