O Poco M3 é a mais nova tentativa da Xiaomi, de usar um celular que foi bem popular no passado, para promover um aparelho novo, que não tem nada a ver com o original. Diferente do primeiro, o M3 não passa nem perto de um flagship killer, tentando encontrar espaço, agora, entre as linhas mais básicas, já que ficou caro produzir um topo de linha. Será que os cortes afetaram demais a performance do celular?
Poco M3
- Processador Snapdragon 855
- 64GB/128GB com 4GB/6GB de RAM
- Tela: LCD IPS de 6,21″ (1080 x 2248px)
- Câmera principal: 48MP (f/1.8) + 2MP (f/2.4) + 2MP (f/2.4)
- Câmera selfie: 8MP (f/2.1)
- Bateria: 6000 mAh
- Android 10
Construção
Para começar, só de olhar, dá para perceber que o Poco M3 tentou economizar em tudo que deu, mas isso não significa que ele não quer chamar atenção. Na traseira você não encontra um módulo para as câmeras, e sim dois. Um que é o cooktop padrão, lá no canto, e outro que ocupa praticamente todo o resto da parte superior do aparelho, usado apenas para mostrar a marca Poco.
Cada um deles tem um degrau, que sozinhos não são tão altos, mas juntos até que ficam grandes. Talvez você imagine que isso deixe o aparelho meio desequilibrado em cima de uma mesa, mas o segundo modulo é tão largo, que na verdade ele até fica melhor que um Samsung da vida, onde todo o degrau está focado num canto só do aparelho.
De qualquer forma, você vai querer usar a capinha, e ela vem na caixa. Ela é feita em silicone, daqueles que sujam fácil, mas pelo menos o encaixe é bom, até meio difícil de colocar e tirar do M3, o que é bom. Ela se manterá firme por mais tempo, ao contrário das capinhas de alguns modelos anteriores, que perdiam o molde rápido.
Fora isso, o resto da traseira usa um plástico bem borrachudo mesmo, com uma textura que é antiquada, mas dá uma certa firmeza para o aparelho, e certamente não vai riscar. É uma construção simplificada, que não tenta se vender como algo mais luxuoso do que realmente é, e eu respeito isso.
O único detalhe por aqui, é que o plástico da lateral não cobre todo o vidro da tela, deixando ele bem levantando, em comparação com o resto, o que pode ser um ponto de vulnerabilidade, caso você derrube o aparelho no chão. Uma queda com o ângulo errado e o vidro da tela pode rachar. Aí lembramos que o M3 é importado, e arrumar isso pode sair caro.
Por outro lado, algo que eu gostei da lateral é o leito de digitais, que está ali na parte direita, para ser desbloqueado com o dedão. Para mim, é uma posição bem natural, mas pode ser que você ainda fique meio perdido procurando algo na parte de trás, nos primeiros meses de uso. A leitura é tão rápida e precisa quanto qualquer outro leitor físico, e até por isso, esse é o meu lugar favorito para colocá-lo.
Tela
Talvez ele não esteja na lateral por escolha, e sim por necessidade, já que a tela do M3 é de LCD, que não suporta essa tecnologia nova. Aliás, falando na tela, aqui a gente também repara que houve um grande corte de custos, só que diferente do corpo, não sei se é tão fácil de ignorar as limitações dela.
Primeiro que ela é bem esbranquiçada, e perde de lavada, literalmente, para uma tela AMOLED. Além de cores apagadas, um contraste ruim e ângulos de visão fracos, também faltou brilho. Não a um ponto que o prejudique demais do lado de fora de casa, mas certamente poderia ser melhor.
O que salva o M3, pelo menos nesse quesito, é a resolução Full HD Plus, junto de uma tela de 6,4 polegadas. Sua definição e o seu tamanho são bons, então você não vai ter grandes problemas, para assistir YouTube, Netflix e afins. Apenas o painel que deixa bastante a desejar, e confesso que eu imaginava algo diferente.
Parece que foi um investimento pela metade, que se fosse mais abrangente, poderia ser um diferencial para o aparelho, já que essa categoria de intermediários básicos, está bem carente de aparelhos com telas boas. O Poco M3 entrega apenas o necessário.
Hardware e sistema
Partindo para o hardware, a versão global costuma ser encontrada na versão de 128 GB de armazenamento, mas existe também a de 64 GB, que você acha em alguns sites um pouco mais barato. É uma quantidade boa, e comum, para esses aparelhos que costumam ficar na margem das categorias intermediaria e de entrada.
Onde o M3 deixa um pouco a desejar é na escolha do seu chipset, com o Snapdragon 662. Em performance, isso o deixa um pouco acima do Redmi Note 8, empatado, por exemplo, com o M21s da Samsung.
No dia a dia, isso significa ter um pouco de dificuldade com o Genshin na configuração muito baixa e em 24 fps, mas fora esses títulos muito pesados, como Asphalt 9, PUBG ou até GWENT, ele vai ok, com animações até que fluidas e, o principal, sem demorar uma eternidade para abrir.
O problema aqui na verdade, é uma questão de legado. Eu, quando leio “Poco”, tenho, ou melhor, tinha em mente um celular barato e de alta performance, mas aqui não é o caso.
Tudo bem não usar um Snapdragon da série 800 em todo Poco que surgir, mas a Xiaomi poderia limitar o uso dessa subsidiária para celulares com, no mínimo, um snapdragon 730 ou 720G, deixando os aparelhos básicos para a Redmi, que já é sucesso de vendas e super bem estabelecida na categoria.
Eu vejo isso como uma forma de evitar que uma linha canibalizasse a outra, para facilitar a vida do usuário, e deixar tudo mais organizado, o que era um dos objetivos, há alguns anos, quando a Xiaomi reimaginou todas essas marcas, para setorizar melhor as linhas de cada um. Agora parece que a ideia foi jogada fora, e só vão reutilizar o nome dos celulares famosos em qualquer modelo, para tentar impulsionar as vendas.
Algo que o Poco M3 perdeu também, foi aquela interface especial para o Pocophone, que existia lá no nascimento da linha. A Xiaomi até anuncia no seu site que ele utiliza a “MIUI 12 for POCO”, então, pode ser que haja algum ganho de performance escondido por baixos dos panos, mas na prática, ele não é diferente, por exemplo, de um Redmi Note 9.
Realmente é uma pena que a linha tenha perdido até isso, mas também não é o caso da MIUI nova ser ruim. O Poco M3 está na versão 12.0.3, que está bem otimizada para esses aparelhos novos, e roda numa boa. Dificilmente ela vai dar problemas para o M3 no curto prazo.
Então, se a tela não tem nada de especial e a performance é fraca, o que resta é saber como ele vai na bateria, e felizmente, vai bem. O Poco M3 tem 6000 mAh de carga total, que não é nenhuma novidade, mas é um valor muito bom. Ele empata com o M21s, e até tem consumo parecido, alcançando quase 15 horas de YouTube e até passando de 10 horas jogando, dependendo do título.
Para carregar, a potencia máxima suportada é de 18 W, o que poderia ser melhor, mas já é o suficiente para carregar toda a bateria em 2 hora e 50 minutos mais ou menos, valor dentro da média para essa quantidade.
Câmera
E por último, você pode tirar fotos, mas eu nunca vi ninguém buscando um aparelho da marca para esse uso, e não é dessa vez que isso muda. A câmera frontal tem 8 MP, enquanto que na traseira, o Poco M3 tem um conjunto triplo, com a principal de 48 MP, uma macro de 2 MP, e o sensor de profundidade de mesma resolução.
Nas selfies, você consegue extrair uma foto legal durante o dia, mas num ambiente coberto, como aqui no estúdio mesmo, já dá para notar que o sensor não captura muitos detalhes, e o rosto começa a ficar excessivamente branco.
Tanto aqui, como na traseira, o HDR é razoável, e no geral você até consegue fotos bonitas, mas sempre falta definição. O sistema também não é tão inteligente, e às vezes você briga um pouco para ele entender o que você quer, o que é basicamente a experiência padrão de um celular onde fotografia não é o foco.
Só que como eu comentei, os Pocophones nunca foram muito bons em fotografia, então não vejo essa limitação como um grande problema para o celular. O que me incomoda mesmo é a falta de uma lente auxiliar decente. A macro é muito fraca, sem cor ou definição, em quase todos os casos. Uma lente ultrawide não seria muito melhor, mas pelo menos não seria um desperdício de espaço.
Conclusão
O maior problema do Poco M3 é a sua associação com o Pocophone, e toda bagagem que isso carrega. Só que se a gente fingir rapidinho que ele é um Redmi, você tem com o M3, um celular intermediário, básico, bem legal, que se destaca pela boa bateria, voltado para quem precisa de um modelo mais simples, mas não de entrada, e com bastante autonomia.
Outra questão é que ele é importado, e enquanto que no passado isso era uma vantagem, por entregar mais, cobrando menos, hoje a situação se inverteu, e por estar tão vulnerável às variações do dólar, ele acaba ficando mais caro que os nacionais, como o M21s da Samsung, que tem tela melhor e empata em todo o resto, e na época desse review, estava apenas 50 reais mais caro que o Poco M3 vendido pela Banggood.
Para valer a pena então, você precisa encontrar o Poco M3 uns 200 reais mais barato que o M21s, o que pode acontecer, já que sempre existe uma chance da Samsung aumentar o preço do seu aparelho.
Luis diz
Amigo vc deveria ser engenheiro de fabricação da xiaomi.
Sabe mais que os xings
Tá de parabéns nas conclusões .