O Poco F3 e o F5 foram alguns dos celulares mais interessantes da Xiaomi nos últimos anos. Bonitos, bem acabados e potentes, eu acho que eles eram quase que sem falhas, uma recomendação fácil. Por isso mesmo a expectativa para o Poco F6 era alta, e agora, com vários dias de uso, eu posso te dar o veredito desse poderoso intermediário premium.
Xiaomi Poco F6
- Processador Snapdragon 8s Gen 3
- 256GB com 8GB de RAM
- Tela: AMOLED 120 Hz de 6,67″ (1220 x 2712px)
- Câmera principal: 50MP + 8MP
- Câmera selfie: 20MP
- Bateria: 5000 mAh
- Android 14
Construção e design
Por mais que o F5 tenha ficado caro no final da sua vida de mercado, não podemos negar que ele é muito bonito e eu esperava o mesmo cuidado por parte da Poco com o F6 e, não dá para eu bater o martelo e dizer, nossa que horrível.
O ponto é que ele não me agradou. A cor titânio e a moldura em volta da lente são de mal gosto e faz o acabamento parecer grosseiro. Se fossem dois furos do tamanho do flash, seria muito mais legal.

E, por falar nele, eu também não consegui absorver esse conceito impresso no LED, como se existisse algum tipo de sensor no meio da luz.
A traseira é bem curva, mas as suas laterais são retas, com quinas desconfortáveis para uso longo, sem capa.
Já quando olhamos para o topo, existe uma saída de áudio, junto do sensor infravermelho e do microfone para redução de ruídos. Enquanto que na parte debaixo está a bandeja para dois chips, sem expansão de memória, a porta USB-C, junto da saída de som principal.

Apesar de muito semelhante ao Poco F6 Pro e X6 Pro, esse cara é mais fino e ele aparenta ter esse corpo menor, graças a esse efeito da tampa traseira.
Se eu pudesse, mudaria essas câmeras e daria mais espaço para outros componentes, como bateria, já que os dois sensores caberiam dentro de um dos círculos.
Tela
Quando viramos o celular de frente, daí podemos rasgar elogios para a qualidade do acabamento, principalmente com essas bordas bem finas e que deixam as do S23 FE da Samsung no chinelo.
O F6 ainda está mais caro, porém, eu acredito que o preço dele vai cair em breve e a competição vai ser acirrada.

Mas, continuando a falar de tela, o painel de 6,67 polegadas parece que é uma marca da Xiaomi. Eles fizeram a numerologia e descobriram que o que funciona é esse tamanho de tela, só pode.
A resolução de 1220 x 2712 pixels também está virando o novo padrão da chinesa, junto aos 120 Hz, que ninguém precisa mais que isso em um telefone e as tecnologias de HDR 10, Dolby Vision e o painel AMOLED com 68 bilhões de cores.
Fala sério, é bonito e tem qualidade, não dá para negar que as telas da chinesa melhoraram bastante nos últimos anos, abandonando de vez o IPS LCD.

O brilho base e o HBM estão iguais ao Poco X6 Pro, com 500 nits e 1.200 nits, nessa ordem que eu falei. Entretanto, o pico de brilho, ou seja, aquela luz forte que sobe quando você está debaixo do sol do meio-dia, esse atinge até 2.400 nits. Quase o mesmo que o Galaxy S24 Ultra, que bate 2600 nits.
Mesmo não curtindo a estética do smartphone, eu gosto de como a Xiaomi tornou seu uso atrativo pelo principal meio, a tela. Fora a fluidez que ele apresenta, que eu gosto de ver a forma como a HyperOS roda no smartphone.
Desempenho
Agora, não é só pelos 120 Hz que ele garante essa fluidez, mas também pelo hardware poderoso que a fabricante colocou no smartphone.
A Poco abriu mão do SoC da linha sete e colocou o Snapdragon 8s de terceira geração, junto de 8 ou 12 GB de RAM e 256 e 512 GB de armazenamento!

Claro que esse cara roda tudo. O chip da Qualcomm se baseia numa arquitetura de topo de linha e faz 1.400.000 pontos no Antutu, além de 4.700 do Geekbench 6.
Esse foi o smartphone que melhor rodou Speedstorm até o momento e esse é um título que não conseguimos alterar configurações gráficas.
Mas, ele também foi muito bem com Genshin Impact, que é o mais pesado dentre os games atuais e antigos, com Wild Rift, CoD e Asphalt 9. Todos os jogos que eu testei não engasgaram, não caíram taxa e performaram bem e tudo isso sem fritar o telefone.

Claro que esse não é o mesmo SoC do S24 Ultra, está mais próximo do S23 Ultra, aliás. Mesmo assim, não é algo que seja ruim, muito pelo contrário. Achar esse cara mais barato que o S23 FE ou um futuro S24 FE vai ser muito bom, porque ele tem muita qualidade e desempenho.
Se você é do tipo que usa multitarefa, vai curtir a velocidade que esse cara muda entre os apps, porém nos jogos, ele tenta otimizar o título que está rodando, então ele vai recarregar o outro em segundo plano.
Bateria
Na bateria o Poco F6 vem com 5.000 mAh de capacidade, 90 W de carregamento e atingiu 53 minutos para completar a recarga.
A empresa promete 35 minutos, no entanto, esse teste da fabricante é feito de uma forma bem controlada e desligando todos os níveis de proteção da bateria que o Android e o HyperOS oferecem.

Inclusive, o software e o hardware estão conversando muito bem e ajudando no controle do uso dessa bateria.
No Asphalt 9, o smartphone consumiu só 11%, quase o mesmo que o YouTube e Chrome, que ficaram com 10% de consumo por cada hora de uso.
A gravação 4K@30fps atingiu 29% e foi onde ele mais consumiu bateria e também foi com o que o smartphone mais esquentou, depois dos testes de benchmark.
Nos jogos que rodaram com uma taxa de quadros mais alta, ele acabou gastando mais bateria, como CoD, LOL e SpeedStorm, que fizeram 16, 18 e 19% de consumo por hora. Genshin Impact ficou nos 17%, mas com gráficos configurados no médio e taxa de quadros em 30 FPS, que foi o que o jogo entregou como padrão.

Se você não quiser que jogos mais comuns gastem tanto, é só ir nas configurações e desativar os 120 Hz, que é o que tem feito o celular consumir tanta bateria.
No geral, a bateria do smartphone está bem boa e dá para ficar um dia inteiro com ele, caso você não jogue tanto. Em um dia de jogatina, ele vai durar entre cinco e seis horas, que é o tempo médio para um topo de linha.
Câmeras
No conjunto fotográfico, o F6 vem com duas lentes, a de 50 megapixels, que é a principal e outra com apenas 8 megapixels, para as fotos de ângulo mais aberto.
A principal está muito legal, com cores e definição bem altas, fora que os detalhes também ficaram muito legais.


Já o sensor secundário não está tão bom como o outro. Por ter menos resolução e ser bem fechado, as fotos ficam muito escuras e a calibração da cor e do balanço de branco estão prejudicadas.
Eu lembro que, uma coisa que me incomodava no F5 era um tom amarelado, que sempre deixava a foto mais quente e distorcia um pouco a realidade das cores.
Nesse ano a Poco conseguiu corrigir isso bem, ficando num nível muito mais próximo dos smartphones topo de linha da marca e das concorrentes.
Para ficar melhor, só precisava ajustar esse ponto do sensor ultrawide mesmo, que está deixando a desejar, mesmo em ambientes mais claros.


Na frontal, os 20 megapixels não fazem muita diferença. A câmera tira fotos sempre em 20 megapixels, porém, eu sempre tenho a sensação de que algo está errado, seja por uma suavização forçada ou pela falta de definição na foto.
Talvez, como os pixels são menores e a abertura um pouco fechada, o telefone não consiga capturar a imagem como a gente gostaria. A foto é boa, mas não está acompanhando o nível que o smartphone aguentaria, pelo hardware. Seria pedir demais um Poco com parceria com a Leica em suas lentes frontais e traseiras?
Conclusão
Isso me leva ao assunto mais importante desse review, que é o preço. Será que os cortes em fotografia e construção fazem o Poco F6 valer R$2.900 no Mercado Livre, ou os 430 dólares que ele está no exterior.
Para efeito de comparação, o Motorola Edge 50 Ultra, que tem o mesmo processador, está custando R$5.300 no Brasil. Já o Galaxy S23, que tem uma capacidade de processamento semelhante aos dois telefones, sai por R$3.000.
A diferença fica para a categoria que cada um desses caras se enquadra.
O Poco F6 foca em desempenho, sendo simples e com boa bateria. O Motorola busca uma posição premium, porém, sem se destacar tanto na parte de fotografia e vídeos. Que é o caso do Galaxy S23 e suas três câmeras de topo de linha, que fazem ótimas fotos e vídeos.
Por esse valor no lançamento está bom, mas se ele cair para uns R$2.500, com estoque no Brasil, o smartphone se torna uma das opções mais interessantes nesse segmento, uma vez que Motorola e Samsung não conseguem competir com um preço tão baixo.
Se o Poco F6 conseguir bater a linha Fan Edition da coreana, ele só vai precisar se preocupar com os topos de linha mais caros e, provavelmente ele ganhe espaço por causa disso, ainda mais se levarmos em conta sua tela muito boa, bateria que dura bastante e o processamento que, apesar de não ser o mais poderoso do mercado, já é mais que suficiente para rodar tudo.
esse ou o edge 50 pro