Esses últimos anos vem sendo bastante competitivos no mercado brasileiro de celulares, e a chegada do Oppo Reno11 F promete aumentar tanto a concorrência, como quem sabe uma pequena melhora nos preços lá na frente. Se você está perdido com os chineses chegando por aqui ou apenas querendo um Oppo, veio ao review certo.
Oppo Reno11 F
- Processador MediaTek Dimensity 7050
- 256GB com 8GB de RAM
- Tela: AMOLED 120 Hz de 6,7″ (1080 x 2412px)
- Câmera principal: 64MP (f/1.7) + 8MP (f/2.2) + 2MP (f/2.4)
- Câmera selfie: 32MP (f/2.4)
- Bateria: 5.000 mAh
- Android 14
Construção e design
Eu passei algumas semanas usando ele, mas ainda não sei se tenho opinião formada sobre essa traseira. Ela mistura acabamentos, texturas, que aqui eu vou chamar de original, pode ser?
A traseira é de plástico, mas imita muito bem um vidro texturizado, que parece florido ou algo do tipo nessa cor roxa, que a gente recebeu para testes. Mas ainda tem versões em verde e azul.
É uma característica comum desses aparelhos, optar por sair do óbvio no design. Há campo para isso no mercado chinês e em alguns lugares da Ásia, como a Índia, mas não sei se por aqui esse acabamento vai pegar. Ainda mais porque a gente adora uma capinha, uma coisa que os executivos dessas empresas não entendem direito.
Voltando para o Oppo Reno11 F, a traseira é cortada por um enorme módulo de câmeras, esse mais difícil de entender. São dois grandes círculos. Um para a câmera principal e outro para as duas câmeras auxiliares. Elas ficam dentro desse módulo retangular, onde está o flash e uma inscrição INNOVATIVE AI CAMERA.
Curiosamente, esse módulo de câmeras não é texturizado como o restante da traseira. Se você reparar no módulo da câmera principal, vai perceber que essa proteção preta é bem maior que a lente em si, então é uma questão de design. A Oppo quer fazer com que pareça que sua câmera é bem maior, mesmo não sendo.
O frame lateral também é de plástico e imita metal, e aqui não tem muito segredo. Do lado direito fica o botão de energia e o botão único de volume mais e menos. Ele está numa posição bem confortável de usar, que não te força a esticar demais o polegar para aumentar o volume.
Do outro lado fica uma gaveta híbrida de chips, com um espaço para chip e outro para cartão de memória. Em cima fica um microfone para chamadas e embaixo estão o outro microfone, a entrada USB-C e a saída de som.
Tela e software
Se o design da traseira pode dividir opiniões, o que não deixa dúvidas é essa tela AMOLED Full HD de 6,7 polegadas. Eu gostei de tudo nela. Do equilíbrio das cores, da qualidade do painel, das bordas bem pequenas, e sem dúvida é um dos grandes acertos desse aparelho.
Ela tem suporte a HDR10+, pico de brilho de 1100 nits, proporção de tela corpo de 89,8% com 394 pixels por polegada, o que é um bom número para seu desempenho. Para fechar, ela conta com proteção Panda Glass.
Por padrão, a tela vem calibrada no modo vívido, e você pode alterar para o padrão, ou ainda escolher uma temperatura de tela mais quente ou mais fria.
Ainda no assunto tela, a Oppo já traz película aplicada e ela tem sensor de impressões digitais abaixo da tela. Eu gosto desse sensor um pouco mais alto, porque fica mais ergonômico, mas está ok ele estar mais abaixo. O importante é que ele respondeu rápido em todos as vezes que eu precisei desbloquear.
Uma coisa em comum entre as fabricantes chinesas é a semelhança entre as suas personalizações do Android. O CollorOS, da Oppo, lembra um pouco da personalização da Honor, Xiaomi e Realme.
Uma das características dessas interfaces é uma página inicial bem poluída de aplicativos, e uma série de bloatwares, que são os aplicativos que já vêm pré-instalados.
Eles começam por uma loja própria de aplicativos, a App Market, que tem um design bem simples, ou minimalista, sendo basicamente um listão de aplicativos e jogos.
Teve um que eu até achei interessante, que é o Zen Space, uma espécie de modo de foco, que vai desabilitar notificações quando você perceber que está há bastante tempo usando o aparelho, ou o Relax, que coloca sons relaxantes ou joguinhos tranquilos para você pegar no sono.
Mas esses são da própria Oppo. E nem é esse o motivo de eu não gostar de bloatware. O ponto é outro.
Entenda: eu não estou falando de aplicativos que a fabricante traz que se sobrepõem aos do Google, como a galeria de fotos, mas de uma série de aplicativos e jogos que já estão instalados e ocupando sua memória.
Tudo bem que você pode desinstalar. Mas é incômodo ter que fazer isso em um monte de aplicativos que você não pediu pra ter.
Feito esse desabafo, uma coisa que eu preciso elogiar é a tradução da interface. Eu passei um bom tempo navegando pelo celular procurando erros de tradução, seja no português de Portugal ou em partes que não foram traduzidas.
Eu vi muitos desses erros nos primeiros Realme que chegaram ao Brasil, e não achei aqui no Oppo Reno11 F. As fabricantes chamam esse trabalho de tropicalização, e aqui ele foi muito bem feito.
A ColorOS ainda imita um pouco o iOS numa área de widgets que você arrasta de cima para baixo do lado direito. O Reno11 F chega com Android 14, e a política de atualizações não é muito clara. Por ser um intermediário, ela não deve passar de dois anos. Eu perguntei pra Oppo e não tive resposta.
Desempenho e bateria
Esse cara vem equipado com o chipset Mediatek Dimensity 7050, e eu queria entender com quem ele pode ser comparado, e ele está ali entre o Snapdragon 7s Gen 2 e o Snapdragon 855.
Ele ainda vem acompanhado de 8 GB de RAM expansível até mais 8 GB, e 256 GB de memória interna, que pode ser expandida por cartão microSD.
Ou seja, a gente está falando de um smartphone bem intermediário mesmo, com desempenho bem próximo ao do Galaxy M35, por exemplo.
Depois de entender onde ele está situado, foi a hora dos testes sintéticos de benchmark, que ajudam a entender melhor. Nos testes de GPU do Geekbench 6 ele fez 890 pontos no single core e 2326 no multicore. No Antutu foram 599.271 pontos. Nessa faixa, o Oppo Reno 11F consegue fazer tudo, mas com moderação.
Para o dia a dia, ele funciona muito bem. Ele é bem esperto no multitarefa, não demorou para carregar os aplicativos e mantém boa conectividade.
Não teve aplicação que ele não desse conta, ou mesmo jogos como Genshin Impact, ele conseguiu rodar sem sustos, o que é ótimo.
Em bateria são 5.000 mAh, o que é meio padrão para celulares hoje em dia, e a Oppo manda um carregador de 67 W, que promete carregar de 0% a 100% em 48 minutos. Em casa foram 50 minutos, o que está bem dentro da margem.
Carregadores de alta potência são uma característica bem forte dos celulares chineses. Eu lembro do SuperVOOC da Realme, que entregava carga completa de bateria em meia hora.
O modelo da Oppo não chega a isso, mas tem números animadores. 15 minutos de recarga deram 38%, e metade da bateria estava carregada em 21 minutos.
E como foi o consumo dessa bateria? Nos jogos, Asphalt 9 consumiu 10% em 1 hora de game, Call of Duty foi responsável por 16% no mesmo período e Genshin Impact, mais pesado, drenou 22%.
Nas atividades mais comuns, ele gastou apenas 6% em 1 hora de reprodução de vídeos no YouTube, outros 22% no mesmo tempo filmando em 4K a 30 fps e, por fim, 1 hora de Chrome e redes sociais foram responsáveis por 10% da bateria.
Câmeras
Apesar do tamanho enorme que os sensores da câmera ocupam na traseira do Reno11 F, a gente não está falando de um conjunto com várias câmeras ultra potentes. A principal tem 64 MP, distância focal de 25mm, abertura f/1.7 e pixel de 0,7 micron.
Até aí, tudo bem. Mas as outras duas câmeras são mais intermediárias. A ultrawide tem apenas 8 megapixels, f/2.2 e ângulo de visão de 112º, o que é menos que o normal dos seus concorrentes.
Fechando o conjunto traseiro, a macro tem apenas 2 megapixels e abertura f/2.4. Eu já falei algumas vezes e vou repetir aqui: macro de 2 megapixels não faz boas fotos, porque a resolução é baixa, e com uma abertura de luz menor, os resultados não ficam os melhores.
Quando a gente fala da câmera principal, dia ensolarado, ela consegue produzir ótimas fotos. As cores são realistas, não tem saturação ou brilho exagerado, tudo pareceu bem equilibrado. Vale aqui um elogio ao modo retrato em objetos, que fez um recorte muito correto.
No modo noturno, ela também cumpre bem o papel. E isso é um sinal legal de maturidade do mercado, porque hoje até modelos intermediários conseguem um modo noturno bem aproveitável.
Em boas condições, a ultrawide performou bem, mas ela sente um pouco mais dificuldade em condições de luz mais desafiadoras. São apenas 8 megapixels, então ela não faz milagres.
Em fotos com baixa luz você já percebe que a câmera macro encontrou seu limite. O que está fora do assunto principal já começa a perder qualidade, mas o resultado ainda é utilizável.
O problema, como eu já adiantei, é a câmera macro. Eu repito o que eu costumo dizer em outras análises, que é uma câmera que não deveria existir, e no caso desse modelo, ter uma câmera híbrida, como a Motorola já fez, seria um ganho de funcionalidade e também estético, já que evitaria esse segundo módulo com duas câmeras em um círculo.
A frontal de 32 megapixels faz um trabalho razoável, e é tudo que dá pra dizer. O modo retrato não brilha, mas consegue fazer um bom recorte do assunto principal. É o melhor da sua categoria? Não, mas é bom.
Tanto a câmera principal quanto a frontal filmam em 4K a 30 quadros por segundo, o que é uma boa notícia. Até pouco tempo atrás os intermediários de empresas chinesas ficaram limitados a gravar vídeos em Full HD. A Xiaomi insistiu com esse comportamento mesmo em modelos flagships.
Conclusão
O Oppo Reno11 F me deixou com sentimentos distintos. Ele é bem esperto e rápido, teve um bom desempenho nos nossos testes, a bateria rendeu bem, tanto no consumo quanto na recarga, e tem uma interface bem traduzida para o português.
Por outro lado, a construção é um ponto que divide opiniões, e o conjunto de câmeras não me agradou totalmente. Mas, pra concluir o que a gente achou do Oppo Reno11 F, eu preciso te explicar a política de distribuição da empresa.
Isso porque a Oppo decidiu ter o Magalu como parceira exclusiva, então as vendas são somente por lá, e o preço anunciado é de R$ 3000. As empresas costumam firmar essas parcerias para melhorar sua penetração no mercado.
E sobre o preço, eu tenho que fazer um racional, porque eu achei esse valor bem alto para o que o Reno 11F entrega.
Hoje a gente vive quase um duopólio no mundo Android no Brasil até a chegada mais maciça das chinesas. Samsung e Motorola dominam esse mercado, sendo que a sul-coreana tem mais de 45% dessa fatia.
Então, para uma marca se estabelecer aqui e tentar quebrar essa divisão, ela precisa de atrativos. O principal deles é o preço. Xiaomi não conseguiu, Realme também não e a Oppo parece seguir o mesmo caminho.
Eu sei que é uma operação complicada, que envolve parceria com empresas nacionais, como Magalu e Multi, tem a questão dos impostos, e tudo mais.
Mas, mesmo assim, se a Oppo olhar para o lado, vai ver que outros intermediários estão custando bem menos. Então a fabricante vai precisar baixar o valor ou investir em promoções para atrair esse consumidor mais indeciso. Só que, com valor de R$ 3.000 e apenas um varejista parceiro, fica mais complicado.
Por isso, dá pra dizer que esse modelo pode ser interessante se esse valor cair num patamar próximo aos R$ 2000.
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