O Galaxy Buds 3 Pro é o mais novo fone topo de linha da Samsung. Eu passei boas horas ouvindo música, gastando toda a bateria dele pra te contar o que eu achei deles, e também pra te explicar nesse review, por que o design mudou tanto.
Design e construção
Eu preciso começar esse review tirando o band-aid de uma vez, pelo assunto mais difícil desse review, que é o seu design.
Eu preciso voltar alguns anos no tempo pra explicar. Lá atrás, a Samsung anunciou o Buds Live como seu fone topo de linha, e ele tinha um formato de feijão, pensado para ser confortável na orelha sem ser intra-auricular. Não deu certo.
O primeiro Galaxy Buds Pro voltou para o formato tradicional da Samsung, mas ele era grande e ficava desconfortável na orelha. E ele foi redesenhado para ficar menor no Galaxy Buds 2 Pro, e ali parecia que a Samsung tinha encontrado o seu formato definitivo de fone. Parecia…
Porque chegaram os Buds 3 Pro e a Samsung deu um cavalo de pau em termos de design. Eles ganharam hastes. Sim, hastes. E, olha, a gente recebeu da Samsung a versão branca, e não tem como não não notar o quanto ele é parecido com o principal concorrente dele, os Airpods. Além da branca, tem uma versão prateada que eu particularmente achei bem bonita.
Sim, parece que a gente voltou uns 12 anos no tempo para a guerra de patentes entre Apple e Samsung. Mas pra mim, não importa quem faz primeiro, mas quem faz melhor. E sejamos francos, vai. LG, Motorola, Huawei, Xiaomi, Realme e mais diversas outras marcas adotam esse formato de fones com haste na sua construção, e chegou a vez da Samsung.
Mas o Buds 3 Pro é idêntico aos AirPods Pro? Não, tem diferenças no tamanho das hastes, na posição dos microfone, mas numa visão geral, ele é bem parecido com os fones da Apple. Inclusive, o formato do estojo, de pílula, com a diferença que a parte superior da caixa é transparente.
Mas a gente perguntou para a Samsung o motivo da mudança no design. Segundo eles, teve uma pesquisa vinda da Coreia do Sul, usando Big Data e inteligência artificial que identificou o modelo mais confortável de fones para a maior parte das orelhas, e isso deu base para a decisão de colocar as hastes.
Conforto e gestos
Talvez por ser um formato que as pessoas já se acostumaram e é confortável para elas, o estudo apontou para essa direção. E de fato, eu senti um nível de conforto bem maior nessa geração quando eu comparo com o Buds 2 Pro.
Deixa eu explicar. Pra períodos mais curtos de uso, algo em torno de 1 hora ou pouca coisa mais, o Buds 2 Pro não me dava nenhum incômodo. Mas durante um voo, usando por mais ou menos 4 horas sem parar, eu já sentia um desconforto na minha orelha.
Eu testei o Buds 3 Pro também em um voo, e não senti esse desconforto depois de quatro horas de uso sem parar. Pode ser algo que não aconteça com você, mas achei importante te passar essa impressão bem pessoal. E por ser intra-auricular, ele tem borrachinhas de diferentes tamanhos pra se adaptar aos diferentes ouvidos.
Ser mais confortável usando em longos períodos é uma vantagem para quem pratica esportes com ele, como uma corrida mais longa ao ar livre. Aliás, o Buds 3 Pro conta com certificação IP57, que é o penúltimo nível de proteção contra água e poeira.
Ainda sobre design e construção, no final a Samsung soube usar bem esse novo formato. O Buds 3 Pro tem essa linha preta, que tem um LED que mostra carregamento, pareamento com o celular ou quando a bateria está fraca.
Essa área da haste também tem uma série de gestos, e foi a parte que eu mais demorei pra me acostumar, porque eu vim dos antecessores da linha, que eram bem diferentes em formato.
Ainda sobre os LEDs, você pode optar por mantê-los ligados. É só tirar da orelha, pressionar cada um dos fones com as duas mãos por alguns segundos, até que as luzes acendam.
Dá pra escolher entre as luzes ficarem acesas o tempo todo, em modo intermitente ou acendendo e apagando. Muda alguma coisa no uso manter os LEDs ligados? Nada, só na autonomia de bateria.
Voltando aos controles de gestos, se você arrastar de baixo para cima na haste, você aumenta o volume, e no sentido inverso você abaixa. Juntando os dedos na base da haste você reproduz ou pausa a música. Vai perceber um pequeno som de clique nesse momento. Juntando os dedos duas vezes você passa para a próxima faixa, e fazendo três vezes volta para a faixa anterior.
Se você mantiver os dedos juntos pressionando o fone por mais tempo, tem uma série de ações que podem ser feitas.
Por padrão, a Samsung deixa essa opção para você alternar entre o cancelamento ativo de ruído e o modo ambiente, mas você pode alterar para ativar os comandos de voz, usar o modo de consciência plena do Samsung Health ou ainda abrir o Spotify ou Samsung Music.
Os comandos de juntar os dedos também valem para atender ou encerrar chamadas, e se você não quiser atender a ligação, é só manter os dedos juntos pressionando o fone. Faltou dizer que ele tem Bluetooth 5.4, que é mais eficiente em conectividade e consome menos energia.
Qualidade de som
Mas se o formato mudou bastante, algumas coisas se mantém bem de uma geração para outra. A primeira é a qualidade sonora. E veja bem, a qualidade sonora do Buds 2 Pro já era bem acima da média, e melhorou nessa geração.
Eu senti o som mais encorpado e forte direto no ouvido, uma sensação maior de imersão ouvindo música nele. Isso passa pela construção do fone, nas partes onde a gente não vê.
O Buds 3 Pro usa um driver dinâmico de 10,5 mm em cada fone para dar conta dos médios e graves, e um tweeter planar magnético de 6,1 mm para os agudos.
Ele ainda conta com suporte a áudio Hi-Fi em 24 bits, áudio 360º e novos codecs proprietários da Samsung, que prometem áudio melhorado. O Buds 3 Pro ainda entrega frequências de até 96 kHz, e isso significa alta fidelidade até mesmo para sons mais desafiadores, e é o dobro do seu antecessor.
Longe desse tecniquês que eu acabei de falar, a experiência no ouvido é realmente melhor. Os woofers e tweeters presentes no fone me entregaram uma separação bem clara entre os sons mais graves e os agudos, com uma nitidez que eu não percebia nos outros fones da Samsung.
Um exemplo? Sabe quando você está ouvindo o baixo e a bateria da música em tom mais grave e entra o prato, bem agudo? Eu percebia esses diferentes sons em regiões diferentes, mas muito nítidas. A experiência da música fica mais densa, e me deu uma nova percepção em músicas que eu estou acostumado a ouvir diariamente.
Ele ainda conta com equalizador adaptativo, que vai usar a inteligência artificial e os microfones internos e externos para entender qual é a melhor distribuição sonora para aquela faixa. Eu normalmente coloco o equalizador no mais graves, mas eu também gostei muito de usar o nítido.
Pra encontrar a melhor equalização, você precisa entrar no Galaxy Wearable, e depois no menu qualidade e efeitos sonoros. E lá eu recomendo também você ativar o áudio 360º, que deixa o som mais nítido em todas as direções. Ele tem a opção de monitoramento da cabeça, ajustando o som conforme você se mexe.
É um recurso que está nos Airpods Pro, que eu achei bem próximo no Buds 3 Pro. Se você vira a cabeça para a direita, com o celular na sua frente, ele reforça o som no fone esquerdo, e vice-versa. A ideia é aumentar a sensação de imersão, e funciona especialmente quando você estiver consumindo conteúdo em vídeo, ou jogando.
Aliás, tem um modo de jogo, que a Samsung coloca no modo Labs, ou seja, recursos que são experimentais.
Bateria e cancelamento de ruído
Em autonomia, a Samsung promete até 6 horas de som com o cancelamento ativo de ruído ligado, e 7 horas com o recurso desativado. Claro que esse é um número em condições de teste, mas no meu dia de uso mais intenso eu consegui fazer algo próximo de 4 horas e 30 minutos de reprodução de música e filmes com o cancelamento ligado.
Eu estava no voo, com o cancelamento ativado e funcionando constantemente, já que ele precisava aliviar o som da turbina do avião, e eu não achei o número ruim. Aliás, ele superou o meu uso com o Buds 2 Pro, por exemplo, que ficava por volta de 3 horas e 30 minutos no meu uso.
E já que eu mencionei, deixa eu falar mais sobre o cancelamento de ruído. Porque aqui a Samsung promete que ele seja adaptativo. Como assim? Os fones vão entender o ambiente ao seu redor e gerar o melhor cancelamento de acordo com cada ocasião.
Por exemplo, no avião, ele precisa silenciar a turbina e qualquer ruído externo para te entregar o máximo de conforto, mas no trânsito, ele vai diminuir o cancelamento ativo se perceber uma buzina, e assim você presta mais atenção ao trânsito da sua região.
A Samsung já trazia um comando que mudava para o modo ambiente ao detectar voz, e o Buds 3 Pro também faz isso ao detectar barulhos de sirene. Basicamente, ele vai diminuir o volume da música e acionar os microfones externos ao perceber as duas coisas, e aqui eu percebi outra melhora.
O Buds 2 Pro, por exemplo, era competente demais na hora de alternar para o modo ambiente. Às vezes eu abria a boca para bocejar e ele já ativava o modo de som ambiente, mesmo que eu não estivesse falando. No Buds 3 Pro essa detecção está bem mais precisa, e eu gostei bastante do recurso.
Além disso, depois de detectar, você pode juntar os dedos sobre um dos fones para finalizar o modo e voltar para o cancelamento de ruído.
E eu preciso contar o que eu achei do cancelamento desse cara. Eu realmente gostei. Como eu comentei com vocês, meu teste mais pesado com esse fone foi durante um voo de 11 horas, que ele foi meu companheiro e, enquanto ele recarregava, eu usei o Buds 2 Pro.
É um salto quando a gente compara o cancelamento ativo de ruído dos dois. O som da turbina, que é persistente e chato, ficou mínimo no voo. E mesmo as conversas das outras pessoas e dos comissários ele consegue abafar bem.
Outro parâmetro para o cancelamento foi escrevendo esse review. Meu teclado não é barulhento, mas dá para perceber o som das teclas enquanto eu digito, mas com o fone ligado eu simplesmente não me ouvia digitando, então passou no teste.
Recursos extras
Eu ainda consegui testar o recurso mais surpreendente desse cara, que é o modo intérprete, que está ali no pacote do Galaxy AI. Ele vai te permitir ouvir a tradução em tempo real de um conteúdo ou uma conversa em outro idioma. Eu não consegui testar na França, mas fiz vários testes em conteúdos de outra língua.
Por enquanto, ele vai funcionar em tempo real mesmo conectado a um Z Fold ou Z Flip 6, mas no Galaxy S24 Ultra eu consegui ter a tradução, mas com algum atraso. Por exemplo, ele ouvia um tempo de conteúdo, como 30 segundos de vídeo, e me traduzia essa fala com boa dose de precisão, até.
Eu acredito que a linha S24 e os Z Fold e Z Flip 5 devam ser os primeiros a ter atualização que vão receber o recurso de tradução em tempo real, mas não sei dizer quando esse update chega.
O comando de voz com a Bixby é bem competente. É só dizer Hey Bixby e pedir para entrar no Spotify, por exemplo, mas ele não funciona se conectado a vários dispositivos ao mesmo tempo. E bom, eu prefiro poder usar o fone conectado a mais aparelhos Galaxy, e você nem precisa ter baixado o firmware para ele.
Por exemplo, dá pra alternar muito rapidamente entre um celular e um tablet, e foi assim que eu testei entre o S24 Ultra e o Z Fold 5. Era só dar play na música que ele alternava entre os aparelhos.
Eu percebi que no aparelho auxiliar, o som fica mais flat, sem as mesmas possibilidades de equalização do aparelho. Se você quiser ter todos os recursos, precisa baixar o firmware no aparelho que você for usar como auxiliar e alternar entre eles via Music Share.
Conclusão
Bom, eu sei que o pessoal adora essa competição de quem copiou quem. Mas se a gente colocar isso de lado, fica fácil perceber que a Samsung fez o seu melhor fone de ouvido. E eu posso dizer isso tranquilo porque eu tive todos os fones topos de linha deles desde o Galaxy Buds+, de 2019.
Primeiro ponto, a qualidade sonora dele está muito acima do que a própria Samsung já fez. Eu não sou um audiófilo, mas quem é, vai se beneficiar dos codecs de áudio aprimorados.
No entanto, a melhora é percebida mesmo ouvindo aplicativos mais tradicionais, mas quem gosta de som de alta qualidade vai ter um bom companheiro no Buds 3 Pro.
Segundo ponto, ele tem funções de inteligência artificial que vão te ajudar na tradução de conversas e apresentações. Eu passo bastante tempo ouvindo palestras em outro idioma nos eventos que eu vou, e isso vai me ajudar demais.
O terceiro ponto está na autonomia de bateria, que melhorou quando comparado à geração anterior, e na proteção IP57, que permite que os fones, e não a case, possam ficar submersos por até 30 minutos em uma profundidade de 1 metro de água doce.
Se você quiser a brincadeira de dizer que a Samsung copiou a Apple, está lá. Mas poxa, reduzir um fone tão legal a dizer que ele é uma cópia do concorrente me parece bem pouco pra definir esse cara.
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