Contrariando a tendência anterior, o Galaxy S21 chegou no mundo inteiro com uma redução de preço, retirada de carregador e precisando escolher exatamente o que entra na lista de itens. Enquanto os modelos Ultra de linha mais se distanciam, esse cara aqui precisa manter o preço à rédeas curtas e aumentar a entrega. Depois de passar algumas semanas com ele, esse review serve para tirar todas suas dúvidas sobre ele.
Construção e design
De cara, o maior de todos esses cortes de custo, quando pensamos no próprio aparelho, está na construção, com o seu corpo de plástico. Existem sim alguns problemas com essa decisão, como facilidade para riscar e questões de calor, que eu vou abordar mais a frente, porém, no geral, não é uma desvantagem tão significante para a maioria das pessoas, já que só pega esses dois pontos mesmo e aqui no Brasil a gente adora usar uma capinha.
Seria muito difícil dizer que ele perdeu a aparência de topo de linha só por causa disso, até porque ele parecido com os modelos Plus e Ultra que daí sim contam com o vidro como material principal.
O que ajuda é que o S21 tem acabamento fosco, uma linha que eu acho muito elegante. Ele é bem fino e a armação é toda em metal, inclusive na sua nova máscara, que envolve as câmeras traseiras. Pois é, o cooktop felizmente foi abandonado, tomando agora essa forma de armadura, integrada à lateral do celular, que eu gostei bastante.
Outro detalhe que merece destaque é o seu tamanho. A tela do S21 alcança 6,2 polegadas, num corpo de 151,7 mm de altura por 71,2 mm de largura, menor até que o M21s, por exemplo, quebrando um pouco da tendência de que celular bom tem que ser grande.
Porém, ele também não chega a ter dimensões tão pequenas quanto as do iPhone Mini, que eu senti ter passado um pouco do ponto. Eu adorava o S10e com suas 5,8 polegadas, mas acho que esse cara aqui pode ser o substituto direto de tão otimizado que está. São apenas 10 mm a mais de altura para entregar uma tela 0,4 polegadas maior. Na boa, eu realmente estou bem animado com esses modelos se mantendo pequenos.
Mas de qualquer forma, se você ainda prefere algo maior, tem também a versão Plus, que é basicamente igual essa versão do S21, só que com a tela de 6,7 polegadas, que você paga um pouco mais para levar para casa.
E só para terminar de comparar os três modelos da linha, o S21 Ultra cresce mais, chegando na tela de 6,8 polegadas, e também com o módulo para as câmeras traseiras mais elaborado, que ganha mais uma lente de zoom e o sensor de foco.
O resto da construção dos aparelhos também é bem parecida. Todos eles possuem o botão na lateral, que chama a Bixby na configuração de fábrica, mas que felizmente pode ser reconfigurado para exibir o menu de desligar.
Também ficou de fora um slot para a expansão de memoria, que foi para o limbo dos topos de linha, junto da entrada P2. Num ano com tantas remoções, essa eu achei a mais desnecessária, mesmo que fosse pouco usada, e ficasse aqui por marketing. De qualquer forma, o espaço para o segundo chip continua presente.
Outra característica que continua é o som estéreo. A linha S sempre foi bem regular nesse ponto, e continua assim por aqui. Dessa vez não tem nenhum modo específico de boost, mas a qualidade está boa para algo simples, como pessoas falando, só que é apenas ok para músicas, basicamente como todo celular melhor.
Tela
Voltando para os cortes, a resolução da tela de 1440p, que praticamente sempre esteve presente nos topos de linha da Samsung, ficou só no grandão, e os modelos mais baratos contam com resolução Full HD+.
Esse é o ponto que eu menos liguei. Primeiro que desde a época que eu usava o Galaxy S8 como meu smartphone principal, até o ano passado, com o S20, eu nunca notei um ganho tão expressivo de definição, então, eu sempre diminuía a resolução para o Full HD para poupar bateria. Era bonito, mas a utilidade de ter mais bateria sempre foi melhor. Como 120 Hz é muito mais interessante que o Quad HD, a troca faz todo sentido.
A alta taxa de atualização é uma tecnologia que chega a ser viciante. Você passa um tempo experimentando a fluidez que ela dá para o sistema, e depois vai sofrer para voltar para um aparelho “normal”.
Dito isso, vale comentar que o sistema consegue ser inteligente suficiente para variar a taxa de atualização, de acordo com o conteúdo que está na tela. Num vídeo do YouTube, em tela cheia, o S21 vai ficar em 30 quadros, enquanto que num jogo, pode subir até 120, e em um texto estático, cai até 10.
Dessa forma, apesar dessa função aumentar o consumo de energia, ela não vai desperdiçar energia, e se você precisar, em último caso, pode desligá-la para ganhar autonomia e chegar em casa mais tranquilo.
Desempenho
Só que aí a gente entra num assunto mais delicado, que é o desempenho do seu novo chipset, o Exynos 2100. Isso porque, o Exynos 990 do Galaxy S20 simplesmente não estava aguentando todos os avanços de tela por lá. Inclusive, chegou a ficar tão para trás que eu fiquei um pouco tenso com os próximos anos. Sendo assim, o S21 realmente precisava melhorar essa questão, e devo dizer que ele conseguiu… Em partes.
No uso do dia a dia, acessando o e-mail, assistindo YouTube e coisas básicas, ele conseguiu se manter frio e rápido de forma bem tranquila. Nos jogos, ele esquenta, mas estabiliza depois de um tempo, sem te obrigar a usar uma luva para continuar segurando o celular, e o desempenho se mantém firme.
Agora, quando ele começa a gravar, aí complica. Eu deixei o celular gravando por 40 minutos, em Full HD e a 60 quadros por segundo, e quando fui ver como ele estava, eu realmente não conseguia nem segurá-lo por um segundo.
Foi um baita de um stress test em uma época em que São Paulo também não estava nada fácil com seus 35º C. Então não considero ruim não. Mesmo o Snapdragon do ano passado estava complicado em celulares de vidro como o Moto Edge Plus e no S20, que era sim de vidro.
Ainda assim, o calor, principalmente nas áreas de metal e para o dia a dia está melhor do que eu esperava, já que eu realmente tive que forçar o aparelho, para chegar nessa situação. É bem raro que você precise usar o celular pra filmar por tanto tempo, e se for o caso, você provavelmente vai estar usando um suporte ou algo assim, onde o problema é bastante aliviado.
O S21 possui 5G, apesar da nossa rede estar ainda engatinhando. É um bônus, considerando que você pode ficar uns 5 anos com o celular, mas no grande esquema das coisas, é algo pequeno.
O S21 também está preparado para o Wi-Fi 6, outra tecnologia de rede que pode demorar para chegar por aqui, mas, em questão de sistema, ele não recebeu o suporte à caneta, igual o Ultra, mas já está com o Android 11, e a nova One UI 3.1, que dentre outras coisas, traz o Director’s View para a câmera, para você ver o que todas as câmeras estão gravando ao mesmo tempo. Tem também uma maior integração entre outros dispositivos Samsung, e até com o Windows, além do Dex, que foi aprimorado lá na versão 3.0.
Bateria
E a mesma lógica se reflete na bateria, onde, considerando que ele tem 4.000 mAh de carga, o consumo está dentro da média para todas as atividades, com exceção das gravações, onde realmente ele está mais alto, sem conseguir gravar por muito mais de 3 horas.
No geral, é o suficiente para um dia de uso tranquilo, mas confesso que eu esperava uma carga maior, principalmente comparando ele com os intermediários da marca, que entregam até 7.000 mAh de bateria. Pelo menos não vai demorar para carregar… Ou melhor, tem um corte de custo aí também!
Mesmo fazendo graça com a cara da Apple, a Samsung seguiu os passos da maça, e não embala mais um carregador junto do seu aparelho. Ainda existem alguns rolos nesse campo, e não ficou claro durante esse review se teremos alguma promoção onde já vem o carregador junto.
O suporte máximo é 25 Watts, que a gente testou com o carregador do M51, e o tempo para chegar em 100% foi de 1 hora e 10 minutos mais ou menos, alcançando 50% em 30 minutos.
É um tempo razoável, mas se você estiver vindo de um S9 ou até um S10, o seu carregador é de 15 Watts, então o tempo pode até subir para 1 hora e meia ou quase 2 horas, dependendo do caso. Uma dica é olhar no menu de bateria, quais as opções que estão habilitadas, e ver se ativar ou desativar alguma delas faz diferença.
Câmera
Onde o Galaxy S21 brilha, na minha opinião é no seu conjunto de câmeras. Na traseira, ele continua a apostar em um sensor de 12 megapixels para a principal e para ultrawide, trazendo também uma telefoto de 64 megapixels, que faz zoom ótico de 3 vezes, mas que pode ser ampliado até 30 vezes.
O fato de todas as câmeras serem muito balanceadas ganha do fato de ele não ter um sensor de 108 MP. Minha experiência com o Mi 11, que tem um sensor ótimo, um mediano e um ruim foi bem frustrante por cada câmera ter opções limitadas de atuação.
Por aqui, é fácil gravar e transitar entre todas sem problemas, o que te dá uma segurança interessante e que eu vejo faltar em outros equipamentos. Ele consegue preservar muito bem os detalhes, tem resultados incríveis de HDR e de desfoque, e o zoom vai bem até 10 vezes, dependendo da iluminação.
Como sempre, algumas cores ficam bem exageradas, mas isso é normal da Samsung, e você pode controlar um pouco, mexendo em algumas opções. Para as selfies, além de desligar o filtro de embelezamento, dá para também escolher a tonalidade de pele, o que junto com outras funções tornam essa uma das frontais mais completas.
Para as fotos noturnas, no geral, você meio que tem dois modos diferentes para escolher. Ativando o “otimizador de cena”, você tem já o “visão noturna”, que consegue iluminar quase tão bem quanto o modo noturno verdadeiro.
Isso funciona para todas as câmeras e para a minha surpresa também tive um resultado incrível no modo noturno com a lente ultrawide. Basicamente, ela se transforma em outra câmera, e você ganha riqueza enorme de detalhes, quando comparado com as fotos sem o efeito. Mais do que megapixels, implementar essas funções são essenciais para aqueles que gostam de tirar foto.
E para gravação, eu acho que as coisas até melhoram é possível em uma gravação única sair da câmera ultrawide e passar para opções de zoom e até mesmo trocar para frontal com o modo do editor – e de novo, como todas as câmeras estão configuradas com balanço de branco de forma parecida, isso é bem natural.
A câmera frontal ser 4K aliás não é novidade, nem nenhum desses sensores, e pegar um Galaxy S20 ainda pode ser uma opção mais barata de ter 95% do que essas câmeras entregam, mas o conjunto como um foi bem – e ao invés de surpreender, não decepcionou em nenhum momento – o que é ótimo.
Conclusão
Acaba que o Galaxy S21 é um S20s, que cortou arestas e arrumou alguns detalhes que ainda estavam incertos no ano passado.
Desempenho melhor, câmeras ainda mais equilibradas, menos bordas e no geral cortes que fazem sentido ao torná-lo um aparelho que tem o necessário, mas que não exagera. Pode ser triste para alguns ver a linha base S21 não ser a que tem tudo que é possível, mas esse cargo agora é do Ultra.
Só é chato mesmo ele ter perdido o carregador, mas pelo menos ele sofreu uma queda de preço, né? Vale bem a pena pegar ele em promoção de combo com relógio logo agora no começo ou esperar pelo menos uns 4 meses para baixar. Até o final do ano por uns 3 mil reais ou menos, seria uma excelente opção.
Renata Jorge Velani diz
Quero um celular barato para trabalhar na Internet