O Poco F2 Pro é o mais novo aparelho dessa linha da Xiaomi que ficou conhecida pelo altíssimo custo benefício do seu primeiro aparelho, que chegou a entregar, por um tempo, o melhor desempenho por real do mercado. Só que, dessa vez houveram algumas mudanças na estratégia, e tal como a linha principal da Xiaomi, o Pocophone ficou mais caro, então será que mesmo assim ele faz jus ao nome Pocophone? É o que vamos descobrir no review de hoje.
Construção e design
Essa estratégia nova da Xiaomi de subir ou incrementar seus equipamentos já começa na mesa de desenho. Isso porque, diferente do primeiro Pocophone, que era um aparelho único e distribuído em todo o globo como o Pocophone F1, o Poco F2 Pro é um rebranding do K30 Pro, sucessor do K20 Pro, conhecido por aqui como o Mi 9T Pro.
Isso faz diferença porque o K30 Pro não foi feito para ser um modelo super potente e barato, igual ao F1, cortando custos em tudo que dava para conseguir fazer sentido no preço super baixo que era praticado. Isso pode soar como um problema, porque inevitavelmente deixa o aparelho mais caro, mas também tem o seu lado bom.
Para começar, o Poco F2 Pro não é todo de plástico, sua traseira é de vidro e a armação é toda de alumínio, garantindo um look realmente premium, de topo de linha, e que também é mais protegido contra arranhões e amaçados.
Ainda assim, a capinha continua essencial, e felizmente ela é bem rígida e resistente, o que acaba sendo outro ponto onde não houve economia. Lá na época do primeiro Pocophone, esse acessório era de baixa qualidade, bem molenga, do tipo que fica amarelado e que perde o encaixe em pouco tempo.
Voltando para a traseira do aparelho, o Poco F2 tem um módulo de câmera menos feio dessa última geração de cooktops. Eu sei que nem todo mundo vai gostar, mas por ser circular, eu achei mais futurístico, até mais harmonioso do que uma peça de dominó gigante no canto do aparelho.
Mas é na parte frontal que a herança do Mi 9T fica clara, pois ele busca ter uma frente quase 100% tela, sem nenhum detalhe para atrapalhar, optando pela câmera retrátil, em vez de um entalhe ou do furo. Toda vez que ela é acionada, rola também todo um show de luzes e efeitos sonoros, que dá todo aquele charme, bem de Xiaomi mesmo, que eu acho bem legal.
Além disso, a câmera retrátil também serve para liberar o celular, subindo e descendo bem rápido quando você desliza com o dedo na tela. O desbloqueio funciona até que bem no escuro, e o tempo para liberar parece ser menor que no caso do Mi 9T, apesar de ainda parecer demorar mais do que o necessário para recolher.
Se preferir, você tem também a opção de desbloqueio por digitais, com o sensor por debaixo da tela. Ainda não é a mesma coisa que o sensor físico, e talvez nunca será, só que foram raras as vezes que ele errou uma leitura, enquanto eu estava com o aparelho.
Agora, sempre que a gente fala de smartphones com câmera retrátil, muita gente levanta a dúvida sobre a durabilidade do mecanismo. No entanto, nesses quase 2 anos de existência, a gente vê que danos específicos a essa peça não foram tão recorrentes assim para justificar um excesso de preocupação. Isso não quer dizer que não ocorreram, mas eles são raros e o conserto é relativamente simples e barato.
O problema por aqui é que, como estamos falando de um aparelho importado, que ainda não é comercializado de forma oficial pela DL aqui no Brasil, pode ser que o conserto não seja tão fácil assim, talvez por ser difícil de encontrar uma assistência na sua cidade, ou por falta de peça. Então, apesar de ser raro, é importante você levar esse risco extra em consideração.
Pessoalmente, eu acho que não tem problema trazer um aparelho desse para cá, caso você queira importar, até por experiência própria. Todo aparelho que chega de fora carrega esse risco de falta de assistência técnica, e no final do dia, os outros perigos são maiores do que a chance de uma pane no motor.
Tela
Além de fazer o maior sucesso sempre que você mostrar o seu celular para alguém, a tela sem obstruções é muito boa para consumir todo tipo de conteúdo, principalmente quando o painel é esse Super AMOLED, de ótima qualidade.
Essa aliás, é outra evolução perante o Pocophone F1, que cortava custos ao optar pelo LCD. Outro ponto positivo é que, geralmente quem prefere o LCD, cita como motivo as cores muito saturadas do AMOLED.
Só que aqui você tem ampla possibilidade de customização, podendo deixar mais neutras ou ainda mais intensas, de acordo com seu gosto, praticamente eliminando o ponto negativo que ela costumava ter na época do primeiro Pocophone.
De lá para cá as telas cresceram também, e o Poco F2 chega em 6,67 polegadas, de proporção 20:9. A resolução continua Full HD, e tecnicamente ele tem menos pixels por polegada que o Mi 9T e o F1, só que é uma diferença tão pequena, que não chega a ser um problema. Você não vai conseguir enxergar pixels individuais, e as fontes e ícones tem ótima resolução.
E para fechar essa parte externa, a única saída de som fica na parte inferior do aparelho, e ele até que tem um volume legal, mas a definição é bem limitada. Felizmente ele traz a entrada de fone de ouvido, que fica na parte de cima do aparelho.
Isso é um detalhe pequeno, mas se o aparelho estiver no seu bolso enquanto você escuta música, e sem querer você aciona a câmera frontal, é bom ele estar para cima assim, pois a chance de você forçar o mecanismo, ou de alguma sujeira entrar lá dentro é menor. Para falar a verdade eu nem sei se a Xiaomi pensou nisso, mas se sim, foi algo bem útil.
Desempenho e bateria
E como é esperado de um Pocophone, o Poco F2 Pro traz o mais rápido chipset do momento, o Snapdragon 865. Começa em 128 GB de armazenamento e 6 GB de RAM, mas não passa dos 256 GB com 8 GB de RAM, ficando praticamente igual ao F1, só que com uma opção a menos.
De qualquer forma, se jogar é o que te interessa, com certeza você não terá nenhum problema nessa frente, podendo até arriscar um emulador se desejar. Porém, tirando alguns casos mais extremos, grande parte dos jogos vão rodar no F2 da mesma forma que no F1.
Mesmo ganhando bastante velocidade no seu processador, a usabilidade do Snapdragon 865 não muda tanto quando comparado com o antigo o Snapdragon 845, fazendo com que não haja muita vantagem em atualizar o modelo, caso seu foco seja jogar.
Isso pode explicar também porque a Xiaomi demorou tanto para chamar outro aparelho de “Pocophone”, e agora que finalmente aconteceu, as evoluções são em outros campos, não apenas em “desempenho”.
Por outro lado, nos dois você pode jogar tudo na configuração mais alta, mas com o Poco F2 Pro, você joga por mais tempo. Tudo isso graças a bateria de 4700 mAh muito bem otimizada, onde uma hora jogando Call of Duty, com o brilho no máximo, tirou apenas 15% da carga. No Asphalt 9, não passou de 12%, e gravando o consumo foi de 16.8%.
São valores muito bons, que garantem que você possa jogar um pouco longe de uma tomada, e ainda chegar em casa com carga sobrando. Na hora que você finalmente precisar carregar, você só vai precisar de um pouco mais de uma hora para chegar de 0 a 100%.
O Poco F2 Pro não tem carregamento sem fio, muito menos carregamento reverso, igual outros aparelhos topo de linha. Porém, sua boa performance de bateria mais do que compensa qualquer uma dessas faltas que ele venha a ter, e até o coloca à frente, se você valoriza bastante um aparelho que chegue longe com apenas uma carga.
Software
Parte disso também é responsabilidade do sistema do Poco F2 Pro, que inclusive é uma semelhança boa que ele tem com a sua versão passada, pois os Pocophones utilizam um launcher específico, o Poco Launcher.
Essa interface é, de certa forma, uma MIUI mais parecida com um Android padrão, com uma gaveta de apps, mais customizações e alguns outros detalhes menores aqui e ali, além é claro, do modo game turbo, que não poderia ficar de fora.
Ela deixa a experiência com um Pocophone um pouco diferente dos outros aparelhos da Xiaomi, o que, para mim, ajuda a definir esse aparelho como um verdadeiro Pocophone.
Apesar dos rankings dos testes de benchmark colocarem o Poco F2 Pro na frente de outros aparelhos com o Snapdragon 865, no dia a dia eu não senti ela muito mais fluida ou mais rápida, graças a já boa otimização da MIUI tradicional, que evoluiu bastante e continua evoluindo desde o F1.
Também não sabemos ainda se isso ou se qualquer outra coisa vai mudar com o lançamento da MIUI 12, ou do próprio Android 11. Esperamos que o Poco Launcher continue igual ou mais rápido, mas como ele pode demorar mais que outros aparelhos da Xiaomi para receber qualquer atualização, por se tratar de uma interface tão específica, pode ser que ela perca algumas vantagens enquanto estiver defasada.
Câmeras
E por último, o Poco F2 Pro melhorou muito sua câmera, quando comparado com os aparelhos da linha “principal” da Xiaomi. Passando antes pelas lentes, a frontal retrátil possui 20 MP, na traseira a principal 64 MP, junto de uma ultrawide de 13 MP, telefoto macro de 5 MP e a auxiliar para o desfoque.
No geral, as selfies ficam com o rosto bem corado, mas a nossa barba fica muito escura, e alguns detalhes se perdem no embelezamento forçado, que ele parece aplicar. O céu não fica com o branco estourado, pelo menos fora do modo desfoque, mas qualquer luz mais baixa, mesmo dentro de casa, começa a apresentar um pouco de chiado. Está longe de ser uma selfie ruim, mas acaba ficando um pouco para trás de verdadeiros topos de linha.
Onde ela realmente fica para trás é nas selfies noturnas, por conta da falta de um modo noturno específico para essa lente. Você observa bastante dificuldade até para focar, e a nitidez da foto fica muito baixa, cheia de chiados e praticamente inutilizável.
Já no caso da câmera principal, a gente comparou bastante o Poco F2 Pro e o Mi 10, e o resultado é bastante similar, apenas ficando para trás em algumas situações. O pós processamento da Xiaomi gosta de deixar as fotos com a saturação lá em cima, mas ainda assim ela consegue um bom alcance dinâmico.
Os modos de inteligência artificial e o HDR inventam algumas cores, dependendo das cenas reconhecidas, mas eu acredito que muitas pessoas até prefere assim, já dá um tapa na foto automaticamente, antes de você mandar ela para o Instagram.
Nessa lente você tem acesso ao modo noturno, e ela ilumina bem a foto, talvez bem até demais, gerando um chiado bem aparente em alguns momentos, e escondendo detalhes em outros. Também são ótimas fotos, mas mostra que a Xiaomi ainda está atrás das outras empresas nesse quesito.
As fotos com a lente ultrawide ficam com boa resolução, e cores também bem saturadas, mas parece que ela puxa para tons mais frios, que dá uma diferença até que grande nas fotos das duas lentes, em algumas situações. O único problema dela é à noite, onde ela simplesmente deve ser evitada. Sempre.
E finalmente com a última lente, a macro, você pode chegar bem perto dos objetos da cena sem perder o foco, e as fotos até que saem boas, o difícil é encontrar muita utilidade para ela.
Tem a gravação em 8K também, igual no Mi 10, mas que não passa de uma firula, ainda mais difícil de usar que a câmera macro, e com resultados duvidosos nos melhores dos casos.
É legal que finalmente estejam tentando algo novo nas câmeras, mas a verdade é que a gente tem dificuldade até de usar esse modo com câmeras profissionais, imagina numa câmera de celular. Fora isso, as gravações em 4K são até que boas, e a estabilização no Full HD é ótima, então ele manda bem em filmagens.
As câmeras do Poco F2 Pro são uma das principais evoluções da linha, chegando bem perto do nível do Mi 10, tirando aqueles detalhes pequenos, que se você não ligar, pode até resultar numa foto mais bonita, dependendo do seu gosto.
Esse sim seria um bom motivo para sair do seu Pocophone antigo, já que nele a economia nas câmeras era clara, e era um dos principais fatores que impediam a gente de chamá-lo de um flagship de verdade.
Conclusão
A principal diferença entre o F1 e Poco F2 Pro, é que o novo modelo é um aparelho muito mais completo, que compete com outras linhas premium da marca em câmera, construção, tela e bateria, sem perder o alto desempenho que tornou a linha famosa.
O problema, no entanto, é que a alta do dólar prejudicou muito a sua competitividade no mercado atual. Você o encontra hoje por 2.600 reais em algumas lojas de importação, mas falta frete, IOF e ele ainda pode ser taxado quando chegar no Brasil, o que o colocaria na casa dos 4 mil reais.
Então, lá fora, ele chega a custar 50% a menos que um S20 Plus dá vida, só que aqui ele pode chegar ao valor de um S20 em boas promoções, o que torna impossível chamá-lo de um “Flagship Killer”, já que as câmeras são sim um dos grandes pontos de economia desse modelo aqui, que no geral, consegue entregar o essencial para topo de linha, e não o legal.
O jeito é torcer para o nome Pocophone ter peso suficiente para as importadoras e para DL trazer o Poco F2 Pro ao brasil, e se o preço estiver o mesmo que o S20, ele pode valer muito a pena.
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