Lenovo Legion Y540: faz tudo sem comprometer muito

O Legion Y540 representa grande parte do que os notebooks gamers evoluíram em 2019. Mais do que uma redução de tamanho sem agredir tanto o resfriamento, a Lenovo oferece mais opções com um pouco mais de desempenho e presença de SSD, coisa que estava faltando no ano anterior. Nesse review nós vamos abordar as diferenças e se ele realmente vale a pena.

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O Legion Y530 me impressionou bastante no ano passado, não por estar completo ou ser o melhor notebook que a gente já havia testado, mas por trazer um design um pouco mais sóbrio que faz jus ao termo que o mercado vem usando bastante: desktop replacement, ou em tradução livre “o substituto de PC de mesa”. A ideia é ter algo potente, mesmo que isso não traga tanto tempo de bateria.

Nesse modelo nós temos os melhores componentes pelo preço, uma construção que tenta economizar ao máximo, mas que não estraga o desempenho e quase todas as portas posicionadas em sua traseira, facilitando ainda mais montar um setup mais limpo e que quase é realmente um desktop.

Conectividade e design

Isso facilitou bastante no dia a dia porque ele é bem completo. Temos um espaço para chave kensignton, o conector padrão de força para o carregador de 230W, a entrada de cabo internet, um HDMI, um USB 3.1 tipo A, um Mini DisplayPort – que permite não só colocar um terceiro monitor em paralelo como melhor envio de dados – e o USB-C 3.1, que é somado a mais dois USB 3.1 – um em cada lateral – e por última a entrada de fone de ouvido, apenas do lado esquerdo.

É realmente uma lista de conexões bem atrativas, mas o que pode faltar para algumas pessoas é a entrada para cartão de memória. Apesar de ser facilmente resolvido com um adaptador, existe a necessidade de usar um acessório para ter a funcionalidade.

Além de “diferentão”, o Legion Y540 trabalha com recortes bem enxutos, tela com poucas bordas, teclado que vai até quase o limite do corpo do aparelho e um peso de 2,3kg, valor visto em notebooks de entrada com componentes mais básicos e baterias menores. Esse é um movimento que começou em 2018 e que foi seguido por outras marcas agora no final do ano como Dell e Samsung.

O teclado é no típico formato de base e topo arrendondado da Lenovo, com padrão ABNT 2. A grande diferença está na presença de uma tecla de interrogação abaixo do ALT e um teclado numérico que fica um pouco mais pra cima do que de costume.

Achei um pouco confuso, mas é aquele incômodo que passa depois que você se acostuma. As teclas são retroiluminadas de forma consistente e o que mais me incomodou mesmo foi o trackpad.

O primeiro ponto é que ele é bem pequeno. Sabemos que esse tipo de notebook para trabalho ou games geralmente é usado com um mouse, mas no colo é muito mais confortável poder usar esse hardware.

O clique é realizado através de dois botões que exigem mais esforço do que deveriam. Dá para usar em um momento de necessidade, mas um mouse é quase que uma necessidade por aqui.

Tela e desempenho

Ano passado a tela do Y530 foi um destaque na faixa de preço em que ele se encontrava. Infelizmente, o Legion Y540 não impressiona mais e ainda decepciona por oferecer uma tela com frequência de 144Hz no exterior, quando no Brasil escolheram apenas o monitor 60Hz.

Por mais que tenha sido um ponto de decepção, a tela não incomoda. Temos quase 300 nits de brilho e os ângulos de visão são bons, mas pra quem quer mexer com imagens é bom ficar atento.

Pra jogos, fica de fora o G-Sync, tornando o resultado apenas aceitável. Minha experiência com o Odyssey 2 foi bem melhor e mais chamativa, que entra numa faixa de preço acima.

Em desempenho o Y540 consegue virar o jogo. A combinação do Intel i7 9750H com a RTX 2060 é provavelmente o que você vai encontrar de mais potente esse ano. Para pegar uma RTX 2070 vai ter de ir de Avell e RTX 2080 com aquele Dell de 20 mil reais.

Com ela, eu consegui basicamente jogar tudo que eu queria em Full HD no alto ou ultra. Zerei quase que completamente o Gears 5 e o próprio Outer Worlds rodou em ótima qualidade com um ângulo de visão maior do que o padrão.

O mais importante é que o equipamento não sofreu muito mesmo depois de um bom tempo de jogatina. As ventoinhas são ligadas logo no início, e dá pra configurar um modo misto ou de desempenho onde elas são mais altas, mas mesmo assim elas não ficam tão altas quanto no Odyssey 2.

Em testes exclusivos de CPU como o Cinebench, o Y540 conseguiu até levar a melhor, e depois de colocar um segundo pente de RAM, ele até que melhorou um pouco em jogos, mas o Odyssey 2 conseguiu alguns frames a mais, principalmente quando ligou o Beast Mode. Parece que a Lenovo deixou o processador livre e a placa de vídeo um pouco capada para manter a temperatura.

Apesar de os componentes não atingirem temperaturas que geram um throtling forte, o Legion ainda fica mais quente na carcaça do que o concorrente da Samsung, com basicamente o centro do teclado sendo a parte mais quente no topo e a parte traseira impossibilita usá-lo no colo. Para jogar com ele em cima da mesa eu não vi problema.

De qualquer jeito, parece que o Legion ainda consegue levar melhor a questão de refrigeração do que o Dell G5 de mesma configuração. Então, ele acaba sendo a opção mais viável pelo preço.

Problemas, som e bateria

Um ponto de atenção para quem gostaria de usar o espaço vazio para colocar um HD ou SSD de 2,5 polegadas é o fato de que simplesmente a Lenovo não colocou o cabo de conexão com a placa mãe. Ou seja, eles se deram o trabalho de separar um lugar até com espumas para reduzir a vibração do HD e você não consegue instalar com ele direto da fábrica, sendo necessário comprar um conector de aproximadamente R$50.

A webcam claramente está no pior lugar possível: abaixo da tela. Não é algo que exigimos tanto de um notebook, mas o ângulo de visão que ela oferecer diminui as chances de você querer utilizá-la.

O som por outro lado é acima da média, mas não chega nem perto de impressionar. É o mínimo que podemos esperar de um notebook da faixa de preço dele, apesar de alguns concorrentes diretos se saírem pior. Apesar de posicionados quase que na parte de baixo do notebook, os alto falantes ainda apontam pra frente, o que ajuda um pouco na questão do volume.

Em questão de bateria, o Lenovo Y540 trouxe outro ponto bastante interessante: uma capacidade de 57Wh. É a média do mercado, com concorrentes diretos trazendo 53Wh e 60Wh, e certamente vai embora rápido com uma GPU demandante como a RTX 2060 ligada.

Nesse cenário, em duas horas e meia de uso leve eu precisei retorná-lo à tomada e para editar um vídeo, em uma hora tudo já tinha ido embora. O Lenovo Vantage permite que você desligue a GPU dedicada e fique só com a integrada para ter um pouco mais de tempo de bateria, podendo junto com outras opções de economia de energia chegar em suas 4 horas e 30 minutos de uso.

Não é incrível ainda, mas já é uma das melhores opções, ou pelo menos a mais versátil, já que o mesmo aplicativo permite ativar a função de proteção de bateria, que serve para aqueles que mantem o notebook muito tempo ligado na tomada. Nesse modo, ela trava o carregamento entre 55 e 60% e pode ser ótimo para você usar despreocupado nesse modo, que certamente será a maior parte do tempo.

Conclusão

Com tudo isso em mente, acho que já dá para eu dar um parecer: com uma construção bem legal apesar de mais simples, o Y540 junta um bom desempenho com preço. Essa foi a RTX 2060 mais barata que encontrei até o momento em um notebook.

As conexões traseiras e o formato um pouco mais enxuto também me chamaram à atenção e o Lenovo Vantage com suas opções de ajuste de bateria foram uma boa surpresa para esse que virará o meu notebook principal de trabalho pesado.