O smartwatch mais vendido da Samsung foi atualizado, e nessa nova geração, o Galaxy Watch 7 ganhou um processador novo, um novo encaixe de pulseira, funções mais precisas e mais alguns detalhes bem legais. Depois de vários anos com pouca mudança entre os relógios base da Samsung, será que esse ano temos um upgrade que realmente vale a pena?
Design e tela
Seguindo uma tendência que também vimos nos smartphones, a Samsung focou mais no modelo mais caro e atualizou coisas pontuais no seu relógio inteligente intermediário. Eu sei que o Watch 7 não se encaixa nessa categoria, mas é como eu o enxergo hoje, depois do lançamento do Galaxy Watch FE.
Acima dele temos o Galaxy Watch Ultra, que aposentou o modelo Pro e está bem diferentão, e é a razão de eu ter comparado esses novos produtos com a atualização da linha Z.
Para não dizer que a Samsung manteve o relógio igual a geração passada, eles mudaram os sensores de medição cardíaca e a pulseira do relógio.
Ele ficou 0,5 gramas mais pesado na versão de 44 milímetros – que foi essa que eu testei – e 0,1 grama mais pesado no modelo de 40 milímetros. No mais, o Watch 7 segue igual ao Watch 6 fisicamente, com a mesma tela, a mesma caixa e o mesmo desenho, até no encaixe das pulseira. Mas, não se preocupe, a versão mais recente ainda é compatível até com a quinta geração.
A tela tem 1,5 polegadas, resolução 480 x 480 pixels, num painel Super AMOLED e com always-on display. Ele segue com proteção IP68 e certificação para mergulhos de 5ATM, sobrevivendo a até 50 metros de profundidade.
Além da certificação militar MILSTD810, que garante que o relógio sobreviva a situações extremas, se mantendo funcional.
O que eu não gostei, no entanto, é desse detalhe colorido na pulseira. Não que eu tenha achado feio, mas a escolha do material é ruim, porque em dois dias de uso a linha começou a desfiar e, com o tempo não vai ficar bonito.
Eu esperava que a Samsung colocasse o botão de ação em ambos os modelos, mas foi só o Ultra que ganhou, para competir com o modelo da Apple.
Por outro lado, a versão intermediária traz a coroa digital virtual, enquanto o modelo maior e mais caro perdeu a função de navegação pela borda da tela. Aliás, você ainda consegue fazer o gesto, mas é direto na tela.
Desempenho e bateria
Na parte de processamento o relógio também avançou, com o novo Exynos W1000 de 3 nanômetros, com cinco núcleos de processamento e 32 GB de armazenamento. Enquanto a versão anterior tinha 2 núcleos de processamento, com metade da memória interna e uma litografia de 5 nanômetros.
Isso significa um upgrade considerável no processamento, junto com maiores possibilidades de uso do relógio de forma independente.
Por exemplo, eu conseguir ir para um sítio no fim de semana e deixar meu S23 em casa e continuei usando o relógio no Wi-Fi, recebendo mensagens no WhatsApp e fazendo ligações através do e-SIM.
Mas isso também significa que você tem mais espaço para instalar diversos aplicativos e baixar várias músicas e podcast no relógio, sem ficar com a memória cheia rápido.
O que precisa melhorar é a RAM, que permanece com 2 GB e atrapalha o uso de alguns momentos. O controle da câmera sempre tem erro quando eu saio dele e tento voltar. E se eu passo muitos dias sem sincronizar o relógio, ele trava e fica congelando os apps quando estão em segundo plano. Só melhora se eu encerro todos ou reinicio o relógio.
A capacidade da bateria do Galaxy Watch 7 é de 425 mAh, a mesma da geração passada, com os mesmos 10 W de carregamento sem fio. O problema nessa leva é a falta de compatibilidade entre o Galaxy Watch 7 e o carregador sem fio reverso do Galaxy S23.
Poxa Samsung, se você já tem celulares que fazem isso há vários anos, como seus produtos não são compatíveis? A verdade é que, se a base não for bem ajustada ao aparelho, tanto o S23, quanto qualquer outra, vai ser rejeitado.
Eu consegui fazer ele reconhecer uma base da Ugreen e ele até carregou 3% em 45 minutos, mas depois disso ele esquentou e parou de recarregar. Então, não perca seu carregador achando que o celular vai resolver para você enquanto você não compra outro.
Nos testes, a bateria não foi como eu imaginava, mas durou dois dias inteiros. Como eu disse, no final de semana que eu fui para o sítio, eu levei o relógio comigo, mas esqueci o carregador em casa. Eu sei, fui moleque.
Mas, eu ativei o modo de economia de energia e limitei o uso de algumas funções no final do dia. Ele desligou às 22 horas de domingo, sendo que eu saí com ele na sexta com menos de 70% de energia.
Com uso normal, fazendo atividade física na academia, caminhada de manhã e coisas desse tipo, ele durou um dia com o uso do GPS e dois dias quando eu dispensei o uso da geolocalização.
Com o carregador que vem na caixa, ele demorou uma hora e quarenta minutos para completar a recarga da bateria. Eu usei um acessório com mais potência e o tempo foi o mesmo, ou seja, independente da tomada usada, o que determina o tempo é o relógio, que limita a entrada de energia a 10 W.
Agora, mudou alguma coisa nesse ponto de acompanhamento de exercícios? Já te adianto que não.
Atividades e saúde
O relógio tem um conjunto novo de sensores, que a Samsung está chamando de BioActive e ele está visivelmente diferente dos relógios anteriores, com mais pontos de iluminação.
A empresa alerta que esse novo sensor pode funcionar no limite do recomendado para a segurança dos usuários em um recurso novo do relógio, que é o AGEs.
Apesar de não ser uma avaliação clínica e a coreana afirmar que ele foi inserido para fins de atividades físicas, saber como está o nível de glicose em alguma esfera tecnológica já ajuda para acender um alerta e sempre procurar um médico para fazer um acompanhamento periódico.
Segundo a empresa, esses dados são fortemente influenciados pela dieta e pelo estilo de vida. Os AGEs refletem o processo geral de envelhecimento biológico e fornecem uma indicação da saúde metabólica.
Combinado com o ECG e com a Composição Corporal, você consegue ter um personal no seu braço todos os dias.
Outra função, em que a Samsung destaca ser a primeira autorizada pelo FDA (orgão dos EUA equivalente a ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) é a detecção de possível apneia do sono, ou do risco da mesma. Ele usa o microfone durante a noite e faz essa leitura dos dados, sinalizando se e quando procurar um médico.
Ele analisa todos os seus dados de sono, incluindo oxigenação sanguínea, número de ciclos de sono e quais fases do sono você teve, cruzando isso com os ruídos noturnos e entregando um relatório dentro do Samsung Health.
Tudo isso também pode ser analisado na função Pontuação de Energia, que como o nome bem diz, te informa através de um número entre 0 a 100 como está o seu sono, sua frequência cardíaca em descanso e o seu nível de atividades físicas nos últimos dias.
Após um cruzamento desses dados, mais o resultado da sua recuperação noturna, você passa a ter uma ideia de como está sua energia para o dia – e essa função pode te ajudar a decidir se você precisa de um descanso.
E, apesar dele marcar bem as atividades quando você as inicia, eu fiquei incomodado pela demora que ele teve para detectar uma caminhada, uma corrida ou uma pedalada. Usando o Galaxy Watch 7 em um braço e o Redmi Watch 4 no outro, eu sempre recebi a notificação primeiro no relógio da chinesa e cerca de dois ou três minutos depois no Galaxy.
A precisão do GPS é muito melhor no relógio da Samsung, até porque agora ele vem com duas bandas de sinal, porém, tiveram vária situações em que o Galaxy Watch 7 não identificou minhas caminhadas e nem registrou meus treinos automaticamente.
Isso não deveria acontecer com essa atualização do hardware, mas o modelo Ultra, que também tem banda dupla, ainda demora mais que o Apple Watch para achar banda e é menos preciso.
No entanto, o Galaxy Watch Ultra não perdeu minhas corridas e caminhadas, ele só me jogou do outro lado da rua, segundo o gráfico.
Isso pode ser corrigido com uma atualização de software, claro, mas eu esperava pagar R$ 2.700 no meu relógio e ele chegar para mim sem apresentar esse tipo de problemas. Não só o do GPS, mas outras ocasiões onde o Watch 7 deu defeito.
Por exemplo, eu configurei o Watch7 e fiquei esperando ele terminar de instalar alguns aplicativos, o que é o comum para esse tipo de relógio. Mas no meio do processo meu celular foi notificado de que o relógio havia desconectado e, quando eu fui tentar reconectar, ele me obrigou formatar para os padrões de fábrica e refazer as configurações que eu havia feito duas horas antes.
Tudo bem, em duas horas não tem muito o que perder, mas em três dias, eu perdi bastante coisa do meu histórico quando o relógio teve o mesmo comportamento. Eu perdi acompanhamento de atividades físicas e sono do dia, fora a contagem dos passos.
E, não, eu não estive usando ele com outros smartphones Android a não ser o Galaxy S23. Claro que eu esperava que ele tivesse uma estabilidade melhor nesse quesito de ecossistema, então, não foi a melhor experiência para mim.
Software
No sistema operacional a coreana colocou o Wear OS com tecnologia Samsung e baseado na interface OneUI 6. O sistema da Google está na quinta geração e apresenta fluidez e estabilidade para o uso diário.
Eu também notei mais agilidade na hora de fazer uma função que depende do smartphone, como controlar a câmera pelo relógio. Antes isso demorava mais de 20 segundos para acontecer, e agora, se o telefone estiver desbloqueado, é praticamente instantâneo.
E, assim como nos relógios da maçã, você também tem alguns gestos para tirar fotos, desligar alarmes com o movimento de pinça dupla. Mas também temos outros dois gestos interessantes que é o giro para rejeitar uma ligação e o “toc toc” para você iniciar um aplicativo de forma rápida.
Esse último eu achei um pouco mais difícil no começo, mas você pega o jeito depois. É só imaginar que está batendo na porta ou na mesa, por isso do nome.
E, claro, a Samsung coloca todas essas novas funções na conta da AI, que além dessas funções que eu citei, também é aplicada para melhorar a potência de pedalada com o FTP personalizado, que é uma sigla em inglês para Limite de Potência Funcional, que serve pra você ter uma base de energia despendida no treino em situações diferentes. Os dados funcionam após os 10 minutos de treino.
Além dos destaques de saúde e treino, também chegou uma função bacana de resumos de voz para textos, mas que eu não consegui usar por alguma razão. Ele fala que o gravador só pode transcrever até dez minutos do seu áudio, então você precisa ficar fazendo vários pedaços do que você quer transcrever e isso é um pouco chato.
Bem, foram poucas mudanças, mas o pouco que a Samsung fez aqui já deu para me divertir e para saber que eu não tenho muito a perder, caso eu decida continuar com o Watch 5 ou 6, porque a evolução não está tão expressiva assim.
Agora, se você tem versões mais antigas do que essa, eu recomendo esperar o preço desse modelo baixar, porque o salto de CPU dele vai te permitir comprar o Watch 7 e desfrutar dele por uns bons anos.
Como o Watch 6 usa o mesmo SoC do Watch 5, ele vai ter o mesmo tempo de vida, o que dificulta um pouco a recomendação dele com a chegada do modelo mais novo, porém, ele ainda está mais interessante do que a versão FE.
Mas, uma coisa que eu achei muito interessante é o quanto a Samsung tem focado em recursos de saúde que complementam os dados de atividades físicas do seu público, enquanto a concorrência parece estar ficando num único foco.
Eu sei que ambas fazem as mesmas coisas, mas os relatórios da Samsung já são completos o suficiente para mim. Só que o app Samsung Health precisa de uma reformulada, para deixar o acesso aos dados mais intuitivo.
Por fim, o que precisamos esperar cair é o preço, afinal, R$ 2.700 é bem salgado sabendo do histórico da Samsung e do preço dos próprios relógios da marca. Lembrando que o Watch 6 está perto dos R$1.000.
Conclusão
Esse modelo vale a pena quando estiver próximo de R$1.500, por que apesar de muito parecido com o Watch 6, o Watch 7 pode durar por mais tempo e acessar a parte de inteligência artificial em um futuro próximo. Mas se não liga pra isso, só o desempenho superior pode ser um ponto de partida para justificar o upgrade.
Eu nem citei outro relógios inteligentes nesse review porque eles são bem mais caros e menos inteligentes que a linha Galaxy Watch, da Samsung.
Por fim, se você já está com um dos modelos 5 ou 6, não precisa correr para atualizar. Se usa um Ticwatch, Huawei ou Xiaomi, vai gostar de ter ainda mais interação com seu Android, mas vai sentir com a bateria menor.
Mas o Galaxy Watch7 ainda é o único que rivaliza com um outro concorrente, o Apple Watch. De coletas de dados mais básicas, como passos e sono, até coisas mais completas, como composição corporal e pressão, esse relógio foi pensado para atender a todos os públicos.
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