O Galaxy Tab S7 FE chegou em 2021 por um preço alto, mas com especificações interessantes. Agora, muito mais barato do que no lançamento, ele ficou muito mais competitivo, já que entrega uma construção premium, sistema operacional bom e mais alguns diferenciais, como a caneta S Pen. Então está na hora da gente fazer uma análise completa para entender se o sucessor do Tab S6 Lite vale a pena agora em 2022.
Design e construção
A nova linha de tablets Samsung cedeu o nome Lite para surfar no sucesso do Fan Edition, que faz bastante sentido, já que todo FE parece ficar mais perto da linha principal do que qualquer outro Lite. Até por isso vemos itens na sua construção que chamam atenção de forma positiva, como a construção de metal semelhante aos topos de linha Tab S7 e S8.
A identidade visual dos tablets da sul coreana é bem específica: a traseira tem o nome da marca de um lado e alinhado na outra ponta vemos a lente de 8 megapixels e uma furação para o microfone.
Esse formato da lente se justifica porque a Samsung precisava manter a compatibilidade de acessórios entre os modelos topo de linha com o mais novo tablet, por isso temos essa pílula mais saltada.
Entre esses dois pontos fica um espaço para você acoplar a caneta, mas diferente dos topos de linha, aqui não vemos o recorte de vidro, mas eu explico o motivo mais pra frente. O fato é que o lugar é esse, pois com a capa teclado, esse é o espaço designado pela Samsung.
Logo abaixo temos a inscrição “sound by AKG” e mais algumas informações de forma quase imperceptível e só. É uma construção realmente simples e neutra, mas que passa essa sensação de produto premium, bem acabado.
E, talvez você tenha percebido, mas todas essas linhas na traseira que vão até a lateral são para o sinal de celular, pois esse modelo é o compatível com 5G. A gaveta para o cartão SIM de operadora e para expansão estão no topo do aparelho, junto com os botões de volume e energia.
Infelizmente a Samsung não colocou um sensor de digitais no Tab S7 FE, mas acaba ficando a cargo do desbloqueio facial e por senha para destravar o sistema e usar o tablet.
Na parte debaixo, temos os mesmos conectores para acoplar a capa teclado, que até o S6 Lite não víamos compatibilidade na parte de intermediários. Nas laterais então, só restaram os alto falantes e o conector Type-C. E diferente do que você pode estar pensando, o conjunto tem bastante qualidade, apesar de não achar tão alto como eu gostaria.
A frente é basicamente a mesma que vemos no Tab S8, Tab S7, iPads mais recentes e Xiaomi Pad. Você precisa ter um mínimo de conforto pra segurar o tablet, então é inviável eliminar as bordas como vemos acontecendo nos smartphones.
O diferencial nesse caso e de uma forma muito positiva, é o posicionamento da lente frontal para vídeo chamadas que está na borda maior, assim como estamos acostumados de ver em notebooks.
Para vídeo chamadas, que estão em alta desde o início do caos chamado pandemia, usar os tablets da Samsung é bem melhor que usar qualquer outro tablet que tem a câmera frontal posicionada como se fosse um celular gigante.
Tela
O display TFT é bem grande, com 12,4 polegadas, e como alguns cortes são necessários pra tentar minimizar os custos de produção dos intermediários, a Samsung não tomou os mesmos cuidados com essa tela, como vemos nos topos de linha.
A primeira reclamação é o vazamento de luz nas laterais e a falta de qualidade com angulações um pouco diferentes, como quando você precisa mostrar um projeto, vídeo ou imagem para mais de uma pessoa.
Quanto mais para os lados você estiver, mais distorcidas essas cores e imagens aparecem e com imagens pretas, no ângulo errado você vai ver uma cor mais azulada, e no branco é basicamente a mesma coisa, só que a imagem vai escurecer e distorcer as cores.
Isso não é uma questão da resolução, já que o tablet tem 1600 x 2560 pixels de resolução, com uma densidade de 243 pixels por polegada. O lance mesmo é a qualidade e o tipo de painel, que não foi bem trabalhado e acaba sofrendo principalmente quando visto por alguém que está do lado da pessoa mexendo no tablet.
Agora, se você está sempre de frente para o tablet e usa ele normalmente, você talvez note apenas o vazamento de luz, principalmente se for assistir uma série no quarto escuro. Se você quiser trabalhar com edição de imagens e coisas desse tipo, eu já não recomendo, principalmente se for trabalho colaborativo num mesmo ambiente.
A empresa fez um tablet com proporção 16:10, o que significa que seus vídeos no YouTube ou mesmo os que você faz com o celular, sempre vão ter uma faixa preta em cima e embaixo, sendo ideal principalmente para leitura e navegação na internet, onde essas faixas somem.
Bom, eu não quero que você fique com uma péssima impressão do Tab S7 FE, mas cortes foram precisos e a expectativa por um produto FE tão bom quanto o S20 FE já foi, era inevitável.
Entendo as escolhas da fabricante, mas pelo preço que ele foi lançado, poderia ser bem melhor.
Desempenho
Quanto ao seu processamento, eu não posso me queixar. O Snapdragon 750 dessa versão 5G é muito competente e capaz de rodar qualquer aplicação da Play Store.
Isso não quer dizer que ele vai ter desempenho de topo de linha, mas você também não vai sentir ele engasgando nas tarefas pesadas.
A versão que testamos é com 6GB de RAM e 128GB de armazenamento, o que foi suficiente para jogar, ler, navegar na internet e assistir uns filmes e séries.
Mas o grande diferencial mesmo que a RAM a mais faz para o sistema operacional é na hora de rodar o Samsung Dex. Sim, temos o Dex por aqui, e para que ele funcione de uma forma que você consiga realmente usufruir, o tablet precisa ter espaço para respirar, pois é como se você estivesse rodando um sistema operacional dentro do Android, funcionando de uma forma completamente diferente do habitual e que, na minha opinião, é o que o Android para tablets deveria ser desde sempre.
Mas antes de eu continuar falando da minha experiência com o S7 FE, deixa eu esclarecer que há uma versão Wi-Fi dele com o Snapdragon 778G que é um pouco mais poderosa e tem uma litografia de construção menor, sendo melhor pra economia de energia, mas pelo que eu pesquisei, nós não temos esse modelo no Brasil. No site da Samsung e no varejo online só encontrei de forma oficial o SM-T735, mais conhecido como esse que testamos.
E mesmo a CPU do Snapdragon 778G sendo melhor que a do 750, em GPU a Adreno 642L tem quase que a metade do processamento da 619, fazendo o modelo 5G ir melhor nos jogos em quase todas as situações.
E como não temos 120 Hz por aqui, no uso do dia a dia, os dois modelos se saem basicamente empatados.
Agora, falando de experiência de uso real, eu posso dizer que fui surpreendido com a agilidade que o Tab S7 FE tem em várias tarefas. Ele é esperto pra abrir os aplicativos, tem resposta rápida para os comandos com o dedo e com a caneta, assim como foi melhor do que o esperado em quase todos os jogos.
Melhor que o esperado, porque eu não acreditava que o SoC 750 daria conta de bons gráficos numa tela maior que 12 polegadas.
E quase todos, porque Genshin Impact é o “melhor-pior” teste para qualquer aparelho, já que ele exige ao máximo o que cada máquina consegue entregar.
Aqui os gráficos ficaram horríveis, esticados, com detalhes serrilhados, perda de frames constante e com uma jogabilidade sofrida.
Já os demais jogos foram muito bem. Wild Rift é um dos melhores para se jogar em um tablet, seguido de Call of Duty, já que uma tela grande, sem as mãos cobrindo o conteúdo, são as maiores vantagens nesses jogos.
A questão é que nada vai rodar no máximo, vai ser sempre do médio pra baixo, mas já é o suficiente pra se divertir bastante.
Agora, quando falamos de modo Dex, eu senti que o tablet sofre um pouco pra sair de um estado e ir para o outro, demorando bem mais que os topos de linha. Mas como o Tab S8 já demora bastante pra sair de uma interface e ir para a outra, eu não julgo que isso seja um problema do hardware, mas sim da sul coreana que precisa otimizar melhor seu sistema operacional.
Bateria e consumo
Uma coisa que faz muita diferença para quem está atrás de um tablet, seja para trabalhar, estudar, ou só se distrair mesmo, é a capacidade da bateria.
Por aqui temos um tanque com 10.090mAh, o que é bastante energia. Só que não podemos esquecer que temos uma tela bem grande aqui. No entanto, até que o tablet da Samsung se saiu bem nos testes, consumindo 9% em uma hora de Chrome, mas bebeu bastante em vídeo, perdendo 16% em uma hora de YouTube.
Esses números são maiores do que estamos acostumados de ver em celulares, mas se comparado ao Tab S8, vemos que o consumo para assistir vídeos está o dobro. O Xiaomi Pad também consumiu menos no Youtube, 10% em uma hora.
Ou seja, nesse ponto a Samsung precisa corrigir o S7 FE. Agora, nos jogos, a sul coreana dá um banho na chinesa e no seu próprio irmão Tab S8.
Uma hora de Asphalt 9 levou apenas 12%, enquanto que Wild Rift fez um consumo de 13% por hora.
Call of Duty e Genshin Impact quase empataram, com 19% e 20% respectivamente, enquanto que o concorrente chinês fez 21% e 24% no mesmo tempo e com as mesmas condições. Então o Galaxy Tab não é só melhor para os jogos por ter um tanque maior, mas por economizar mais.
Usando o modo Dex e o multitarefa eu senti o consumo da bateria um pouco maior, mas não vi impacto no meu uso final do dia. A questão é que com esse uso intenso o tablet precisou de uma recarga no fim do dia e o tempo pra ir de 0 a 100% foi muito maior do que eu queria.
Foram 2 horas e 57 minutos para o Tab S7 FE completar a recarga, o que é normal para uma bateria desse tamanho sendo recarregada por um acessório de apenas 15 W. Sim, esse é o carregador que vem na caixa.
Entretanto, caso você seja um feliz proprietário de um carregador Samsung 45 W, você pode ficar ainda mais feliz, porque ele é compatível. Caso você não seja, torça para não precisar usar o Tab no meio do dia e perceber que ele está sem bateria, porque a espera é longa.
Agora, um acessório que vem com o Tab S7 e não precisa de bateria e eu acho uma pena, é a S Pen. Sim, esse acessório vem na caixa, mas esse é mais um dos cortes que a Samsung fez pra tornar esse produto menos caro, apesar dela ter fracassado até então.
Deixando o assunto preço pra daqui a pouco, preciso falar que o uso de um tablet com uma caneta é muito bom, principalmente se essa caneta traz alguns elementos a mais para o sistema operacional.
E se você gosta de desenhar ou editar vídeos com o tablet, esse acessório vai melhor que o mouse muitas vezes. Só que mesmo o Tab S7 FE tendo compatibilidade com ações suspensas da caneta, você precisaria conectar uma S Pen Pro nele para conseguir usar, mas aí vem o problema, ele não poderia recarregar essa caneta Pro, porque não temos a abertura de vidro para que seja feito o carregamento por indução.
Então porque a Samsung manteve ativado aqui, você pode estar se perguntando? Bom, porque você pode parear a caneta do seu Galaxy Note ou S22 Ultra.
Fora isso, a caneta que vem na caixa vai fazer tudo que as outras fazem. Ela vai responder a pressão e inclinação, vai apagar seus trabalhos ao apertar o botão e ainda vai se conectar magneticamente, tanto do lado como atrás do Tab.
Uma dica: pra ela ficar bem presa, sempre deixe a ponta alinhada com o microfone da borda superior, em cima da bandeja do chip e atrás sempre coloque a ponta para a câmera, assim o imã vai fazer o papel dele e encaixar a S Pen no local correto, caso contrário, perder essa caneta vai ser bem fácil.
Mas por que o Galaxy Tab S7 FE se tornou uma opção de compra atualmente, sendo que 2021 quase não se ouviu falar dele? Ele foi lançado por 4999 reais no mercado nacional, o que é um preço salgado. Mas hoje, ele está mais caro no site da Samsung, o que faria desse review uma grande contradição.
Acontece que no varejo online é possível achar o Tab S7 FE por 2900 reais, o que ainda não é barato, mas já é um preço bom o bastante para que ele se torne uma opção legal pra quem quer ter uma tela grande, bom desempenho e não precisa de um notebook completo com Windows.
A grande questão mesmo é só que, por 500 reais a mais, você também encontra o Galaxy Tab S7, modelo com tela de 11 polegadas, 120 Hz, só Wi-Fi, Snapdragon 865, S Pen Pro, 256GB de armazenamento sem expansão e S Pen Pro.
Vale lembrar que para vídeo chamadas a câmera de 8 megapixels do Tab S7 vai melhor que os 5 megapixels do modelo Fan Edition, mas ele peca pela falta do 5G, bateria e tela grande, sem falar da expansão de armazenamento muito bem vinda num tablet.
E, por incrível que pareça, o Tab S6 Lite ainda está bem caro, por 2340 reais, que é muito para um tablet com hardware ultrapassado, como o Exynos 9611.
Conclusão
Para aqueles que querem um tablet bom e barato, ficou muito complicado. Dólar alto e pouca concorrência dificultam. O S7 FE adiciona bastante coisa perante o S6 Lite, então dá pra recomendar ele, porque vale o upgrade para quem quer algo mais completo, mas ele precisa se distanciar um pouco mais do Tab S7 em preço para fazer sentido.
Só que não dá pra ignorar a existência do Xiaomi Pad 5, que pode ser achado por até metade do valor do S7 FE no mercado cinza e que entrega basicamente o mesmo, só que sem a caneta e o software.
E claro, temos também o iPad 7 ou 8, que tem design datado, mas o hardware e as opções de aplicativos com certeza superam o modelo da Samsung. O “único” problema? Se você quiser pegar a caneta vai sair mais uns 1000 reais.
Sendo assim, o Tab S7 FE não é uma baita de uma escolha certeira, mas depende de você não querer arriscar com importação e do S7 estar com uma diferença de preço grande.
Rosiana diz
Gostaria muito de agradecer pelas informações. Foram realmente muito úteis. Tenha uma boa tarde.