O Odyssey Z é um notebook gamer premium que vem resolver alguns problemas recorrentes nos modelos de entrada do segmento. O tamanho, a capacidade menor de resfriamento, o design padrão, e claro, a falta de uma opção super profissional.
Tudo isso tem um preço, mas que transforma o Odyssey Z em um equipamento bastante característico. Será que todas essas mudanças e incrementos fazem sentido?
É importante entender o que a marca quer com um notebook caro assim. A Samsung é uma daquelas empresas que querem permear todos os cômodos da sua casa, cozinha, sala, lavanderia, e em cada segmento ela também quer estar em todos os segmentos – baixo custo, médio e premium. É só olhar a linha de celulares deles que vai de R$400 até mais de R$5 mil.
Em notebooks essa filosofia não muda: começamos com os Essentials perto dos 1000 reais, passamos pelo Expert como opção mais acessível para quem já começa a se importar com desempenho, o Style voltado para produtividade e os Odysseys tentando encontrar espaço no apertado ramo de gamers.
No topo da cadeia alimentar temos o Odyssey Z, que saiu perto dos 14 mil reais em seu lançamento e concorre diretamente com as máquinas mais parrudas para quem não liga para faixa de preço e quer a tecnologia mais avançada possível.
Design
Logo de cara você já encontra essa tal tecnologia, porque o tampo do Odyssey Z necessita de um processo de produção a laser para conseguir esse formato de mítica armadura metálica que é muito, mas muito melhor do que aquela aparência de borracha estranha do Odyssey anterior.
Outro ponto que necessita de tecnologia é a implementação de um conjunto de maior desempenho e consequentemente maior gasto energético em um corpo menor. O Odyssey Z conta com apenas 1,8 centímetro de altura, e sinceramente, achei que ele é bem fino e elegante.
A sua tela de 15,6 polegadas anti reflexiva e com resolução 1080P complementa a aparência sem criar aqueles exageros que produtos gamer costumam ter. Infelizmente suas bordas ainda são grandes e existem opções com melhor contraste, brilho e nível de cores no mercado voltado para produtividade. No gamer, realmente, você não vai achar muito melhor dos que os 240 lux.
Um diferencial desse modelo aqui é o posicionamento incomum do confortável teclado e do touchpad. Esse design vem sendo usado por algumas outras marcas – um exemplo é o Rog Zephyrus – e serve principalmente pra liberar a área superior para os coolers e evitar o aquecimento das teclas e consequentemente causar algum desconforto, mas eu não gostei da experiência.
Pelo menos nessa posição não cozinha tanto as pernas, mérito do complexo sistema de resfriamento batizado de Z-aeroflow, composto por uma “câmara de vapor” para dissipar melhor todo ar quente e jogá-lo pra fora com a ajuda de ventoinhas especiais de 0,35 milímetros.
No geral esse sistema parece funcionar bem. Em testes de estresse com Intel Extreme Tuning, a temperatura embaixo do equipamento não passou de 60 graus perto do processador e saídas de ar. No teclado a temperatura flutuou entre 35 e 40 graus. Este é um número extremamente bom quando comparamos com o Odyssey anterior que tem problemas de temperatura principalmente nas teclas WASD. A temperatura fica um pouco mais alta logo abaixo da tela, mas como você não existe contato ali não é um problema.
Desempenho
Esse upgrade de resfriamento possibilitou a utilização do Intel i7 8750H, um hexacore de oitava geração com um dos melhores desempenhos para notebooks.
Além disso também estão presentes a poderosa GTX 1060 de 6GB, um único slot de RAM com 24GB e 512GB de armazenamento SSD PCI Express. Além do tamanho, que dispensa a necessidade de um HD, o SSD aplicado aqui trabalha com ótimas velocidades, chegando perto de 3GB/s de leitura.
Só que se você é desses que quer comprar 200 jogos enormes da steam, instalar tudo e nunca jogar, dá para utilizar o segundo slot M.2 e chegar a 1TB de memória SSD.
Esse é um conjunto chamativo, as peças cheias de tecnologia e qualidade superior certamente dão uma valorizada na build, mas sinceramente eles poderiam ter tomado algumas decisões melhores. Seria possível, por exemplo, agregar um pouco mais e colocar a GTX1070, ao invés de repetir a mesma placa de vídeo e por consequência ter performance em jogos bem próxima do último Odyssey.
Deus Ex, por exemplo, deu um trabalhinho mas depois de configurar os gráficos para meio que um médio-baixo deu pra encontrar um jeito dele rodar perto dos 30 frames. Nem mesmo o GTA V, que já tem uma certa idade, conseguiu se estabilizar em 60 frames na qualidade máxima. Ou seja, você consegue jogar todos os triple A no médio. Se quiser colocar no alto vai ter de abrir mão dos 60 frames.
Só que um notebook de 14 mil reais não deveria ter de passar por isso. Fortnite, LoL e qualquer outro menos exigente roda mais do que liso por aqui, então ainda assim você vai bem no geral.
Funcionalidades
Uma outra falha que incomoda é que as ventoinhas ligam por qualquer coisa, então mesmo só acessando a web ela fica lá incomodando. Basta colocar na fonte que começa, independente do uso. Elas não são mais altas nem mais baixas do que a média, mas não precisava funcionar sempre.
A Samsung tentou corrigir isso com o “modo silencioso”, acessado por um dos botões em cima do touchpad, que limita à potência e por consequência diminuindo o desempenho e o uso das ventoinhas. Não deveria precisar para ficar mais silencioso, mas é a opção.
Para o efeito contrário é possível ligar o “Beast mode” que aumenta a força das ventoinhas e não deixa a CPU ficar em clocks muito baixos. Isso é importante durante aqueles momentos em que o sistema começa a limitar o processador se a temperatura passa de um valor que ele considera seguro, o famoso throttling.
Eu não senti o Odyssey Z ser afetado por isso no gameplay, justamente pelo fato dele manter a média do clock em um ponto alto.
Além desses dois, os outros atalhos em cima do touchpad servem para utilizar a captura de tela e gravação através do aplicativo do Xbox. Eu particularmente não gosto desses aplicativos, mas se você gosta, quem sou eu pra julgar.
Pelo resto do teclado encontramos mais alguns atalhos. O mais interessante é o modo de tela do F11, que altera as configurações de saturação e brilho da tela para para aumentar a imersão nos jogos. Eu sempre acabo esquecendo, mas pode ser legal se você gosta de fuçar nesse tipo de coisa.
Pra completar, não conseguimos usar ele pra produção de vídeos porque a Intel Graphics está desabilitada, o que acabou deixando o render muito devagar. Um notebook com a 1050ti faz um render 4k perto de 20 minutos. O mesmo projeto aqui no Odyssey Z estava passando de 50 minutos, inviável para um equipamento desse preço. Isso normalmente pode ser resolvido pela BIOS, mas infelizmente a da Samsung é muito limitada.
Para fechar, vale comentar um pouco mais sobre outras características do aparelho. O som dele é ligeiramente melhor do que a média mas nada que impressione. É mais definição do que volume. Já está presente a entrada USB-C e mais três USB-A, além do RJ45 que é essencial para não perder desempenho de rede com o Wi-Fi. Fica faltando apenas a entrada de cartão SD, o que limita de usá-lo também para produção. A webcam é 720p e vai te forçar comprar uma externa para fazer um streaming mais legal.
Conclusão
Esse é um notebook para uso bem específico, ele é pra quem quer muito desempenho e não se importa em pagar a mais, mas os resultados não se distanciam tanto de produtos bem mais baratos, dificultando sua escolha.
Ele é muito bem construído e conseguiu reduzir em tamanho e peso, pontos principais que podem tentar justificar esse preço de MacBook Pro. Mas a verdade é que dá para pegar um notebook com 1060, processador atualizado e 32GB de RAM e tacar um SSD de 512 nele, ainda economizando.
Do meu ponto de vista, para ter um diferencial claro, ele poderia ter pelo menos uma GTX 1070 e um segundo slot de RAM também não iria mal, até porque o desempenho de dual channel já foi confirmado que é melhor.
Então, no geral ele é ótimo, mas está caro. Como a gente sabe que os preços melhoram na hora que chega no varejo é bom ficar de olho, por que mais perto dos 10 mil reais ele pode ser sim uma opção para seu nicho gamer.
Chuckie diz
Estava lendo esse post, e vi que o Odyssey Z tem o mesmo problema que vejo no meu Odyssey 2.
Como faço pra ativar a placa gráfica integrada no Samsung Odyssey 2? Ela está desativada. Tem como destravar ela e/ou a Bios?