O Galaxy S21 Ultra é o maior e mais poderoso aparelho da última geração da Samsung, um celular que tem de ter tudo do melhor e que realmente precisava fazer bonito esse ano, para não repetir as vendas mais baixas que o modelo anterior sofreu. A estratégia de focar na correção dos detalhes sem correr atrás de mais inovações parece que deu certo, e eu quero entrar a fundo na análise do S21 Ultra, para te ajudar a entender se ele vale ou não a pena.
Samsung Galaxy S21 Ultra
- Processador Exynos 2100
- 256GB/512GB com 12GB/16GB de RAM
- Tela: AMOLED de 120 Hz com 6,8″ (1440 x 3200px)
- Câmera principal: 108MP (f/1.8) + 10MP (f/4.9) + 10MP (f/2.4) + 12MP (f/2.2)
- Câmera selfie: 40MP (f/2.2)
- Bateria: 5000 mAh
- Android 11
Construção e design
Para começar, o Ultra não abre mão de nenhum material premium em sua construção, e diferente da versão mais barata, ele é todo feito em metal e vidro – nada de plástico. O legal é que, apesar do vidro na traseira, ele não é brilhante, e sim fosco, o que também deixa a textura diferente da habitual, e limita um pouco as marcas das digitais.
Outro ponto importante é que finalmente aquele “cooktop” terrível foi embora, dando espaço para uma espécie de máscara, que cobre as câmeras desde as bordas, até praticamente o meio do celular. Ela fica lateralizada, e me lembra um pouco o Fantasma da Ópera, finalmente dando um estilo legal para o celular, principalmente lá na versão menor.
Aliás, a “versão menor” está longe de ser um celular pequeno, mas o Ultra, com suas 6,8 polegadas, até consegue fazer o S21 normal parecer um celular comum. Só que ele, na verdade, é até um pouco menor que o S20 Ultra, uma redução de 0,1 polegadas, mas que ainda assim, o fez aumentar de 222 para 227 gramas de peso total. Isso faz com que seja um dos modelos mais pesados que já passou por aqui, e você realmente sente isso na mão.
As bordas continuam arredondadas, porém no vidro frontal, esse ângulo está bem menos agressivo que antes, seguindo um padrão novo, que tem aparecido em topos de linha de várias marcas. Eu gosto bastante assim, já que além de deixá-lo bem confortável na mão, ainda evita toques acidentais.
Para resumir, nem sempre a Samsung acerta, mas eles fazem tanta coisa que uma hora dá certo, e tem hora que sai ainda melhor do que o esperado – como é o caso por aqui. Sem brincadeira. Eu gostei e ainda por cima é autêntico!
Por mais que isso não afete tanto o uso do celular, é sempre importante que você esteja confortável com a aparência do seu celular. O único ponto que me incomoda são as capinhas que acompanham o calombo e até o aumentam. Eu acho que faz muito mais sentido tentar deixá-lo o mais reto possível, já que em cima da mesa, o celular balança bastante.
Felizmente, ano a ano a Samsung implementou alguns detalhes legais. O primeiro deles é o sensor de digitais, debaixo da tela, que foi aprimorado. Agora ele é mais certeiro e conta com uma área de leitura maior, o que junto do posicionamento mais alto, o ajuda a ser mais confortável. Finalmente dá para dizer que eu esqueço que ele está por aqui – como todo bom design deve ser.
Tela
A tela também recebeu melhorias. Além daqueles pequenos detalhes que a marca vai implementando todo ano, de forma constante, como o aumento de brilho e acuracidade de cores, o grande chamariz veio pra tela Quad HD que pode ser utilizada com a taxa de atualização de 120 Hz de forma simultânea.
Antes a gente tinha que escolher entre a resolução melhor e a taxa de atualização maior, mas agora os dois funcionam juntos, o que pode ser um diferencial legal, já que praticamente todas as marcas estão lançando celulares com telas de 90 ou 120 hertz.
Quando combinamos isso com o ótimo painel AMOLED da Samsung, que tudo bem, não mudou muito de um ano para o outro, mas continua muito bonito, esse celular já praticamente leva para casa o prêmio de melhor tela do ano. Pelo menos até chegar o Note 21 com alguns ajustes e novidades.
Ainda assim, se você me permite ser bem sincero, eu continuo achando que a resolução alta é mais um desperdício do que um beneficio. É legal ter, principalmente se você é como eu e gosta de deixar as letras pequenininhas, mas para esse tamanho de tela, a diferença é pequena para grande parte dos conteúdos que você vê pela telinha do seu celular.
O que tem de novo nessa geração, e que você pode aproveitar mais, é que a tela, agora, aceita a S Pen. Por enquanto, apenas a caneta mais básica está disponível, mas já rolou o anúncio da S Pen Pro, que funciona com bluetooth e tem os “Air Gestures”, até então exclusivos para a série Note.
O que isso significa para o Note 21? A gente ainda não tem certeza. A própria Samsung é bem vaga sobre o assunto, mas eu duvido muito que a linha será aposentada, pelo menos nos próximos anos. Até porque, para a caneta funcionar no S21 Ultra, você precisa de uma capinha especial, que é vendida avulsa.
Pode ser que isso seja um test drive temporário, para ver como a população recebe essa funcionalidade, e se der certo, adeus série note, mas por enquanto é só especulação.
Câmera
Seguindo para um assunto menos polêmico, em fotografia, o Ultra está tão bom quanto a gente esperava. Por aqui, a câmera frontal tem 40 MP, e a principal 108 MP, auxiliada ainda por uma lente ultrawide de 12 MP, e outras duas lentes de zoom diferentes, uma para o ótico de 3 vezes (até 9,9x digital), e a outra, a periscópio, de 10 ótico (até 100x digital). Não é o maior número de lentes que já existiu em um celular, mas é o kit completo, sem firula, que vai cobrir de verdade todas as distâncias que você precisar.
Pensando nas fotos, houve aquele avanço incremental na qualidade, com o aprimoramento de recursos de inteligência artificial, cores ainda bastante saturadas, e um destaque para o ótimo recorte no foco dinâmico, principalmente nas selfies.
Só que, por aqui, são as auxiliares que roubam a cena, em especial a lente para zoom de 10 vezes, que consegue preservar muito bem os detalhes das cenas, nesse nível de aproximação. Você consegue fazer relativo bom uso até umas 30 vezes, só que, além disso, apesar de não ser completamente inutilizável, a qualidade cai bastante.
A ultrawide também está tão boa como sempre, mas é no modo noturno que ela consegue resultados impressionantes, principalmente considerando as fotos dela, com esse modo desligado.
Em vídeos, a Samsung continua empurrando o 8K, que, depois de ter sido lançado lá no S20, deve aparecer em toda linha Galaxy. Só que houveram sim pequenas melhorias, solucionando parte daquele efeito estranho de gelatina, que rolava ano passado.
No geral, ainda não vejo muita utilidade em filmar com essa resolução por aqui, mas ela evoluiu de um ano para outro, então, eventualmente deve chegar num ponto que dá para ligar o modo sem se preocupar em ter um tripé, ou algo assim, para deixar o celular.
Além disso, o S21 Ultra tem uma quinta lente, que é o laser focus, que ajuda bastante com os problemas de foco que a gente via lá no S20, principalmente na hora de filmar.
Software e desempenho
E, junto da nova One Ui, o aplicativo de fotografias da Samsung ganhou algumas funções novas, que parecem ser úteis de verdade, não só aqueles modos que aparecem, mas que a gente nunca usa.
Primeiro, o single take já existia, mas agora ficou melhor, ele tira fotos ou grava com todas lentes ao mesmo tempo, para depois você escolher as que te agradam mais. Outra função parecida é o modo diretor, para gravação de vídeo. Nele, você tem uma visão geral do que as 3 câmeras estão vendo, e pode transitar entre elas enquanto grava, o que é bem útil, principalmente para nós, criadores de conteúdo.
Só que, vocês se lembram de como o S20, ano passado, esquentava com a câmera aberta, e a bateria ia embora em questão de minutos? Pois é, esse problema não foi totalmente resolvido por aqui.
É só você abrir o aplicativo e mudar de lente algumas vezes, que já dá para sentir o calor chegando. Na verdade, houveram avanços, e algumas análises comparando as versões do S21 Ultra com o Exynos e com o Snapdragon, mostram que, enquanto que os problemas são mais ou menos nos mesmos pontos, quando a gente compara com o que rolava ano passado, teve muita coisa que ficou menos pior.
A temperatura, por exemplo, agora costuma estabilizar entre 40 e 45ºC, que você ainda sente bem na mão, principalmente na área de metal nas bordas, mas pelo menos, demora mais para chegar naquele ponto que você nem consegue pegar mais seu aparelho.
O Exynos 2100 também promete ser mais potente que o Snapdragon atual, e ele até consegue por um tempo, mas ele cansa e perde todo o fôlego até que rápido, e a performance vai lá para baixo.
No Genshin Impact, por exemplo, você consegue subir a taxa de quadros para 60 quadros por segundo nas configurações, e por um tempinho você até roda de boa, mas em 5 minutos, ele começa a travar e cair para os 30 novamente, mesmo que a qualidade não esteja no máximo, que nem é o recomendado.
Algo parecido acontece com o Asphalt 9, que quando você sobe a qualidade e a taxa de quadros, apesar de muito bonito, o jogo começa a travar, e toda a fluidez vai pelo ralo.
A razão para tudo isso, no entanto, não é tão clara. A primeira função que a gente quer culpar é a taxa de atualização, porém ela diz ser adaptável, atuando de 10 a 120 Hz, dependendo da necessidade do conteúdo, então não era para ser esse o motivo. Tem também o caso do sistema de resfriamento não ser dos melhores, mas depois dos problemas de bateria explodindo, a gente imaginava que a Samsung investiria mais nisso.
Só que, de novo, se a gente comparar ele com o Exynos 990 do S20, ele melhorou bastante. Lá, você mal conseguia fazer dois testes do Antutu, um atrás do outro, e conseguir um resultado parecido, e todo o celular ficava mais lento, enquanto que agora, você demora um pouco mais para chegar nesse ponto, e consegue controlar melhor, depois de diminuir a qualidade do que você está jogando ou gravando.
Bateria
E a gente vê melhoria também quando olhamos para o consumo, que ficou, em média, uns 2 ou 3% menor, mas em alguns jogos, pode chegar até 8% mais baixos no Ultra de 2021.
Ainda assim, ele fica acima da média para quem tem uma bateria de 5000 mAh, e o que é pior, fica praticamente empatado com o S21 mais barato, que tem menos bateria.
Já na hora de carregar, com o carregador de 25 W, você precisa de mais ou menos uma hora e vinte minutos para uma carga completa, que é um tempo razoável. Só que é aí que começa a parte mais polêmica, pois a Samsung tirou mesmo o carregador da caixa, dando a mesma desculpinha de meio ambiente, que muita gente já mostrou ser uma grande balela. O pior é que o preço não ficou melhor no Brasil, mesmo ficando menor no exterior, então a gente só tomou desvantagem mesmo.
Tudo bem que não é tão ruim quanto na Apple, que além de tudo, ainda insiste no seu cabo proprietário – e caro. Por aqui, o carregador de 25 W sai por mais 100 reais, que pode não ser muito, mas como o aparelho ficou tão caro, ter que comprar esse carregador deixa um gosto bem azedo na boca.
Fora isso, o S21 Ultra continua com o carregamento inverso, então você pode utilizá-lo para carregar seus Galaxy Buds ou qualquer outro produto pronto compatível.
E por fim, algumas novidades em conectividade. A versão que vem para o Brasil tem mesmo suporte para as redes de celular 5G, só que o quão útil isso será, depende de como vai andar a implementação dela.
A gente só torce para que todo esse calor da bateria, não acabe com a vida útil dela muito rápido, ou talvez seja capaz dela morrer antes da rede ser instalada por aqui. Nessa mesma pegada, o S21 Ultra também tem suporte as novas redes Wi-Fi 6, que também eventualmente chegarão, e com sorte, antes de você trocar de celular.
Conclusão
O S21 Ultra com 512 GB de armazenamento chegou custando R$10.500,00, um valor completamente surreal. A opção mais em conta, com 256 GB, veio por R$9.500,00, mas hoje é encontrada quase 4 mil reais mais barata, que ainda é bastante para um aparelho que não evolui tanto assim daquilo que a versão mais básica oferece.
No papel, ele tem câmeras melhores, melhor bateria e a capacidade de usar a tela Quad HD junto dos 120 Hz, só que na prática, as câmeras do S21 normal também são boas, a quantidade de carga é maior, mas a duração da bateria é quase a mesma, e a tela Quad HD só vai diminuir ainda mais a autonomia do seu aparelho, sem trazer muito benefício.
Então, pensando nisso tudo, fica bem difícil recomendar o S21 Ultra, antes de uma bela queda de preço. Ele sempre será um celular caro, mas se você se interessa, eu esperaria pelo menos ele bater em uns R$5.500,00 e por algumas atualizações, para ver se a Samsung consegue, de alguma forma, resolver completamente os problemas de temperatura.
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