O Pocophone F1 veio com a promessa de ser um dos Androids mais rápidos do mercado sem cobrar um preço alto por isso. Porém quem corta preço, corta também custo de produção, e no vídeo de hoje vamos explorar quais são os limites do Pocophone F1 da Xiaomi e o que ele precisou deixar para trás para ter esse preço tão atrativo. Com isso eu imagino que fique mais fácil de decidir se ele vale a pena ou não para você.
O Pocophone F1 chegou dando o que falar. Tela, câmera, bateria e tudo que é “spec” dele já foi elogiado por alguém. Não é pra menos, até agora minha experiência com ele foi bem positiva. Mas vamos por partes porque tem muito detalhe para cobrir.
Design
Começando pela construção, aqui é o primeiro lugar que você nota uma economia na produção. O corpo é todo de plástico, em um design com bordas arredondadas e que no geral lembra aparelhos de alumínio, uma estratégia para dar aquela valorizada na aparência.
Ele também não tem nenhuma proteção contra líquidos e arranha com uma certa facilidade, até por isso a capinha que o acompanha ou o upgrade para o modelo com acabamento melhor podem ser uma boa opção.
O tamanho é bom, são 155 por 75 milímetros e uma tela de 6,2 polegadas. Porém quem é como eu e prefere aparelhos pequenos, pode achar que a pegada fica no limite do conforto, mas como as bordas laterais são bem pequenas e a forma é um pouco arredondada, não fiquei tão incomodado quanto achei que ficaria. Eu realmente gostei dele nesse quesito.
O Pocophone também inclui detalhes importantes: o P2, mesmo quando a entrada USB é do Tipo C, algo que eu sempre elogio, bandeja híbrida oferece suporte para um segundo chip de operadora ou um cartão microSD para expansão de memória e a saída de som é estéreo, com um alto falante na parte de baixo e outro em direção a você.
Esse segundo falante acima da tela é bem baixinho e o falante debaixo não é dos melhores não – ficou no nível de outros modelos intermediários que temos por aqui. Alguns usuários relataram problemas em alguns jogos que estouram o som, mas por aqui não chegamos em nenhum onde ocorresse tal coisa.
Tela
O painel usa tecnologia IPS LCD, conta com resolução Full HD e proporção 18,7:9. Ele até que é legal, mas deixa a desejar em alguns pontos. O primeiro deles é no brilho – nas nossas medições ele chegou a uma média de 550 lux, um valor longe do ideal para usá-lo debaixo do sol.
Talvez dê para perdoar, considerando a faixa de preço, mas eu esperava mais, principalmente por causa dos resultados positivos do Mi Max 3 e do Xiaomi Mi 8. Mas tudo bem, até porque as cores são bem vivas e a taxa de contraste é até que boa, conseguindo pretos bem escuros e um branco verdadeiro.
Claro, não é um OLED que consegue dar uma mascarada no notch como eu gosto, mas já dá bem pro gasto. O Pocophone também te permite configurar vários aspectos diferentes da tela, e claro, customização nunca é demais.
Então assim, realmente construção não é o forte, fica faltando um acabamento melhor nas laterais, IP68, carregamento sem fio, um design menos padrão e até mesmo uma capinha de melhor qualidade – que o OnePlus 6 entrega. Mas de novo, tudo bem, afinal, a grande atração do Pocophone é ser “Master of Speed”!
Desempenho e software
Ele veio equipado com o Snapdragon 845, e claro que ele não ia ter problemas pra rodar nada. PUBG, Asphalt 9, Grand Chase, tudo roda sem travar, até quando tem um monte de coisa acontecendo na tela.
Sua performance consegue superar outros aparelhos com esse mesmo chip graças, em parte, ao LiquidCool, um processo de resfriamento bem parecido com o Note 9 e que ajuda a manter o Pocophone frio por mais tempo. Nas jogatinas deu pra perceber que ele segura bem a temperatura e dá pra passar bastante tempo jogando que ele não perde performance.
Vale salientar que em questão de benchmark ele não é o melhor, mas alcança bons números e fica ali no páreo com o próprio Note 9 e OnePlus.
Outro ponto importante que ajuda aqui é a interface bem leve que a Xiaomi desenvolveu. É basicamente uma MIUI 10 específica para o F1, mais parecida com o Android “normal” do que a MIUI normal. Justamente por isso quem tá acostumado com outros aparelhos, pode gostar mais dela. O problema é que como a Xiaomi está bastante focada na Índia, algumas funções estão limitadas se você coloca a região como Brasil.
Para ter o desbloqueio facial, que aliás é bem rápido, eu tive de mudar a região para a Índia e essa interface vem cheia de bloatware e anúncio pra gente. Fuçando um pouco eu conseguir dar uns jeitinhos e deixar mais usável. Só que é uma dor de cabeça a mais e que pode afastar quem prefere o aparelho pronto da caixa.
Tirando esse contratempo, a interface é bem completinha. Os gestos para controle da tela são bem parecidos com o Android Pie, também dá para duplicar apps e o mais interessante é a função de “segundo espaço”, que é basicamente uma segunda área de trabalho secreta dentro do seu smartphone. É algo muito parecido com a função da Samsung que mais gente pode conhecer e nessa pasta adicional você instala aplicativos diferentes, duplicados, e que podem estar logados em outras contas. Opção legal para separar um espaço para trabalho e outro para uso pessoal, principalmente se você tiver dois números diferentes na bandeja hibrida que falamos.
Além disso ele possui todos os sensores de posicionamento e eles funcionam muito bem. Só é preciso se atentar a falta de algumas bandas, por enquanto o 5G parece estar distante, mas em breve o 4.5G vai chegar e o Pocophone não suporta essa tecnologia. Aliás, falta também o NFC para o uso de algumas funções específicas.
Em questão de memória, você encontra o Pocophone F1 com até 256 GB de armazenamento e 8 GB de RAM, mas é meio raro. O mais comum são as versões de 64 GB e 128 GB de armazenamento e 6 GB de RAM, o que é mais do que o suficiente pra qualquer tipo de uso. Realmente, nesse ponto o custo benefício é bem legal e conseguimos resultados até que bons no quesito de aplicativos em paralelo.
Outro destaque importante é a bateria de 4000 mAh. A carga completa dura um dia inteiro fácil. Deu pra acordar com o Pocophone em 90%, jogar, tirar foto, gravar vídeo, jogar mais um pouco, dormir, acordar de novo e jogar de novo, antes dela zerar. Na tela vou deixar o consumo médio dessa brincadeira.
Outro ponto positivo é que ele tem fast charge, e no carregador próprio, de 18 Watts, você consegue ir de 0 a 100 por cento em menos de 2 horas e chegar em 80 por cento em pouco mais de 1 hora. Pra cortar um pouco de custo aqui, também não incluíram carregador sem fio, porém com o dinheiro que você economiza, dá pra comprar um adaptador e deixar tudo certo.
Câmera traseira e frontal
Agora vamos para um ponto meio complexo. A câmera do Pocophone possui sensores de 20 megapixels e abertura f/2.0 na câmera frontal e 12 megapixels e abertura de f/1.9, junto de 5 megapixels para modo retrato na traseira. No geral as fotos ficaram boas, mas a Xiaomi deixou a marca dela aqui e aplicou bastante pós processamento nas fotos, incluindo modos AI, que identificam a cena e aplicam algum ajuste específico para o que ele identificou.
O HDR também tem gerado bons resultados, apesar de ter problemas em cenas mais difíceis. É engraçado que em ótimas condições essa câmera seja bem boa, ela só começa a ficar pra trás em fotos em baixa luz, em cenas contra a luz onde o reflexo cria alguns problemas na hora de dar zoom. O modo retrato até que conseguiu recortar sem erros e dá para dar um pouco de crédito pro processador nesse ponto.
As selfies, como sempre, deixam a cara branca e o resultado de noite é meio fraco. De resto a qualidade está boa. O desfoque inclusive fica tão bom que me fez duvidar da necessidade de uma segunda câmera só pra isso na traseira. Novamente, situações complicadas de luz são bem melhor resolvidas em produtos mais caros como iPhone, Note 9 e OnePlus.
Em vídeos o Pocophone tem um problema chato. A resolução chega em 4k mas nem em Full HD a estabilização ficou boa. Dá pra sentir cada passo que você da e ela pega toda a tremedeira da sua mão. Algo que não devia acontecer, porque o chipset que ele usa consegue fazer algo melhor que isso com facilidade.
Resumindo, a câmera se limita a bons resultados em boas condições. Talvez seja possível arrumar os problemas em baixa luz ou na estabilização do vídeo com software. Porém como um todo, esse não é um ponto que puxa o Pocophone F1 para baixo. Inclusive, o Marques Brownlee fez um teste às cegas das fotos e o pocophone ficou em segundo lugar, ganhando até do iPhone. E olha, em boas situações ele realmente é legal, você só tem de tomar mais cuidado e construir melhor as cenas.
Conclusão
Eu diria que o Pocophone F1 alcança seu objetivo, que é ser muito barato com performance de topo de linha. No caminho ele economiza na construção, deixa algumas funções para trás e se limita um pouco nas câmeras. Mas sinceramente, entrega tudo que precisa.
Por esse preço ficou muito mais difícil recomendar outro aparelho, apesar de eu acabar gostando de alguns pontos melhores do OnePlus 6, que claro, você tem de pagar a mais para resolver. Só vale sempre fechar comentando sobre minha preocupação com falta de garantia, mas se você topa correr o risco, é uma ótima opção.
Emerson diz
Não procede a informação de que o Pocophone não suporta a tecnologia 4.5G. Estive recentemente em Istambul, usando o roaming internacional da Tim e lá apareceu conectado em rede 4.5G.
Emerson diz
Aqui segue a lista de dispositivos habilitados para rede 4.5G na China e ele está na lista:
https://www.hk.chinamobile.com/en/corporate_information/Service_Plans/4G_Service_Plan/4.5Ghandset.html
Michael alves diz
Boa noite, queria por favor saber se vale a pena comprar um pocofone f1 de segunda mão 1 ano e 2 meses de uso por 600 reais