O Poco F6 Pro era um dos celulares mais aguardados pelos fãs da Xiaomi esse ano. Essa linha que sempre seguiu o mote de ser o mais potente pelo menor preço foi se adaptando ano a ano e nessa geração parece ter voltado às raízes: construção mais simples e processador bem potente. O problema é que ficou muito parecido com o Poco X6 Pro. Por isso, passei duas semanas testando o F6 Pro pra encontrar detalhes importantes sobre esse modelo.
Xiaomi Poco F6 Pro
- Processador Snapdragon 8 Gen2
- 512GB com 12GB de RAM
- Tela: AMOLED 120 Hz de 6,67″ (1440 x 3200px)
- Câmera principal: 50MP + 8MP + 2MP
- Câmera selfie: 16MP
- Bateria: 5000 mAh
- Android 14
Construção e tela
No quesito design, eu poderia dizer que alguém pegou o Poco X6 Pro e colocou uma película com estampa de mármore e já era, mas existem detalhes que mostram a diferença entre ele e o Poco F6 Pro.
O primeiro é que esse retângulo não segue a curva da tampa e a segunda é que nas laterais podemos ver as antenas que passam o sinal de celular, Wi-Fi e Bluetooth. Na parte de cima está o microfone e o sensor infravermelho, com a segunda saída de som junto do falante frontal, que usamos para ligações. Essa saída não é tão alta, mas a principal também não é.
No mais, ele segue o padrão que estamos nos acostumando no mercado de smartphones, com linhas retas nas laterais e tela rente a moldura.
A pegada é confortável e o smartphone é bonito, se você conseguir ignorar o retângulo gigante para as câmeras.
Eu pensei que ele fosse incomodar menos, já que segue a mesma cor do telefone, no entanto, ele não veio com a textura de mármore, o que acaba destacando a peça da mesma forma.
Já quando passamos para a frente do telefone, ele é bem mais agradável, com pouquíssima borda e um painel bastante brilhante.
A Poco colocou uma tela AMOLED de 6,67 polegadas, com Dolby Vision, HDR10+ e 120 Hz de taxa de atualização, que atinge até 4.000 nits de brilho, com uma resolução de 1440 x 3200 px.
Porém, a qualidade vai além da especificação, com toque macio e transições suaves. Os jogos rodaram de forma bem boa, assim como os conteúdos de vídeo.
A melhor parte é conseguir sair no sol com ele e parecer que eu estou usando o celular na sala de casa. Na verdade, parece mais ou menos, se desconsiderarmos a quantidade de reflexo que ele mostra.
Outra reclamação que eu preciso fazer é que o Poco F6 Pro vem com Gorilla Glass 5, enquanto o Poco F6 já está com o Victus. Isso não estraga a experiência positiva que eu tive, mas deixa a sensação de que poderia ser melhor.
Desempenho
Ainda sobre a experiência que tivemos com o Poco F6 Pro, algumas coisas me fazem indagar por que Pro, se ele vem com o Snapdragon 8 Gen2?
Pelo que parece, a Xiaomi entende que uma construção melhor, junto de uma tela 2K já podem colocar o smartphone nessa categoria. Além disso, segundo o NanoReview, o F6 Pro consegue ser até 14% mais potente nos testes de Antutu. Ou seja, o Snapdragon 8 de segunda geração ainda é mais potente que o 8s de terceira geração, que está no modelo com menos câmeras.
Eu sei que esse é um review do Poco F6 Pro, mas está quase impossível não compará-lo aos seus pares Poco F6 e Poco X6 Pro, por conta dessas semelhanças que os três carregam, tanto no design, como no poder de fogo.
Consegui reproduzir o mesmo processo em todos sem perdas, mas a pequena sobra do modelo, tema deste review, pode representar mais tempo de atualizações e prolongar sua vida útil no futuro.
O controle de temperatura do F6 Pro também merece ser ressaltado, uma vez que eu passei horas jogando, fazendo teste de benchmark e assistindo vídeos no YouTube e ele ficou de boa, sem superaquecer nem mostrar corte no desempenho do smartphone.
Dos jogos que eu testei, só Genshin Impact que apresentou dificuldades para rodar no máximo, mas eu exagerei e forcei todas as configurações. Claro que os testes foram feitos no padrão que o jogo entregou, para ser justo com os telefones mais antigos que testamos.
Já Wild Rift, esse foi colocado no máximo permitido tanto em gráficos, quanto em taxa de quadros e ele se manteve firme em ambos.
Se você quer um smartphone bom para jogos, não precisa ter medo de escolher esse cara, caso você tenha grana para gastar, porque ele está mais de R$ 4.000 no Mercado Livre e R$ 3.500 na Shopee.
Esse é um valor bem caro para um smartphone da Poco que começou sua vida oferecendo hardware de topo de linha com preço de intermediário. Mas, é claro, temos que esperar mais alguns meses para ver se esse preço cai, afinal, ele só tem um mês no mercado.
Bateria
Agora, uma característica que esse cara demonstrou, que quase nenhum outro no mercado tem é o carregamento rápido que cumpre com o que promete.
O F6 Pro não chegou a cravar 19 minutos do tempo de carregamento, mas os 120 W completaram a recarga da bateria em 30 minutos, que eu considero um tempo bastante rápido, tendo em vista que outros telefones da marca e até de concorrentes, estão demorando mais de 45 minutos com carregador igual ou semelhante.
Eu sei que existem meios de segurança, travas de proteção na bateria que precisam ser ajustados para ele atingir sua capacidade máxima de carregamento. No entanto, 30 minutos para encher os 5.000 mAh está mais do que bom para mim. E tudo isso sem ferver o smartphone.
No uso a bateria também agradou muito, consumindo apenas 19% de energia em uma hora de gravação de vídeo e Wild Rift. Sim, os dois consumiram a mesma quantidade de bateria.
Call of Duty também jogou alto nesse consumo, levando 17% em uma hora, seguido de SpeedStorm, com 16% e Genshin Impact, com 15%. Vejam só, o jogo mais pesado e gastão consumindo menos que os demais. Eles só não conseguem ser melhores que Asphalt 9, que em uma hora levou 13% de bateria, mesmo com todos os efeitos, texturas e demais configurações gráficas ativados.
Esse smartphone é muito potente e mesmo sendo um SoC da geração passada, mostra que a tecnologia não está defasada. Para usos mais simples, como o YouTube, ele foi ainda mais econômico, gastando apenas 6% e 8% com Chrome e redes sociais.
E, assim como o YouTube, as redes sociais hoje se resumem a vídeos, o que gasta bem mais do que fotos e textos, como era há cinco anos. Resumindo, essa bateria vai te acompanhar o dia inteiro e ainda vai ser rápido recarregá-la, se você ficar sem energia na rua.
Câmeras
Esse cara tem três sensores na traseira e um frontal com 16 MP, porém, a Poco coloca hardware de topo de linha nos smartphones e continua com um conjunto de intermediário.
A principal, com 50 MP é boa, não posso ser injusto. O registro das cores, balanço de branco e HDR estão bastante equilibrados, principalmente em dias claros. O aparelho também faz bons recortes no modo retrato e não temos exageros no desfoque de fundo.
Agora, quando falamos do sensor ultrawide, por mais que ele tenha cores vivas e bonitas, bom registro, falta resolução, faltam detalhes na imagem e as fotos ficam com aspecto de terem sido feitas por um intermediário.
Tudo bem, a linha Xiaomi Pro e Ultra são as únicas que chegam com 50 MP em quase todos os sensores, senão em todos, mas já dá para colocar nesses telefones mais baratos um sensor de 12 MP, com uma abertura maior, junto de novos ajustes de imagem e mais pós-processamento, para garantir fotos nítidas e que não perdem tanta informação ao aplicar um zoom.
Claro, a macro não é perfeita, com seus 2 MP, porém, os 8 MP da ultrawide já estão defasados, principalmente se tratando de um telefone com um Snapdragon 8 Gen2.
E, já que eu citei a macro, mesmo com a baixa resolução, eu notei um avanço nesse sensor, porém, eu ainda gostaria de ver um híbrido entre essas duas lentes e a chinesa dando espaço para uma lente de 4x de zoom ótico. O conjunto ficaria mais interessante, assim como o smartphone.
Na frontal, você vê o mesmo padrão que citei para as lentes secundárias. São 16 MP, no entanto, as sombras são muito marcadas, as cores não são muito reais e as fotos estão escuras, graças a abertura pequena dessa lente.
Em dias mais claros, ensolarados, eu tive um pouco de dificuldade para fazer algumas fotos, porque o HDR não está legal. Já quando a luz está controlada, a foto fica melhor.
Conclusão
O que eu posso dizer do Poco F6 Pro é que ele tem muitas características de um topo de linha e isso está puxando o preço dele para cima. Corpo de metal e vidro, tela QHD+, SoC de topo de linha, tudo isso está muito bom, agora, faltou um conjunto de câmeras mais interessante, principalmente na frontal e na ultrawide.
Mesmo que ele tenha tudo isso, não justifica ele ser mil reais mais caro que o Poco F6 e menos ainda estar tão mais caro que o Poco X6 Pro, que faz tudo o que esses dois fazem.
O aparelho é muito bom para quem quer jogar, mas tem que esperar um pouco mais e apostar só quando ele cair de preço.
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