A Xiaomi aumenta ainda mais a sua linha de tablets com a chegada do Poco Pad. Para ganhar espaço em um mercado cada vez mais disputado, ele traz uma tela grande e com maior resolução, uma bateria também grande para compensar e quatro caixas de som para um multimídia aprimorado, além da possibilidade de vários acessórios. Mas tem um ponto complicado eu que vou contar.
Xiaomi Poco Pad
- Processador Snapdragon 7s Gen 2
- 256GB com 8GB RAM
- Tela de 12,1″ 120Hz (1600 x 2560 px)
- Câmera de 8MP f/2.0 (traseira) e 8MP f/2.3 (selfie)
- Bateria de 10.000 mAh
- Android 14
Construção e tela
Dá para acreditar que existiu uma época em que fabricantes, como a Xiaomi, não investiam em tablets? Eles não param de lançar opções. Já saiu Xiaomi Pad, Redmi Pad, e claro, chegou a hora do Poco Pad, um intermediário para competir com os outros chineses e também com o Galaxy Tab e o Lenovo Tab M11 aqui do Brasil.
O design do Poco Pad seria bom, não fosse a câmera e o flash, que são enormes e um pouco sem necessidade. Dentro de um círculo já caberia a lente, o flash e ainda sobraria espaço. Mas, para seguir a mesma linha de design do Poco F6, eles colocaram os dois anéis pretos e ficou bizarro.
De resto, o Poco Pad é bastante simples e com cara de tablet básico do mercado, sem linhas de antena, com quatro alto falantes, saída P2 ao lado da porta USB-C e bandeja para cartão Micro SD na mesma lateral onde ficam os botões de volume.
Para as 12,1 polegadas ele está bem leve, quando sem capa, mas também fica de boa carregar ele na mochila, seja com a case de proteção, ou com teclado.
Ele também é compatível com a caneta, que não carrega via indução como no Xiaomi Pad, mas o uso é quase sem atrasos. E, como ele não tem uma conexão magnética com a caneta, a solução da Poco foi colocar umas orelhas para prender o acessório junto da capa.
Na parte da frente, além da telona de 12,1 polegadas, é o mesmo que já estamos acostumados, como essa bordinha em volta do painel IPS LCD, com 120 Hz de taxa de quadros e resolução de 1600 x 2560 pixels, com 294 ppi.
No entanto, mesmo com tanta resolução, a qualidade desse painel deixou um pouco a desejar. Os 600 nits de brilho parecem ser eficientes, porém fica um pouco abaixo do esperado para ambientes claros, como se as imagens ficassem sempre configuradas para uma resolução menor do que a tela suporta.
Isso me desanimou um pouco, porque o tamanho do tablet está bem legal e ele compete direto com o Galaxy Tab S9 FE, que tem 10,9 polegadas e um painel de melhor qualidade.
Talvez você não perceba esse problema, mas, como eu passei os últimos meses analisando vários tablets, de diversas categorias e preços, eu esperava ao menos que a tela desse cara acompanhasse o nível de intermediário, que ele se encaixa.
Desempenho
Até porque, completando o hardware do Poco Pad, vamos encontrar 8 GB de memória RAM, junto de 256 GB de armazenamento e um Snapdragon 7s de segunda geração, que é o mesmo SoC do Redmi Note 12 Pro.
Nos meus testes, além de não achar o Poco Pad confortável para leitura, também achei ele ruim para os jogos. Esse SoC é fraco para gerenciar um painel tão grande e, ainda, dar conta de rodar gráficos tão pesados como os de Genshin Impact.
Wild Rift, por exemplo, não rodou em 120 fps em vários momentos, enquanto Speed Storm ficou com gráficos bem fracos durante todos os momentos, seja no menu, ou nas partidas.
Os jogos não rodam com os melhores gráficos, mas abrem rápido e não travam. Gostei bastante, mesmo com esse probleminha.
Agora, o que gostei muito de fazer com ele foi escrever meus roteiros. Eu fiz todos os reviews das últimas semanas no Notion para Android, e a parte mais complicada foi fazer o aplicativo entender os acentos nas palavras.
Uma solução que o software me dá para usar acentos é escrever tudo errado, sem cedilha, sem nada e apertar Alt+1 até 3 para escolher a palavra corrigida. Depois que você pega o jeito e acostuma, acaba com a necessidade de tocar na tela para corrigir algum erro ortográfico.
Stylus e teclado
A Poco também nos emprestou a caneta, como eu disse no começo, e essa eu usei bem menos do que eu imaginei que usaria, apesar dela funcionar bem.
Porém, a conexão, tanto da caneta, como do teclado, são feitos via USB e o tablet reconhece de cara os dois e já dá a opção de conexão.
Eu testei com outros dispositivos Android, até mesmo com o Xiaomi Pad 6 e os acessórios nem aparecem na lista do Bluetooth.
Então, concluí que há uma trava de segurança que limita o uso desses acessórios apenas nos tablets Poco Pad.
Para algumas atividades que exigem um pouco mais de detalhes, a smart Pen não é tão precisa como eu gostaria, já com a escrita e com desenhos mais longos ela desenrola bem.
Ficou uma sensação de que você precisa esperar alguns segundos para a caneta começar a funcionar de verdade, quando deveria ser apenas encostar na tela, e ela começar a rabiscar.
Mas isso aconteceu apenas quando eu fiquei muito tempo sem usar a Smart Pen. Quando eu já aciono o tablet com a caneta, a comunicação entre eles é bem rápida e esses detalhes somem.
Com o teclado, no entanto, nem sempre foi uma boa experiência, principalmente se eu uso ele no coloco, ou se eu coloco o mesmo em uma posição um pouco mais elevada.
Todas as vezes que eu comecei a digitar muito rápido e ele deu uma torcida, a conexão se perdeu. Como ele é a bateria, eu imagino que possa ser algum mal contato com a fonte de energia, porque no dia que eu estava finalizando o roteiro para esse vídeo o teclado desconectou e reconectou umas três vezes.
Enquanto que, nos dias que eu usei ele sobre a mesa, bem apoiado, não tive problemas.
Bateria
Talvez, o problema seja precisar lembrar de carregar esses dois acessórios pelo menos uma vez na semana, que foi o intervalo de tempo entre eu tirar do carregador e ter que retornar com eles para a tomada.
Eu não medi o tempo de recarga de cada coisa, porque, ao colocar o tablet no carregador de 33 W, eu também coloquei o teclado e a caneta. Depois de duas horas, tudo já estava com a bateria cheia.
No consumo, o tablet foi econômico em alguns pontos, mas gastou bastante em outros e não foi nada convencional, na minha opinião.
Por exemplo, o uso do Chrome, redes sociais e o Notion drenaram 20% por hora da bateria, enquanto que a gravação de vídeo levou 11% em uma hora. Temos que levar em conta que o tablet só grava em 1080p a 30 quadros, enquanto os outros tablets do mercado já gravam em 4K e gastam mais ou menos o dobro disso.
No YouTube, no entanto, a bateria foi embora mais devagar, 9% por hora, enquanto Genshin Impact, Wild Rift, SpeedStorm e Asphalt consumiram 25%, 29%, 26% e 21% por cada 60 minutos jogados.
Esse foi um gasto alto, mas que está dentro do esperado com uma tela tão grande e a potência de smartphone intermediário que o tablet tem. Como estamos falando de 10.000 mAh de capacidade, até que ele dura bastante com o uso contínuo do dia a dia.
Tiveram dias que eu não joguei e ele deu conta de um dia inteiro de trabalho comigo, usando o Chrome e usando o Notion.
Software
Apesar de ter gostado da bateria, eu senti falta de uma otimização do software da Xiaomi para esse tipo de dispositivo. Não é segredo que a linha Mix Fold tem um modo desktop, mesmo com um uso bem menos específico do que os tablets da chinesa.
Alguns desenvolvedores já conseguiram extrair essa função do software e disponibilizar para outros aparelhos, o problema é que isso não é uma solução definitiva e oficial.
No Galaxy, ao usar um teclado, o Dex é acionado, no Lenovo Tab M11, a mesma coisa. Não entendo essa resistência da Xiaomi em entregar o mesmo. A menos que na China isso não seja relevante, daí eu entenderia sim essa questão.
Mas, uma coisa que eu achei legal foram algumas sugestões inteligentes de como usar a divisão de tela. Sempre que eu usava o comando Alt+Tab, para alternar entre Chrome e Notion, depois da terceira vez, o software sugeriu dividir a tela para ter uma visão dos dois apps ao mesmo tempo.
Porém, foi o único ponto positivo mesmo, porque de resto, senti que a Xiaomi está mais atrasada até que a Google, com seu software padrão, sem alterações.
IoT pode ser o foco da Poco, Xiaomi e Redmi, mas não está sendo uma linha de venda que consegue me convencer e, fora toda a parte informativa desse review, também existe a opinativa, da minha experiência.
E, para o meu uso, faltaram algumas coisas como atalhos mais claros no teclado, o uso de janelas, navegador com modo desktop para todas as páginas e aplicativos que se comportem como em um notebook de 12 polegadas, ao invés de uma tela gigante de um celular Android.
Conclusão
Como tablet, para alguns momentos do dia, ele vai ser bom, vai atender as minhas demandas. Já para o trabalho, estudos ou um uso mais específico, eu ainda prefiro ficar com o meu notebook.
Entretanto, se falarmos de preço, talvez você me dê razão. No Mercado Livre, sem garantia ou venda oficial, o tablet da Poco está pouco menos de R$ 2.100. Já a caneta, essa eu só consegui encontrar no site do AliExpress por R$ 230, e não entra na taxa completa.
Quanto ao Poco Pad Keyboard, essa está indisponível em todos os lugares que eu procurei, mas não dá para negar que é um acessório muito importante para melhorar a experiência do usuário. Mais até que a própria Pencil.
O preço não é o problema, uma vez que seu principal concorrente está R$ 500 mais caro. Porém, a Samsung manda o Tab S9 FE com todos os acessórios na caixa, enquanto a Poco cobra isso apenas pelo tablet.
Porém, se você gosta do tablet, gosta da modificação da Xiaomi e curtiu o que falamos sobre ele nesse review, pode ser que o Poco Pad seja o tablet ideal para você.
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