A S95D é a melhor OLED da Samsung. Ela é a evolução de um modelo que nem veio para o Brasil ano passado, trazendo avanços significativos perante a S90D, a OLED mais simples da marca – se é que dá para chamar alguma OLED de simples. É um produto de alto nível que batalha pelo título de melhor TV do mercado. Será que ela consegue? Será que vale os 15 mil reais no lançamento?
Samsung S95D
- Tamanhos de tela: 65″
- Resolução 4K (3840 x 2160px)
- Frequência da tela: 144Hz
- Tipo de tela: OLED
- HDR10+
- 4 entradas HDMI e 4 entradas USB (1 entrada USB-C)
- SmartTV com Sistema Tizen
Para começar, eu confesso que eu queria muito testar a S95D, por um motivo muito importante, o One Connect. Essa foi a minha principal crítica da OLED do ano passado, a S90C, pois um painel dessa categoria, avançadíssimo, merece uma das melhores soluções para conexão.
Esse daqui é o mesmo modelo das TVs mais caras da Samsung, e sim, existem TVs mais caras que a melhor OLED. Mas isso é uma reclamação para daqui a pouco.
Construção e som
O One Connect pode ficar montado na base, ou então posicionado ao lado da TV, ou onde você quiser, desde que o cabo chegue. Ele serve justamente para tirar toda essa parte da própria TV, o que é importante também para uma OLED, pois essas peças podem esquentar. E ter isso esquentando, ali atrás do painel, pode reduzir sua vida útil.
Em termos de conexões, temos 4 entradas HDMI, 3 USB e uma USB-C. Até para carregar seu celular, o One Connect serve. Todas as portas são compatíveis com a resolução e com a frequência máxima da tela, 4K a 144 Hz, enquanto que a tensão de alimentação da USB varia de 2,5 a 5 V. Precisa prestar atenção nisso, dependendo do que você quer conectar por ali.
Eu gosto muito do One Connect, pois eu mudo bastante o que está conectado na minha TV. Não gosto de deixar um monte de HDMI conectado lá, parecendo uma árvore de natal. Com ele você conecta, usa, depois tira, facilmente.
Para pendurar a TV na parede, é a melhor alternativa, até porque as telas estão ficando muito finas.
Aliás, esse é um ponto que eu não gostei tanto na S95D. Ela é fina demais e leve, até por conta do One Connect. Já a base de metal, é pesadíssima, então, existe essa falta de balanço entre as duas, o que complica bastante a vida na hora de posicionar ela em cima do móvel. Melhor pendurar mesmo e aproveitar a existência do One Connect para as conexões.
Em outros aspectos externos, o pessoal gosta também do controle Solar Cell. Se você não conhece, ele é o controle que carrega com a luz do ambiente e o USB-C. Não tem pilhas, então é bem prático, além de um estilo legal, minimalista.
Ele é arredondado, mas eu preferia o primeiro modelo, lá do começo de 2022, que era retinho, mas a diferença que eu mais me interessei, foi no botão das configurações.
Isso, na verdade, é uma mudança do sistema, Tizen, e não do controle, mas entra aqui porque você acessa a opção pelo SolarCell.
Basicamente, a Samsung mudou a forma que você entra nas configurações, você aperta o botão e já aparece direto a engrenagem. Podia abrir direto, claro, mas é um clique a menos, e você não precisa usar as setas para nada.
O Tizen sempre foi muito bom, mas essa parte de acessar as configurações, estava desnecessariamente complexa. Que bom que mudou.
E por último, na parte de fora, quando você olha na traseira da TV, encontra alguns alto falantes expostos, para mostrar a potência do áudio.
São 4.2.2 canais, com 70 W. Mas apesar da presença, eu senti falta de algo um pouco melhor por aqui. Não é um áudio ruim, e quando você utiliza o Q-Symphony, fica um efeito bem legal, da soma da soundbar com a TV.
Porém, ela sozinha, está com os graves sem presença. Certamente sem a presença que você esperaria, olhando para a traseira.
Isso explica um pouco da falta de peso da TV também, mas eu nem reclamo muito disso, pois as marcas querem vender soundbar. A preocupação é como a TV se sai com a soundbar, e não sozinha.
Parte externa, então, ótima construção, One Connect maravilhoso, só senti falta de um som mais presente, e recomendo que você pendure a S95D na parede.
Qualidade de imagem
Antes da gente falar das especificações da S95D, é importante entendermos as vantagens e desvantagens mais gerais de cada tipo de TV. Existem dois aspectos, onde uma tela pode ser a melhor: em tecnologia de painel ou em potencial computacional. Sendo a qualidade de imagem uma soma das duas.
Eu te conto isso, porque a Samsung, atualmente, separa as duas características em dois modelos diferentes. As TVs 8K receberam o melhor processador do ano, talvez ela seja mais potente que o seu computador. Por isso, o 8K consegue aprimorar a imagem, com seus recursos inteligentes, muito melhor que qualquer outra TV, inclusive a S95D.
Mas a tela OLED, o painel, puro, é muito melhor que o LCD. Tem melhor contraste, melhores cores, a imagem é mais rica em detalhes e o ângulo de visão é perfeito. É o painel que consegue representar melhor a imagem sendo exibida, sem depender de software.
Seu único ponto fraco, nesse duelo de 8K LCD versus OLED, é o desgaste. Ele perde a cor com o tempo. Na verdade, o problema não é nem o desgaste em si, porque isso afeta todo tipo de tela, LCD ou OLED, e a porcentagem de perda, hoje, é bem pequena.
O que pega é que no OLED, o desgaste não acontece de forma uniforme. Por exemplo, para exibir a cor vermelha, o LCD emite uma luz branca, e depois bloqueia as outras cores. No OLED, ele só precisa acender um subpixel, o vermelho, enquanto os componentes verdes e azuis do RGB ficam apagados.
Isso traz vantagens para o OLED, como a cor mais pura, sem interferências, e com economia de energia. Mas aumenta o risco das manchas aparecerem, do burn-in, principalmente com imagens estáticas e com brilho alto.
Imagina um canto sempre vermelho, com 100% do brilho possível. Ali, os subpixels azuis e verdes vão ficar inteiros por muito tempo, porque eles não estão sendo utilizados, enquanto o vermelho vai desgastar super rápido.
Agora, o risco de burn-in é mínimo numa TV atual. Qualquer OLED depois de 2020 tem ótimo recursos, que resolvem o problema de várias formas. Apenas a questão do brilho que ainda é complicada.
É por isso que as TVs OLEDs costumam ter brilho baixo. Não é porque ela não consegue chegar num nível mais alto, geralmente dava para ser um pouco melhor. Mas se aumentasse o brilho, aceleraria o desgaste, num nível que não é compatível para um produto final. Ninguém quer gastar uma grana numa OLED que dura só 5 anos.
É importante termos tudo isso em mente, para entender a evolução da S95D. Ela tem mais brilho, mas agora você entendeu que aumentar a intensidade de uma OLED, não é algo simples. O painel precisou melhorar e ficar mais resistente, para a S95D conseguir chegar num nível muito maior.
E de verdade, salas iluminadas não são um grande problema para ela. É equivalente a quase toda TV LCD, nessa mesma situação. Aliás, até melhor, porque a solução vem de duas formas.
Primeiro, eu comentei já, no aumento do brilho, mas agora vamos para os detalhes. Para comparação, no máximo do máximo da S90C alcançava 183 nits. Isso com uma imagem branca na tela toda. Na geração atual, a S90D aumentou esse valor para 210 nits. Já a S95D, sabe para quanto foi? Nas configurações mais fortes, são 458 nits.
Só que, olha, é a segunda forma que traz ainda mais destaque para essa TV, pois ela tem acabamento diferenciado. Ouso dizer que a experiência ficou até melhor que alguns modelos LCD.
A S95D possui o acabamento fosco na tela, porém em um nível menor que a The Frame. Isso significa que ele reduz o reflexo de luz, e o brilho necessário, para você enxergar bem o que está acontecendo.
Aqui no estúdio, nós precisamos fechar as janelas para assistir TV durante o dia, pois as janelas ficam completamente opostas a ela. Não é uma forma boa, mas é a que deu. Isso costuma afetar ainda mais as OLEDs, porém com a S95D, está bem mais tranquilo.
Claro que existem algumas desvantagens também, com esse acabamento. A percepção de imagem é mais apagada, parece que as cores ficam mais sem graça. No caso do OLED, o contraste também não é mais infinito.
Com o nosso colorímetro, ao invés de ler “0 por 1”, que significa que o preto está perfeito, a S95D consegue um valor número real. O contraste registrado ainda é super alto, 35.340:1, com o nível de preto é de 0,01. Tecnicamente, o preto é absoluto e o contraste infinito. Mas isso mostra como a percepção é diferente numa tela matte.
A cor, no entanto, continua super alta. A S95D preenche 120% do espaço de cores DCI-P3. A aplicação para isso tudo é limitada, pois os filmes nos streamings, geralmente, utilizam apenas os limites do P3.
Nos computadores, você pode encontrar algo num espaço de cores maior. Mas ainda depende bastante do conteúdo. A métrica mais relevante de cor, é que ele preenche o 100% P3. Além disso, apesar da tela fosca, geralmente ter cores mais fracas, aqui a impressão é o contrário, que elas estão saturadas demais.
Processamento e Tizen
Só que, claro, não existe TV perfeita, e agora que eu falei da saturação, podemos começar a falar do processamento de imagem da S95D, que tem como ficar melhor.
A Samsung é conhecida por ter telas extremamente saturadas. Não é só aqui que isso ocorre, é algo bastante comum, em todas as faixas de preço, porém aqui realmente não precisava, porque o painel naturalmente é muito superior.
Então a primeira tarefa, quando receber a S95D, é fazer a calibração pelo Smart Things. O aplicativo da Samsung tem esse recurso, que funciona bem, é útil, mas tem um detalhe. Existe uma calibração mais completa, presente apenas nas TVs 8K.
Depois, mesmo com a calibração, eu preferi fazer alguns ajustes próprios, reduzindo a nitidez um pouco mais. Não foi por preferência, mas sim porque ela ainda parece desequilibrada, principalmente para uma tela OLED.
Está relacionado também a um recurso de aumento de definição, que as TVs modernas conseguem fazer. Ele se chama upscaling, uma forma de acertar a resolução de imagens mais antigas, em Full HD ou HD. Novelas, por exemplo, costumam estar em HD, enquanto que streaming geralmente é Full HD.
Só que esse upscaling, na S95D, apesar de muito bom, me deram essa impressão de nitidez excessiva. Algo que não aconteceu na 8K. De novo, é um upscaling bom, porém o processamento da S95D não chegou no melhor que existe dentro da Samsung.
O único recurso inteligente que a S95D tem, que parece equivalente às TVs 8K, foi a interpolação de movimento. Essa TV tem frequência de até 144 Hz, e como os conteúdos costumam estar em 24 ou 30 quadros, é necessário fazer um processo parecido com o upscaling, para aumentar essa taxa e melhorar a fluidez dos movimentos.
Talvez, a razão para a OLED ser equivalente a 8K aqui, nem seja uma questão de software, mas de hardware. TVs OLED costumam sofrer menos com artefatos de interpolação, por conta da forma que a imagem é construída, e do seu tempo de resposta, naturalmente muito menor que o LCD.
No painel, OLED não tem competidores, é o melhor atualmente. A tela fosca da S95D, muda um pouco a cara da imagem, você pode estranhar num primeiro momento, porém ainda é melhor que uma tela espelhada OLED, pois resolve os problemas mais graves com janelas e ambientes iluminados.
Onde a S95D fica um pouco para trás, é nas configurações e nos processamentos de imagem. A configuração é exagerada, num painel que não precisa de tudo isso, e o processamento, como depende muito de inteligência artificial, ficou pior na S95D, do que nas TVs 8K, pois elas possuem os processadores mais potentes nesse quesito.
Conclusão
A Samsung é uma mãe que ama demais seus dois filhos, e não quer ver nenhum dos dois deixados para trás.
As TVs OLED, ainda são novas na linha de produtos, lutando por espaço contra as Mini LEDs, principalmente a 8K. Muita das vantagens dela, são referentes ao painel de altíssima qualidade, mas ficou claro que nos recursos inteligentes, ela está atrás.
Essa tela, com aquele processador de 512 redes neurais, aí ficaria show. Mas eu ainda considero ela a melhor TV da Samsung, junto, pelo menos, da 8K. O que falta é ver como ela se sai contra a LG G4, mais para frente no ano.
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