Samsung Q600C: upgrade de respeito para sua TV

A Q600C é a soundbar de 3.1.2 canais da Samsung, que foi lançada em 2023, mas não recebeu atualização em 2024. Ela continua em linha, aparecendo com ótimos preços e em combos com algumas TVs. Será que vale a pena pegar esse combo de TV mais barra por causa dela? Será que vale a pena comprar ela sozinha?

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Construção

A Samsung Q600C é uma soundbar relativamente grande. Ela tem pouco mais de 1 metro de comprimento e 23 centímetros de profundidade. Então não é embaixo ou na frente de qualquer TV que ela cabe.

Dependendo do modelo, mesmo uma tela de 65 polegadas não tem espaço suficiente para encaixar a barra. Não é a toa que a Samsung fez suas TVs mais top com uma superfície reta na base. É para mostrar que o par ideal desse modelo, é uma TV intermediária ou top de linha da Samsung.

Mas é claro que a barra vai funcionar com qualquer tela, só ficou claro que a Samsung tentou puxar a sardinha dela mesma, com esse encaixe quase perfeito entre TV e soundbar.

Fora isso, a barra segue o estilo básico, com grade em quase toda sua superfície, e um pequeno display, com informações de configuração, no canto. Por ali que você vê, por exemplo, qual a fonte do áudio.

Em questão de conexões, não temos uma grande variedade. Dentre as conexões físicas, temos apenas a entrada óptica e uma HDMI ARC. As outras duas HDMI servem como passthrough, que é um pouco diferente do ARC.

A HDMI In, ou entrada, é onde você conecta uma fonte de áudio e imagem, por exemplo a saída do PS5 ou do aparelho de TV a cabo.

Depois, da HDMI out, você puxa um cabo que vai para uma tela, e é ele que vai levar a imagem para frente.

Essa é uma alternativa para, por exemplo, quem tem TV mais antiga ou um monitor que não é compatível com todos os codecs ou formatos de áudio que a soundbar aguenta. Nesses casos, se você mandar o áudio primeiro para TV, e depois usar o HDMI ARC para transmitir o áudio para a barra, aí ele perde qualidade.

E para quem joga, o atraso de som pelo passthrough também pode ser mais baixo. A única questão é que, apesar de não ter compressão no áudio, esse método pode trazer compressão de imagem.

A Q600C só consegue enviar o sinal em uma resolução 4K a 60 Hz, com uma pequena perda de dados ainda para imagens HDR.

Se você tem um computador que faz 4K a 120 Hz, você vai perder essa taxa de frequência mais alta. Seria mais indicado você dar preferência para imagem, para essa resolução e frequência mais alta, e aí usar o HDMI ARC mesmo, para mandar o som para barra, ao invés do passthrough.

Pensando em conexão sem fio agora, a Q600C tem ótimo Bluetooth, versão 5, que é compatível com multi-conexão. Você não precisa desconectar ou desparear dispositivos enquanto estiver usando ela. É só abrir a lista do bluetooth do aparelho, seja ele uma TV ou celular, e selecionar a Q600C, que ele pega o áudio para ela.

O processo inicial de conexão costuma ser mais rápido também, e o sinal mais forte. Um bom Bluetooth é praticamente uma exigência para uma soundbar moderna, por conta da quantidade de dispositivos a mais que você consegue usar.

O que a Q600C não tem, é Wi-Fi. Alguns modelos de soundbar top de linha trazem essa conexão, por ter maior capacidade de transmissão. Inclusive a própria Samsung da prioridade ao Wi-Fi para o recurso de Sincronia Sonora, o Q-Symphony. Mas aqui, como a barra não tem Wi-Fi, ele fica apenas pelo Bluetooth ou HDMI.

Qualidade de som

O Q-Symphony é aquela função que sincroniza o som da TV e da barra, para os dois transmitirem áudio juntos, e você ter uma soma da qualidade. Ele teve atualização esse ano, e está mais inteligente.

Agora ele consegue distribuir melhor os sons para os vários canais extra que a combinação tem, ao invés de apagar o som da soundbar para priorizar o alto falante da TV, como era o caso antigamente. Isso não é desejado pois, por melhor que a TV seja, a qualidade dos falantes da barra são melhores.

Essa é a barra mais simples da Samsung com esse recurso, que é um diferencial bem legal se você tem uma TV Samsung.

Pensando em qualidade de som, o que melhor posiciona a Q600C é sua quantidade de canais. São 3.1.2, distribuídos em 8 alto falantes na barra, pela informação do manual, mais o subwoofer.

A distribuição exata desses 8 elementos, a marca não passa, mas basicamente, temos 3 canais frontais da barra, o subwoofer separado, e dois canais verticais, da barra também.

Em cima é possível ver a marcação dos dois canais verticais. Eles são mais longos, por conta do efeito acoustic beaming. A ideia da Samsung é que ele consiga projetar o som, utilizando a geometria da sala, para simular uma caixa numa posição diferente, como se tivesse em cima de você mesmo, ou do seu lado.

Só vale comentar que, como o efeito de beaming depende das paredes da sala, pode ser que ele não seja tão expressivo em alguns ambientes. Se for muito aberto ou se o pé direito for muito alto. Barras mais caras se saem melhor nessa situação, por terem mais canais próprios para cada posição.

Ainda assim, a distribuição maior de canais é a grande razão para você subir até uma Q600C. São mais canais e mais tecnologias, que somam muito mais a sua experiência, do que uma barra potente com menos canais.

Inclusive, o valor aqui não é baixo, são 360 W de potência RMS. Mas a gente sempre diz para não se apegar muito a esse valor, pois ele conta muito pouco na hora de criar um som e transmitir maior qualidade.

Configuração de som

Muita gente não se liga nisso, mas a qualidade da barra depende bastante do modo de áudio que ela está configurada, e aqui temos 4 opções.

O “padrão” é o modo sem nenhum pós processamento. O que tiver na mídia original é o que será transmitido. Um vídeo de YouTube geralmente está no formato de 2.0 canais, e a única diferença aqui é que a barra vai usar o subwoofer para as frequências mais baixas. Nesse caso, a Q600C não é muito diferente de uma barra muito mais barata.

O mais interessante é pensar no que acontece com áudios feitos para mais canais, 5.1 por exemplo. Nesse caso, o modo padrão NÃO usa os dois canais laterais. É como se a barra tivesse 3.1 canais apenas, e não 3.1.2.

Depois temos o modo “adaptive” e o “surround”. Os dois vão fazer um processamento de áudio para usar todos os canais da barra. Aí sim temos 3.1.2 canais, independente da fonte. E o áudio feito para 5.1 chega mais perto da intenção original do criador.

Entre o “adaptive” e o “surround”, é um pouco difícil escutar a diferença, porque a função desse primeiro é ler o tipo de conteúdo passando, se é uma musica, um filme, ou um jornal da tarde, e fazer os devidos ajustes para aquela situação.

É difícil entender a diferença entre esses dois modos justamente porque, na maioria dos casos, o ideal é o surround.

E por último temos o “game pro”. Ele é o mais diferente de todos, pois transforma o áudio num som binaural, também chamado de som 3D. O que ele faz é dar mais destaque justamente para o acoustic beaming, para você ter maior sensação espacial do som, seja ele vindo da frente, de trás ou de cima.

A única questão do “game pro”, é que o efeito pode ser estranho num jornal, por exemplo. Nessas situações você não quer um som 3D, quer algo padrão, só para entender o que a pessoa está dizendo. Então vale a pena trocar sempre entre os modos para ter a experiência mais legal.

Algo comum a todos os modos é que o subwoofer é sempre bem presente. Ele não é super forte nem no nível mais alto – dá para controlar o nível pelo controle – mas digo isso porque vemos barras 2.1 que dá para sentir mais a tremedeira.

No entanto, isso não é algo ruim. A Q600C não vê necessidade em chegar em níveis super absurdos, para compensar falantes mais limitados na barra. Ela tem uma distribuição mais equilibrada, justamente para experiência de cinema.

A Q600C também é compatível com Dolby Atmos, que funciona de uma forma um pouco diferente nessa questão de canais, e também DTS:X. Ela não tem a quantidade ideal de falantes para nenhum dos dois modos, que seria uns 5.1.2 canais, mas ele chega mais perto que uma barra 2.1.

E por fim, temos um outro diferencial, que é a parte de sistema da barra. Eu já comentei de algumas partes, como o Bluetooth melhor e o Q-Symphony, mas além disso ela é compatível com o Tap Sound da Samsung.

Algo que parece que ficou raro aparece por aqui, um menu de configurações bem completo. Você consegue personalizar a barra de várias formas, com um display de verdade, e não apenas luzes LED.

Conclusão

No entanto, por ser a primeira barra da linha Q, e um pouco antiga também, ela não é super completa. Por exemplo, a Q600C não se conecta ao Smart Things e não tem assistente de voz.

Não é uma barra inteligente, mas é uma barra bastante completa no quesito som e usabilidade. Em preço, ela fica logo a frente da Samsung HW-B555, uma barra de 2.1 canais que custa R$ 1.000 em média.

Pensando em outras marcas, como JBL e LG, barras de 2.1 canais costumam ficar entre 900 e 1200 reais. A Q600C tem bem mais qualidade e começa a aparecer por R$ 1.600 em tempos de promoção, ultrapassando a barreira dos R$ 2.000 em outros períodos.

Nesse valor mais baixo ela é legal, mas o motivo da barra ter uma variação tão grande de preço, é que ela não tem muitos concorrentes equivalentes. Ou são barras mais simples, também por R$ 1.800, ou muito mais avançadas.

Por isso a melhor forma de adquirir uma Q600C é em um combo. Com qual TV exatamente ela vem pode variar, aí você pode fazer a conta para ver se o desconto faz sentido.