O Redmi Note 9S é o irmão do meio dessa família que, desde o ano passado, é uma das mais aguardadas no mundo dos smartphones. Com câmeras cheias de megapixels, tela com ainda menos bordas e um design que vai dividir muita gente, o 9S trouxe avanços significativos perante o modelo do último ano. Mas será que com uma faixa de preço acima do que todo mundo gosta ele ainda pode ser um sucesso ou é mais fácil correr para algum outro intermediário?
Xiaomi Redmi Note 9S
- Processador Snapdragon 720G
- 64/128 GB com 4/6 GB de RAM
- Tela: OLED de 6,67″ (1080 x 2400px)
- Câmera principal: 48MP (f/1.8) + 8MP (f/2.0) + 5MP (f/2.4) + 2MP (f/2.4)
- Câmera selfie: 16MP (f/2.5)
- Bateria: 5020 mAh
- Android 10.0
Construção e design
Dessa vez os Note 9 estão chegando no Brasil em 3 modelos diferentes, mas, apesar de ser o intermediário, o Note 9S chegou um pouco mais cedo, o que lhe dá certa vantagem por já ter caído um pouco de preço, tanto dentre os importados, quanto no praticado oficialmente pela DL.
Por fora, ele me lembra muito mais um aparelho da Samsung do que qualquer outro Xiaomi – parece que em hardware a inspiração não é a Apple – só em software mesmo.
Eu não sei se isso é bom não, porque o motivo dessa similaridade é a adaptação daquela peça de dominó grandona, feia, presente na traseira da nova geração dos celulares Galaxy.
E que por aqui parece ter considerado ainda menos a parte estética, já que esse design consegue ser quase tão agressivo quanto o S20 Ultra, com uma combinação desse círculo em torno de apenas duas lentes, chamando ainda mais atenção para ele, e por conta de um degrau dentro ainda dessa parte preta, deixando um vão enorme na capinha, que além de estranho, com certeza vai acumular muita poeira. Com o tempo a gente acostuma, e o acabamento do aparelho é bom.
Felizmente, a traseira é de vidro, que é um material menos susceptível a ranhuras. O Note 9S também repete a armação de plástico, com o metal escondido por baixo, igual foi no caso do Redmi Note 7, o que não tem muito problema, você só precisa tomar mais cuidado na hora de sentar com ele no bolso pois a falta de um reforço mais forte torna o aparelho mais fácil de entortar.
Mesmo não sendo a melhor combinação possível, quando a gente considera que o Note 9S é um tipo de intermediário premium, ele até que fica na frente de alguns concorrentes, como o A71, que utiliza plástico em tudo que tem direito.
Além disso, eu gostei do leitor de digitais na lateral do aparelho, que é uma das soluções mais interessantes para mim. Ele não fica escondido igual o leitor debaixo das câmeras, não ocupa espaço, igual era quando o leitor ficava na frente, nem é inconsistente igual o leitor por baixo da tela.
Ele funciona bem até para mim que sou canhoto, só é um pouco mais chato o processo de cadastro do indicador da mão esquerda, mas depois é muito difícil ele errar alguma leitura. Um problema bobo é que a tela desbloqueia tão rápido, que você não pode mais usar esse dedo para ligar a tela, caso queira apenas ver as notificações. Existem diversas formas de circunvir esse problema, mas de vez em quando eu esqueço e acabo desbloqueando a tela quando só queria ver uma mensagem nova.
Tela
Eu gostaria que mais aparelhos trouxessem esse tipo de leitor, porém eu imagino que a Xiaomi só optou por ele aqui porque escolheu utilizar a tela LCD, e não a AMOLED que é necessária para o leitor debaixo da tela.
Essa tela bem grande conta com 6,67 polegadas, com a proporção mais comprida de 20:9, com resolução Full HD+ para acompanhar. É uma ótima tela, mesmo não sendo AMOLED, que costuma ser a preferência do pessoal. E claro, a minha preferência também.
O único ponto negativo dessa escolha é que, por não ter aqueles pretos absolutos, o furo para a câmera frontal fica meio fácil de enxergar quando o fundo está todo escuro, então não dá para escondê-lo totalmente ao habilitar a opção de ocular entalhe.
Ainda assim, não é nada que incomode muito e, com esse tamanho todo, fica bem confortável de jogar algo e assistir uma série antes de dormir.
Esse é um dos pontos fortes do aparelho, o que o torna uma das opções ideais para consumir mídia, desde que você não ligue muito para o som ruim, pois o Note 9S tem apenas uma saída, que até é alta, mas é bem ruim.
Dá para compensar esse problema com um fone de ouvido, porque sim, ele tem a entrada P2, ou, se você já for mais moderno, ele tem também bluetooth versão 5.0, que mantém a conexão bem estável com seus fones sem fio, e meio que se tornou o padrão ultimamente para todos os celulares, menos alguns mais baratos.
Bateria e desempenho
Só que a característica mais forte do Note 9S é sem duvida a sua bateria de 5020 mAh. As gerações anteriores já possuíam quantidades respeitáveis de carga, mas por aqui ela realmente chega em outro nível.
Em nossos testes, uma jogatina consumiu entre 10% de bateria por hora, quando ela estava cheia, até uns 12% quando ela estava no final. Numa hora de gravação, o consumo ficou próximo dos 17% por hora, e no YouTube não passou de 8.
São médias muito fortes até quando comparado com outros aparelhos com bastante bateria, e para enchê-la, o carregador de 18 W precisou de 2 horas, que, considerando o tanto de carga que ele tem que encher, é um valor bem aceitável.
Acho que muitas pessoas compartilham minha opinião de que ter uma bateria duradoura é um dos principais requesitos na hora de considerar o quão bom um aparelho é, pois um valor alto aqui engrandece todos os tipos de uso do celular.
Esse foi um pequeno problema na versão anterior, o Redmi Note 8 Pro, não porque a bateria era pequena, mas sim por conta do chipset Helio G90T, que era bem rápido, mas esquentava bastante e acabava perdendo energia mais rápido que seus equivalentes da Qualcomm.
Por aqui, quem ficou com o MediaTek foi o Note 9 mais básico, enquanto que o 9S utiliza o Snapdragon 720G. Quando comparamos os testes sintéticos das duas gerações, os resultados mostram que o aparelho mais antigo leva a melhor em alguns pontos, mas no geral os dois estão bem próximos, então, teoricamente, não houve quase nenhuma evolução de um ano pro outro.
Porém, o resultado real é que, por ser mais eficiente, o Note 9S acaba ficando à frente, pois você pode usar o aparelho por mais tempo, seja porque lá o sobreaquecimento reduzia a velocidade do processador, e ele corria o risco de travar, ou simplesmente porque o corpo ficava tão quente que você nem conseguia segurar o aparelho.
No final, não há muita diferença na biblioteca de jogos à disposição de cada aparelho. O 720G é um chip bem mediano, capaz de rodar os jogos mais básicos ou bem otimizados no alto, e o Fortnite no médio, meio travado, mas ainda de forma satisfatória.
Nem sempre as pessoas gostam de ver essa certa estagnação no desempenho de uma linha, deixando a porta aberta para os concorrentes chegarem mais perto do custo por desempenho, mesmo considerando o preço dos importados, mas nesse caso, como houveram melhorias em outros aspectos, acho que a escolha é justificada.
Câmeras
Por ser o modelo do meio, o 9S parece, num primeiro momento, ter dado um passo para trás também na resolução da câmera principal, caindo de 64 para 48 megapixels.
No entanto, assim como é no caso do desempenho final, não necessariamente você vai ter uma experiência pior, só porque o valor foi reduzido, e a gente não cansa de falar que mais megapixels não significa fotos melhores.
Nas outras lentes desse conjunto quádruplo, temos os mesmos sensores auxiliares de antes. O ultrawide de 8 megapixels, junto de uma câmera macro de 5, e o sensor de profundidade de apenas 2 megapixels. Além, é claro, da câmera frontal de 16 megapixels, que também caiu quando comparado com o 8 Pro.
Começando pelas selfies, as cores ficaram legais, a saturação não ficou tão exagerada, tem um contraste legal, apesar do HDR ter mais dificuldade quando há troca de ambientes, como é costume para os aparelhos intermediários, e na comparação entre as gerações, até dá para dizer que o 9S ficou melhor, principalmente quando a foto é em um ambiente escuro, onde praticamente não há comparação entre os dois.
Com a câmera principal, apesar de ter bastante qualidade também, as vezes a inteligência artificial trabalha muito com as cores, e elas acabam ficando meio estouradas, chegando até naquele ponto onde você perde detalhes.
Fora isso, realmente não há muito do que reclamar, mas decidir entre ela e as fotos do 8 Pro é mais difícil, vai depender do ambiente e do que você valoriza mais numa fotografia.
No modo noturno, a situação se inverte, e o Note 9S não vai tão bem assim. As fotos ficam com um aspecto falso, quase aquarelado, sem muita nitidez e difícil de usar. Talvez seja uma questão de software, e futuros updates melhorem esses resultados, mas da forma que está aqui, também não existe muita comparação, só que dessa vez o 9S é claramente o perdedor.
Pensando agora nas auxiliares, a lente macro não é tão chata de usar, pois o foco entende rápido o que você quer, e a foto sai bem detalhada, pelo menos quando a luz ambiente está boa.
Nessa mesma pegada, a ultrawide também depende bastante de uma boa iluminação, já que qualquer coisa fora do ideal começa a apresentar um pouco de chiado, mesmo se o problema seja só um dia feio, e não um ambiente interno. As cores também perdem a saturação, resultando numa foto mais apagada, reforçando a ideia de que você precisa de um dia bonito para usar ela do lado de fora.
E a questão do vídeo é outra que melhorou com o 9S. Ele grava em 4K a 30 quadros por segundo, tem uma boa estabilização na resolução Full HD, mas as cores são um pouco mais interessantes, tanto com as selfies, quanto com a câmera principal.
Basicamente, em alguns casos as câmeras estão iguais, em outros melhoraram, mas o 9S tem um toque final que me agradou mais, provavelmente pelo chip da Qualcomm. Não seria motivo principal para vender seu Redmi Note 8 Pro, mas se você está vindo de um Note 7, pode ser que as melhorias sejam suficientes, principalmente se sua prioridade for a selfie.
Sistema
O Note 9S já vem atualizado para o Android 10, porém até esse exato momento, a MIUI 12 ainda está na versão beta, então ele vem com a 11 na caixa. Como esse é um aparelho novo, é muito provável que ele esteja na primeira lista de lançamentos, então não precisa se preocupar muito com um sistema desatualizado.
Além disso, ele tem suporte a redes Wi-Fi de 5 GHz, o bluetooth versão 5.0, que eu já tinha comentado, não tem NFC mas tem todas as bandas brasileiras, então está ok em conectividade, até porque pagamentos por proximidade não costumam ser tão populares dentre as pessoas com aparelhos chineses.
Conclusão
O Redmi Note 9S então sofre um pouco com o ritmo acelerado de lançamentos da Xiaomi, pois, apesar do nome, vem praticamente um ano depois do Note 7, e nossa recomendação ainda é esperar mais de 1 ano para trocar de aparelho.
No entanto, ele conseguiu ficar mais interessante que o Note 8 e 8 PRO, sendo também a opção mais equilibrada dentre os novos Note 9, já que o modelo PRO adiciona apenas uma lente de 64 megapixels e o modelo mais barato é bem menos potente.
Apesar de a gente saber que o Note 9 é o que vai vender mais e atrair mais atenção, já ficou claro que a gente sempre quer evoluir e gasta um pouco mais com celular geração a geração, então eu acredito que tem um público que tem um Note 7 e que poderia fazer um uprade legal para o 9S.
Quer dizer, eu falo isso sem considerar o dólar, que dificultou bastante o 9S ser competitivo quanto modelos anteriores. Isso também o coloca muito perto do Galaxy A71, que tem câmeras melhores, mais armazenamento e bateria pior, mas que no geral entrega muito do que o 9S faz, com garantia nacional e até o momento, um preço similar ou menor, se quiser um 9S com garantia.
Gostei, aprovado, mas tem de ficar de olho em preço mesmo, porque tem de sair mais barato que o A71, que nessa categoria, está levando a melhor aqui no Brasil.
Macena diz
Review de Xiaomi é sempre tendenciosa…