Esse é o novo Galaxy Z Flip 6, a atualização do dobrável com tamanho reduzido da Samsung e que esse ano decidiu aumentar suas capacidades e se aproximar muito de um S24 que dobra. Mais câmera, mais bateria, construção mais robusta, e claro, mais alguns outros pequenos detalhes. Passei algumas semanas com ele e conto tudo nesse review.
Samsung Galaxy Z Flip 6
- Processador Snapdragon 8 Gen 3
- 256GB/512GB com 12GB de RAM
- Tela principal: AMOLED de 6,7″ (1080 x 2640px)
- Tela externa: AMOLED de 3,4″ (720 x 748px)
- Câmeras traseiras: 50MP (f/1.8) + 12MP (f/2.2)
- Câmera selfie interna: 10MP (f/2.2)
- Bateria: 4000 mAh
- Android 14
Construção e telas
Para quem acha que a Samsung não mudou nada no design do Z Flip 6, vocês estão certos. Pouca coisa mudou e é quase arbitrário dizer que esse cara teve uma grande atualização. Me lembrou da época que a Apple trazia o iPhone S com o mesmo design e a troca de processamento.
Mas, para não dizer que estamos com exatamente o mesmo aparelho nas mãos, a coreana pintou a moldura das lentes principais na mesma cor do alumínio do smartphone.
Na traseira também está uma tampa fosca, que evita o acúmulo de impressões digitais no vidro e deixa o celular com uma cara de limpo por mais tempo.
A telinha até fica marcada, mas não é tanto quanto era no modelo de 2023.
Nas laterais ele traz linhas mais retas, mas nada tão radical como no Galaxy Fold 6, é mais algo estético e sutil mesmo, para conseguirmos diferenciar o Flip 5 do 6. Inclusive, o aro metálico que fica antes do vidro, está reto nessa versão, enquanto a versão anterior fazia uma curva sutil.
E, para mim, uma das mudanças mais importantes, a proteção IP48, que protege contra partículas de até um milímetro e permite a imersão em água doce em até 1,5 m por 30 minutos.
Quem sabe em breve não temos um dobrável com IP68? Vamos torcer para as fabricantes conseguirem fazer isso.
Nas telas, porque são duas, ele parece não ter mudado tanto, vamos ver? Pelo menos na externa não temos mudanças, ou seja, são as mesmas 3,4 polegadas e resolução HD, com 720 x 748 pixels.
E, por que ela não é quadrada? Porque a Samsung decidiu que não era vantajoso colocar as lentes das câmeras dentro do painel, o que originou essa tela em formato de pasta para os dobráveis menores.
A concorrente Motorola foi para o caminho inverso e ousou, colocando uma telona na frente do seu dobrável, além de fazê-lo em ambos os modelos, no intermediário e no topo de linha.
Para completar essa comparação com a Motorola, o Z Flip6 não tem taxa de 120 Hz ou mais na tela externa, limitando em 60 Hz. O Razr 50 Ultra vem com 165 Hz de taxa de atualização nos dois painéis.
Já quando o assunto é tela interna, temos uma evolução no brilho, que saltou de 1750 para um pico de 2600 nits entre as duas gerações.
De resto, continuamos com especificações iguais: 6,7 polegadas, proporção 22:9, ou seja, um telefone bem alto. Continuamos com o HDR 10+, 120 Hz e resolução de 1080 x 2640 px.
Usabilidade
Eu senti que esse cara poderia ser um pouco mais largo, para quando estiver sendo usado aberto não parecer um sabre de luz, ou um controle remoto, como muitas pessoas costumam dizer.
Ele tem o mesmo tamanho de tela do iPhone Pro Max, mas não tem nem a mesma largura e nem a mesma altura. Mas, é claro que eu entendo a razão dele ser mais alto, afinal, ele tem que ficar quadradinho enquanto estiver fechado. Só que esses dois milímetros que faltaram na lateral fizeram diferença no meu uso.
Estou acostumado a usar um Galaxy gigante, porque eu tenho um S24 Ultra e talvez foi isso que fez eu achar o “Zé Felipe” 6 muito estreito.
Fora todo esse lance de especificação técnica, a Samsung melhorou a dobradiça do smartphone, que tem um impacto direto no vinco da tela, que ainda existe, mas está menos perceptível e bem mais fácil de ignorar durante o uso.
Uma coisa que sempre me fez preferir o Fold ao Flip, fora o conforto do Multitarefas e o Dex, é que eu posso evitar passar o dedo sobre o vinco enquanto eu navego pelo sistema.
Com esse carinha é impossível fazer isso, porque a dobra é no meio do smartphone e correr pelo Instagram, ou qualquer outra rede social exige esse movimento de arrastar o dedo pelo painel.
No Flip 5 eu sentia muito forte esse vinco, enquanto no Flip 6 está mais suave e menos incômodo. Logo no começo parecia que ele nem existia – a Samsung está melhorando muito nesse quesito.
Problema com a câmera interna
Mas apesar desse telefone estar bem mais resistente do que nos últimos anos e com uma construção bem superior, nós tivemos um problema de mal uso nosso que me levou de volta para o mundo real.
Para ter uma tela dobrável, a Samsung utiliza várias camadas bem finas de vidro e de outros materiais mais maleáveis – e precisa de uma película na parte superior pra proteger tudo isso. Como eu disse, essa técnica melhorou nos últimos anos.
Mas tem uma parte que precisa ficar desprotegida – a câmera de selfie, a câmera interna. Colocar uma película ali poderia piorar a qualidade dela – então a película faz um recorte. Essa área então acaba acumulando um pouco mais de sujeira.
Durante nossa sessão de fotos no parque, fomos limpar essa lente pra tirar uma foto melhor e não saía. Apertamos demais e a unha deve ter pego na região do sensor, que simplesmente riscou.
A gente não deveria ter feito isso, inclusive nós ficamos até envergonhados de devolver o celular com esse problema para a Samsung, mas ainda é de certa forma um ponto de cuidado ao ter um dobrável como esse. Depois que arranhou, a lente não foi mais a mesma. Veja abaixo:
Sempre que for limpar o seu dobrável, então, seja ele Flip ou Fold, use uma flanela de algodão, macia. Inclusive, evite álcool isopropílico no painel interno, aplique apenas no tecido e limpe apenas o vidro externo.
Eu dediquei um tempo maior para explicar isso para você, porque, nós usamos todas as gerações de Flip do mercado, mas essa foi a primeira vez que algo assim aconteceu conosco. Eu mesmo, usei o Z Flip 4 por quase dois anos e ele está zero bala.
Câmeras
Para nossa sorte, já havíamos tirado algumas selfies no evento de lançamento, e os resultados eram bons. O sensor é de 10 megapixels e tem o típico processamento da Samsung.
Ela consegue gravar em 4K e usar todas as funções que você precisar, mas na boa, acho que a coisa mais interessante é se aproveitar da câmera principal para fazer selfies, então bora passar pra eles.
Os sensores traseiros que estão nesse smartphone trazem 50 MP na principal e 12 MP na ultrawide. Todas as selfies que eu fiz foram com o telefone fechado e usando o botão de volume para tirar as fotos e gravar os vídeos.
O smartphone permite fazer as trocas de lentes durante uma gravação, quando aberto. Dá até para alternar entre Selfie e Principal, sem precisar parar a gravação.
A promessa da Samsung é que agora você tenha fotos com a câmera principal iguais a da linha S24 comum.
Claro, a câmera avançou bastante, no entanto, o smartphone ainda esquenta bastante e na hora que eu estava fazendo os testes de câmera ele não deixou eu gravar em 4K porque o smartphone estava quente, mas eu vou falar um pouco mais disso daqui a pouco.
Completando sobre as fotos, eu gostei do resultado, ela está melhor mesmo, principalmente em ambientes internos com pouca luz, que era onde ele mais sofria. O Nightography evoluiu muito e já faz diferença até nos telefones intermediários. Nada mais justo que marcar presença no Flip6 também.
Temperatura e desempenho
Mas, como toda tecnologia compacta, esse cara sofre quando estamos usando as câmeras, porque ele esquenta bastante nessa região das câmeras e, consequentemente, na parte da tela externa toda.
Ao retirar da caixa, enquanto ele fazia as primeiras configurações, o smartphone bateu 45º C sem uso ativo. Ele estava aberto, fazendo download e só, mas já foi o bastante para ele virar um forninho.
Deu para notar que o que exige mais dele é a câmera, porém, com a câmara de vapor que a Samsung coloca nesse cara, eu esperava que a temperatura fosse dissipada de forma mais fácil e, mais uma vez, os dois milímetros a mais para o lado fariam diferença para o smartphone.
Como ele é partido ao meio, não tem muito espaço para o Z Flip6 dissipar calor, então é até esperado que ele esquente mais por isso. Mas já é a sexta geração né, e por isso se esperava algo melhor.
Esse ano tivemos mudanças boas para o pequeno dobrável: além do Snapdragon 8 de terceira geração, ele saiu dos 8 GB de RAM para 12 GB. O armazenamento continua com 256 GB ou 512 GB, o que eu considero suficiente para quem for usar, até porquê, esse modelo não tem Dex.
Nos jogos e aplicativos, não tem muito o que dizer, ele rodou tudo, rodou liso, abriu tudo muito rápido, mas ele começa a esquentar depois de algum tempo jogando.
Se você quiser, dá para jogar, mas o Flip não é pensado para o gamer, mas o foco dele é no lifestyle.
Enquanto o Fold foca no público que vai trabalhar, jogar e usar o multitarefas, o Flip é para quem gosta de se expressar, de fazer fotos e vídeos diferente e para a galera que gosta de combinar estilos diferentes. Tanto que ele é o dobrável que sempre traz as melhores capinhas.
Bateria e preço
O que ele precisava era melhorar a sua bateria. E, sim, ele evoluiu do ano passado para cá, saindo de 3.700 para 4.000 mAh, porém, essa capacidade não vai durar o dia todo se você seguir esse ritmo que a fabricante espera, filmando muito, fazendo selfie e editando essas imagens com o Galaxy AI.
Tanto que, durante uma hora de gravação, o smartphone drenou 22% de bateria. Isso vai dar menos de cinco hora seguidas de filmagem.
Claro, você não vai conseguir gravar sem parar, porque ele vai esquentar e vai parar a filmagem. No uso mais comum, como YouTube, Chrome e redes sociais, o consumo foi baixo, 6% assistindo vídeo e 5% usando o navegador.
Nos jogos, que ele seguiu cobrando alto por cada partida. WildRift drenou 15%, CoD 17% e Asphalt 19%. Genshin Impact gastou 21% da bateria e SpeedStorm 25% em uma hora.
Quanto mais um jogo exige processamento gráfico, mais ele gasta e é engraçado ver como o jogo multiplataforma está mal otimizado em todos os smartphones que ele roda. A Disney precisa resolver isso com a Gameloft logo, para continuar viável o uso do SpeedStorm.
Mas, eu não acho que eles estão ligando para isso, porque, depois que Asphalt 9 foi atualizado e virou Legend Unite, está gastando bem mais que antes também.
Depois de falarmos sobre tudo isso, o que precisamos falar agora? Preço!
Sim, esse é um smartphone recente no mercado e por causa disso o preço dele ainda é alto, mas o Z Flip ainda é o dobrável que mais derruba seu preço após o lançamento.
Enquanto esse cara está R$ 7.200 no site da Samsung, eu já consegui encontrar ele por R$ 5.000 no Mercado Livre.
Para efeitos de comparação, o Z Flip5, de 2023, já pode ser achado pela metade do valor cobrado no Flip de 2024, ou seja, R$ 3.500.
Ainda faz todo sentido continuar apostando no modelo do ano passado, uma vez que a sexta geração do dobrável com formato de concha não mudou tanto em relação à geração anterior.
Conclusão
Para resumir, eu gostei de muita coisa que eu vi no novo Galaxy Z Flip 6. Ele está mais robusto do que antes tanto em sua construção como em sua configuração e é provavelmente o dobrável mais resistente dentre os que tem aqui no Brasil.
Nossa experiencia com modelos da concorrência mostram que as dobradiças deles acabam bem antes que os da Samsung.
O upgrade da câmera principal faz muita diferença, tanto em ambientes bem iluminados, como em lugares escuros e pode transformá-lo em um modelo bem mais interessante para criadores, ou quem simplesmente gosta de tirar muita foto.
Vale só ressaltar o incidente com a câmera interna que mostra que ainda é necessário achar algumas soluções melhores para problemas antigos. Além disso, mesmo com a câmara de vapor, o celular aquece bastante em situações bobas, como download de aplicativos.
Com o Z Flip 5 ainda no mercado e com promoções mais agressivas, ainda não faz tanto sentido pegar o Z Flip 6 perto do lançamento se não for em um combo dos bons. Até o Galaxy S24 já está chegando em preços bem interessantes.
Perto ou abaixo dos R$ 4.000 ele vai ser bem mais interessante e pode fazer sucesso, mas por enquanto só o Flip 5 que se encontra nessa faixa, e por isso, é a nossa recomendação atualmente.
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