O Xiaomi Mi Note 10, conhecido também como CC9 Pro no mercado asiático, impressionou o mercado ao trazer um conjunto monstruoso de cinco câmeras, sendo uma delas de 108 MP, além de melhorias grandes em bateria para competir de frente com qualquer aparelho topo de linha, mas sem ser um topo de linha.
Xiaomi Mi Note 10
- Processador Snapdragon 730G
- 128GB com 6GB de RAM
- Tela: AMOLED de 6,47″ (1080 x 2340 px)
- Câmera traseira: 108MP (f/1.7) + 12MP (f/2.0) + 5MP (f/2.0) + 20MP (f/2.2) + 2MP (f/2.4)
- Câmera selfie: 32MP (f/2.0)
- Bateria: 5260 mAh
- Android 9.0
A dúvida que fica com a chegada desse modelo é entende quando vale a pena pagar caro em um aparelho que é quase um topo de linha e não pegar um de verdade. Esse é o assunto do review de hoje.
Design e construção
Por fora, o Mi Note 10 lembra até demais o Huawei P30 Pro, o que não é necessariamente um problema, apesar de perder um pouco a graça. O aparelho da Huawei tem uma cara bem premium, e o mesmo certamente é verdade para o Mi Note 10, que se aproveita da tela curvada e do pequeno entalhe para trazer suas 6,47 polegadas de tela para um formato mais manejável.
É verdade que muita gente ache esses aparelhos enormes um pouco desconfortáveis de se segurar, mas o espaço extra é ótimo para quem gosta de assistir filmes, séries e YouTube pelo celular. Felizmente a qualidade da tela acompanha, com seu painel AMOLED e resolução Full HD.
Essa combinação realmente já está bem batida, então ficou faltando algum diferencial para apimentar mais esse aspecto do aparelho. Ainda assim, o bom brilho e a alta customização das cores é suficiente para você aproveitar bem o seu aparelho.
Na minha opinião, eu até concordo que essa curvatura adiciona um charme a mais, só que ela tem seus pontos negativos. Além dos constantes cliques acidentais na tela, a superfície menor da borda parece que ajuda a deixá-lo ainda mais escorregadio que de costume, um problema que a capinha que o acompanha resolve, ao preço de acabar totalmente com a beleza do Mi Note 10.
É aquela velha história de colocar na balança se você prefere diminuir os riscos de uma queda ou um aparelho mais bonito, que nem sempre é fácil de responder. Uma alternativa é comprar uma capinha mais bonita. Você até consegue encontrar algo legal por aí, mas para mim não supera a aparência do próprio aparelho.
O AMOLED ainda traz outra vantagem, a capacidade de mandar o leitor de digitais para debaixo da tela, uma tendência que deverá se tornar norma para esse ano. Nesse caso aqui, o Note 10 utiliza a forma mais simples dessa tecnologia, com um sensor de luz. Ele me pareceu certeiro e rápido, nada que vá incomodar a longo prazo, depois de você se acostumar a usar.
Felizmente, para quem não quer comprar um fone de ouvido sem fio, o Mi Note 10 incluiu a entrada P2. Já a bandeja de chips só tem dois espaços comuns, sem suporte para expansão de memória. O que eu imagino não ser algo que te impediria de comprar o aparelho.
Câmeras traseiras
O que realmente destaca o Mi Note 10 são as suas câmeras. Além de trazer o primeiro sensor de 108 MP, ele traz um dos conjuntos mais completos na traseira, com 5 sensores diferentes.
A principal trabalha com o esquema de quadpixels, para tirar fotos de 27 megapixels no total. O sensor ultrawide é de 20 MP, temos dois sensores diferentes para zoom, um de duas vezes e outro de cinco, e para fechar, o sensor macro que ajuda em fotos bem próximas – coisa que vimos primeiro lá no Redmi Note 8 Pro.
Vale comentar que quando o CC9 Pro recebeu versão global, e se transformou no Mi Note 10 e no Mi Note 10 Pro, o modelo mais barato recebeu um pequeno downgrade no número de películas no sensor de 108 megapixels, indo do 8P para o mais “comum” 7P.
Portanto, não é exatamente essa a versão que recebeu a maior pontuação no site especializado em fotografia DxOMark. Mas como você pode imaginar, o impacto é relativamente baixo e o Mi Note 10 é capaz de competir de frente com as melhores câmeras do ano. A versão Pro é só a cereja em cima do bolo, para deixá-lo ainda melhor.
Com todas as lentes listadas, dá para falar que eu realmente me impressionei com a qualidade das texturas, bastante nítidas, e cheia de detalhes quando o ambiente está bem iluminado.
As cores são agressivamente saturadas em algumas cenas, algo que não é novidade para um aparelho da Xiaomi, embora seja inegável que o resultado fique muito bonito.
É possivel ainda usar a lente principal para tirar fotos com 108 megapixels verdadeiros, porém, dificilmente isso ajuda a melhorar a qualidade da foto, já que nela você perde o pós processamento inteligente – que faz falta -, principalmente em cenas de alto contraste, onde o HDR do modo comum consegue controlar bem as áreas com muita ou pouca claridade.
No modo noturno, o Mi Note 10 consegue manter a nitidez, sem aquele efeito aquarelado que acontece em alguns aparelhos, nem tem trabalho com a exposição quando há excesso de luz, o que mostra alguns dos benefícios desse novo sensor.
Apesar de eu ter sentido uma diferença maior entre o sensor principal e o ultrawide quando comparado com um iPhone 11 ou um Galaxy S10, a verdade é que não tenho muito o que reclamar do sensor ultrawide. O ângulo de abertura é bom e não distorce tanto os cantos, e mesmo em situações de média luz continua se saindo de forma bastante descente.
Já para a lente zoom, será difícil encontrar algum aparelho que vai melhor. Como são duas distâncias focais diferentes, significa que você terá uma lente específica cobrindo cada ângulo que você imaginar, e ainda dá para usar o zoom digital de 50 vezes em casos de desespero.
O modo retrato utiliza a lente zoom de duas vezes, uma estratégia inclusive partilhada pelo Note 10 da Samsung, e dá para tirar um close do rosto sem se aproximar tanto e arriscar aquela aparência distorcida de lentes mais abertas.
Por último, a câmera macro é o que já vimos no Note 8 Pro e em mais um monte de modelo esse ano. Ela não precisa ser super robusta para tirar boas fotos por que ajuda no foco e não necessariamente tira a foto por si só. Gostei da velocidade e precisão do foco que ficou bem legal até mesmo em vídeos.]
Câmera frontal e vídeo
Com um sensor de 32 MP na câmera para selfies, eu acho que o Mi Note 10 foi um dos smartphones Android que mais me impressionou no quesito nesses últimos tempos.
As falhas naturais do rosto são mantidas, sem embelezamento exagerado, o que ajuda a evitar perdas desnecessárias de nitidez nas selfies, e sem cara de doente. As cores são um pouco menos saturadas que na frontal, mas o resultado me agradou bastante. Eu realmente imaginava que todo o foco iria para a câmera traseira, mas o Mi Note 10 se mostrou uma boa opção até mesmo para quem prioriza a frontal.
Com relação aos vídeos, é aqui onde as limitações de um processador mais fraco aparecem. Além de estar bastante limitado na frontal, chegando apenas ao Full HD, e não filmar em 4K a 60 fps na traseira, a super estabilização não consegue fazer um trabalho tão bom quanto aparelhos que utilizam o Snapdragon 855.
Ele tenta compensar com alguns modos diferentes, como o embelezamento ao vivo, que é bastante dispensável, mas o “modo vlog” foi bem divertido de usar. Dá para escolher entre sete efeitos diferentes e fazer umas produções boas.
Desempenho
Apesar de não ser o topo do ano, o Snapdragon 730G, utilizado pelas duas versões do Mi Note 10, não chega nem perto de ser um processador fraco.
Esse G significa que essa versão é tunada para games, e pelos testes do Antutu, ele ficou entre 15% e 20% à frente da versão normal, principalmente no quesito GPU, que é onde o incremento é realizado.
No próprio teste você ainda nota algumas quedas de frames, mas jogando COD e Asphalt 9, não senti nenhum problema. O que pode ser uma desvantagem é que o clock mais alto também significa que ele corre o risco de aquecer mais rápido.
Isso também não quer dizer que não existiriam vantagens em partir direto para a série 800, já que tantos detalhes desse aparelho se portam como um topo de linha, mas dá para entender se essa foi uma das formas que a Xiaomi encontrou para baratear o seu aparelho.
A versão Pro seria uma ótima oportunidade para incluir o processador mais parrudo, porém, a única outra diferença entre eles, além daquela camada na câmera principal, é no tamanho do armazenamento.
O Pro possui 256 GB de armazenamento e 8 GB de RAM, enquanto que a normal vem com 128 GB de armazenamento e 6 GB de RAM.
Software
Na parte de software, o Mi Note 10 já vem com a MIUI 11. Essa interface mudou bastante nos últimos anos, removendo uma série de bloatwares e outros detalhes indesejáveis, mas recentemente ela meio que se encontrou, e as atualizações anuais mantém uma base parecida, apenas mesclando novas funções do Android.
Nessa nova versão você encontra tudo que pode precisar: modo noturno, navegação por gestos, gestos que fazem sentido, e claro, até mesmo uma forma de always on display para aproveitar o AMOLED. Só não é possível ter uma bandeja de aplicativos, para limpar de vez essa tela inicial lotada de apps inúteis, mas tudo bem, porque isso é costume.
Não dava também para ter problemas de conectividade em pleno 2020, e felizmente o Mi Note 10 utiliza bluetooth na versão 5.0 e se conecta sem problemas às redes Wi-Fi de 5 GHz. A Xiaomi foi uma das poucas empresas que não abandonou o NFC ano passado, e ele continua presente por aqui.
Essa interface ainda não é a minha preferida, com esse título ficando para a Oxygen OS da OnePlus, mas a MIUI conseguiu encontrar seu espaço e não parece mais uma cópia do iOS para o Android.
Bateria
Para fechar a análise, a bateria do Mi Note 10 pode ser a razão que a Xiaomi encontrou para nomeá-lo de “Note”, até porque são 5260 mAh de carga total, que basicamente garantem a melhor autonomia de bateria, mesmo utilizando um processador com uma especie de overclock.
Fiquei surpreso como ele se manteve fino, mesmo com essa bateria enorme, e pode ser que esse foi o motivo para o aparelho não trazer especificações mais altas, que também costumam gastar mais bateria.
No sentido oposto, os números impressionam ainda mais, e o seu carregador da caixa de 30 W carrega toda essa carga em pouco mais de uma hora, tornando o Mi Note 10 um forte candidato para todos os tipos de uso.
Conclusão
A questão até o momento é o seu preço alto, até mesmo no mercado cinza de importação. Apesar dele possuir uma câmera fora da curva, tanto em qualidade como versatilidade, ele ainda fica muito perto de um S10+ em design, capacidade e tudo mais, mas com um processador mais fraco.
Mesmo assim, custa perto de 3 mil reais em importações sem nenhum tipo de garantia ou quase 5 mil reais de forma oficial pela Xiaomi.
Se você é do futuro, e o preço caiu bastante, o Mi Note 10 pode ser um ótimo intermediário, com câmera de topo de linha e bateria que o torna ótimo até para jogar. Mas sem baixar de preço pode não fazer tanto sentido assim com o próprio P30 Pro alcançando preços mais interessantes e o S10 pronto para ganhar mais promoções com o lançamento da nova geração em Fevereiro.
De qualquer forma, o ano de 2020 já começa com alguns aparelhos interessantes no mercado, e se os intermediários já estão assim, imaginem o que nos aguarda entre os topos de linha.
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