A TCL C845 tem um objetivo: ser a TV para quem quer subir de nível, sem gastar muito. Ela quer atrair quem já tem uma boa Smart TV em casa e está procurando algo melhor, para ser a peça principal da sala. Não chega a ser uma super top de linha, e a competição está acirrada. Será que ela vale a pena?
TCL C845
- Tamanhos de tela: 65″ 75″
- Resolução 4K (3840 x 2160px)
- Frequência da tela: 144Hz
- Tipo de tela: Mini LED Quantum Dot
- Dolby Vision e HDR10+
- 4 entradas HDMI e 2 entradas USB
- SmartTV com Google TV
A TCL C845 é a TV mais avançada da marca. Se fossemos levar o termo ao pé da letra, ela seria a TV topo de linha da TCL. Mas no mercado, não é bem assim que ela se posiciona.
É uma TV com tecnologias avançadas, que há 3 gerações, seria considerada uma TV topo de gama, só que num mundo de OLEDs e TVs 8K, hoje o QLED Mini LED fica ali na borda, entre as mais avançadas e a linha intermediária. E eu realmente coloco ela como intermediária, por conta de algumas limitações bem características da categoria.
Construção e som
A montagem e escolha de materiais é um ótimo exemplo de onde eles precisaram fazer um pequeno corte de custos. Ela tem a tela sem bordas. O vidro, inclusive, fica exposto, com um vão entre ele e o plástico da TV.
Mas apesar da aparência, com um ar mais sofisticado, as bordas na verdade ficam grandes. Se você somar o vão, e o fato de que o vidro tem uma faixa preta por trás. Você percebe que aqui a pegada é “parecer” não ter borda, apesar dela ainda existir.
Essa jogada de “parece algo mais caro, mas não é”, é bem comum entre os chamados flagship killers. Dispositivo intermediários, que querem tirar mercado dos mais caros.
Além disso, a base tem uma questão parecida. São dois pés, centralizados, com uma placa em cima. Bem bonito. Ela até parece ser de metal, mas aí você pega ela e não passa tanta firmeza. Parece bem fácil de amassar na verdade.
Se tomar cuidado, nada disso é um problema. Nem o vão no vidro, nem a placa sensível. Mas como eu comentei, são pequenos detalhes que acusam a categoria do produto.
Ainda pelo corpo da C845, aqui na traseira ela tem um outro detalhe, um alto falante grandão exposto. É o subwoofer da TV, do sistema 2.1 dela.
A TCL tem parceria com a Onkyo, e expõe o subwoofer na traseira, para deixar isso bem claro. É um sistema bom, de 60 W. Tem boa presença, apesar de ser simples.
O som das TVs é uma parte que realmente caiu de nível, então é quase impossível encontrar um verdadeiro sistema 5.1 ou 7.1, que seria o formato mais adequado para cinema em casa.
Então apesar da C845 não ter um baita sistema integrado, ela está dentro da média para categoria. É um som bom, mas que para chegar lá no melhor nível, precisa de uma soundbar.
Você precisa subir bastante o orçamento, lá para as TVs 8K, da LG e da Samsung, para achar um som mais complexo.
Fora isso, ela é compatível com Dolby Atmos e DTS-HD, então o áudio será melhor distribuído com uma soundbar. É bem isso mesmo, todo mundo quer vender soundbar, inclusive a TCL.
Voltando para traseira, agora algo que eu acho um baita ponto positivo, mas que não necessariamente é um diferencial de compra, é a posição das entradas. Ao invés de ficar longe e escondido, todas ficam evidentes.
Ela tem 4 portas HDMI, porém nem todas aguentam a frequência máxima da tela. O primeiro HDMI vai até 144 Hz, o segundo 120 Hz, e os outros dois, 60 Hz. O quarto HDMI também é compatível com eARC, para passar som.
Temos dois lados aqui. O impacto para a usabilidade da pessoa vai mudar de acordo com o uso dela. Você tem 2 consoles modernos e 1 PC, e quer deixar conectado direto na TV? Todos eles querem, pelo menos, 120 Hz, mas aqui na C845, um vai ficar limitado a 60 hertz.
Só que volta naquilo que eu comentei já, de que é uma característica que você só vê em TV intermediária. Uma topo de linha teria todas as entradas com a capacidade máxima da tela.
Como pequena vantagem, a TCL é uma das poucas que ainda traz suporte para a entrada AV. Ela usa um pequeno adaptador para isso, mas é uma alternativa para quem precisa ainda.
Acho que até agora, deu para perceber o que eu comentei. Das pequenas limitações da TV. Não é nada que torna a TV ruim, porém não é igual você encontra num modelo mais caro de outra marca.
Isso mostra como realmente ela quer competir contra a sua TV antiga, de mais de 5 anos, e não necessariamente no mercado topo de linha atual.
Sistema Smart TV
E nessa comparação, a maior vantagem da TCL é o seu sistema. Independente da marca, se sua TV tem mais de 5 anos, mais de 3 na verdade, o sistema Smart TV aqui é muito melhor. Ela segue com uma ótima estratégia para seu sistema. Jogar tudo na mão da Google.
A TCL C845 utiliza o Google TV, que é um dos melhores sistemas Smart TV hoje, no mercado. Ele tem uma filosofia bastante diferente, onde parece que a tela inicial é um serviço de streaming já.
No Tizen da Samsung e no WebOS da LG, que são dois ótimos sistemas, parece que você está numa área de transição mesmo, quando entra na tela inicial.
Aqui, você já está dentro do Netflix. Só que ao invés de só ver os programas de um streaming, você pode escolher entre os filmes do Prime, Max, YouTube, e o que mais quiser aparecer aqui.
Ele integra tudo, então você consegue buscar o que assistir, sem precisar entrar e sair de cada um dos serviços. Ou seja, a Google quer ser um melhor buscador que os concorrentes. Ela usa seu poder de algoritmo, para afetar também a sua Smart TV.
Eu particularmente, gosto da forma que ele exibe o YouTube. Faz sentido, afinal YouTube é da Google. Mas nenhum outro sistema consegue exibir a sua conta. Costuma ser umas recomendações aleatórias, que eu acabo nunca usando em outras TVs.
Onde o Google TV peca, é na parte de configurações. Como a fabricante da TV e do sistema estão separadas, você não consegue acessar tão fácil as opções mais importantes para essa TV específica.
Alguns recursos ficam escondidos, outros você nem consegue mudar. Além de ser uma interface mais bagunçada e um pouco mais travada.
Esse último fator, de ser mais lento, já foi um problema maior no passado. Hoje o Tizen e o WebOS estão mais engasgados também, o que diminui a desvantagem do Google TV.
Apenas a interface da Roku continua rápida, pois o foco dela é ser bem simples. É o oposto do Google TV.
Só o que a Google realmente precisava arrumar, era o controle. Ele é enorme, um pouco feio, e 90% dos botões, você nunca vai usar. Falta também algum diferencial, como carregar por USB e solar, ou o ponteiro da LG.
Por isso, eu considero ele o pior controle, pois ficou travado no tempo. Se não quer trazer nada diferente, vai no caminho da Roku, de ter algo pequeno e simples.
Qualidade de imagem
E todos os cortes na construção, e economia na terceirização do sistema, valem a pena, graças à ótima qualidade de imagem da C845. Ela combina quase tudo que era considerado topo de linha, de algumas gerações atrás.
Esse é um painel LCD QLED Mini LED, ou seja, ela tem todas as últimas inovações em tecnologia de painel. QLED, ou painel com pontos quânticos, é uma camada, um tipo de filtro, na tela, que garante uma cor mais natural e com mais detalhes.
O Mini LED significa que os LEDs da TV são menores, bem menores, o que ajuda a intensificar e controlar melhor o brilho. Dependendo da necessidade da cena, se ela for muito clara ou muito escura, o painel pode se adaptar e melhorar a qualidade de imagem.
Mas isso é só o resumo das tecnologias, os resultados mesmo vimos nos testes, onde a TCL C845 é capaz de reproduzir 94% das cores DCI-P3, o padrão dos filmes e séries. O brilho alcançou 840 nits, com contraste de até 20.450:1
Para explicar esses valores, o alcance de 94% DCI-P3 é um ótimo nível. As cores serão bem vivas, e bem próxima dos níveis esperados para os filmes. Por conta do filtro de QLED, a saturação não é super exagerada também. É uma tela bastante agradável para cenas claras.
O brilho, acima de 600 nits, significa que ela briga bem com a janela da sala. Por ser um painel espelhado, você ainda pode ter dificuldade em cenas escuras, mas para imagens mais coloridas e iluminadas, ela vai bem.
Pense aqui num futebol com a galera, com as janelas todas abertas. Essa situação ela aguenta bem.
E por fim, o contraste, temos alguns detalhes. O valor do teste é com o controle local ligado. Aquele controle inteligente que comentei. 20.450:1 com local dimming, ou 4.430:1 sem ele. O contraste “real” flutua entre esses dois valores, por conta do recurso.
O que acontece é que o painel é separado em zonas, e elas atuam de forma independente uma da outra. Aqui são 576 zonas em 65 polegadas, ou 720 para 75 polegadas. Os resultados são satisfatórios.
A variável que existe nele, se é bom ou não, depende de como ele lida com um problema na verdade, uma espécie de fumaça ao redor de objetos claros, num ambiente escuro – é o chamado blooming. Pode ser algo na cena, uma lâmpada, ou a legenda do filme.
Dependendo do ângulo, esse efeito fica melhor ou pior. De frente, às vezes, você nem consegue perceber, mas de lado fica uma fumaça bastante evidente. Afeta até em detalhes pequenos, como o logo do YouTube.
Depende também da quantidade de zonas. Quanto menos zonas, pior. A C845, na verdade, tem uma quantidade legal. Não chega nas duas mil zonas de algumas super TVs, mas é algo que ajuda bastante ela.
No entanto, o problema existe até em TVs com mais de mil zonas. Nada aqui é um problema exclusivo da C845. É algo que a própria tecnologia LCD não consegue resolver. Quem resolve é o OLED.
Mas para uma TV Mini LED, o resultado não atrapalha tanto, e ele vale a pena, por conta dos outros ganhos. O contraste realmente chega num nível legal, e a profundidade dos pretos está muito boa, nada de cena acinzentada.
É um pouco difícil configurar tudo isso, graças ao Google TV. Mas eu senti que o nível baixo fica bom, até para filmes mais difíceis, com muito objeto claro contra fundo escuro.
Outro pós processamento que a TV faz, é com os movimentos. Por ser uma TV de 144 Hz, ela precisa aumentar a taxa de quadros dos filmes e séries, para que os movimentos fiquem mais suaves.
Geralmente os filmes param em 24 quadros por segundo. O recurso de melhora de fluidez se chama interpolação de movimento, e ele também está razoável. Você observa artefatos de imagem de interpolação em movimentos rápidos, porém nada num nível extremo.
Algo importante para os gamers também, é que a C845 tem um outro recurso que mexe com a frequência se você ligar a TV em um PC, é possível duplicar a frequência da tela, para 240 Hz. Não são 240 Hz nativos, é como se eles fossem simulados, e a resolução cai também, de 4K para Quad HD.
Como todo pós-processamento, os resultados aqui variam. Em alguns casos ele funciona bem, mas não é uma opção que eu deixaria sempre ligada. O importante é que a TV não perde nada, ela tem taxa nativa alta, acima de 120 Hz, e aí você tem um bônus, para ver caso a caso com seu PC.
Conclusão
O preço não aumenta também, por conta disso. Na verdade a C845 é até mais barata que as concorrentes principais. Vale comentar que a tela está há um tempo no mercado. Chegou ano passado, e tudo indica que a linha receberá atualização em 2024. No entanto, a chegada da C855 não indica que a C845 vai sair de linha.
A TCL costuma manter seus produtos por um bom tempo nas prateleiras, mais do que a média, como é o caso da P735 de 2022. Além de facilitar o entendimento da linha, ajuda também o preço do produto, que fica num valor competitivo por mais tempo, e que tende a ficar ainda melhor.
A C845 está já nesse valor bom quando comparado com TVs do ano passado, e agora as de 2024. Aliás, tem um único “problema”, vamos dizer, que é a disponibilidade de tamanho. São apenas os maiores, 65 e 75 polegadas.
A questão é que o tamanho é o fator mais significativo na hora de precificar uma TV. O preço quase dobra a cada 15 polegadas. Então, apesar de outras TVs intermediárias serem mais caras, não temos aqui um modelo mais barato de 50 polegadas, que seja mais acessível.
A C845 fica entre 5 e 7 mil reais, que é bom para uma QLED Mini LED de 65 a 75 polegadas, mas também não é um produto barato. Seria legal termos mais opções. Pelo menos 55 polegadas, que é o que as suas concorrentes fazem. Na TCL, você precisa descer de nível, para encontrar algo menor.
A C845 tem lá seus cortes, mas a qualidade da imagem compensa. E o fato de você pagar pouco, torna ela muito competitiva. Ela deve continuar como a TV grande e avançada mais barata por um tempo. Realmente uma boa oportunidade já para quem quer atualizar a tela da sala.
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