Eu passei duas semanas com o novo Samsung Galaxy Ring e eu tenho muito pra te contar sobre ele: a forma como se conecta com todo ecossistema Samsung, como funciona, seus benefícios, seus problemas, e claro, se vale a pena ter um desses.
Samsung Galaxy Ring
- Bateria: duração de até 7 dias
- Peso: 2,3 a 3,0 gramas
- Dimensões: 7,0mm de largura e 2,6mm de espessura
- Resistência à água de até 100m
- Bluetooth 5.4
Para que serve?
A pergunta que mais me fazem quando o assunto é anel inteligente sem dúvida alguma é essa: pra que serve um anel desse? Para monitorar seus dados de saúde 24 horas por dia. É só isso, mas dentro disso tem um monte de coisa.
A segunda pergunta é: mas um smartwatch não faz isso e ainda é mais barato? Sim e sim. Só que um relógio é mais desconfortável para usar dia e noite, além de ter uma bateria que dura bem menos.

Para quem quer monitorar sono e dados de saúde durante dia e noite e quer uma praticidade maior no dia a dia, o anel inteligente é a melhor opção. É ótimo pra quem procura desempenho em atividade física, tem alguma questão de saúde que precisa ficar de olho ou simplesmente é louco por dados que nem eu.
Desde que eu passei a usar anéis inteligentes, consegui monitorar melhor meu sono e também meus passos e dados de estresse, passos, e claro, recuperação durante o dia, porque mesmo quando o relógio está carregando, o anel está na mão.
Com eles eu consigo entender que talvez eu tenha de maneirar um pouco nos exercícios no dia ou se eu posso ir um pouco mais além.
Como funciona?
Vocês devem ter percebido que qualquer anel inteligente não tem tela – então sozinho ele não faz nada. A Samsung é a primeira grande empresa de tecnologia a lançar esse produto. Aliás, é a primeira empresa de smartphones que lançou esse produto.
A última versão do Oura Ring 3 que avaliamos, é de uma empresa que está desde 2015 no mercado, lançando a segunda geração em 2018 e a terceira em 2021. Eu falo isso por que eu acho que ele já chegou muito redondo no mercado, então tem muita coisa que foi aproveitada, e algumas outras até melhoradas.
Todos os dados captados pelo relógio depois do pareamento inicial vão para o aplicativo Health que vai unificar todos os dados do anel com o relógio e até com os do celular – que também é capaz de captar passos.

Esse, aliás, é o grande diferencial desse anel inteligente. Apesar do Oura e Ultrahuman funcionarem tanto no Android quanto no iOS, a verdade é que eles não colhem nenhum benefício de ecossistema.
Às vezes o Oura duplica ou acaba não pareando totalmente as informações de atividades, enquanto que o Galaxy Ring faz uma interface muito boa com o relógio e celular. Isso ainda não está perfeito, mas é bem promissor, porque muito dos problemas podem ser resolvidos com atualizações de software.
Depois do anel ter sido configurado, o que acontece? Nada (haha). Pra aproveitar realmente ele, é necessário 1 semana de dados de sono e exercício. Mas depois dessas 2 semanas com ele aqui na mão, já consigo ter uma boa ideia do que ele é capaz.
Acompanhamento de sono
Com relação ao sono, deu pra sentir que o Galaxy Ring é mais bondoso que os concorrentes em suas análises – logo no primeiro dia eu tirei a pontuação de 98 pontos. O tempo de início e fim foram basicamente o mesmo, mostrando uma boa eficácia na detecção, mas os valores de sono REM foram maiores do que no Oura.
Não dá pra afirmar qual dos dois está mais correto sem um teste maior com equipamento especializado, mas fuçando um pouco mais consegui encontrar um estudo da própria Oura afirmando que consegue chegar em 79% de acurácia, quando comparado com equipamentos de teste que são padrão de mercado.

Só é importante entender que para além da captação dos dados, existe uma diferença de como eles são tratados, interpretados.
Teve uma situação onde eu cochilei no sofá às 23h30m, largado, metade sentado, metade jogado, e só fui levantar pra ir pra cama às 01h00m da manhã. O Samsung pegou meu sono desde o começo, enquanto o Oura afirmou que eu só fui dormir às 01h00m da manhã, me dando uma nota ruim.
Por outro lado, o Oura Ring capta melhor cochilos no meio do dia – até alterando a sua nota diária de sono. Para mim, que geralmente durmo 20 minutos depois do almoço quando estou cansado, consigo melhorar minha pontuação cochilando, me recuperando. Não rolou aqui no Galaxy Ring.
Teve mais um pessoal de tech que reclamou que ele foi problemático ao captar o sono no avião, onde não só o fuso horário atrapalha como você acaba tendo um sono mais leve. O Oura também consegue fazer essa detecção de forma mais detalhada.

Outra coisa que aconteceu comigo é que teve um dia que eu dormi até umas 04h00m e da manhã, acordei por 1 hora e 30 minutos e voltei a dormir depois. O Galaxy Ring separou em “dois sonos” e minha nota também ficou bem comprometida por que eu dormi pouco – apesar da soma total ter chegado nas minhas 7 horas padrão de sono real.
Está claro que o Galaxy Ring capta as informações, é mais como a pontuação vem sendo contabilizada. E só me incomodou por que eu tinha com quem comparar né?
O lado bom é que no sono já dá pra ter alguns benefícios com o ecossistema, porque temos a possibilidade de deixar o celular na cabeceira da cama e gravar se roncou a noite e sair tudo no mesmo relatório do Samsung Health.
Se você tivesse usando o relógio com o anel, daria também pra fazer o mesmo, gravar o ronco. Mas dai também não faz sentido dormir com anel e relógio na minha opinião.
Dentro do app, nós temos os seguintes dados: tempo de sono; recuperação física, que analisa o sono profundo durante o primeiro ciclo que deve ter no mínimo 10% a 12% do seu tempo dormindo; consistência do sono; e a análise do tempo de sono REM, que serve para o descanso mental. É analisado também o número de ciclos de sono, sua oxigenação e temperatura.

A integração também é válida quando fazemos exercício. Se você for na academia, vai ter de tirar o anel e perder os dados, mas se usar um Galaxy Watch, a continuidade é preservada.
Usar anéis dos principais concorrentes mesclando com um smartwatch, pode trazer uma experiência similar, mas já vi o software do anel se confundir um pouco. É legal ter o “processamento” em um lugar só. A Samsung até afirma que ao usar o relógio e o anel junto pode reduzir o gasto energético em até 30%, mas eu já comento disso mais pra frente.
Praticidade e exercícios
O sono é a principal análise para um smart ring, justamente por que é o momento mais incômodo de usar um smartwatch – e uma das métricas que eu mais tinha dificuldade de calcular.
Mas a verdade é que eu reduzi bastante o uso do smartwatch nesse período: tanto à noite quanto durante o dia, por ser mais fácil ficar só com o anel e vestir o relógio para exercícios e para sair de casa – momento onde eu gosto de ver as notificações de forma fácil.

Isso faz com que mesmo que o relógio esteja carregando, eu continue pegando informações do meu corpo e isso permite novas análises. A escolha da Samsung foi por compilar todos seus dados diários na pontuação de energia, que conta com dados da pontuação de sono, mas vai um pouco além.
Temos então os seguintes dados: tempo médio de sono, consistência de tempo de sono, consistência da hora de acordar e dormir, frequência cardíaca durante o sono e variabilidade de frequência cardíaca durante o sono. Para fechar, tem a análise de atividade do dia anterior, que verifica o tempo ativo, a quantidade de exercício moderado a vigoroso e a frequência cardíaca média durante os exercícios.
O legal é que eles ainda contam o número de respirações durante a noite e a temperatura para te dar avisos se tem alguma coisa acontecendo com você. É muita informação sendo computada sobre você, e com o tempo as análises podem aparecer.
Em exercícios as coisas não vão tão bem: não é possível iniciar uma corrida ou caminhada – elas precisam ser detectadas automaticamente. Se você entra no app do Samsung Health e inicia uma atividade, ela roda no celular e não no anel.
E como em todos os anéis inteligentes, se a atividade precisa que suas mãos sejam utilizadas – a recomendação é tirar o anel. Não só o inteligente, os normais também. Então ele está mais para um verificador de número de passos e de exercício mais básico do que um fitness tracker.

Até por que pelos meus testes, ele pegou muito bem meus batimentos cardíacos baixos e até uns 130 por minuto, mas quando eu fiz uma corrida mais pesada, tanto o próprio Galaxy Watch como Apple Watch chegaram em resultados mais altos. Eu estava em uns 180 bpm nos dois relógios e 160 bpm no anel. Pra treinar é uma diferença importante, mas para monitorar no dia que esqueci o relógio em casa, até que serve.
Vale também comentar que concorrentes conseguem identificar algumas outras atividades como ciclismo ou até levantamento de peso de forma automática, mas o Galaxy Ring se limita a caminhada e corrida.
Tocar guitarra ou lavar louça também irão contar passos, então é bem provável que você chegue a valores maiores do que os que tinha quando usava apenas o relógio.
Uso das informações
Beleza, pegamos então dados de sono, de passos durante o dia e até de nível de estresse. O app Saúde te permite colocar quantos copos de água bebeu e até preencher seu cardápio para contar calorias, mas esses dois últimos são totalmente manuais.
Com isso, ele começa a te dar algumas dicas do porquê sua pontuação está baixa e como você pode melhorar. Existe também a função de treinamento de sono que vem logo depois de você encontrar seu animal espiritual do sono.
Para mim, o melhor dessas dicas é que elas estão em português e são muito fáceis de entender. Oura e Ultrahuman além de não traduzirem todas as funções, às vezes usam termos mais técnicos.

Fora entender seus dados e fazer umas recomendações, os anéis inteligentes não fazem muito. Eles ainda não tem nenhum sistema de pagamento, nenhum microfone ou outra grande função. Onde o Galaxy Ring se destaca é que você tem mais algumas coisas relacionadas com o ecossistema da Samsung.
O encontrar meu anel coloca esse modelo como um objeto lá no Smart Things – ele não vai apitar, mas pelo menos dá pra ter uma ideia onde que ele está com a função “Piscar Luz”.
Ele também consegue tirar fotos longe do celular com um duplo clique. No evento de lançamento essa função estava funcionando, mas quando eu tentei colocar no celular eu não consegui configurar.
De resto é um anel normal. Ele é feito de titânio, segundo a empresa, e a versão preta fosca é bonita – eu ainda não consegui ralar ele. Para medir o tamanho correto, é necessário comprar o kit, que se devolvido tem seu valor abatido do preço final do anel.
É o mesmo sistema que já vimos nas concorrentes – e que funciona bem. Só faltou eles liberarem as versões em 3D pra imprimir e testar, que nem eu fiz com o Ultrahuman Ring Air quando o pacote deles com o kit de medição ficou parado na alfândega.
Bateria
Onde eles avançaram, no entanto, foi na caixinha de carregamento. Caramba, as soluções das outras empresas eram bem fracas, e a Samsung botou em um formato que parece uma caixa de fone de ouvido – bem mais fácil de encontrar, mais protegido e ainda com um LED que indica o quanto de bateria tem no equipamento e na caixa.
Ela é bonita, meio transparente, com uma parte que reflete e aumenta seu tamanho, bem legal. Segundo eles, a bateria do anel dura 7 dias, e eu posso confirmar isso.

O interessante é que a peça central parece da Oura, mas a Samsung botou toda a caixinha em volta. Minha dica é que carregar ele enquanto toma banho é o suficiente pra ter bateria infinita.
Os 7 dias de uso são reais, e ainda dá pra aumentar em 30% ao utilizar junto com o relógio, mas eu só fiz isso quando estava fora de casa ou na academia, então não tive chance de testar a fundo.
Conclusão
A Samsung não cobra nada para o Galaxy Ring ser utilizado. Se ele seguir no ritmo de atualização e de criação de funções de software que estão rolando com o Oura e Ultrahuman – que claramente estão precisando se diferenciar de alguma forma -, ótimo.
Se eles começarem a lançar anualmente ou de forma bienal atualizações, acho que a empresa pode liderar o mercado por que não tem nem rumor da Apple sequer estar pensando em lançar algo do tipo – e eu acho que Motorola e Xiaomi não vão conseguir integrar tão bem como a Samsung que já tem experiência com isso.
Você deve estar se perguntando se eu recomendo o Galaxy Ring, certo? Sim. Ele é o único relógio que está com suporte oficialmente no Brasil. Mas você tem que estar no ecossistema Galaxy para fazer sentido, então os outros aparecem como uma opção pra quem tem um iPhone.
Ele acaba saindo mais barato que importar e tenho certeza que logo mais vai ficar ainda mais em conta. Agora, se você está feliz com o seu relógio, consegue dormir por ele, não acha que a bateria acaba rápido, aí não precisa pegar. Só se quiser e achar legal como eu.
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