A Positivo lançou um notebook que está dando o que falar. O Vision R15 é um equipamento que uniu um baita processador legal para o uso diário, uma GPU integrada melhor que a média, e claro, um preço abaixo da concorrência. Como nem tudo são flores, o review de hoje vai contar onde eles precisaram cortar gastos e se vale a pena comprar apesar disso.
Podemos fazer uma analogia desse notebook com o Pocofone F1, smartphone da Xiaomi que sempre focou em desempenho, mesmo que para isso precisasse economizar em construção – algo que ninguém havia feito até o momento – e que já é bem mais comum hoje em dia.
O Vision R15 tem o mesmo conceito, sendo o notebook mais barato com o Ryzen 5-5500U mais barato do mercado. Processador esse que é ótimo para trabalhar e jogar mesmo quando comparado com equipamentos mais novos.
Construção e conectividade
Para trazer essa boa configuração, a primeira economia que podemos reparar é na tampa, que é bem simples, com a logomarca de um lado e o nome da fabricante no outro ponto.
Na borda da tampa tem esses dois pés de borracha, que servem para que o equipamento fique bem estabilizado na mesa e não risque – é bem comum em diversos modelos.
Já embaixo, temos essa grelha para a entrada de ar, que tem um tamanho bom para o processamento do notebook e onze parafusos para a remoção da tampa. Infelizmente não existem aberturas rápidas para upgrades, porém, ele ainda permite upgrades, o que é ótimo.
A construção no geral ficou bem parelha com a de seus concorrentes mais baratos, então nada de cortes errados ou que chamem a atenção até o momento.
Sobre as conexões, você que sempre reclama de entrada microSD nos notebooks, vai ficar feliz, porque o leitor do R15 tem o tamanho convencional. Ele também tem uma entrada de áudio de 3,5 mm e uma porta USB 2.0, junto da saída de ar e a entrada de energia. No outro lado vemos uma porta USB-C, duas portas 3.2 USB-A e uma saída HDMI.
A quantidade de conexões está excelente e a espessura do notebook não ficou prejudicada. Ele é bem normal por assim dizer. E como estamos falando de um equipamento barato, é bom saber que não precisaremos comprar um hub USB para fazer qualquer coisa no nosso dia a dia.
Vale só comentar que essa saída USB-C não serve para envio de sinal de vídeo, porque isso se reserva apenas para as entradas Thunderbolt que conseguimos encontrar em modelos mais caros.
Passando agora para a parte de dentro, próxima ao teclado do notebook, dá para ver logo de cara que ele continua com o mesmo material da parte externa. Uma coisa que eu gostei muito nesse acabamento é que ele mascara muito bem as manchas de oleosidade da pele.
Claro, com o passar do tempo vamos ver mais regiões brilhantes, como o trackpad e o teclado, mas, ao menos por enquanto, está super fácil de limpar e manter ele bonito.
Entretanto, como todo notebook de plástico, ele é bastante molenga e contorce muito. A estrutura parece boa, porém, na região do teclado e no apoio das mão dá para ver e sentir ele afundando. Novamente, eu já vi esse mesmo problema em outros notebooks baratos.
O trackpad tem um tamanho bom e se fosse há alguns anos seria um diferencial até pelo seu tamanho, mas eu senti que ele é um pouco sensível de fábrica. Às vezes o ponteiro do mouse some da tela, corre para o canto porque não consegue ignorar o toque acidental enquanto eu escrevo.
Já quando eu preciso que o trackpad funcione, como na seleção de um conteúdo, aceleração de um vídeo ou até para confirmar um botão no Windows, eu tenho que clicar de verdade e o botão dele é mais duro e chato de fazer funcionar. Não está na lista dos piores que já usei, mas por R$2.500, dá para fazer melhor.
Com relação ao teclado, gostei da quantidade que a tecla afunda e da certa resistência e pressão que ela tem. Agora, o que poderia ser diferente aqui é esse teclado numérico, porque ele tem um tamanho padrão, prejudicando o espaçamento das teclas que usamos com mais frequência, já que elas precisam ficar menores. Existem outros modelos que reduzem o teclado numérico e deixam todo o resto mais ergonômico.
Por exemplo, a tecla Shift está ao lado da seta para cima, que instintivamente eu aperto quando preciso do Shift. A razão do erro constante é que uma tecla teve que reduzir o tamanho para dar espaço à outra. Depois que você acostuma é tranquilo, mas não achei ergonômico.
Um pouco acima do teclado temos esse detalhe que parece uma grade perfurada, só que ela não passa de um detalhe estético para esconder dois alto falantes pequenos, com áudio bem ruim, sem graves e poucos médios.
Ele com certeza é um quebra galho, mas para quem gosta de áudio de verdade, vai precisar apelar para a saída de som física ou Bluetooth. Logo ao lado tem essas luzes irritantes de serviços do computador, que poderiam ser brancas, ou um pouco menos chamativas. Usando ele no quarto escuro, esse verde incomoda bastante.
Webcam, tela e desempenho
Existem duas barras que ficam nas laterais da webcam chamadas de Lumina Bar, que são LEDs brancos que deveriam ajudar em momentos de baixa luz, junto com a tela. A ideia é boa, não dá pra negar, mas a baixa qualidade da própria webcam limita o quão eficiente é ligar e desligar essa luz.
Não sei se você percebeu, mas ele tem um bloqueador de imagem mecânico que, traduzindo para o português popular, é uma aba que você puxa para tampar a lente da câmera.
Abaixo da webcam temos uma tela IPS com um contraste maior do que a média – algo que a gente sempre pedia nos notebooks baratos. Ela claramente não é perfeita, mas já ganhou pontos comigo por ser fosca e ter 15,6 polegadas.
Nos meus testes a pontuação não foi boa, mas está dentro do esperado para um IPS de baixa qualidade, que foca em baratear o produto ao máximo. Ele bateu 63% do sRGB, 48% do AdobeRGB e 47% do DCI-P3. Na taxa de contraste, com o brilho no mínimo ele bateu 1560:1 e no brilho máximo 1750:1, que é uma taxa muito boa.
Claro, eu não trabalho fazendo cor, editando fotos ou vídeos e esse notebook nem é para isso. Mas, com a resolução Full HD, foi bastante tranquilo escrever, revisar vídeos, e fazer o cotidiano do meu trabalho.
O Positivo Vision R15 vem com um AMD Ryzen 5-5500U, 8 GB de RAM e 256 GB de SSD M.2 NVMe. É um processador muito legal, de 2021 e que tinha uma baita placa de vídeo integrada que até deixa você rodar no baixo jogos como GTA V, Valorant e mais um monte de coisa.
Ele consegue ser melhor que os novos Core i3 mesmo tendo 3 anos de idade e bate de frente com core i5 mais recentes também, mas não por muito.
No dia a dia, os 6 núcleos com 12 threads em um máximo de 4,0 GHz vão funcionar bem, em conjunto com um SSD rápido o suficiente, e valores até que bons em benchmarks. Eu rodei o Geekbech 6 e no single-core e o Ryzen 5500U bateu 1.434 pontos e 3.725 pontos no multi-core. Para efeito de comparação, novos notebooks com Core i5 vão bater valores acima dos 5.000.
Abrir o Chrome, utilizar aplicativos mais simples e qualquer coisa que você tente fazer mais para o dia a dia vai bem. O único problema é que esse notebook chegou com apenas 8 GB de RAM.
Esse é o padrão para quem quer comprar algo até R$3.000, mas está começando a ficar limitado para notebooks Windows. Para quem quer jogar, colocar 16 GB melhora bastante o número de quadros.
A boa notícia é que ele vem com um único pente de 8 GB, então é só comprar outro e colocar. E também tem opções desse notebook com 16 GB já circulando por aí, mas a desvantagem é que são versões com Linux focadas em manter o preço reduzido.
O CS2 pula de algo perto dos 30 fps em HD para 50 fps com os 16 GB. Jogos mais pesados simplesmente precisam dessa memória adicional. GTA V dá pra chegar perto dos 50 fps. LOL consegue em 1080p ficar acima dos 60 fps com facilidade, e jogos indies, principalmente os 2D rodam sem problemas também.
Valorant com 8 GB não está jogável e qualquer jogo mais pesado também não roda suficientemente bem. O que pode rodar legal é um grande número de emuladores – então tem espaço para a jogatina, mas sem exagerar.
Pode não parecer muito, mas vale reforçar que o 5500U tem uma GPU acima da média para a faixa de preço onde está inserido. A CPU ainda é igual e tem coisa melhor pelo preço. Se quer jogar, coloque logo 16 GB de RAM pra melhorar um pouco senão, 8 GB dá para o dia a dia. Até pra editar um vídeo em 1080p mais básico ele vai tranquilo.
Bateria
Agora, eu preciso falar de uma experiência que eu tive com o Vision R15 que eu não achei ninguém com o mesmo problema.
Uma coisa que eu posso dizer é que ele tem uma bateria interessante para o seu segmento com 55 Wh. E a maioria dos concorrentes tem ali perto dos 48whr.
Isso é legal por ele até aguentar um pouco mais fora da tomada, mas vale o aviso de que qualquer modelo Ultra da Intel mais recente vai fazer melhor porque existe uma tendência pra eficiência nos últimos anos.
O Vision R15 também vem com um carregador de 65 W que poderia ser um pouco mais rápido. Eu deixei ele carregando desligado e demorou mais de 3 horas para bater os 100%. Ligado, foi ainda mais demorado, 4 horas e 30 minutos.
Como o tempo de uso dele fica perto de 4 a 5 horas, ele é insuficiente para um dia completo meu de trabalho. Isso faz com que minha dica pra ele e pra vários notebooks de entrada seja o seguinte: tente ficar com ele na tomada durante o dia de trabalho pra conseguir aproveitar melhor o notebook.
Conclusão
O Positivo Vision R15 anda impressionando por ser bom em várias frentes. Tem uma tela com bom nível de contraste dentro de sua faixa de preço, um grande número de conexões e um processador com uma boa GPU integrada, fator que está fazendo ele cair no gosto de muitos gamers.
Ele é um pouco limitado com 8 GB de RAM, mas dá pra fazer um upgrade fácil colocando mais 8 GB, e em todo resto ele é basicamente igual aos concorrentes. O som pode ser meio ruim, mas ninguém faz muito melhor.
O mesmo vale para o trackpad e para construção que pelo menos não pega marca de dedo. Para quem quer apenas trabalhar, tem modelos mais novos entregando mais desempenho, mas ter uma tela legal para o dia a dia, e um desempenho interessante por R$2.300 está bem difícil.
Deixe um comentário