A Samsung S90D abre a segunda geração de TVs OLED da Samsung, depois do sucesso da S90C. Esse é apenas um dos modelos chegando no Brasil, que dessa vez tem mais tamanhos, mais brilho, e um sistema atualizado. Será que ela é tão boa quanto a anterior? Onde estão os diferenciais? Vamos descobrir na análise de hoje.
Samsung S90D
- Tamanhos de tela: 48″ 50″ 55″ 65″ 77″ 83″
- Resolução 4K (3840 x 2160px)
- Frequência da tela: 144Hz
- Tipo de tela: OLED
- HDR10+
- 4 entradas HDMI e 2 entradas USB
- SmartTV com Sistema Tizen
Para começar, a S90D chegou para substituir a S90C, a primeira OLED Samsung que chegou no Brasil. Ela foi muito bem recebida, elogiada por todo mundo, e, durante algumas épocas, o preço esteve num nível muito bom para um produto desse calibre.
O esperado é que a S90D siga esses mesmos passos, ainda mais agora, que teremos um outro modelo, mais avançado, dentro da Samsung, chegando junto.
O que não mudou foi o posicionamento da OLED dentro da linha como um todo. Aqui, na coreana azul, ela é uma TV importante, porém não é considerada a topo de linha – esse cargo fica para as TVs Neo QLED 8K.
Na prática, isso significa que os avanços principais do ano foram todos para o modelo de maior resolução, e a S90D trouxe apenas pequenas atualizações.
Tamanhos e construção
Ela entra na onda da AI TV, mas se a gente olhar de perto, a mudança mais expressiva é na disponibilidade, nos tamanhos novos. O legal é que não temos apenas tamanhos maiores que em 2023. A S90D está disponível em 48 polegadas, e como a gente sabe, quanto menor, mais barato, e isso abre espaço também para usar a TV como um monitor.
Além de 48, ela possui versões de 50, 55, 65, 77 e 83 polegadas. Isso contra 55, 65 e 77 na versão anterior. Duas menores e uma maior a mais, como opção.
Eu realmente acho que esse é o maior diferencial do ano, afinal, nem as Neo QLEDs possuem uma variedade tão grande. A S90D não será uma TV barata, mas existem mais chances de você encontrar uma que se encaixe no seu espaço e no seu orçamento.
Mas, fora os tamanhos novos, a S90D está igual a S90C, na parte de construção. Seu Design é o LaserSlim, extremamente fino, e a base são pés paralelos centralizados. Entre eles, existe uma placa de metal, encaixada, para deixar o conjunto mais elegante e mais estável.
Algo legal é que para montar a TV, você não precisa de ferramentas. Não é só a placa que não tem parafusos, tudo aqui é apenas encaixado. Inclusive, quem viu nossa análise da S90C, deve se lembrar que eu fiquei com receio dessa montagem.
De lá para cá, não fiquei sabendo de nenhum caso de TV caindo, desmontando sozinha, então parece que passou no teste de 1 ano. Ainda assim, me parece que a base ficou mais firme. É mais difícil encaixar e desencaixar as peças.
Só não está claro se essa diferença foi sorte nossa, ou se mudou algo realmente. A Samsung não deixa isso claro no site, as dimensões são todas iguais, então eu estou achando que foi sorte.
Ainda pela construção, vou considerar o som como parte do corpo, até porque não temos muito o que discutir aqui. São 2.1 canais, de 40 W. É um áudio bom, com vários recursos de software para melhorar a qualidade, mas o sistema mesmo, não é nada demais. Na verdade, considerando o status da TV, era de se esperar algo melhor.
Faz um tempo que as marcas estão economizando por aqui, e na Samsung não foi diferente. Mais uma vez, é na TV 8K que o conjunto sobe de nível. O som da S90D tem presença, um grave mais forte, mas se você subir muito o volume, pode sentir falta de algo a mais.
O esquema é torcer por uma promoção de “TV mais soundbar”, igual rolou ano passado. Essa é a chance para quem quer subir o nível de áudio, junto do nível de imagem na sua sala.
Em questão de portas agora, você encontra as entradas HDMI nesse recuo da traseira. São quatro, uma delas compatível com eARC, mas todas versão 2.1, todas compatíveis com a resolução e frequência máxima da tela.
Isso é importante, pois significa que você pode usar qualquer uma delas, para qualquer tipo de dispositivo de imagem. Não precisa procurar o certo. Melhor que isso, só se ela tivesse o One Connect. Essa é uma birra antiga minha, eu gosto muito desse dispositivo, que é aquela caixinha que fica separada da TV, com todas as entradas.
Eu queria que o One Connect estivesse presente na linha toda da Samsung, pelo menos toda a linha top de linha, o que claramente não é caso. Mas dessa vez eu vou dar uma colher de chá, por causa da S95D. A OLED mais avançada traz o One Connect.
Frequência de atualização
Aqui temos uma novidade. A Samsung S90D é uma TV 4K que, agora, chega em 144 Hz de forma nativa. Frequência alta é quase um requisito para quem joga na TV, e agora a S90D vem com a taxa que você encontrava apenas na Neo QLED gamer da Samsung, a QN90C.
Esse upgrade é totalmente direcionado para esse público gamer, que junto da adição de novos tamanhos, possibilita que a S90D seja uma opção bem legal para um setup para jogos.
Digo que é direcionado apenas para os jogos, porque os 120 Hz, do modelo antigo, é até melhor para filmes e séries, que costumam estar em 24 ou 30 quadros por segundo, dependendo da fonte da mídia.
Por conta disso, a S90D possui uma taxa variável, para se adaptar melhor à mídia que está passando. Ligada no PC, até 144 hertz. Em programas em 24 quadros por segundo, por exemplo, como uma novela, a S90D é capaz de reduzir a taxa para 120 Hz ou 60 Hz.
Mas por que não diminuir para 24 Hz? Bom, aqui entra um dos recursos inteligentes de toda TV top de linha, a interpolação de movimento. Ele é uma espécie de pós-processamento na imagem, baseado em inteligência artificial. Essa inteligência multiplica os quadros para deixar as cenas dos filmes com uma maior fluidez.
Nem todo mundo gosta, nem toda TV faz bem. Mas aqui, funciona bem, até por conta do tempo de resposta do OLED. Como o OLED age mais rápido, o efeito fica bom.
Só que aí, eu falei a palavrinha mágica do momento, né? AI. Mas olha, eu te garanto que nas TVs, as AIs funcionam de verdade. Sabe por que? Porque elas já utilizam isso há muito tempo.
Nós temos reviews de 2020, ou até antes, falando desses recursos de interpolação, de upscaling e de som adaptativo também. É bem provável que sua TV tenha aí uma opção Imagem ou Som AI para ajustar nas configurações dela.
A inteligência artificial não é novidade aqui no campo dos televisores, mas é justamente por isso que as novidades AI funcionam tão bem aqui. O que aconteceu esse ano, não foram recursos novos, mas sim avanços no software e no hardware.
Para explicar melhor, o efeito é o mesmo. No caso do upscaling, a definição de uma imagem em HD, da novela, vai ficar perto do 4K. A interpolação de movimento vai multiplicar os frames para dar mais suavidade.
O que muda é a forma que isso é trabalhado internamente, e o hardware, o processador da TV, que está melhor e mais especializado. Nas TVs 8K, esse salto é gigantesco, porque lá, o processador está muito mais avançado. São 512 redes neurais, um salto de 8 vezes comparado a geração anterior.
Aqui, na OLED, o processador melhorou, mas foi algo mais sutil, pensando nas redes neurais, a quantidade continua a mesma, 20 redes neurais, porém a CPU é mais rápida.
Por conta desse avanço mais sutil, o desempenho dos recursos é melhor do que na S90C, mas para percepção do usuário, é aquela mudança que só se percebe com uma TV do lado da outra. O que não é ruim, pois a S90C já era ótima nesse quesito.
Pensando de forma mais prática, o upscaling é sensacional. Consegue melhorar bastante a imagem até do Samsung TV Plus, que tem programas mais antigos.
A interpolação, tem uns artefatos de vez em quando, uma bolinha que some aqui e ali, mas é bom também, um dos melhores que você encontra numa TV que não é a 8K Samsung.
A parte de AI funciona então, só não é essa super novidade por aqui, pois o avanço do processador não foi grande suficiente, para gerar um impacto melhor.
Qualidade de imagem
Na parte de qualidade de imagem, no entanto, a Samsung tem um problemão. O OLED já é um painel tão bom, que sem algumas tecnologias específicas, é quase impossível um ano superar o outro.
A TV OLED pode não ter recebido tantos avanços como a 8K, mas na própria qualidade do painel, ela ainda é imbatível.
O que pode gerar alguma diferença, é o tipo do OLED. Hoje, nós temos dois no mercado, com diferenças sutis. Na verdade temos 4, mas vamos simplificar aqui para os modelos base. Temos, então, o W-OLED e o QD-OLED. A Samsung traz o QD-OLED, enquanto que a LG tem os W-OLEDs.
Como a LG está no mercado há mais tempo, eu vou chamar ela de tradicional. No OLED tradicional, então, cada pixel é composto por 4 subpixels, o RGB e um branco. Eles funcionam de dois em dois, onde o Pixel branco ajuda a intensificar o brilho da tela.
Na inovação da Samsung, do QD-OLED, esse quarto pixel não é necessário. São apenas 3. Eles formam esse triângulo, que você consegue ver na câmera do celular. Aqui, o azul é a cor base, e o vermelho e verde são feitos alterando essa onda azul. É um processo muito legal, e que gerou algumas vantagens, como maior eficiência, um brilho mais forte e uma cor bem pura, em alguns casos.
No teste de colorímetro, a S90D foi capaz de exibir 100% do espectro DCI-P3. Um pouco mais, na verdade. Mas para isso fazer diferença, a imagem precisaria estar configurada para um espaço de cores maior, como o REC2020. Não é o caso, porque os filmes e séries hoje, no melhor dos casos, são feitos com o DCI-P3 em mente, então cobertura perfeita aqui.
O contraste continua infinito, que é o grande diferencial do OLED, e o brilho subiu de 180 para 210 nits.
Aqui entramos no ponto fraco do OLED, pelo menos esses tipos mais básicos de OLED. O brilho melhorou, mas ainda não é o suficiente para competir contra uma janela aberta, por exemplo.
Em filmes com muita cena escura. Eu tive que passar um tempo mexendo nas configurações para descobrir o que acontece, e descobri que são duas opções que você precisa mudar.
A opção pico de brilho precisa ir para o alto, e dá para aumentar o detalhe de sombra também, mas cuidado para não deixar a saturação exagerada demais. A TV vem com uma baita cor forte, que fica ótimo em conteúdos HDR10+, mas em outros casos, você precisa controlar um pouco.
Outra opção que você pode desligar é o otimizador de brilho. Ele funciona bem para cenas claras, mas as escuras ficam exageradamente escuras. Desligar ela pode te ajudar nesses casos.
De qualquer forma, para você ter a melhor experiência com a OLED, pode ser que você precise de uma cortina blackout, dependendo de onde posicionar ela.
Quem resolve isso é a outra modalidade de OLED, o presente na S95D e na linha G da LG. Lá você tem tecnologias que resolvem isso de vez, mas também estamos falando de produtos mais nichados, até mais difíceis de serem encontrados no mercado.
O que eu não considero um defeito, é o burn-in. Os W-OLED já provaram a um bom tempo sua resistência, e agora os QD-OLEDs parecem ter passado no teste de fogo. Existia essa preocupação com a solução da Samsung, pois no W-OLED são dois subpixels funcionando por vez, enquanto que aqui, os três podem estar ligados juntos. Poderia gerar mais desgaste, porque eles trabalham uma quantidade maior de horas.
Tiveram casos na S90B, que nem chegou no Brasil inclusive, mas agora para S90C, um ano depois, os relatos são mais reconfortantes. Então para S90D, que traz os avanços da S90C, e mais um pouco, isso não deve ser problema. A chance de burn-in não é zero, mas existem riscos para o LCD também. Até o 8K.
Outras considerações sobre a imagem, temos a questão da compatibilidade do HDR Dinâmico, algo um tanto polêmico no ano passado. A S90D é compatível com o HDR10+, porém sem suporte para o Dolby Vision.
Dependendo da quantidade de vezes que você assiste filmes com Dolby Vision, isso pode ser um baita problema, ou não fazer nenhuma diferença. A questão é que o Dolby Vision é raro, e o HDR10+ é ainda mais – então é mais difícil encontrar filmes que utilizem toda a capacidade da TV.
Ainda assim, o ideal é que ele tivesse Dolby Vision, mas aí entra as brigas das marcas, e dificilmente a Samsung vai abrir mão do seu próprio formato, para comprar o da concorrente.
O resumo da imagem é que em questão de qualidade de painel, o que a S90D entrega é uma experiência parecida com a S90C. Ótimas cores e contraste incrível. O que ela melhora é o brilho, um pouco mais forte, mas que ainda pode ter problemas contra luzes muito intensas.
Um recurso que ajuda aqui, também, que chegou ano passado, foi o calibrador automático. Esse é um recurso do Smart Things, que basicamente cria um modo de imagem novo, com alguns ajustes. Vai tirar aquelas cores exageradas, pode desligar a interpolação e alguns outros recursos, mas depois de fazer a calibração, dá para ativar as opções que você gostar.
Sistema Smart Tizen
Isso abre o assunto sistema, onde a Samsung trouxe uma pequena atualização para o Tizen. A novidade é uma aba nova, chamada Daily+, que serve como a central de produtividade da TV.
Dentro dela, o Smart Things ganha alguns recursos, para ampliar a usabilidade da TV, como central do ecossistema. Visualmente, o mais legal é o mapa 3D da sua casa, e você pode posicionar de forma realista todos os itens da sua casa inteligente.
A casa, inclusive, pode ser controlada pela própria TV, pois ela agora funciona como hub do Zigbee. Você não precisa comprar o hub à parte.
No entanto, em questão de usabilidade, o mais útil é o controle energético, com o resumo do consumo de basicamente tudo conectado no Smart Things.
Essas são apenas algumas possibilidades, que, no geral, não eram difíceis de fazer antes, mas você ganha praticidade nessa aba nova. É a proposta do Tizen, criar essas telas que simplificam o uso da TV.
Conclusão
Com os tamanhos novos, a Samsun S90D tem a chance de ser ainda mais popular, desde que o preço esteja igualmente bom. No lançamento, ela vem parecida com a S90C, nos tamanhos equivalentes, e é provável que a Samsung queira focar mais nela. Pode ser que as promoções cheguem mais rápido, e que esteja mais fácil adquirir a primeira OLED.
Comparada com outros modelos, como eu comentei, é difícil o OLED de um ano superar muito o equivalente do ano anterior, então a própria S90C deve ser a maior rival da S90D.
O brilho extra é uma adição legal, mas no geral, o custo beneficio é parecido. Opte pela mais em conta, a menos que a diferença seja muito pequena, aí pode escolher o modelo mais novo.
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