A TCL C645 veio para substituir uma das TVs com melhor custo benefício de 2022. Ela sucede a C635, com mudanças pontuais, representando a maturação da linha. Esse é um modelo QLED que veio competindo pelo mercado intermediário, mas será que o preço mais baixo indica a falta de muita coisa importante? Sobre isso que valor falar nesse review.
TCL C645
- Tamanhos de tela: 50″ 55″ 65″
- Resolução 4K (3840 x 2160px)
- Frequência da tela: 60Hz (120Hz DLG)
- Tipo de tela: LCD VA
- HDR10+ e Dolby Vision
- 3 entradas HDMI e 2 entradas USB
- SmartTV com Google TV
A TCL não quer ser oferecer apenas uma versão mais barata da líder de mercado. Os cortes para reduzir o preço, tentam não prejudicar muito o uso principal de uma TV, assistir filmes, e a C645 ainda traz um dos melhores sistemas smart atualmente, o Google TV.
Ou seja, a TCL está fazendo de tudo para lançar produtos competitivos, à altura da competição, para abocanhar uma parte boa do mercado de TVs.
Design e som
Sua construção pode ser considerada um dos seus pontos mais simples. À primeira vista, ela até parece um modelo de TV LCD comum, pois conta apenas com dois pés, um em cada canto da tela.
É diferente daquela peça central, bonitona, de modelos topo de linha. Mas olha, sendo bem pragmático, o que ela perde em estilo, a C645 ganha em estabilidade. Essa tem sido uma crítica constante de modelos mais caros.
Por ser uma tela bem leve, a montagem é facilitada. No entanto, isso indica um outro corte da TV. No caso, o sistema de som é extremamente simples.
São apenas 2.0 canais, que somados, alcançam 30 watts de potência RMS. Pode ser considerado um corte mais significante que a construção simples, pois essa é uma categoria de telas que costumam trazer algo um pouco mais complexo, ou pelo menos mais potente.
O que falta aqui é justamente uma presença maior de graves. A C645 alcança um volume alto, no entanto, a saturação dele também vem rápido, justamente pelos alto falantes mais simples.
Pode aparecer chiado em volumes altos, e ficar um pouco sem graça nos mais baixos. A falta de recursos especiais também mostra que o áudio foi o maior corte. Ela tem Dolby Digital, porém com apenas 2 canais de áudio, nem ele consegue muito.
Mas também nem dá para culpar tanto assim a TCL, pois essa tem sido a tendência em outras marcas também. Os cortes lá não foram tão profundos quanto aqui, no entanto, o que todo mundo quer é vender soundbar.
Conexões e qualidade de imagem
Falando nisso, ela tem HDMI EArc, o terceiro e último deles. Todos ficam na lateral, onde dois são versão 2.0, e outro 2.1. A C645 é uma TV capaz de chegar em 120 Hz, que só acontece na versão mais nova. No entanto, não é o 120 Hz em 4K. Ele utiliza uma tecnologia chamada Dual Line Gate, ou DLG, que aumenta de forma simulada a atualização da tela.
Deixa um pouco mais suave o movimento, mas funciona apenas em conteúdos específicos, no caso, ele é voltado para jogos por aqui, e não chega na resolução máxima, apenas 2K.
Podemos considerar esse o terceiro e último corte, pois televisores da faixa de preço esperada para a C645, costumam trazer 4 HDMIs e todos 2.1, com 120 Hz na resolução 4K, inclusive TVs QLED mais simples.
Reduz um pouco a usabilidade da C645 para quem quer conectar um HDMI nela, e pode desvalorizá-la perante modelos com 120 Hz nativo.
Partindo agora para qualidade de imagem, chegamos no ponto onde a C645 se destaca. As próprias tecnologias de painel já mostram que ela quer que esse seja o forte dela. Os pontos quânticos garantem uma cor pura, mais brilho e, principalmente, contraste.
Mostrando os números para provar, a C645 consegue preencher 92% do espectro DCI P3, bem competitivo para a categoria, com brilho de até 390 nits e contraste de 4170:1, nas nossas medições.
No geral, ela vem bem configurada de fábrica, caso você use o modo cinema. No padrão, a cor pode estar com saturação demais em conteúdos mais simples, como Youtube, mas mesmo assim, não será necessário passar muito tempo configurando a TV.
Dentro do assunto qualidade de imagem, o brilho forte é um dos principais. Ela consegue ganhar de luzes fortes, e até de uma janela. O teste é feito com a tela toda branca, mas o pico de brilho também é bom, melhorando o resultado do HDR da tela.
Um detalhe é que a TCL é a única que teve a coragem de incluir nas suas telas, os dois formatos mais avançados de HDR, o Dolby Vision e o HDR10+.
Para quem não manja das brigas do mundo da tecnologia, o Dolby Vision era praticamente exclusividade da LG aqui no Brasil, enquanto a Samsung faz parte do grupo que criou o HDR10+. A TCL olhou para a briguinha, tirou o corpo fora, e pegou a licença dos dois formatos para a sua TV. Gosto disso.
Esses formatos são responsáveis pelo controle das características da imagem, cor, exposição de luz, pico de brilho. Então quando você assiste um filme que está disponível em Dolby Vision, todos esses elementos estarão melhor ajustados, para tirar o máximo de proveito das capacidades da tela.
Só para dar um exemplo, uma novela não tem controle HDR, e usa ali 70% ou menos da gama DCI P3. Um filme com HDR10+, usa os 92% que a TV alcança.
O contraste, para um painel do tipo VA, está razoável, perde um pouco de ângulo de visão para ganhar em contraste. Porém ele consegue melhorar a profundidade dos pretos, graças a um recurso de controle de brilho de forma localizada, batizado de micro dimming ou local dimming.
O painel é separado em zonas independentes, mais especificamente, 2040 zonas, que podem intensificar ou reduzir o brilho, de acordo com a necessidade da cena.
Aparece um personagem na tela, na frente de um fundo todo escuro? As zonas próximas do personagem ficam num nível mais alto, e o resto diminui, tornando os pretos mais profundos, sem prejudicar o resto.
Aliás, sem prejudicar muito. Porque um problema comum desse recurso, e que aparece até nas TVs mais caras com mini led, é uma espécie de esfumaçado ao redor de objetos muito claros.
Isso acontece porque, por menor que as zonas sejam, elas não conseguem acompanhar perfeitamente a silhueta dos elementos da cena. Isso é algo especialmente presente em objetos mais arredondados, como a clássica imagem da lua.
O efeito é chamado de blooming, e costuma ser algo leve, que não atrapalha tanto, olhando de frente. A exceção existe, em cenas muito escuras, com objetos muito claros. Nesse caso, ele fica óbvio, ainda mais se a sala estiver com a luz apagada. Não é o pior que já vimos, mas também não é o melhor.
Você pode reduzir a intensidade do local dimming, dentro das configurações de nitidez, para aliviar um pouco. Desligado, você perde contraste, porém o nível mais baixo é um bom meio do caminho, já soluciona bastante o problema.
TVs mais caras, de 60 ou 120 Hz, também costumam aplicar um recurso de interpolação, para aumentar de forma artificial a taxa de quadros por segundo.
Nos testes feitos na C645, a interpolação da TV também é mediana. Como nos filmes, a frequência máxima é 60 Hz, você não enxerga tantos artefatos de interpolação, mas eles existem. Não sei se o recurso deu um passo para trás recentemente, ou então eu que fiquei mais exigente.
Mas, infelizmente, é algo que não está legal em praticamente nenhuma TV dessa geração. Seja ela uma QLED, mini led, ou OLED. O que eu faço é usar o modo especialista, filmmaker, ou, no caso dessa TV, o modo cinema, que desativa ele. Para não ficar com a imagem travada, depois de se acostumar, é possível também ajustar nas configurações de nitidez, para atrapalhar menos.
Nesse caso, o IPS ficaria superior, pois o ângulo de visão maior dele, comparado com o painel VA, minimiza um pouco o blooming também. Por isso que as Neo QLEDs da Samsung são todas IPS, mesma coisa para as QNEDs da LG. A diferença é que lá, o mini led resolve o problema do contraste que elas teriam.
Para a C645, o resumo do assunto da imagem é que, se ela alcançar preço de QLED de entrada, ela vai bem. As cores são boas e o brilho é forte. O contraste está dentro da média, até para TVs sem dimming, mas a profundidade de pretos é boa. O ângulo de visão aqui não é tão bom, e talvez, com um local dimming, daria para testar um IPS, mas seria um risco, está bom da forma que está.
Sistema Smart TV
O Google TV, sem exagerar, é o número 1 em questão de inteligência de algoritmo. Óbvio né, ele tem todo o poder da Google por trás, então consegue integrar as recomendações de conteúdo de uma forma que nenhuma outra interface consegue.
Mas não é só isso. Toda a página home, sabiamente nomeada de “Para Você”, serve como uma grande central para todos os seus aplicativos – é como se você estivesse dentro de todos ao mesmo tempo.
Você pode continuar assistindo algo daqui, encontrar novas recomendações de vários aplicativos, alugar filmes, e até ver o rotten tomatoes de alguns deles. Algo que você não consegue nem dentro dos aplicativos.
Semelhante a Samsung, o Google TV trabalha com um sisteminha de abas, mas aqui é tudo voltado para conteúdo. Em especial, a loja de aplicativos é rápida de ser acessada, algo mais difícil em outros sistemas. E encontrar o que você quer é mais fácil também.
Onde ele peca, um pouco, é no resto, configurações e também para dispositivos conectados pelo HDMI. O máximo que ele entrega é um modo de baixa latência, no entanto, o VA costuma ter latência maior que o IPS, então a C645 fica um pouco para trás nisso também.
A cara do menu de configurações principal é mais antiquada, e a navegação não é tão ágil. O menu rápido é melhor, mas se pensarmos nos 4 melhores sistemas, nessa parte, o Google TV precisa se modernizar.
Outro problema que ainda precisa de solução são as travadinhas do Google TV, apesar de que, dentre as intermediárias e TVs mais baratas, a LG e a Samsung não estão muito melhores.
Conclusão
Para fechar, por ser lançamento, ainda não temos informações de preço. No entanto, a característica principal da C645 é que ela faz cortes, para baratear a tela, então o ideal é mirar num preço abaixo das outras QLEDs.
A maioria desses cortes, também são simples de resolver, o que não desvaloriza tanto assim a TV. O pé da base não é tão estiloso? Se pendurar, fica igual toda outra TV. O som não é tão bom? Se a economia for boa, dá para comprar uma soundbar também, ou torcer para uma promoção com o combo.
O único ponto fraco sem solução, é a questão dos 120 Hz DLG. É por conta dele que a C645 deve ficar mais barata, principalmente das TVs com painel 120 Hz nativo.
Se conexão HDMI não te interessa tanto, e você focar na qualidade de imagem, aí ela manda bem, compatível com Dolby Vision, HDR10+, e um sistema com ótima integração com os aplicativos. Pode ser uma boa para quem quer mudar um pouco das coreanas, desde que esteja mais barata.
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