O Xiaomi Mi Note 10 Lite é um aparelho que pegou o que o Note 10 fez de bom e ficou mais barato. Isso é de certa forma ótimo, já que o Xiaomi Note 10 foi um dos aparelhos recentes que eu mais gostei. Mas será que a empresa conseguiu equilibrar bem os cortes e o preço para uma faixa abaixo? É o que eu quero discutir com vocês no review de hoje.
Construção e design
Apesar da linha Note, tanto aqui quanto na Samsung, sempre ter sido associada com o tamanho de tela, os tempos mudaram. O foco mais recente da Xiaomi nessa área foi em entregar uma bateria acima da média para aqueles que querem consumir conteúdo e realizar tarefas um pouco mais pesadas.
Isso fica claro logo na hora que você pega ele pela primeira vez. O Note 10 Lite e seu irmão mais velho são mais gordinhos, mas eu não acho isso de forma alguma ruim, já que a tela curvada mantém bem a ergonomia. Não estamos falando de um Mi Max 3 que tinha quase 7 polegadas de tela com aquelas bordas enormes.
Nesse modelo que testamos, o cinza, tem um acabamento fosco nas laterais e uma cor mais sóbria. O que alinha com a organização traseira das câmeras em um pacote mais palatável que outros cooktops, remetendo mais ao Mi 10 do que ao Note 10.
Apesar de eu gostar da disposição do Note 10, o Lite resolveu um problema importante, reduzindo o salto das lentes. Até por isso, a capinha, que curiosamente cabe em qualquer um dos dois modelos, deixa todas as lentes mais escondidas. No geral, considero uma evolução.
Para minha a alegria, temos a entrada P2, um sistema infravermelho que pode ser muito útil, bandeja para 2 cartões sem possibilidade de expansão de memória, e claro, um som estéreo, mas que funciona quase como mono, já que a saída de som acima da tela é extremamente baixa.
O fato do Note 10 Lite ser completo em seu hardware é algo que me animou no modelo mais caro e que se mantem aqui como um ponto importante. Infelizmente, fica de fora a proteção IP68 e o carregamento sem fio, que o limitam um pouco, mas que muita gente não acha essencial.
Tela
Outro ponto que não mudou de um modelo para o outro foi a tela. Como eu comentei, a capinha de um encaixa no outro perfeitamente, e as 6,47 polegadas são exatamente a mesma. O brilho de tela é bom o suficiente para enxergar na rua mas um pouco mais limitado, o que pode ajudar a economizar um pouco mais de bateria, ponto principal do smartphone, e ainda assim entregar uma experiência legal.
O que me incomodou bastante foram os vazamentos de luz dos lados. Quando a tela está com mais cor e coisas acontecendo, não dá para perceber tanto, mas navegando por telas e menus brancos foi quase uma tortura.
Estou exagerando, mas é bem visível o “arco-íris” que se forma e as pequenas distorções de cor de qualquer ângulo de visão. Usar um painel mais barato dá nisso. Não tem como.
Agora, esse é um painel amoled, e se você jogar o sistema todo para o Dark Mode dá para levar numa boa e ainda aproveitar bem. Mesmo intermediários hoje em dia tem telas bem boas de se usar, nada diferente por aqui com possibilidades até de um HDR10.
Essa tela amoled permite também o leitor de digitais sob a tela, que funciona super bem por aqui. Nós avançamos bastante nesse quesito nos últimos anos, felizmente. Até porque, o chipset que vai processar esses seus dados é um Snapdragon 730G – o melhor modelo da linha intermediária da Qualcomm.
Desempenho e bateria
Isso quer dizer que o Note 10 Lite é potente igual seus irmãos mais velhos e que fazer qualquer coisa nele é super de boa. Há quem diga que sente alguma diferença entre a linha 800 e o 730G, mas honestamente, a fluidez de aplicativos e experiência de uso é basicamente igual.
Até porque, voltamos novamente para o lance da bateria. Esse é um smartphone com 5260 mAh. Mas não é só de capacidade que um aparelho de boa duração vive. Por isso mesmo, o 730G tem 2 núcleos que vão até 2,2 GHz e 6 que travam em 1,8 GHz. Na linha 800 não só o clock é maior, como temos mais núcleos potentes, e claro, uma GPU também com frequência mais alta
Por isso mesmo, ele tem basicamente o mesmo tempo de uso que o Note 10 comum, com gastos entre de 6% por hora no YouTube e míseros 14% em jogos que não são horrivelmente exigentes.
Temos um carregamento rápido funcionando por aqui para facilitar a reposição dessa bateria. Mais uma vez não temos o carregamento sem fio, mas o carregamento seria tão lento que foi até melhor tirarem essa possibilidade.
É engraçado dedicar pouco tempo para essa que é uma das características principais desse celular, mas não tem muito o que falar, sendo possível alcançar 10 horas de uso com facilidade de tela em utilização mista, performance essa que dá para durar por 2 dias.
Uma diferença pequena entre os dois é que o Lite dá opções de 64GB e 128GB de armazenamento, que como eu comentei um pouco atrás, não tem como ser expandido. Se você não vai gravar em 4K ou fica instalando muito jogo, dá para viver com 64GB, mas tem que ficar atento. Faz todo sentido, até porque esse não é um celular que tem como foco câmeras.
Câmeras
Elas são os principais pontos de retrocesso quando comparamos com o modelo mais caro. O sensor principal de 108 MP – mesmo utilizado no Galaxy S20 – virou um de 64 MP, algo mais perto do que um Galaxy A71 usa. A ultrawide caiu de 20 MP para 8 MP.
As duas lentes zoom que a gente tinha no note sumiram e deram lugar para apenas uma macro e uma de profundidade – dois sensores extremamente baratos e que dão uma enganada fazendo parecer que tem mais câmera.
No geral eu até gostei do resultado durante o dia, onde o sensor principal de 64 MP funcionou bem para a maioria das situações e seu modo noturno abusa do lance do quad pixel. O tempo de foco é bom e temos estabilização ótica, o que permite usar a resolução 4K para vídeos sem muito chacoalhado.
É até engraçado que a mescla entre o físico com o eletrônico gere um pouco de atraso nos seus movimentos, mas isso é padrão. Eu só achei que realmente, os vídeos em 4K não ficaram tão consistentes quanto deveriam em movimentos mais bruscos.
A lente de 64 MP também é utilizada tanto para o modo de alta resolução, que abre mão de um HDR mais pesado para entregar um arquivo com mais informação, como é também a lente utilizada para o zoom de 2X que as empresas vem chamando de híbrido.
Ele é eletrônico, basicamente um recorte de 32 MP da foto de 64 MP. O celular te deixa ir até 10X de zoom e achei os resultados bem satisfatórios até o zoom de 4X.
A lente ultrawide é bem legal também, mas perde muito em média e baixa luz, e até por isso que eu acredito terem deixado a tela com cores mais saturadas, na tentativa de compensar. Em vídeo e durante o dia ela até que vai bem, mas a diferença entre as lentes é muito perceptível.
Com relação à câmera de profundidade o modo retrato é bom, mas os modos de foto que ele permite são de mal gosto – uma pena que isso serve para qualquer modelo da Xiaomi. E a lente macro, é um pouco melhor por causa do processamento de imagem, mas ainda são somente 2 MP para se trabalhar.
Na frontal, passamos de um sensor de 32 MP e abertura f/2.0 para um de 16 MP f/2.5. Eu não falava de abertura há algum tempo aqui no canal, mas esses dois pontos, a menor resolução e abertura fazem com que fotos mesmo em boa luz percam detalhamento, e claro, em baixa luz a diferença seja grande.
Conclusão
Tal como o Mi Note 10, eu adorei o Lite pela sua utilidade. Uma baita bateria mesmo em um celular de desempenho bom passa segurança, até por que ele tem todas as conexões e infravermelho.
Para economizar, você vai abrir mão de câmeras melhores, mas é basicamente o que você encontra em um Galaxy A71 da vida, um pouco acima de um intermediário. O que me incomoda são apenas os vazamentos da tela, que podem ser driblados mas ainda estão ali.
Me cansa todo mundo colocar 50 câmeras mesmo que algumas delas sejam só fachada, mas no fim, no fim mesmo, o Mi Note 10 Lite é um aparelho bem competitivo que com uma tela flat poderia ter sido perfeito para quem quer economizar nas câmeras e ter uma construção boa.
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